quarta-feira, 25 de julho de 2012

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – JULHO DE 2012


            Fim de mês se aproximando, e lá vamos nós de novo com a COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, fazendo um balanço de alguns dos acontecimentos deste mês no mundo da velocidade. Rotineiramente, o mesmo esquema: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a Cotação do mês que vem...


EM ALTA:

Fernando Alonso: O asturiano fechou a primeira metade do campeonato de 2012 com 3 vitórias, e 34 pontos de vantagem sobre o mais próximo concorrente, Mark Webber. Mas enquanto os concorrentes têm tido desempenhos oscilantes, Alonso vem pontuando em todas as corridas, e de Valência para cá esteve sempre no pódio, com 2 triunfos, sendo o de Hockenhein o mais significativo, tendo dominado a corrida inteira sem ajuda de fatores incomuns. Podem exagerar o que for, mas que o piloto espanhol da Ferrari assumiu ares de principal favorito ao título da temporada, isso ele assumiu. Claro que ainda tem muita água para rolar até o fim do campeonato, mas no que depender do espanhol, parece que a Ferrari vai finalmente se redimir este ano.

Hélio Castro Neves: O piloto brasileiro da equipe Penske venceu a corrida em Edmonton, que estava entalada na garganta desde 2010, e assumiu a vice-liderança do campeonato da Indy Racing League. Faltando apenas 4 corridas para encerrar a competição, Helinho mostra que pretende entrar com tudo na luta pelo título. E ele precisará mostrar nas corridas finais o desempenho calculado e metódico exibido na corrida canadense, atacando no momento certo e controlando a concorrência com maestria. O brasileiro também precisa mostrar que a Penske ainda pode contar com ele para ser campeão, pois desde a chegada de Will Power ao time, o australiano tem deixado seus colegas na sombra. E Helinho, com mais de uma década como piloto de Roger Penske, está mais do que na hora de conseguir enfim um campeonato pela equipe. Desde que entrou para a Penske, Helinho já viu dois companheiros serem campeões. Está na hora de se juntar ao grupo, mas a parada não vai ser fácil...

Equipe Sauber: o time suíço teve em Hockenhein seu melhor desempenho conjunto do ano, com seus dois pilotos largando lá de trás e chegando firmes nos pontos. O time de Peter Sauber ainda carece de mais consistência, mas vai chegando mais à frente, e já começa a ameaçar potencialmente a Mercedes na classificação de construtores. Se Kamui Kobayashi e Sérgio Perez conseguirem manter o nível e se livrarem dos enroscos na pista, a escuderia pode ter o seu melhor campeonato desde que estreou na F-1 (os anos que passou como time oficial da BMW não entram na conta).

Equipe Ferrari: Não há como negar que o time italiano, que começou o campeonato mais perdido que cego em tiroteio, com a perspectiva mais pessimista possível, conseguiu o que muitos consideravam impossível: consertou o projeto do F2012, e ainda por cima lidera o campeonato de pilotos com Fernando Alonso, que encerrou a primeira metade do campeonato sendo considerado o franco favorito ao título. Outrora um carro que nem conseguia levar seus pilotos ao Q3, o monoposto ganhou inúmeras modificações, e já conseguiu 2 poles na temporada, em grande parte ao mérito do piloto espanhol, é verdade, mas mostrando que já se tornou um dos melhores carros do ano. Continua não sendo o melhor, mas já está entre os melhores, e neste patamar, a diferença fica mesmo por conta de Fernando. O time só não está melhor nos construtores porque Felipe Massa continua tendo um azar dos diabos desde que começou a andar bem melhor desde Mônaco.

Jorge Lorenzo: O piloto espanhol continua dando as cartas no mundial da MotoGP, tendo aberto 19 pontos de vantagem para Dany Pedrosa, e ampliado a vantagem sobre Casey Stoner, que vai se aposentar no fim do ano, para 37 pontos. Mas ainda é cedo para comemorar, faltando 8 provas para fechar o  campeonato. Mas que ninguém duvide que o espanhol vai querer dar tudo para conquistar o título deste ano. Ainda mais depois das especulações sobre uma possível volta de Valentino Rossi à Yamaha na próxima temporada, hipótese que ganhou força com o anúncio da saída de Ben Spies do time ao fim da atual temporada. Quem lembra que a convivência de Rossi e Lorenzo foi explosiva na equipe japonesa já entende porque Lorenzo vai querer o título mais do que nunca: se Rossi retornar ao time, Jorge já vai querer mostrar quem é que manda no pedaço, e não permitir que o italiano comece a ter “idéias”...



NA MESMA:

Equipe Mercedes: o time alemão continua mostrando potencial em treinos e desempenhos apenas medianos nas corridas. A vitória de Nico Rosberg no GP da China tem tudo para ser apenas um golpe de sorte dos alemães, que de lá para cá só mostraram as garras nos treinos, mas seus rugidos viram miados nas corridas, sendo superados por outros times de ponta, e até por algumas escuderias médias, como Sauber e Force Índia. Não por acaso, o time de Rosberg e Michael Schumacher já ficou bem para trás da Lótus, e pode ser ameaçado pela Sauber, que está apenas 25 pontos atrás na classificação de construtores. Mesmo assim, tanto Nico quanto Michael continuam afirmando que o carro deste ano é um grande passo à frente em relação aos anos anteriores. Só que a concorrência parece estar andando muito mais do que eles.

Equipe Williams: Se em 2011 o carro era ruim e os resultados péssimos, este ano a coisa está o mínimo diferente: o carro parece bom, mas os resultados não tem sido os esperados. Se Pastor Maldonado venceu na Espanha, encerrado um jejum de 8 anos do time inglês sem vencer, por outro lado o venezuelano só conseguiu pontuar em duas provas, inclusa Barcelona, e de lá para cá ou não pontua, ou se mete em alguma confusão na pista. Já Bruno Senna é vítima da própria equipe, que rifa o primeiro treino do brasileiro em favor de Valtteri Bottas, e o jovem Senna não consegue largar em boas posições, em parte por culpa própria também. E com isso, o brasileiro, apesar de ter pontuado em mais corridas que Maldonado, não tem conseguido igualar as performances do venezuelano. Com isso, o time de Frank vai vendo os rivais se aproximando (leia-se Force Índia, com 46 pontos) ou indo embora (leia-se Sauber, com 80 pontos). A escuderia ocupa a 7ª posição no campeonato (47 pontos), e sua maior sorte é a Toro Rosso não estar nada bem nesta temporada, tendo apenas 6 pontos. Há quem diga que, dentro do time, tem pessoal que está com saudades de Rubens Barrichello, afirmação que poderia ser encarada com muita ironia por alguns, e desabafo para outros. E imagino a reação de certos “fãs” brasileiros ao ouvirem isso...

Equipe Ganassi: O time do velho Chip não está tendo o campeonato que gostaria este ano na IRL. A equipe que foi tricampeã consecutiva nos últimos anos com Dario Franchiti só conseguiu 2 vitórias este ano, uma com cada um de seus pilotos, e se Scott Dixon ainda teve um início de ano aparentemente bem melhor do que Franchiti, os resultados despencaram após a prova de Detroit. Dixon é o 4° colocado no campeonato, com 301 pontos, enquanto Dario ocupa a 8ª colocação, com 258 pontos. Apesar do equilíbrio que gostam de apregoar sobre o certame da Indy, a verdade é que a Ganassi está praticamente fora de combate na luta pelo título. Ryan Hunter-Reay é o líder da competição, com 362 pontos. Chip Ganassi pode começar a pensar mais seriamente no campeonato de 2013 porque pelo andamento de seus pilotos, apesar de alguns brilhos como a pole do piloto escocês em Edmonton, não dá para esperar muita coisa do atual campeonato...

Bruno Senna: o sobrinho do tricampeão Ayrton Senna continua tendo um ano ainda sem mostrar totalmente a que veio na equipe Williams. Consciente de seus pontos fracos, como as classificações, Bruno aparentemente não tem conseguido fazer progressos aparentes neste quesito, e largando lá atrás, isso sempre o obriga a fazer corridas de recuperação, que nem sempre apresentam os resultados esperados. Na Alemanha, o enrosco com Romain Grossjean o lançou lá para trás, de onde não conseguiu sair, apesar de todo o empenho. A sua sorte é que Pastor Maldonado vem se metendo em confusões e não pontuando em várias corridas, o que tem aliviado um pouco a pressão sobre o brasileiro, mas não muito. E crescem os rumores de que Valtteri Bottas será titular no time em 2013, o que significa que Bruno precisa melhorar desde já, ou começar no mínimo a conversar com outros times que possam estar interessados em seus serviços. Tarefas igualmente complicadas no atual momento da F-1...

Lewis Hamilton: Piloto da McLaren desde que estreou na F-1, em 2007, já dando um baile em Fernando Alonso, Hamilton está em negociação para renovar com a McLaren, mas com sinais de insatisfação: além do carro não estar rendendo o que esperava, o time quer baixar o valor de seu salário, alegando o momento de crise econômica da Europa, no que até eles têm certa razão. O problema é que Hamilton, a cada dia que passa, deve se dar conta que não tem melhor lugar para ficar do que na McLaren. Na Red Bull, Webber já renovou para 2013; Ferrari, com Alonso por lá, nem pensar; Mercedes, não vai querer pagar o que ele quer, e até agora o time alemão não se acertou direito em termos de resultados; Lótus? Pode até ser, mas não ganhando o que quer ganhar, e o carro, ainda assim, não oferece as mesmas garantias da McLaren. Deve renovar e ficar onde está, o que convenhamos, está de bom tamanho, se levarmos em conta o que ele pode ter de enfrentar em times menores da categoria, se resolvesse sair por despeito...



EM BAIXA:

Regra ridícula dos pneus de chuva na F-1: As provas da Inglaterra e da Alemanha podem ter tido treinos bem agitados para equipes e pilotos, mas trouxeram um detalhe interessante à tona que se mostra uma insensatez no regulamento da F-1, que é a limitação dos jogos de pneus de chuva disponíveis para o fim de semana por cada carro, cerca de 4 jogos. Com a perspectiva de enfrentarem um fim de semana inteiro de chuva, os times praticamente andaram o mínimo possível nos treinos de sexta na Inglaterra, para economizarem pneu para o sábado e domingo. Se gastassem todos os compostos, ficariam sem pneu para a corrida, e o regulamento não permitia a troca do tipo de composto. Felizmente, a corrida foi disputada sem chuva, e equipes e pilotos puderam usar os demais compostos disponíveis, todos para seco. Na Alemanha, o dilema voltou a se repetir, embora em menor dimensão. Está na hora de se dar uma corrigida em alguns itens do regulamento da categoria.

Punições na F-1: A regra das punições na categoria máxima do automobilismo está enchendo o saco para muita gente. Na Inglaterra, Pastor Maldonado acabou esbarrando em Sérgio Perez e o jogou fora da pista e da corrida, tomando punição. Na Alemanha, foi o mexicano que tomou punição por conduta “antidesportiva” nos treinos, enquanto outros pilotos tiveram que ir para trás no grid por trocas de equipamentos baseados em regra que em tese deveria ser para cortar custos, mas que na verdade está virando uma palhaçada de tantas que acontecem. Agora, Sebastian Vettel acabou punido por ultrapassar fora da pista Jenson Button. Vai chegar uma hora em que ninguém mais vai ter saco para nada na F-1, de tanta punição para isso, punição para aquilo, e olhe lá. Algumas são coerentes, mas sua aplicação já não é a mesma coisa para todo mundo, e esse é um problema até pior, por criar um clima de possível ajuda a certos pilotos. Antigamente, a categoria não tinha todas as frescuras que apresenta atualmente, e nem por isso era menos emocionante.

GP da Alemanha: Hockenhein comemorou 10 anos de seu “renascimento” como uma pista sem graça e sem personalidade, desde que foi “mutilado” em 2002 e teve suas longas retas na floresta arrancadas em nome de uma suposta segurança maior para as competições que ali eram disputadas. A prova deste ano não foi um marasmo, mas também não foi exatamente uma maravilha, mas os alemães têm outras coisas para se procuparem: a empresa que administra a pista de Nurburgring, que reveza com Hockenhein como sede da prova germânica, faliu este mês, e a corrida do ano que vem está ameaçada. Hockenhein só aceita virar sede permanente, como era até alguns anos atrás, se a FOM, leia-se Bernie Ecclestone, baixar a gula de suas taxas exorbitantes para sediar um GP de F-1. O cartola, por sua vez, chegou a anunciar até que poderia bancar os custos de Nurburgring sediar a prova de F-1, mas prefiro esperar o ano que vem para ver se isso vai realmente acontecer. Ver o velho Bernie meter a mão no bolso para não perder uma corrida na Europa, depois de até demonizar as provas no Velho Continente, em prol de corridas em lugares exóticos que aceitam pagar fortunas desmedidas que ele tem pedido para terem um GP, vai ser novidade. Quanto as corridas na Alemanha, que diferença de uns 10 anos atrás, quando o país tinha duas provas, o GP da Alemanha (Hockenhein) e o GP da Europa (Nurburgring), em virtude da Era Schumacher na categoria...

Autódromo de Jacarepaguá: Este mês a Stock Car despediu-se do circuito de Jacarepaguá, que começa, enfim, a ver seu fim, com o início das obras de demolição daquele que já foi o melhor dos autódromos nacionais, ao lado de Interlagos. Jacarepaguá sucumbe à especulação imobiliária, à corrupção dos políticos do Rio de Janeiro e à cartolagem “olímpica” que quis porque quis construir instalações olímpicas justo onde estava o autódromo, tendo dezenas de outras opções para isso. E valeram também a contribuição da inoperante CBA, que apesar de espernear um pouco neste caso, não conseguiu fazer nada que evitasse o fim do circuito carioca. E para piorar a situação, tão cedo a cidade não verá autódromo novo nenhum na área de Deodoro, que agora se descobriu estar cheio de bombas por causa do tempo em que foi usado como área de testes e treinos do Exército brasileiro, décadas atrás. Nem preciso dizer que muitos fãs do esporte gostariam de enfiar todas estas bombas em um grupo seleto de políticos e cartolas cretinos que infestam este país...

A. J. Allmendinger: O piloto da equipe Penske na Sprint Cup, a principal divisão da Nascar, foi pego no início do mês em um exame antidoping que havia dado positivo para uma substância proibida. E agora, para piorar a situação, a contraprova também deu sinal positivo, o que motivou a direção da Nascar a suspender por tempo indeterminado o piloto americano, que terá de passar por uma série de procedimentos, de acordo com os regulamentos da entidade, para verificação de onde teria vindo a substância em questão, além de um programa de reabilitação. A Penske não gostou da situação, e já precisou providenciar um substituto para Allmendinger nas próximas etapas do campeonato. Sam Hornish Jr., que já pilotou para Roger Penske, irá assumir o carro de A. J. nas etapas de Indianápolis e Pocono. Por mais que se diga inocente, e que não faz idéia de como possa ter ingerido a substância encontrada, Allmendinger ficou numa situação complicada, e vai levar um bom tempo até conseguir que as coisas voltem ao normal e se conserte o estrago que sua carreira pode sofrer...


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