quarta-feira, 18 de julho de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – DEZEMBRO DE 1995 – 15.12.1995


            Continuando com a seção Arquivo, hoje trago a penúltima coluna escrita em dezembro de 1995, que abordava na época o futuro do piloto brasileiro Gil de Ferran. Estreante do ano na então F-Indy, Gil encerrou o ano com uma excelente vitória em Laguna Seca, e com isso, estava na crista da onda para enfim ter sua chance de competir na F-1. Seu nome era cogitado principalmente pela Ligier, mas havia possibilidades até na McLaren, embora fossem remotas. Gil pesou bem as possibilidades, e no fim acabou ficando na F-Indy, onde desenvolveu uma carreira de sucesso, sendo bicampeão da categoria, ainda que tenha penado alguns anos até chegar aos títulos. Mas chegou lá, algo que na F-1, quando não se está em um time de ponta. É verdade que Gil, na Indy, só se tornou campeão quando entrou para a Penske, o melhor time da categoria, mas fez por merecer nas temporadas em que pilotou para a Hall e para a Walker, mostrando sua capacidade como piloto. Em uma categoria onde as disparidades técnicas não eram gritantes quanto as vistas na F-1, isso ajudou a valorizar o seu passe. Na F-1, suas chances de chegar a um time de ponta que lhe permitisse disputar um título seriam consideravelmente menores.
            Fiquem agora com a coluna, e boa leitura. Em breve, tem mais textos antigos por aqui...

E GIL FICA NA F-INDY...

Adriano de Avance Moreno

            Terminou no último fim de semana mais uma novela que já estava se desenrolando há pelo menos 3 meses, envolvendo o piloto brasileiro Gil de Ferran e seu futuro em 96. Acabou ocorrendo o óbvio: Gil continua na F-Indy, na equipe de Jim Hall, e a F-1 precisará tentar achar outro piloto. Olivier Panis, que era considerado descartado, deve voltar ao páreo na disputa por um lugar na categoria.
            Muitos apostaram que Gil iria vir para a F-1. Atraído por uma proposta até interessante da equipe Ligier, que por intermédio de Flavio Briatore, Tom Walkinshaw e Bernie Ecclestone, tudo parecia indicar que o sonho de entrar para a F-1 estava finalmente realizado, mas isso não era tudo para o piloto brasileiro. Como o próprio Gil diz, não era apenas o convite que contava, mas tudo o que envolveria a transferência para a F-1. Gil recebeu até apoio da Mercedes, que o indicou para a McLaren, caso Mika Hakkinen não se recuperasse para a próxima temporada. O convite era tão tentador que a Ligier se comprometia até com a multa de rescisão contratual com a equipe Hall Racing, que beira os cerca de US$ 5 milhões. O que pesou foi o pacote técnico da Ligier para 96, e as possibilidades de resultados concretos na disputa do campeonato. A Ligier fez uma boa temporada este ano, conseguindo até um pódio, mas as perspectivas da escuderia para o próximo ano não são muito animadoras. A equipe tem um bom motor, e um chassi promissor, mas precisa de maior capacidade técnica para conseguir desenvolvê-lo. Gil também ponderou sobre a possibilidade de fazer uma temporada na Ligier, e com os resultados obtidos, conseguir uma vaga em um time de ponta para 1997, mas a insegurança sobre este fato específico deve ter pesado mais na decisão de ficar na F-Indy.
            De fato, houve outro fato que influenciou na decisão. A McLaren anunciou a confirmação de Mika Hakkinen como primeiro piloto do time para 96. Como David Couthard já tem contrato assinado com o time de Ron Dennis, fica claro que Gil estava na expectativa de substituir o piloto finlandês, por imposição da Mercedes, que fornece os motores da escuderia inglesa e desenvolveu um notável respeito pelo piloto brasileiro nesta sua primeira temporada da Indy. Os técnicos da Mercedes ficaram impressionados com a exatidão das informações fornecidas por Gil nos testes de desenvolvimento do motor durante toda a temporada.
            O futuro de Gil de Ferran agora fica bem traçado na Indy para a temporada 96, e as expectativas são muito promissoras. Apesar da equipe Hall não ser uma das grandes escuderias da categoria, graças à maior competitividade e equilíbrio que marcam o certame, isso não vai impedir o piloto brasileiro de ser um dos favoritos ao título de 96, se o time fizer um bom trabalho. A Hall vai usar o motor Honda no próximo ano, em lugar dos Mercedes adotados este ano. O chassi vai continuar sendo o Reynard, que Gil já soube acertar com incrível precisão em várias provas neste ano. E está confiante em conseguir mais vitórias, algo que ele teria de esperar muito para conseguir, na F-1, e apenas se estivesse em um time de ponta.
            Decidida a questão de permanecer na F-Indy, Gil não perdeu tempo: já nos dias seguintes à decisão oficial, fez os primeiros testes com o modelo 961R, que será utilizado na temporada do ano que vem. A Hall Racing tem um extenso programa de testes programados até o início da próxima temporada, e já com o destino para 96 traçado, o piloto brasileiro promete não dar folga nos testes. A concorrência que se prepare no ano que vem...


Mais um piloto brasileiro pode seguir o caminho da F-Indy: Ricardo Rosset, que disputou este ano o campeonato da F-3000, fez um teste com o Reynard da equipe Walker, onde Christian Fittipaldi correu este ano. O teste foi muito positivo, e Derek Walker, dono da escuderia, já ofereceu um contrato para Rosset disputar a temporada de 96 como segundo piloto da equipe no campeonato da F-Indy. Robby Gordon continua como primeiro piloto. Rosset ainda não decidiu, pois ainda mantêm contato com as equipes Sauber, Tyrrel, Arrows e Minardi, visando uma vaga na F-1. Mas se não conseguir nada, o caminho da Indy deverá ser seguido...


Enquanto Rosset sentiu o gosto de pilotar um F-Indy, seu compatriota Tarso Marques acelerou um F-1. Tarso fez um teste com a Minardi, e a impressão causada pelo jovem foi muito promissora. Não há nada confirmado ainda, mas Tarso pode vir para a F-1 já em 96, e de cara ele já bateria um recorde na F-1: seria o piloto mais jovem a estrear na categoria. O recorde até agora é de Rubens Barrichello, que estreou com 20 anos de idade. Tarso tem 19 anos.


Novos testes coletivos no circuito de Estoril foram feitos nesta semana. Os destaques maiores vão para os confrontos diretos entre Michael Schumacher e Eddie Irvinne, Jean Alesi e Gerhard Berger, Damon Hill e Jacques Villeneuve. Mas as condições estiveram muito adversas em alguns dias, enquanto em outros as tradicionais falhas mecânicas impediram um esperado duelo. Schumacher, Villeneuve e Hill andaram rápido, mas os tempos não puderam servir de parâmetro. Rubens Barrichello iniciou os testes com a Jordan visando a nova temporada, mas teve muitos altos e baixos. Apesar de tudo, as perspectivas de uma boa temporada em 96 continuam em alta.


A festa anual da FIA de entrega dos prêmios aos campeões mundiais de F-1 e algumas outras modalidades teve de ser adiada. O motivo: a greve dos funcionários públicos franceses transformou as ruas de Paris em um caos urbano!


No próximo fim de semana, Pedro Paulo Diniz faz seus primeiros testes com o carro da Ligier. O brasileiro avisa que ainda não decidiu correr pelo time francês, e que só vai fechar o contrato após a escuderia decidir quem vai ocupar o posto de piloto francês no time. Olivier Panis, que havia sido descartado com a possibilidade de Gil de Ferran ser contratado, tornou-se o nome mais cotado, após a negativa do piloto brasileiro em vir para a F-1...


Jos Verstappen acelera de novo num F-1. Desta vez, num Arrows, durante os testes coletivos no Estoril, em Portugal. Seu time para a temporada de 96? Pode ser...


A Brahma fez ontem uma festa publicitária de arromba para anunciar o seu novo projeto de marketing para 96. Foi feita a apresentação oficial do Brahma Sports Team, novo nome oficial da equipe Green na F-Indy. O carro de Raul Boesel, já pintado com as cores da cerveja brasileira, foi mostrado no Rio de Janeiro em frente ao Corcovado. Estão previstas outras aparições do tipo em outros pontos turísticos do Rio. E estão confirmados alguns testes para efeito publicitário no autódromo de Jacarepaguá. Como o circuito oval ainda não está pronto, Raul deve andar no circuito misto.

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