quarta-feira, 29 de junho de 2011

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – JUNHO DE 2011

            Fechamos mais um mês, e como de costume eis aqui minha mais nova Cotação Automobilística, enfocando alguns dos principais acontecimentos do esporte a motor deste mês. Sintam-se à vontade para concordar/discordar, dar opiniões, sobre as avaliações apresentadas, que serão apresentadas de forma sucinta, do modo de sempre, em três classificações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, vamos ao texto, e até a próxima avaliação, no mês que vem...


EM ALTA:

Sebastian Vettel: o atual campeão da F-1 mostra que vai ser difícil tirar o título deste ano de suas mãos. Com 6 vitórias em 8 etapas disputadas, Vettel já acumula nada menos do que 77 pontos para seu mais próximo adversário, e poderia até abandonar as próximas 3 corridas que nem assim deixaria de liderar a competição. E, para ajudá-lo, a concorrência ainda não consegue se estabilizar, com ora a Ferrari ameaçando, ora a McLaren andando forte. E nem mesmo o erro da volta final de Montreal, quando perdeu uma vitória certa sob forte pressão de Jenson Button, serviu muito para animar a concorrência...

Tony Kanaan: o piloto baiano continua sendo o destaque do campeonato da Indy Racing League, e seu trabalho em seu novo time já se faz notar com mais amplitude. Na prova de Iowa, a KV conquistou sua primeira pole na categoria, com Takuma Sato, e Kanaan terminou a corrida em segundo lugar. Tony ainda mostrou sua franqueza ao admitir o erro que o fez rodar e bater em Milwaukee, quando pressionava Hélio Castro Neves pela liderança da corrida, e ganhou crédito por esta atitude. Ainda é exagero dizer que Kanaan está na luta pelo título, mas com certeza, seu nome já pode ser considerado para a vitória em algumas pistas.

Felipe Nasr: o piloto brasileiro continua mandando brasa na F-3 Inglesa. O piloto brasileiro teve um 2°, um 6°, e um 1° lugar na rodada tripla disputada no tradicional circuito de Brands Hatch, e disparou na liderança da competição, com 154 pontos, 45 a mais que o vice-líder do certame, o também brasileiro Lucas Foresti, que também teve uma vitória, um 8°, e um 2° lugar em Brands Hatch. Os ingleses e a concorrência que se preparem, pois Nasr ainda pretende aumentar sua coleção de troféus...

Dario Franchiti: o atual tricampeão da Indy Racing League mostra que é o sujeito a ser batido no campeonato, o qual está liderando e traçando planos para atingir o nível de primeiro tetracampeão da categoria. Se Will Power conseguiu no Texas sua primeira vitória em uma pista oval na primeira “bateria”, Franchiti não deixou por menos vencendo a outra “bateria”, venceu em Milwaukee, e foi 5° em Iowa, enquanto o rival da Penske foi apenas 4° em West Allis e abandonou a última corrida após bater no muro. Franchiti mostra não apenas velocidade, mas constância, e num campeonato disputado como o da IRL, essas são peças chances para lutar pelo título.

Jenson Button: o campeão de 2009 da F-1 fez em Montreal sua melhor corrida na categoria, premiada com uma vitória que entra para a história do mundial, pelas reviravoltas que sofreu, e por um triunfo que se materializou a meia volta da bandeirada, quando a forte pressão do piloto da McLaren levou Sebastian Vettel, o líder, ao primeiro erro crucial na atual temporada. O estilo quieto de Button contrasta com o estilo por vezes explosivo de seu companheiro Lewis Hamilton, e em determinados momentos, isso coloca Button em ampla vantagem sobre seu companheiro de equipe. E com Hamilton começando a criar caso na McLaren, o time pode preferir se voltar para Jenson, mesmo que ele não seja tão rápido no quesito velocidade pura. O que não significa que não possa fazer corridas arrojadas, como a de Montreal.



NA MESMA:

Hélio Castro Neves: o piloto brasileiro da equipe Penske continua com seu inferno astral na temporada 2011. Se por um lado voltou a exibir a velocidade que o consagrou na categoria, por outro ainda continua sofrendo de todo tipo de empecilhos que o estão deixando para trás na classificação do campeonato da IRL. Em Milwaukee e Iowa, o principal problema foi em um dos pneus traseiros que o forçou a paradas no Box fora do planejado, e com isso, comprometendo parte da estratégia de corrida, devido a isso acontecer nos momentos mais impróprios para tentar uma recuperação na prova. Como desgraça pouca é bobagem, parece que a justiça americana está novamente de olho em Hélio, que segundo eles, ainda teria satisfações a dar a respeito do problema fiscal que quase acabou com sua carreira há dois anos atrás.

Equipe Audi em Le Mans: Entra ano, sai ano, e a escuderia das quatro argolas é o nome mais forte da tradicional prova de 24 Horas de Le Mans. Mesmo com os percalços enfrentados por dois de seus carros na prova deste ano, o terceiro carro do time sobreviveu para dar à marca alemã o seu 10ª triunfo nos últimos 13 anos, tendo perdido apenas as provas de 1999 (ano de sua estréia) para a Porshe, 2003 para a Bentley, e 2009 para a Peugeot, que foi a principal derrotada na etapa deste ano, tendo seus 3 carros terminado nas posições de 2°, 3° e 4° colocados na prova francesa. Com tamanho sucesso nas 24 Horas de Le Mans, a Audi se sente no direito de esnobar até a F-1, e não se pode criticá-la por isso...

Mundial de Rali: a Citroen faturou mais uma etapa do campeonato, o Rali da Acrópole. Mas a vitória foi de Sébastien Ogier, que finalizou a competição com cerca de 10s de vantagem sobre seu companheiro de equipe, Sébastien Loeb, que aliás, com o 2° lugar nesta etapa, conquistou nada menos do que o seu 100° pódio na categoria. Loeb lidera o campeonato com 149 pontos, tendo Ogier na terceira posição, com 127 pontos. Loeb vai em busca do octacampeonato, tendo até agora nada menos do que 7 títulos no Mundial de Rali, e impressionantes 65 vitórias. Alguém duvida que a fábrica francesa não esteja em boas mãos?

Stock Car: A “maior” categoria do automobilismo brasileiro parece estar se especializando em arrumar confusão e colocar sua credibilidade em risco. A Red Bull, depois das punições de caráter pra lá de duvidoso recebidas por seus pilotos Cacá Bueno e Daniel Serra na prova de Capo Grande, que foram punidos por excesso de velocidade nos boxes na parte final da corrida, emitiu um comunicado criticando abertamente a categoria, extensíveis por tabela à Vicar, empresa que coordena o certame, e também à CBA, por não tomar providências para corrigir as palhaçadas que vem sendo cometidas nos últimos tempos. A nota ainda afirmou que a categoria “tem sido também sinônimo de amadorismo e despreparo no campo desportivo", em sua nota. A CBA, claro, para não fugir à regra, declarou que não houve erro algum dos comissários esportivos, muito menos da cronometragem da prova. Quando uma equipe, que também um grande patrocinador como a Red Bull, precisa falar desse jeito, é sinal de que a bagunça está armada. Depois, que não venham reclamar que a Stock está indo pro buraco...

Situação de Felipe Massa: cada corrida que o brasileiro termina atrás de Fernando Alonso, já vem a onda de boatos declarando que a carreira do piloto brasileiro em Maranello já era, com vários “substitutos” cotados para assumir o posto de Felipe. A última série de boatos, disparada após o GP do Canadá, colocava Jenson Button no lugar do brasileiro em 2012. A Ferrari, claro, já deu mostras de que, pelo menos até agora, vai cumprir com o contrato de Massa até o final do ano que vem, embora muitos digam que é mais por falta de opções plausíveis no mercado do que pelo desempenho do brasileiro, que infelizmente está alternando bons e maus momentos na pista. Na ânsia de bater Alonso, pode estar o maior perigo de Felipe, que pode começar a cometer erros e comprometer sua credibilidade. O que complica é a falta de opções competitivas no mercado de pilotos...



EM BAIXA:

Federação Internacional de Automobilismo: A FIA, entidade que preside o esporte a motor mundial, acabou de jogar lama na credibilidade do atual campeonato da F-1, ao impetrar uma mudança de regras em pleno campeonato, com o óbvio propósito, não admitido, lógico, de frear a supremacia da equipe Red Bull. A proibição do escapamento “aerodinâmico”, mais uma idéia original de Adrian Newey, está sendo vista como uma tentativa de manipulação do rumo do campeonato. Na primeira paulada, a proibição da mudança de mapeamento eletrônico do motor, um recurso que serve para otimizar o uso do escapamento aerodinâmico, o tiro saiu pela culatra: Sebastian Vettel ganhou de novo em Valência, e Mark Webber ainda foi 3° colocado mesmo com problemas no câmbio nas voltas finais. A pauleira geral na FIA foi um dos assuntos quentes do paddock de Valência. Mudança das regras, só para o campeonato seguinte, todos concordam. Em pleno andamento do campeonato, é sacanagem e deslealdade, pura e simplesmente. Afinal, o recurso foi apresentado à entidade no início, e plenamente “aprovado”. As explicações dadas na cidade espanhola não convenceram ninguém. Jean Todt parece estar começando a fazer o pessoal sentir saudade de Max Mosley...

Lewis Hamilton: Considerado o piloto mais arrojado da F-1, o intrépido inglesinho passou de principal adversário de Sebastian Vettel para o de maior batedor de carros do atual campeonato. Lewis andou batendo rodas (e outras partes de seu carro) com quase um terço dos competidores na prova de Mônaco, provocando o abandono direto de Pastor Maldonado e indireto de Felipe Massa, além de estar no meio da confusão que rolou entre Jaime Alguerssuari e Vitaly Petrov nas curvas da Piscina. E em Montreal, acabou se estranhando com o próprio companheiro de equipe, Jenson Button, após uma tentativa equivocada de ultrapassagem na chuva. Foi recebido no Box da McLaren com o dedo em riste por Ron Dennis, e a conversa entre os dois nos fundos do recinto não deve ter sido nada agradável. Pior ainda foi a desculpa de Hamilton para tantos acidentes, se comparando a Ayrton Senna, e até ser vítima de racismo. Hamilton tem muitos fãs devido à sua pilotagem arrojada, mas precisa aprender que arrojo não significa ficar batendo rodas com todo mundo à sua volta a cada tentativa de ultrapassagem. Do contrário, que vá competir em derbys de demolição, onde a regra é justamente bater nos adversários...

Equipe Williams: O time de Groove parece estar totalmente sem rumo técnico este ano. Entra corrida, sai corrida, e o carro parece não evoluir nada. É difícil corrigir um carro mal nascido, mas é mais gritante isso acontecer com um time tradicional como o de Frank Williams, que mesmo em seus momentos ruins, sempre conseguiu produzir carros razoáveis. De nada adianta Rubens Barrichello se esforçar para melhorar o carro, se a equipe técnica não se mostrar à altura da tarefa. E o piloto brasileiro já começa a sentir que precisa de uma mudança de ares. Os pontos conseguidos em Mônaco e Canadá não uma magra consolação para quem, no ano passado, já tinha alcançado 20 pontos após a corrida de Valência...

Circuitos espanhóis na F-1: Se a corrida em Barcelona já não tinha sido grande coisa em termos de disputa de posição, se comparada às demais provas do campeonato deste ano, Valência conseguiu bater o recorde de chatice do atual certame. Nem com asa móvel, kers e/ou pneus instáveis da Pirelli conseguiram dar alguma emoção à prova valenciana. E olha que o traçado até que é interessante, e a paisagem da terceira maior cidade espanhola com seu porto e praia ao redor do circuito, até sugerem que seja uma prova mais agitada. Na prática, não foi nada disso que aconteceu. Aliás, quase nada acontece nesta corrida, que desde que estreou no calendário, em 2008, até agora tem mais desagradado à população da cidade de Valência do que agradado propriamente. A etapa corre perigo para 2012, e não seria surpresa se esta fosse sua última edição disputada.

Novos motores da F-1: Os fabricantes de propulsores finalmente parecem ter chegado a algum consenso sobre os novos motores mais ecológicos que a categoria adotará em breve. Mas a Ferrari, usando de toda a sua influência (nem sempre no melhor sentido), conseguiu pelo menos deixar a estrutura dos motores mais ao seu agrado: ao invés de serem unidades de 4 cilindros em linha, será utilizada a arquitetura V-6, já utilizada na antiga era turbo, e sua adoção será em 2014, e não mais em 2013. Quem saiu mais desgostoso do acordo foi a Renault, por motivos mais do que óbvios, uma vez que é a única montadora “popular” a participar da F-1. Agora a briga é em relação ao barulho do motor, uma vez que Bernie Ecclestone está manifestando ojeriza em relação à possibilidade de os novos turbos serem silenciosos. Para ele, calar os motores será calar a “voz” da F-1. Não vamos exagerar tanto. Um pouco menos de barulho seria bem-vindo, especialmente para quem mora perto das pistas urbanas do calendário...

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