sexta-feira, 29 de novembro de 2013

FIM DE TEMPORADA



Os pilotos da temporada 2013 fazendo a tradicional foto de encerramento da competição. Agora é partir para 2014...

            E acabou o campeonato. A bandeirada do Grande Prêmio do Brasil, domingo passado, encerrou muita coisa na F-1. Alguns pilotos trocarão de time, alguns se despedirão da categoria, queiram ou não - Mark Webber é o único que está fazendo isso porque quer, e os motores V-8, utilizados pela categoria nos últimos 7 anos, e com desenvolvimento congelado desde então, entram para os anais da história da categoria. Em 2014, muita coisa nova nos espera, e também, um campeonato melhor, todos torcem, porque a segunda fase este ano foi um samba de uma nota só - Sebastian Vettel contra todo mundo, e todo mundo perdendo feio, desde a prova da Bélgica.
            Quem esperava uma corrida mais agitada teve de se contentar com os treinos livres e de classificação debaixo de chuva, onde tivemos o tradicional enguiço dos times e pilotos com as condições do circuito. Mas até esse agito que São Pedro costuma proporcionar foi mais do que morno. Teve piloto que nem treinou em tempo integral, e mesmo assim, quem esperava que a chuva ajudasse a embaralhar o grid, Vettel foi lá e mostrou que nem São Pedro poderia segurar o novo tetracampeão mundial da categoria e sua Red Bull imparável. O garoto marcou um tempo que deixou todo mundo de queixo caído. Enrosco mais sério mesmo, apenas de Sérgio Perez, que estampou seu último carro da McLaren na subida do lago ao fim do Q2.
            Na corrida, com esperança de que São Pedro ajudasse a prova final da temporada a ser mais imprevisível, eis que a hora da prova estava com asfalto seco, o que já prenunciava que outro passeio de Vettel iria acontecer. E aconteceu mesmo, e nem uma largada levemente falhada perturbou o alemãozinho, que recuperou-se rapidamente e no fechamento da 1ª volta já estava de volta à liderança, de onde praticamente não mais saiu, nem mesmo quando seu time se enrolou numa das paradas de box, tendo que ir buscar o pneu para a troca. Pelo menos atrás o clima era mais competitivo, com disputas de posição entre vários pilotos, virtude de um circuito de verdade como só Interlagos é capaz de proporcionar, seja com tempo seco ou com chuva. Mark Webber, em sua última prova, estava combativo, mas não o suficiente para ameaçar seu companheiro de equipe. Disputou posição principalmente com Fernando Alonso, e ambos acabaram em 2° e 3°, com o espanhol voltando ao pódio depois de vários GPs ausente dele. Com o 2° lugar, Webber fechou o campeonato em 3° lugar, superando Kimi Raikkonem, ausente nas últimas duas provas.
            Felipe Massa fez uma despedida emocionada da Ferrari. Mas dentro da pista, cometeu um erro de passar sobre a linha de entrada dos boxes além do permitido e tomou uma punição até correta, menos para ele, claro, e com isso, a esperança de pelo menos terminar com um bom resultado meio que se desvaneceu. Ridícula foi a punição a Lewis Hamilton pelo toque que deu em Valtteri Bottas em disputa de posição, que acarretou o abandono do finlandês da Williams com uma roda solta, enquanto o piloto da Mercedes teve o pneu furado e penou para chegar os boxes e efetuar a troca. Para mim foi incidente de corrida normal, e não precisava de nenhum drive through, o que só confirma que hoje em dia na F-1 os pilotos não podem arriscar tudo o que poderiam.
            Todos os pilotos que estão lá são profissionais o bastante para não ficarem batendo rodas uns com os outros sem necessidade. Toques são normais em disputas de posição, mas do jeito que as coisas andam... Não é de admirar que os pilotos por vezes pensem duas vezes antes de arriscar uma manobra de ultrapassagem. Fico imaginando Andrea De Cesaris pilotando nos dias de hoje...só de multas e punições ele provavelmente faliria seu time com seu festival de batidas. E a adoção de uma "carteira de pontos" a partir de 2014 não me dá muitas esperanças de pararem com as frescuras, muito pelo contrário...
            No fim, a chuva finalmente apareceu, mas tão tímida que não foi o suficiente para alterar o panorama da prova, nem mesmo provocar trocas de pneu. Tirando Vettel, que deu um passeio sem ter tanta vantagem como de costume, mostrou que andou para o gasto, apertando o ritmo quando sentia a aproximação de alguém. Finda a corrida, o campeão mostrou novamente seus zerinhos para a torcida na reta dos boxes, que também foi imitado por Felipe Massa, encerrando oficialmente seus dias como piloto da Ferrari, após mais de uma década sob contrato com o time de Maranello. E Webber ainda emocionou todo mundo ao fazer sua volta de retorno aos boxes sem o capacete e as luvas, pilotando de rosto para o vento, apreciando seus últimos momentos ao volante de F-1. Completando o final do dia, alguns times, entre eles a Red Bull, mandaram seus últimos motores V-8 pelos ares acelerando eles ao limite nos boxes, encerrando um período de 25 anos de motores aspirados na categoria máxima do automobilismo mundial.
            Agora é hora de recarregar as baterias. As escuderias embalaram todo o seu material para, no dia seguinte, mandarem tudo de volta à Europa. Das equipes, alguns pilotos foram embora domingo à noite mesmo. Alguns mecânicos acompanhariam os equipamentos de volta às fábricas, enquanto outros iriam curtir mais alguns dias por aqui mesmo, aproveitando o fato de estarem no Brasil, que não irá fechar o campeonato de 2014, então curtirem nosso país por mais alguns dias passou a ser programa quase obrigatório. Para o pessoal nas fábricas, o trabalho continua firme e acelerado, agora com a construção dos novos carros da próxima temporada, que já no dia 25 de janeiro, praticamente daqui a dois meses, já entrarão na pista com os novos motores turbo V-6 iniciando a preparação final do próximo campeonato.
            Para jornalistas do mundo inteiro que seguem a categoria, é hora de dar uma pausa e relaxarem, depois de um ano extenso e cansativo. Toda essa turma também viaja e corre um bocado, tendo às vezes de correr até mais do que os pilotos. falando de forma figurada. Certo que hoje a tecnologia ajuda bastante em alguns momentos, mas isso não significa que o trabalho seja menos cansativo. Tem seus momentos onde se aproveita o fato de viajar tanto, mas na maior parte do tempo são compromissos, prazos, pautas, etc.
            Agora é hora de aguardar pelo próximo ano, e torcer para que as mudanças nas regras e nos motores propiciem uma boa remexida na ordem de forças do próximo campeonato, e que venham tantas surpresas quantas forem possíveis. A F-1, afinal, nunca pára...


Davide Valsecchi teria saído de Interlagos com um sorrisinho sádico depois do fim da corrida, ao ver Heikki Kovalainem, em sua segunda corrida pelo time, substituindo Kimi Raikkonem, ter saído sem pontos novamente, como aconteceu na semana anterior, em Austin. Contrariado pelo time ter chamado alguém de fora, e não utilizado seu reserva para correr, Valsecchi tinha toda razão de chiar. No fim, apesar de ter andado bem nos treinos, Kovalainem acabou não sendo de nenhuma ajuda ao time no mundial de construtores, e a escuderia ficou mesmo em 4° lugar na classificação final, quando tinha sérias aspirações de tentar pelo menos roubar o 3° lugar da Ferrari. Quem também saiu de Interlagos com sensação ruim foi Romain Grossjean, que viu seu motor estourar logo no início da corrida, após a subida da junção, e por alguns momentos, alguns piadistas disseram que ele estava querendo competir com a chaminé de uma indústria nas redondezas do circuito, que sempre lança uma espessa coluna de fumaça...

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Juan Pablo Montoya fez esta semana, em Sebring, na Flórida, sua estréia na equipe Penske, dando suas primeiras voltas com o chassi DW12 utilizado pelas equipes da Indy Racing League. Foi mais um teste de adaptação para o colombiano, que não guiava um monoposto de competição praticamente desde que foi despedido da McLaren, em 2006. Foi o retorno de Montoya a um carro Indy, que pilotou pela última vez em 2000, quando guiava pela Ganassi na Fórmula Indy. Vai ser a estréia para valer do piloto no certame da IRL, na qual havia disputado apenas uma única corrida, em 2000, a Indy500, da qual foi o vencedor. Mas, mesmo para um primeiro treino, o colombiano já andou forte, quase encostando nos tempos de Will Power. O australiano e o brasileiro Hélio Castro Neves que se preparem, pois a manter essa toada, ainda apenas se readaptando, mostram que seu novo companheiro de equipe vai ser um páreo tremendamente duro...

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - NOVEMBRO DE 2013



            E chegamos ao fim de novembro, e praticamente ao final do ano do automobilismo, com poucas provas ainda a serem disputadas. E aqui está a última edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA deste ano, com retorno apenas para fevereiro de 2014, trazendo minhas últimas avaliações da temporada das corridas. Uma boa leitura para todos...



EM ALTA:

Sebastian Vettel: O mais novo tetracampeão da F-1 fez uma segunda fase do campeonato praticamente arrasadora. Desde a volta da categoria das férias de agosto, no GP da Bélgica, só deu Vettel no degrau mais alto do pódio, conquistando até domingo passado, em Interlagos, nada menos do que 9 vitórias consecutivas, igualando o feito de Alberto Ascari, que venceu 9 provas consecutivas entre 1952 e 1953. De quebra, Sebastian igualou também o recorde de Michael Schumacher, de maior número de vitórias numa mesma temporada, 13, obtido em 2004 com a Ferrari. Como ninguém sabe como os carros de 2014 irão se comportar, nem quem vai se sair melhor, não há garantia de que a Red Bull ajude o novo tetracampeão a bater estes recordes no ano que vem, mas não importa: igualar tais feitos por ora já são feitos impressionantes para o jovem Vettel, que já atingiu 45 poles e 39 vitórias em sua curta carreira na categoria.

Marc Márquez: O novato sensação da MotoGP conquistou o título da categoria máxima do motociclismo logo em seu primeiro ano de competição, repetindo o feito de Kenny Roberts, em 1978. O espanhol, aos 20 anos, tornou-se o mais jovem campeão da categoria, e também o mais jovem a vencer uma corrida, já em sua segunda participação, em Austin, nos Estados Unidos. Agressivo ao extremo, Márquez andou colecionando alguns incidentes durante o campeonato, mas conseguiu evitar de se machucar e ainda conseguiu manter a cabeça fria nos momentos decisivos da competição, especialmente na etapa final, em Valência, escapando da pressão psicológica de Jorge Lorenzo, e pilotando o suficiente para conquistar o campeonato. E podem esperar novas vitórias de Márquez em 2014, mais experiente e talvez disciplinado, mas nem um pouco menos talentoso...

Espanha na MotoGP: Este ano não teve pra ninguém na categoria máxima do motocilismo: os pilotos espanhóis dominaram completamente o campeonato, vencendo praticamente todas as corridas do ano, com exceção da solitária vitória de Valentino Rossi em Assen, na Holanda. As 3 primeiras colocações da classificação ficaram para Marc Márquez, Jorge Lorenzo, e Daniel Pedrosa, todos espanhóis, o que levou a torcida do país ibérico à loucura com os resultados da competição nas duas rodas. Um domínio raro de se ver, e que muito provavelmente deve se manter em 2014...

Equipe Mercedes de F-1: Ainda não foi desta vez que a fábrica alemã disputou o título, mas já mostrou mais a que veio na F-1, desde que comprou o time de Ross Brawn ao fim de 2009. Possui a dupla mais forte do grid tecnicamente, e a mais parelha, que só terá rival em 2014 pelo binômio Kimi Raikkonem/Fernando Alonso, na Ferrari. E teve em vários momentos o carro mais rápido do grid, como comprovam as poles conquistadas no ano. Mas a incapacidade de lidar melhor com os pneus da Pirelli revelou-se um calcanhar de Aquiles insuperável na maior parte do campeonato. Mas o time de Sttutgart fecha o ano de cabeça erguida, com o vice-campeonato de construtores, uma vez que Sebastian Vettel e a Red Bull viraram praticamente uma categoria à parte acima de todos os demais. Mas ambos os pilotos precisam caprichar mais em alguns momentos, pois ficaram sem conseguir disputar o vice de pilotos com Fernando Alonso. Em compensação, deixaram a McLaren bem para trás, e pretendem manter assim no próximo ano.

Jimmie Johnson: O piloto da equipe Hendrick chegou ao seu 6° título na Sprint Cup, a principal categoria da Nascar, a Stock Car americana, e agora está atrás apenas de duas lendas da história da categoria, Dale Earnhardt e Richard Petty, que têm 7 títulos cada um. Jimmie venceu 6 corridas na temporada, e fechou o ano com 2419 pontos, deixando Matt Kenseth com o vice-campeonato, com 2400 pontos. Desde sua estréia na Nascar em 2003, Johnson disputou 397 corridas, venceu 64 provas e fez 40 poles. Os números podem não parecer proporcionalmente vistosos como os de Sebastian Vettel na F-1, mas são tremendamente respeitáveis, se levarmos em conta o ambiente extremamente competitivo da Nascar. E podem apostar que Jimmie vai querer se juntar Petty e Earnhardt já em 2014 no que tange ao número de títulos, a menos que os concorrentes dificultem a empreitada...



NA MESMA:

Felipe Massa: O piloto brasileiro deixa a Ferrari depois de mais de uma década sob contrato com a escuderia italiana, sendo 3 delas como piloto emprestado à Sauber, 1 como piloto de testes, e 8 anos como piloto titular. Vai encarar um grande desafio na Williams em 2014, que será comandar o renascimento da escuderia, uma das mais tradicionais da F-1, e que nos últimos anos tem tido um desempenho muito irregular. Mas o brasileiro encerra mais um ano à sombra de seu companheiro de equipe de Ferrari, e mesmo correndo mais "solto" desde que sua saída foi anunciada, não conseguiu converter resultados mais vultosos, e ainda teve algumas corridas, inclusive a de Interlagos, marcada por pequenos erros que comprometeram suas chances de conquistar melhores resultados. A troca de ares deve fazer bem a Felipe, ainda mais porque terá um papel que raras vezes teve chance de desempenhar na Ferrari: o de lider de equipe. Veremos se ele dará conta do recado...

Fernando Alonso: Em 4 temporadas competindo pela Ferrari, Fernando Alonso tem uma marca interessante: foi vice-campeão em 3 anos, perdendo apenas em 2011, quando Jenson Button foi o vice-campeão da temporada. O resultado mostra que, se Alonso é tido como o piloto mais completo da F-1, não adianta muito quando seu principal rival é quase ou tão bom quanto o espanhol, e ainda tem um carro melhor, o que torna praticamente impossível para o asturiano tirar a diferença no braço. Mas o espanhol ainda deu sorte nesta fase final do campeonato, quando a Ferrari perdeu rendimento para a Mercedes e até mesmo a Lotus em várias corridas. Agora é esperar por melhor sorte em 2014...

Equipe Lotus: O time de Enstone teve um final de campeonato frustrante: ficou sem Kimi Raikkonem, fez uma opção considerada polêmica ao contratar Kovalainem para o lugar vago do compatriota, e viu um estouro de motor alijar Romain Grossjean em Interlagos que deixou o time apenas em 4° no mundial de construtores. Isso sem falar que o negócio com grupo Quantum ainda não rendeu nem um centavo de verba, e o projeto do carro de 2014 pode sofrer por isso. De positivo, apenas o fato de que o carro mostrou-se competitivo nestas últimas corridas, com Grossjean a fazer grandes exibições. Resta saber se a escuderia do grupo Geni será capaz de repetir estas performances no próximo ano. E Pastor Maldonado pode ser seu novo piloto, trazendo o polpudo patrocínio da PDVSA, o que deve aliviar as finanças, se o venezuelano não continuar arrumando confusão na pista... Só que a situação da equipe anda tão complicada que nem mesmo dá para afirmar que Maldonado vá para lá, nem mesmo que Grossjean esteja firme no time, e até mesmo pode se questionar se ainda usarão motores da Renault em 2014. Incerteza total...

Equipes nanicas da F-1: Já com 4 anos de existência e competição na F-1, os times que estrearam na temporada de 2010 até hoje continuam sem saber o que é pontuar, e muito menos discutir posições até mesmo no pelotão intermediário da categoria. Apesar das esperanças de todo ano melhorarem sua performance, Caterham e Marussia continuam largando quase sempre nas duas últimas filas do grid, e neste ano, novamente protagonizaram seu duelo particular para ver quem seria a última colocada na competição, que acabou ficando justamente com a Caterham. Vejamos se no ano que vem, com a mudança radical de regulamento técnico e motores, eles conseguem finalmente se integrar na luta com os demais times por posições na pista.

Cosworth novamente fora da F-1 em 2014: Aquela que foi a fabricante do motor mais vitorioso durante boa parte da história da F-1 está novamente fora da categoria, tendo disputado seu último GP aqui no Brasil equipando apenas os carros da pequena equipe Marussia. Uma saída sem nenhum prestígio para a fábrica que teve o desprazer de fornecer seus motores apenas a times pequenos nos últimos anos, tendo como exceção 2010 e 2011 com a Williams, se bem que 2011 foi tão ruim que praticamente nem conta. Sem recursos para desenvolver um novo motor turbo, a Cosworth deixa a F-1 pela segunda vez em sua existência. Poderia até voltar, mas desde que perdeu seu vínculo com a Ford, que lhe garantia financiamento para projetar e construir seus propulsores para competição, a fábrica inglesa fundada por Mike Costin e Keith Ducworth não tem fôlego para novas investidas no meio automobilistico de alto nível como a F-1. Merecia ter mais dignidade em sua despedida, mas a categoria máxima do automobilismo costuma ser cruel com quem não vence...



EM BAIXA:

Valentino Rossi: O heptcampeão italiano esperava voltar a ser um dos protagonistas da disputa pelo título da MotoGP ao voltar à equipe Yamaha, depois de dois anos de fracos resultados com a Ducati. Mas o "Doutor" brilhou pouco durante o campeonato, transformando-se em um coadjuvante de luxo no campeonato, ficando à sombra do trio de espanhóis que de fato lutou pelo título, Jorge Lorenzo, Dani Pedrosa, e o campeão Marc Márquez. De positivo, só mesmo sua vitória em Assen, sendo o único piloto não-espanhol a vencer uma corrida na temporada 2013. Mas é pouco para as aspirações de Rossi, que já trocou de chefe de equipe para o próximo ano. visando recuperar a forma exibida até 2009. A conferir se o Doutor ainda não perdeu a forma...

Mark Webber: O australiano despediu-se da Red Bull e da F-1 com uma boa atuação em Interlagos, mas isso não apagou sua temporada final na categoria, onde só esteve mesmo em posição de vencer a prova da Malásia, até a malfadada ordem dos boxes para manter posições o fez ser pego de surpresa por Vettel, que mandou as ordens às favas e ultrapassou o companheiro de equipe com o motor em rotação inferior. Foi a gota d'água para se desiludir de vez com a categoria e procurar buscar novos ares em 2014, quando defenderá a Porshe no Mundial de Endurance. Com 9 vitórias na categoria, depois de 215 GPs, o australiano é mais um que não conseguiu se transformar em protagonista de fato, tendo seu melhor ano em 2010, quando em boa parte do campeonato era considerado o favorito ao título, até ser atropelado por Vettel, situação que só piorou nos anos seguintes, sequer conseguindo discutir a primazia do time com o jovem alemão. Para Vettel, e principalmente para Helmut Marko, o homem-forte da Red Bull, não vai deixar saudades...

Felipe Nars: O piloto brasileiro terminou o ano na GP2 sem conseguir nenhuma vitória, e sendo atropelado na reta final da luta pelo título, terminando o ano apenas em 4° lugar. Para quem começou o ano como um dos candidatos ao título, foi uma campanha decepcionante, mas o sonho de chegar à F-1 continua firme, e as negociações continuam, tendo chances de se tornar piloto de testes de alguma escuderia para 2014. Ao fechamento desta coluna, conversas de bastidores apontavam chances na Williams e quem sabe, Sauber ou Force India. Mas, como se sabe, negociações nestas horas são sempre complicadas. A favor do piloto brasileiro está o fato de ter alguns patrocínios fortes e interessantes para muita gente. Resta saber se isso será o suficiente, depois de um campeonato onde Nars mostrou ser apenas um piloto constante.

Pilotos de teste na F-1: A função de piloto-reserva na categoria máxima do automobilismo nunca esteve tão em baixa quanto neste ano, ainda mais depois da saíde Kimi Raikkonem da Lotus para passar por uma cirurgia para tratar as costas. Ao invés de utilizar seu reserva Davide Valsecchi, a Lotus contratou o finlandês Heikki Kovalainem para as duas provas finais do certame, apostando na experiência do piloto, que participou de alguns treinos livres pela Caterham durante o ano. Valsecchi ficou irritado com a escolha do time, cuja explicação de "não querer queimar" o piloto foi pífia. O resultado é que, embora Kovalainem tenha feito até treinos bem satisfatórios, em corrida o desempenho acabou não correspondendo às expectativas, não marcando um ponto sequer, e com isso não sendo de ajuda para o time inglês na luta no campeonato de construtores para superar a Ferrari. Se ri melhor quem ri por último, Valsecchi deve ter adorado o resultado das duas corridas. Em 2014, pelo menos os pilotos reservas devem voltar a ganhar chance de pilotar os carros, com o primeiro treino livre ganhando mais meia hora com direito a um jogo de pneus exclusivo para ser usado pelos pilotos de testes nestes 30 minutos adicionais.

Indy Racing League: O campeonato da IRL celebrou a vinda de Juan Pablo Montoya para seu campeonato em 2014, mas acabou sofrendo outra baixa considerável: Dario Franchiti, tetracampeão da categoria, anunciou sua aposentadoria, depois do violento acidente sofrido na segunda etapa de Houston. Aconselhado pelos médicos, que advertiram o escocês de que um novo acidente poderia ter consequências mais sérias, Dario resolveu pendurar o capacete, aos 40 anos, e mais de 15 anos competindo nos Estados Unidos, primeiro na Fórmula Indy, e depois na Indy Racing League. Franchiti certamente fará falta na competição, que perde um de seus nomes mais carismáticos e vencedores, em que pese as duas últimas temporadas terem sido meio magras em termos de resultados. Além de ganhar o título da IRL em 4 temporadas, sendo 3 delas pela Ganassi e uma pela Andretti, Dario também venceu 3 vezes a Indy500, a última delas no ano passado.


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

14 ANOS DE FERRARI E BRASIL


Áustria 2002: Barrichello dominou todo o fim de semana, e para quê? Teve de entregar a vitória para Schumacher, pois sua vitória "não interessava ao time", que só tinha prioridades para Michael Schumacher.

            Hoje começam os treinos oficiais para o Grande Prêmio do Brasil, fechando a temporada de 2013, que infelizmente não foi das mais emocionantes, como a do ano passado, quando tivemos 8 pilotos diferentes vencendo corridas, mesmo que apenas 2 deles tivessem chegado aqui discutindo o campeonato. Sebastian Vettel muito provavelmente vai vencer de novo, se nada diferente do normal acontecer. Está previsto chuva para o domingo, o que pode ajudar a deixar as coisas mais divertidas para quem espera uma prova fora dos padrões, resta saber se a ajuda de São Pedro vai ser suficiente.
            Esta corrida marca a despedida de Felipe Massa da equipe Ferrari. Com contrato assinado com a Williams para 2014, o piloto brasileiro busca renovar suas esperanças na F-1, após praticamente uma década em Maranello. Não o fez por opção própria, já que o time vermelho resolveu trazer um piloto mais forte para ser companheiro de Fernando Alonso no próximo ano, Kimmi Raikkonem. Mas a mudança de ares fará bem a Massa, que estava precisando buscar espaço em outro lugar, uma vez que na Ferrari, ele já não tinha mais espaço.
            É o fim também para uma era, entre a Ferrari, e pilotos brasileiros, iniciada há 14 anos, em 2000, quando Rubens Barrichello fez sua estréia nos carros vermelhos. Anunciado como substituto do irlandês Eddie Irvinne na segunda metade de 1999, a contratação de Barrichello por um time de ponta encheu os torcedores brasileiros de esperança. Após a perda de Ayrton Senna, tínhamos virado coadjuvantes na F-1. Voltar a ter um piloto em um time capaz de disputar o título significava voltar, pelo menos, a vencer corridas. E Barrichello, por sua vez, queria mostrar realmente do que era capaz de produzir.
            A partir daí, foram mais decepções do que satisfações. A política interna da Ferrari, que dava preferência exclusiva para Michael Schumacher, sempre foi um ducha de água fria para as esperanças dos torcedores brasileiros. O problema não era exatamente Michael Schumacher, que afinal, como maior talento da F-1, fazia por merecer ter seus privilégios. O problema era que isso mostrava que não dava para esperar muito de Rubinho, que apesar de não ser talentoso como o parceiro alemão, também não era um joão ninguém. Infelizmente, o brasileiro nunca pôde pensar em disputar o título, e para reafirmar isso, o próprio Luca de Montezemolo afirmou, com todas as letras, ainda em 2000, após a vitória espetacular de Barrichello em Hockenhein, que o único objetivo da Ferrari era fazer Schumacher campeão, e que o brasileiro devia ficar em seu devido lugar. E tal política nunca mudaria. Não apenas pelo tipo de gestão de Maranello, mas também por que Schumacher nunca aceitaria que seu "escudeiro" dividisse curvas com ele. Michael nunca digeriu bem quando ficava atrás do colega de equipe, e costumava perder as estribeiras por causa disso.
            Ainda que seja leviano falar em sabotagem, pode-se dizer que isso ocorreu veladamente com Barrichello. Num universo onde detalhes fazem a diferença, como é a F-1, bastava deixar de atentar para um detalhe para que o piloto brasileiro perdesse totalmente as chances de ter uma luta justa com seu companheiro de equipe. Não que Schumacher precisasse disso, mas quando, em 2002, o time proibiu Rubens de vencer na Áustria, em um campeonato amplamente dominado pelo piloto alemão, pode-se ter uma idéia de como as coisas corriam em Maranello. Afinal, porque o piloto brasileiro sempre tinha uma primeira metade de campeonato geralmente problemática, enquanto nada de anormal ocorria com Schumacher? Ou algumas situações totalmente inusitadas, como quando esqueceram o carro do brasileiro em cima dos cavaletes no grid de largada, com todos os carros partindo para a corrida? Um erro dos mais primários e inconcebíveis de se admitir num time de ponta da F-1. E o GP do Brasil de 2003, onde Rubinho vinha com boas chances de vencer, e sofreu uma pane seca até hoje mal explicada pelo time, que alegou ter ficado sem telemetria e cujos dados de consumo prévio não batiam? A Ferrari nunca admitiria, mas conversas de fundo com alguns integrantes do time apontam que a pane seca teria sido deliberada, para impedir que o brasileiro, então empatado com Schumacher no campeonato àquela altura, disparasse na frente, o que poderia causar "distúrbios" indesejados dentro do time e em Schumacher.
            Uma verdade incontestável é que Michael Schumacher era muito mais piloto do que Rubens Barrichello. Um fato sobre o qual não pesa a menor dúvida. O que fica na dúvida é qual seria a verdadeira diferença entre ambos, uma vez que devido à política adotada pela escuderia italiana, em muitos momentos a atenção para com Rubinho limitava sua performance. Não vou dizer que sem isso o brasileiro seria campeão ao invés de Schumacher, mas certamente Rubens teria alguns números muito melhores de sua passagem por Maranello. Disputar o título até poderia ter ocorrido, mas ser campeão, aí já é difícil saber.
            E a forma como o time dá atenção influi sobremaneira na performance de um piloto. Está aí o exemplo deste ano de Romain Grossjean na Lotus, que depois que foi anunciada a ida de Kimmi Raikkonem para a Ferrari, passou a andar muito melhor do que vinha andando. E podemos ter um exemplo mesmo da Ferrari em 2004: quando Schumacher já tinha conquistado matematicamente o título daquele ano, a escuderia passou a priorizar Rubinho, para que ele conquistasse o vice-campeonato. O resultado foram duas vitórias do piloto brasileiro em corridas onde, vejam só, Schumacher andou muito atrás do que normalmente andaria, incapaz até de lutar pelo pódio, e em um ano onde a Ferrari massacrou a concorrência. Curiosamente, depois que Barrichello atingiu o vice-campeonato, a performance do brasileiro despencou novamente, enquanto a de Schumacher voltou a subir. Coincidência? Dizem que na F-1 não tem disso...
            Rubens sempre foi ficando acreditando que uma hora chegaria sua vez, apostando numa aposentadoria de Schumacher, e acreditando que seria escolhido para então liderar a escuderia italiana. Mas sua paciência acabou antes, e mesmo tendo contrato para 2006, preferiu sair e tentar buscar espaço em outros lugares, ao fim de 2005. E então, entrou Felipe Massa em seu lugar. Felipe já era piloto da Ferrari desde sua estréia na F-1, tendo disputado sua primeira temporada pela Sauber como "empréstimo" ao time suíço, que usava os motores italianos. Dispensado para 2003, Massa passou o ano como piloto de testes da Ferrari, retornando à Sauber em 2004 e 2005.
            O destino de Felipe em Maranello tendia a ser igual ao de Rubens, mas ele teve uma sorte diferente: próximo do fim do campeonato, Schumacher anunciou que ia se aposentar, e Massa, então, teria a oportunidade que Barrichello sempre esperou e nunca surgiu: comandar o time. Para 2007, teria a companhia de Kimmi Raikkonem. Se em 2006, fora escudeiro de Schumacher, e saiu-se bem para seu primeiro ano como titular em Maranello, cumprindo o figurino, em 2007, era aproveitar a chance de ser o veterano do time para tentar enfim poder lutar pelo título.
            Massa até tentou, mas teve azar na segunda metade do campeonato, e com uma arrancada forte do finlandês, teve de dar suporte ao parceiro para a conquista do título daquele ano. Foi um ano em que a política de pilotos da Ferrari foi meio posta de lado realmente, com o time optando por Kimmi quando o brasileiro já estava fora da briga, ao contrário do que ocorria nos tempos de Schumacher, quando seu parceiro de time já era posto para escanteio antes mesmo da competição se iniciar. Em 2008, Massa teve sua melhor chance de ser campeão, e quase chegou lá, perdendo o título por um único ponto, aqui mesmo em Interlagos. Foi um ano ímpar de Felipe, que venceu 6 corridas. Mas a Ferrari pecou em algumas provas, assim como o próprio Massa também errou feio em outras. A postura de Felipe na derrota aqui foi a mais nobre e sincera possível: "Ganhamos e perdemos juntos", afirmou, referindo-se que tanto ele quanto seu time falharam em momentos do ano, repartindo responsabilidades e méritos.
            Em 2009, um carro apenas mediano, e um violento acidente na Hungria fizeram daquela temporada um ano a ser esquecido. A plena recuperação do brasileiro para 2010 era a melhor notícia possível. Se tivesse um carro vencedor, o brasileiro poderia mostrar que ainda daria alegrias aos torcedores nacionais. Mas havia um Alonso no meio do caminho...
            Contratado para substituir Kimmi Raikkonem, que estava desmotivado, o espanhol chegou no time com o status de "salvador da pátria", o único capaz de levar o time vermelho de novo ao título. E, para quem achava que Massa seria capaz de enfrentar o espanhol, veio a pior notícia possível: a volta da política interna de pilotos da Ferrari, tal qual era aplicada nos tempos de Schumacher. E a ficha caiu como uma bomba naquele GP da Alemanha de 2010, com a frase que até hoje ficou gravada na memória dos torcedores "Alonso está mais rápido que você..."
            Se Rubens Barrichello tinha seus momentos de revolta, e costumava andar muitas vezes mais perto de Schumacher do que a equipe gostaria, Massa entretanto desabou dali em diante, raramente mostrando a combatividade de antigamente. Não foi apenas o abalo psicológico de virar "escudeiro" de Alonso que incomodou sobremaneira, mas vários fatores que se aglutinaram, como os novos pneus instáveis da Pirelli, e carros não tão competitivos quanto antigamente. Felipe sempre teve mais dificuldades para lidar com eles do que Alonso, que conseguia quase sempre superar as limitações do equipamento, enquanto o brasileiro, sem a autoconfiança de antes, se debatia até mais do que o normal, tentando extrair deles a mesma performance do companheiro de equipe, o que poucas vezes aconteceu.

No confronto com Alonso, Massa teve seus piores momentos na Ferrari. Desgaste tornou-se inevitável, e o brasileiro ainda sucumbiu psicologicamente, poucas vezes mostrando sua real capacidade.
            Felipe ainda teve muita sorte com a paciência da Ferrari, que o manteve como piloto por mais 4 temporadas, embora isso possa ser devido mais à política de não ter dois pilotos fortes no time do que qualquer outra coisa. Não fosse a impaciência e críticas de Fernando Alonso a meio desta temporada para com o time, que fizeram até mesmo Luca de Montezemolo perder a paciência com o espanhol, muito possivelmente Massa ainda poderia estar garantido em Maranello. Foi mais o desejo de punir Alonso, tirando-o de sua posição de conforto na Ferrari, onde não tinha concorrência interna, do que a falta de resultados do brasileiro, o que mais contribuiu para a saída de Massa da escuderia. Mas é verdade também que a política da de pilotos da Ferrari, ainda mais não tendo um carro tão competitivo, ajudou o brasileiro a não conseguir resultados de maior monta, uma vez que Alonso sempre recebia mais atenção do time, relegando o brasileiro a segundo plano. Para Fernando Alonso, era conveniente continuar tendo o brasileiro como colega de time, sempre o defendendo como o melhor parceiro, certo de que sabia poder domá-lo sem problemas, além de contar com as regalias da preferência do time para si, o que sempre deixou o brasileiro em segundo, ou até terceiro plano, dentro da própria Ferrari.
            No ano passado, depois de um início medíocre, Massa se recuperou de forma contundente na segunda metade do campeonato, garantindo sua permanência na Ferrari em 2013. Mas, na política interna, tudo continuou igual a antes, chegando ao cúmulo do time provocar uma punição deliberada ao brasileiro no GP dos EUA do ano passado ao romper o lacre do câmbio de seu carro apenas para promover Alonso a uma posição à frente no grid de largada, e do lado mais favorável. Neste ano, parecia que Felipe tinha recuperado totalmente a boa forma, mas os problemas retornaram, e com o time não tão competitivo quanto em 2012, foi novamente mais o brasileiro a sofrer as consequências do que Alonso.
            Apenas com sua saída da equipe confirmada é que Felipe pareceu tirar um peso das costas como há muito não se via. Passou a correr com a velha combatividade que raras vezes apresentou nos últimos anos. Terá na Williams um papel inédito em sua carreira, que será liderar um time, algo que apenas em 2008 teve chance de exercer na Ferrari, e ainda assim, apenas em parte da temporada. Tal qual Barrichello, Massa passou um bom tempo em Maranello, e assim como seu antecessor, teve seus bons momentos na escuderia. Não por acaso, em sua despedida oficial, em Mugello, semana retrasada, teve um público de 15 mil torcedores aplaudindo-o, um raro reconhecimento de seus serviços prestados à escuderia italiana. E até hoje, Rubens Barrichello também é lembrado com respeito pela escuderia, pelo seu tempo como titular lá, assim como pela torcida.
            É um ciclo que se encerra, e para a maioria dos torcedores, não vai deixar saudade alguma, pelo fato de tanto Massa quanto Barrichello não terem tido maiores chances de vencer ou de serem campeões. E embora para muitos, guiar pela Ferrari seja considerado um grande mérito, pelo prestígio e história da escuderia em todo o mundo do esporte a motor, poucos torcedores brasileiros irão concordar com isso, preferindo mais as críticas ao jogo de equipe praticado em Maranello, que raras vezes favoreceu nossos representantes.
            Tanto Felipe Massa quanto Rubens Barrichello tiveram suas carreiras na F-1 marcadas por sua passagem pelo time de Maranello. Concordando ou não, é algo a ser respeitado e admirado, pois são muito poucos os que chegam a tal posto, e menos ainda os que pilotaram para o time italiano por tanto tempo quanto os brasileiros. A seu modo, a Ferrari valorizou tanto Massa quanto Rubinho em suas campanhas nos últimos 14 anos, que agora ficarão registrados na história do time italiano e também nos anais da F-1. Pode não ter sido do jeito como muitos queriam, mas não dá para se ter tudo o que se deseja.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX - OUTUBRO DE 1996 - 04.10.1996



            Trazendo mais uma coluna antiga na seção Arquivo, está aqui a do dia 4 de outubro de 1996, tendo como assunto principal a contratação de Damon Hill, até então provável campeão de F-1 daquela temporada, competindo pela quase imbatível Williams, pela escuderia de Tom Walkinshaw, a Arrows, que a partir da temporada de 1997 passaria a se chamar TWR-Arrows, e prometia mundos e fundos para breve na categoria. A contratação de Hill era apenas o primeiro passo, segundo o dirigente, para reestruturar todo o time e torná-lo uma escuderia de ponta. Para tanto, já tinha até feito um acordo para receber os motores V-10 da Yamaha. De fato, os planos eram ousados. Uma pena que nada funcionou como o planejado, em que pese Hill ter assombrado todo mundo na prova da Hungria no ano seguinte, por pouco não vencendo a corrida.
            Walkinshaw falou de mais e fez de menos. A Arrows continuou sendo um time médio/pequeno, e foi ficando cada vez pior, até desaparecer alguns anos depois, tragado pelos custos crescentes de uma F-1 que, intoxicada pela entrada de recursos quase ilimitados proporcionados pelas grandes montadoras mundiais, foi perdendo cada vez mais contato com a realidade econômica, estando hoje em uma encruzilhada na relação custo/benefício de suas condições de competição. Aproveitem o texto, que em breve tem mais...


UM TIRO NO ESCURO

            Enfim, Damon Hill correrá mesmo na Fórmula 1 em 1997. A escuderia que acolherá o provável campeão de 1996 será a Arrows/TWR, agora de propriedade de Tom Walkinshaw, ex-sócio da Benetton e da Ligier. O anúncio foi feito na sexta-feira passada, e pegou boa parte da imprensa de surpresa. Quando todos já esperavam que Hill acertasse com a Jordan ou então parasse de correr, hipótese esta bem provável, veio o anúncio do acordo do filho de Graham Hill com a escuderia.
            A última vez que houve uma surpresa deste tipo foi em 1995, quando Christian Fittipaldi, quando todos esperavam que o piloto brasileiro acertasse com a Tyrrel ou Sauber, anunciou seu acordo com a equipe Walker para passar a correr na F-Indy. Até certo ponto, foi uma surpresa. Desta vez, o caso foi parecido, pegando muita gente de surpresa mesmo.
            De todas as equipes disponíveis, a Arrows talvez fosse a pior hipótese possível para Damon, com exceção da Minardi ou da Forti Corse, que planeja retornar à F-1 em 97. A Jordan era a melhor opção, pelo equipamento e estrutura oferecidas.
            Mas Tom Walkinshaw, novo proprietário da equipe, que agora está associada à TWR, não é de brincar em serviço, e tem grandes planos para o futuro. A TWR tem uma tradição vitoriosa em todas as categorias que disputou, com exceção da F-1. Walkinshaw entrou para a F-1 em 1991, numa associação com a Benetton. Coincidência ou não, de lá para cá o time multicolorido cresceu de performance, ano após ano, culminando no bicampeonato de Michael Schuamcher em 1994 e 1995.
            Paralelamente, Walkinshaw também comandou a reestruturação da equipe Ligier, que foi comprada por Flavio Briatore. O resultado também se nota, pois a Ligier conseguiu alguns bons resultados nos últimos 3 anos. Só que Walkinshaw queria liberdade total para fazer o que bem entendesse, por isso, resolveu sair da parceria Benetton/Ligier, e agora pretende dar um vôo solo com a Arrows, que a partir de 97 passará a se chamar TWR/Arrows. A compra da equipe saiu a meio da temporada e os resultados de tal parceria ainda não surtiram efeito: a escuderia ocupa o último lugar na tabela de construtores com apenas 1 ponto. Mas para o próximo ano, as metas são mais ousadas.
            De início, tudo indica que o motor será o Yamaha, que deve encerrar sua parceria com a Tyrrel. Trata-se de um motor potente e confiável. Bastará um chassi à altura para mostrar todo o seu potencial. Mas neste campo é que as coisas precisarão evoluir muito. Tome por exemplo o carro deste ano. Jos Verstappen e Ricardo Rosset são dois pilotos de talento comprovado, mas o carro é tão ruim que ambos estão limitados a disputar as últimas posições do grid. No início do ano, o carro ainda possuía alguma competitividade, tanto que em algumas corridas Verstappen chegou a enfrentar até os pilotos da McLaren. Agora, a escuderia ficou para trás, e só consegue ganhar da Minardi.
            Na entrevista coletiva do acordo, Damon Hill estava otimista, e falava que, a partir de agora, terá um novo desafio, crescer com a nova equipe, e já fala até em vencer corridas com a Arrows. E já provavelmente em 97. Se Damon acredita nisso realmente, eu chego a dizer que o inglês está realmente pensando muito alto. Transformar a Arrows em um time capaz de vencer corridas é possível, mas não sei dizer quantas temporadas serão necessárias para que isso seja uma realidade. No momento, Hill está prometendo milagres. A única coisa concreta parece ser o salário que o piloto vai receber: cerca de US$ 9 milhões segundo algumas fontes. Sem dúvida, vai ser mesmo um desafio e tanto para Damon Hill e para Tom Walkinshaw erguer a Arrows de seu patamar atual para o de um time potencialmente vencedor, mas para o bem da F-1, sinceramente espero que tenham sucesso. Quanto mais vencedores na categoria, melhor a disputa.



Para quem gosta de números, eis os da equipe Arrows: fundada em 1978, a escuderia disputou ao todo 287 GPs, conquistou uma pole-position e marcou um total de 152 pontos. Os melhores resultados da escuderia, que nunca venceu uma só corrida, foram 3 2ºs lugares de Riccardo Patrese nos GPs da Suécia, em Anderstop (1978); EUA-Oeste, em Long-Beach (1980); e San Marino, em Ímola (1981); e mais 1 2º lugar de Thierry Boutsen em San Marino (1985). O último pódio da equipe foi no GP da Austrália de 1995, quando Gianni Morbidelli conquistou o 3º lugar, em uma prova de muitos abandonos. A seguir, a pontuação da equipe desde 1978, e os respectivos motores usados: 1978) Arrows/Ford: 11 pontos; 1979) Arrows/Ford: 5 pontos; 1980) Arrows’Ford: 11 pontos; 1981) Arrows/Ford: 10 pontos; 1982) Arrows/Ford: 5 pontos; 1983) Arrows/Ford: 4 pontos; 1984) Arrows/BMW: 6 pontos; 1985) Arrows/BMW: 14 pontos; 1986) Arrows/BMW: 1 ponto; 1987) Arrows/Megatron: 11 pontos; 1988) Arrows/Megatron: 23 pontos; 1989) Arrows/Ford: 13 pontos; 1990) Arrows/Ford: 13 pontos; 1991) Arrows/Porshe/Ford: sem pontos; 1992) Arrows/Mugen-Honda: 6 pontos; 1993) Arrows/Mugen-Honda: 4 pontos; 1994) Arrows/Ford: 9 pontos; 1995) Arrows/Hart: 5 pontos; e 1996) Arrows/Hart: 1 ponto até o momento.


Disputa-se neste domingo o Grande Prêmio do Brasil de Motovelocidade, no traçado misto do autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. É a 14º etapa do mundial de motociclismo, e nas 500cc, o título já foi decidido antecipadamente em favor de Michael Dohan. Alexandre Barros, único piloto brasileiro na competição, ocupa a 4ª posição no campeonato, mas tem planos de terminar o certame em 3º lugar. Para a prova brasileira, ele admite não estar entre os favoritos, mas promete dar tudo o que pode na pista para obter um bom resultado.


Se os europeus acham que os pilotos brasileiros não têm mais o talento que consagrou nossos grandes campeões na F-1, Émerson Fittipaldi, Nélson Piquet e Ayrton Senna, a nova geração brazuca de craques trata de mostrar que não se deve subestimar os brasileiros. E, só para provar, o campeão da F-Renault, uma categoria de acesso às principais modalidades e que vem crescendo bastante, é o brasileiro Enrique Bernoldi, que pulverizou a oposição no campeonato deste ano. Por coincidência, o vice-campeão é, até o momento, Mário Haberfeld. Bernoldi já garantiu o título por antecipação, mas Haberfeld garante que o vice-campeonato não vai escapar. E, na Inglaterra, berço mundial do automobilismo de competição, a categoria F-Ford 1600 tem como campeão ninguém menos do que Paulo Rizzi Isper. Paranaense de apenas 20 anos, Paulo Rizzi massacrou a concorrência, vencendo 4 das 6 etapas disputadas. Para completar, a F-3000 européia já está praticamente nas mãos de Jorg Muller o título internacional da categoria, mas as duas últimas etapas, disputadas nos circuitos de Estoril e Mugello, foram vencidas por Ricardo Zonta, que também começa a ser disputado pelos chefes de equipe para a próxima temporada, provavelmente para mais um ano na F-3000. Todos eles, muito cotados para chegar em breve à F-1.


Pelo lado de cá do Atlântico, em terras do Tio Sam, os americanos começam a ficar arrepiados com nossos pilotos. Só na Indy Lights, foram 6 vitórias em nossas mãos, mais da metade do campeonato, divididas entre Tony Kanaan, Hélio Castro Neves, e Guálter Salles. E foi consenso geral de que Affonso, Felipe e Zequinha Giaffone só não foram mais longe por pura falta de equipamento. Tem muito americano queixando-se de que não tem mais carro para competir, mas na verdade parece estar faltando mesmo é talento para enfrentar nossos craques da velocidade.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

BASTIDORES A MIL



Felipe Massa, enfim, já está garantido na F-1 em 2014, defendendo a equipe Williams, onde já esteve de visita esta semana...

            Se a disputa do título da Fórmula 1 já foi fechada por Sebastian Vettel no GP da Índia, pelo menos a última semana foi pródiga em acontecimentos nos bastidores da categoria, que até então não tinha muito a oferecer nos últimos meses além de tentar adivinhar em qual prova o atual tricampeão da equipe Red Bull conquistaria seu 4° caneco. E hoje os carros ainda entram na pista no belo circuito de Austin para iniciarem os treinos oficiais para o Grande Prêmio dos Estados Unidos. Mas, a menos que a corrida seja espetacular, o que aconteceu esta semana nos bastidores vai monopolizar as discussões na categoria máxima do automobilismo.
            Começando do início, temos a ausência de Kimmi Raikkonem. Oficialmente, o piloto finlandês da Lotus, que já está acertado com a Ferrari para 2014, retirou-se das etapas dos EUA e Brasil em virtude de uma cirurgia que fez para tratar de um problema nas costas, que o aflige há anos, e que nas últimas semanas, teria se agravado, a ponto de as dores quase terem comprometido sua participação em uma corrida. A justificativa é ter um tempo de recuperação maior a fim de poder iniciar seus trabalhos na Ferrari no próximo ano já plenamente recuperado. De fato, Kimmi no início de sua carreira sofreu um acidente que lesionou suas costas, a ponto de, segundo dizem, ter originado uma espécie de hérnia, que de fato inspira cuidados. E nas últimas semanas, o finlandês quase ficou de fora de uma corrida, devido a estas fortes dores nas costas. O cuidado é justificado.
            A pulga atrás da orelha é que isso reacende a discussão sobre a situação financeira da Lotus, ainda mais depois de Raikkonem ter botado a boca no trombone denunciando que sua escuderia praticamente não lhe pagou os salários de toda esta temporada, e que já havia até ameaçado deixar o time antes do fim do ano. A Lotus, aguardando pelo dinheiro prometido por um fundo de investimentos chamado Quantum, foi enrolando Kimmi, e mesmo agora, com as promessas de que o fundo está finalmente acertando os detalhes para finalizar o pagamento à escuderia, esta saída de Raikkonem sugere que a grana ainda está longe de Enstone, muito longe. A equipe, claro, afirma que, após o encerramento do campeonato, tudo será acertado, mas... De qualquer maneira, a desculpa da cirurgia vem bem a calhar, e falando pelo aspecto puramente técnico, melhor que Kimmi se cuide, pois enfrentar Fernando Alonso como companheiro de equipe em Maranello vai ser uma tarefa árdua, e melhor que o finlandês esteja preparado 100% para encarar o asturiano na próxima temporada. Pior para a Lotus, que ainda tinha esperanças de discutir o vice-campeonato de construtores com Ferrari e Mercedes. Romain Grossjean vem andando bem nas últimas corridas, mas ele sozinho não vai dar conta de descontar a diferença da escuderia inglesa para a Mercedes e a Ferrari. Quem agradece mais a ausência de Kimmi é justamente Alonso, que com um adversário a menos, já pode praticamente comemorar mais um vice-campeonato, como isso consolasse o espanhol...
            E quem ganhou também foi Heikki Kovalainen, que acabou contratado por Eric Bouiller para correr estas duas etapas finais do campeonato. Rebaixado à condição de "reserva" da equipe Caterham, onde foi titular no ano passado, o finlandês terá chance de pelo menos mostrar um pouco do seu valor, e com isso se relançar no mercado, visando uma vaga para 2014. A equipe de Tony Fernandes, aliás, já pensa em colocar Kovalainen novamente como titular na próxima temporada, uma vez que os pilotos titulares deste ano não deram os melhores resultados, tendo sido contratados mais na base do patrocínio do que no talento propriamente dito. E quem ficou chupando o dedo foi Davide Valsecchi, o piloto reserva "oficial" da Lotus, o que acabou mostrando novamente que a função de piloto de testes na F-1 virou apenas cargo de faz-de-conta nas últimas temporadas, algo que felizmente pode mudar no ano que vem, com a reintrodução de algumas sessões de teste e um horário extra nos treinos livres de sexta apenas para os reservas andarem.
            Para os torcedores brasileiros, enfim, saiu a contratação oficial de Felipe Massa pela Williams, afastando por hora os temores de não termos mais um representante no campeonato de F-1. Felipe assume o lugar de Pastor Maldonado, que sai brigado do time, e leva junto, depois de acertar várias pendengas jurídicas em negociação, o patrocínio da PDVSA, que teve de pagar uma multa rescisória a Frank Williams que, segundo dizem, ajudou a contratar Massa sem que o brasileiro precisasse apresentar patrocinadores. Se foi bom para o brasileiro, por outro lado, fica a incerteza de o time conseguir finalizar o orçamento de 2014, tendo a tarefa de encontrar patrocínio de vulto, algo bem complicado quando o time, mesmo com toda a sua tradição e história na categoria, vive o pior ano de que há memória, tendo apenas um suado ponto no campeonato até agora. A esperança é a radical mudança de regras técnicas para o próximo ano, que deve ajudar a embaralhar um pouco as forças, e quem sabe, propiciar a oportunidade de crescimento para outros. Felipe terá pela primeira vez a posição de líder de fato de uma escuderia, e caberá a ele conduzir o time em sua recondução a dias melhores. Algo possível, mas não vamos ficar cheios de expectativas também, pois foi o mesmo tipo de conversa quando da contratação de Rubens Barrichello ao fim de 2009, e todos viram que o time depois não decolou coisa nenhuma: Barrichello até fez um ano razoável em 2010, mas em 2011 o time errou feio no carro, e dispensaram Rubinho sem a menor cerimônia, indo atrás dos patrocínios de Bruno Senna, que por sua vez, também foi descartado sem maiores considerações. Que Felipe tenha melhor sorte do que seus conterrâneos recentes que passaram por Grove.
            E tivemos mudança também na McLaren. Confirmando o que muitos já esperavam, o mexicano Sérgio Perez já está sem time para 2014. A equipe inglesa dispensou o piloto, que parece não ter conseguido se achar em Woking, em um ano que foi particularmente difícil para a escuderia fundada por Bruce McLaren há 50 anos. O temperamento difícil de Perez infelizmente não casou bem na McLaren, e apesar dos comunicados polidos tanto da equipe quanto do piloto, a relação de fato ficou estremecida entre ambos. O estilo agressivo do mexicano em alguns momentos na pista tiraram até Jenson Button, normalmente comedido e educado, a criticar o comportamento do parceiro de time, uma vez que andaram batendo rodas em alguns momentos, que podia ter gerado consequências mais sérias. Para piorar, Perez não vinha assumindo um espírito colaborativo com a escuderia, algo essencial em um ano complicado como vem sendo 2013. O mexicano agora busca um lugar para 2014, que pode ser a volta à própria Sauber, que anda precisando de reforço financeiro, e com o apoio da Telmex, Sérgio pode ser tudo o que o time precisa.
            Para a McLaren, fica o gosto ruim de ter feito uma aposta errada. Perez fez uma temporada muito boa pela Sauber no ano passado, e isso até o credenciava a assumir vôos mais altos. Não é um piloto ruim. Mas certos comportamentos, aceitos em times pequenos ou médios, muitas vezes não se encaixam nas exigências de postura de times de ponta. O mexicano afirmou que a McLaren precisa de mais humildade e menos arrogância, e neste ponto, ele até tem razão, uma vez que o ambiente no time inglês é por demais sério e fechado, metodologias de trabalho implantadas por Ron Dennis há muito tempo atrás, e que hoje impregnam a escuderia. Mas também serve para o próprio Perez, que tendo a chance de entrar em um time de ponta, deveria ter tido mais comprometimento com a McLaren, e ajudar no que pudesse a melhorar posição do time, e não pensar apenas em superar Button na pista, como chegou a alegar declaradamente em entrevistas, aparentemente esquecendo todo o resto de suas atribuições de piloto. Martin Whitmash já anunciou o substituto de Perez, Kevin Magnussem, que fez boas demonstrações na World Series By Renault este ano, conquistando o título da categoria. É mais uma aposta da McLaren, e espera-se, seja mais acertada, em decisão tomada com mais propriedade do que foi a contratação do mexicano no ano passado, feita meio de supetão depois da saída inesperada de Lewis Hamilton para a Mercedes, quando o time correu para anunciar um substituto. Kevin de fato parece ter uma postura muito mais centrada e focada do que Perez, mas vamos esperar como ele se sai em 2014, onde a mudança de regulamento vai exigir dos times e pilotos mais do que nunca capacidade de analisar e compreender o comportamento dos novos carros e motores. Pelo menos, ao contrário de Perez, Kevin já é bem mais conhecido pela McLaren, fazendo parte de seu programa de desenvolvimento de pilotos, o mesmo que levou Hamilton a estrear pelo time em 2007. Não por acaso, Whitmarsh afirma que o jovem piloto é um "novo" Hamilton...
Nico Hulkenberg está novamente sem saber onde correrá em 2014. Lotus, Sauber ou Force Índia podem ser suas opções, mas não tem garantias de nada até o momento...
            Nico Hulkenberg, por outro lado, que até o mês passado parecia ser a bola da vez do mercado de pilotos, como o melhor nome disponível, está vivendo novamente uma sinuca em sua carreira: suas chances na Lotus dependem unicamente da entrada da verba prometida pelo grupo Quantum, que já até manifestou preferência pelo piloto alemão. Mas promessas de dinheiro não pagam contas, e se a grana não pintar, e com as dívidas se acumulando, Eric Bouiller pode ter de optar por Pastor Maldonado, que segundo dizem, já teria até assinado contrato, na condicional de o dinheiro da Quantum não surgir até certa data. Se o dinheiro surgir, Hulkenberg garante sua posição em Enstone. Mas se os cheques não surgirem, é o venezuelano quem aporta por lá, com seus petrodólares da PDVSA. Para o alemão, seria duplamente desgostoso, por ser a segunda vez em que perderia sua chance em um time para o piloto sul-americano, que tomou seu lugar na Williams em 2011 justamente por ter o patrocínio da petroleira de seu país. E, complicando a situação, até mesmo seu lugar na Sauber, que para 2014 já não era garantido, ganhou mais um complicador: Sérgio Perez, que pode retornar ao time suíço, muito provavelmente ocupando o lugar de Esteban Gutiérrez, que até agora não desencantou como deveria. Com o outro lugar reservado para o jovem russo Sirotkin, que vem apoiado por um forte grupo de interessados russos em injetar verba no time, seria uma escuderia a menos interessada em Nico. E até mesmo a Force Índia, outro lugar potencial para Nico arrumar cockpit, poderia acabar descartando seus serviços, dependendo de como as peças se movimentarem. Depois, quando se critica que a F-1 ultimamente está se rendendo de vez a pilotos pagantes em detrimento do talento, muitos acham a afirmação exagerada... Nico tem talento, mas se não tiver patrocínio, parece condenado a viver na corda bamba na F-1...
            Então, ficamos com muitas dúvidas: Para onde Pastor Maldonado vai? Pode tanto pintar na Lotus, quanto até mesmo seguir para a Sauber, ou até a Force Índia. Perez agora é um nome interessante no mercado, e assim como Maldonado, seu apoio da Telmex o torna igualmente disputado, ainda que seja mais insociável do que o venezuelano. Na Sauber, nem mesmo o jovem Sirotkin está garantido, pois a exemplo da associação da Lotus com o grupo Quantum, o consórcio de empresas russas que fez acordo com Peter Sauber até o momento não mostrou a cor da grana, e se ele não chegar, provavelmente estenderão o tapete vermelho pedindo Perez de volta, e possivelmente mantendo Gutiérrez também, e Sirotkin que arrume outro lugar para correr. Mas, mesmo que o dinheiro russo apareça, a Sauber pode avaliar se o jovem russo tem condições de estrear já como titular, ou colocá-lo como reserva, para efetivá-lo em 2015, visando lhe dar treinos ao longo da temporada para lhe dar quilometragem. E para onde vai Nico Hulkenberg, afinal? Até ele gostaria de saber...
            Com tanto agito fora da pista, ainda temos uma corrida para acompanhar, onde muito provavelmente veremos mais uma vitória de Sebastian Vettel, o que certamente já não está mais empolgando muita gente, exceto claro, os torcedores da Red Bull e do piloto alemão. E vamos para a corrida do fim de semana, então...