quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

FLYING LAPS – FEVEREIRO DE 2018



            E o ano de 2018 mal começou, o carnaval já foi embora, e estamos para entrar em março, mês onde tradicionalmente tem início alguns dos mais importantes campeonatos do mundo do esporte a motor, entre eles a Fórmula 1, que finalmente entrou na pista esta semana para a primeira sessão de testes da pré-temporada. Mas, enquanto estes campeonatos não começam, é hora de trazer hoje a tradicional sessão de notas rápidas falando de alguns acontecimentos ocorridos neste mês de fevereiro que agitaram o mundo da competição em alta velocidade, sempre com alguns comentários rápidos a respeito, em mais uma edição da Flying Laps. Então, uma boa leitura a todos, e até a sessão Flying Laps do mês que vem...


Depois de triunfar na etapa inicial da temporada 2018 do Mundial de Rali, a prova de Monte Carlo, o francês Sébastien Ogier não teve muito o que comemorar na segunda etapa do calendário, o Rali da Suécia. O francês foi apenas o 11º colocado, resultado pouco comum no currículo do atual campeão da categoria, que só exibia resultados ruins quando abandonava uma etapa. A vitória acabou com o belga Thierry Neuville, com Craig Breen (Citroen) na 2ª posição, e Andreas Mikkelsen fechando o pódio, e garantindo a maioria da Hyundai, que festejou o triunfo com Neuville. Com o resultado, Neuville assumiu a liderança da competição, com 41 pontos. Apesar do resultado magro na segunda etapa, Ogier ainda mantém a vice-liderança do campeonato, com 31 pontos, uma vez que o restante da concorrência não conseguiu ser constante nos resultados das duas provas disputadas até aqui. O terceiro colocado na classificação, o finlandês Esapekka Lappi, tem apenas 23 pontos, empatado com o compatriota Jari-Matti Latvala. Logo atrás, também empatados com 21 pontos cada um, vem Ott Tanak e Andreas Mikkelsen. Entre os construtores, a parada está bem mais acirrada, com a Hyundai na liderança, com 54 pontos, com a Toyota encostada logo atrás, com 53 pontos. A Citroen ocupa a 3ª posição, com 46 pontos, enquanto a M-Sport Ford tem 43 pontos. O campeonato parece que terá um maior equilíbrio este ano, e pelo menos no que tange à disputa entre construtores, tudo parece realmente caminhar nesse sentido. Já na disputa entre os pilotos, ainda é cedo para afirmar que o domínio de Ogier está chegando ao fim. Thierry Neuville tem seus méritos por liderar a competição neste momento, mas resta saber se ele conseguirá manter a dianteira até o final da competição, uma vez que ainda temos 11 etapas a serem disputadas.


A contratação de Fernando Alonso pela equipe Toyota para disputar o Mundial de Endurance na classe LMP1 já provocou suas primeiras consequências. Com datas coincidentes, a 6 Horas de Fuji não poderiam contar com a presença do asturiano, que no mesmo final de semana, em 21 de outubro, estará disputando o Grande Prêmio dos Estados Unidos, em Austin, Texas. Mas eis que a direção da categoria mudou a data da corrida para uma semana antes, no dia 14, tudo para que Alonso possa estar na pista. A alteração de data atende principalmente aos interesses da Toyota, o único time de fábrica na classe LMP1 que sobrou na competição, e que por tabela também é proprietária do circuito de Fuji, no Japão, onde a corrida será disputada, além de ser também um, senão o principal patrocinador da etapa. Se por um lado isso foi bom, permitindo que a Toyota conte com Fernando Alonso, por outro lado, vários outros pilotos acabaram prejudicados com a mudança de data, que se por um lado, deixa de coincidir com a data da prova de F-1, agora irá bater de frente com a etapa da Petit Le Mans, etapa que fechará o calendário do IMSA Weather Tech Sportscar, competição na qual vários pilotos que também competem no WEC participam. Obviamente, choveram críticas à atitude da direção do WEC, que ao privilegiar a participação de Alonso, prejudicaram muitos outros pilotos, que agora terão de escolher em qual prova estarão presentes. A IMSA já adiantou que não terá como mudar a data de sua prova, pelos inúmeros contratos firmados. E, por seu lado, a direção do WEC já deu uma bofetada nos críticos, afirmando que sua decisão não será revista, e dizendo sem floreios nas entrelinhas que o que importa é ter Alonso presente na sua etapa, permitindo que ele dispute o título da competição com mais chances. Fernando Alonso já tem certa antipatia por muitos fãs do esporte a motor, pelas estripulias que perpetrou durante sua carreira, sendo um piloto de difícil convivência dentro de um time, e com privilégios desproporcionais em virtude dos problemas internos que já causou nos times por onde passou, e que agora ganha mais um motivo de fúria por parte de muitos fãs pela manobra realizada pela direção do WEC. E não é só Alonso que sai chamuscado, mesmo que indiretamente, do episódio, mas o próprio WEC, que até o ano passado via seu campeonato para 2018 bem enfraquecido, com a saída da Porsche, e a iminência de perder também a Toyota, o que deixaria a classe LMP1 esvaziada de competidores. Se o pior acabou sendo evitado, a categoria de corridas de endurance podia passar sem esse desgaste, completamente inútil e desnecessário...


A imagem da endurance também teve outra polêmica desnecessária neste mês de fevereiro, quando a organização da categoria anunciou que irá punir incisivamente qualquer time privado que “ouse” andar à frente da Toyota na classe LMP1. Explica-se: os times de fábrica possuem regras técnicas que lhes conferem maior possibilidade de performance, pelo uso de sistemas de potência híbridos. Já os times “privados”, que não são de fábricas, tem motorização com propulsores convencionais, menos potentes do que os sistemas híbridos. Como a Toyota é a única equipe de fábrica que sobrou, em tese, ela tem os protótipos mais rápidos na pista, e isso nunca foi novidade na classe LMP1, onde os times particulares nunca tinham o mesmo nível de performance dos times de fábrica. Mas, até o ano passado, os times de fábrica não corriam sozinhos, tendo sempre algum concorrente no mesmo nível, que no caso, eram Audi, e Porsche. Como única equipe de fábrica, a Toyota é a favorita disparada na competição, sem rivais. A direção do WEC baixou normas para tentar diminuir o déficit de performance entre os times de fábrica e os privados, como por exemplo, pesos menores para os protótipos dos times privados, fluxo de combustível no consumo de motor, entre outros detalhes. Mas, como a Toyota, mesmo com estas regras, deve ser a franca favorita, se algum outro carro na LMP1 andar melhor que eles, a direção do WEC já assume que tal situação só poderia ser obtida com um carro ilegal, ou fora do regulamento, daí o motivo do anúncio da punição. Mas, e se alguém produzir um excelente carro, e que possa dar trabalho aos Toyotas? Como é que fica? Por mais que a regra de punição tenha um embasamento técnico justificado, o modo como foi anunciada pegou muito mal, como um sinal claro de favorecimento à Toyota, e um recado para ninguém atrapalhar a corrida dos japoneses, como se fosse uma verdade inconstestável que o carro nipônico não pode ser mais lento do que os dos times privados. Então, se é assim, para quê tanto esforço em conseguir novos times para a classe LMP1, se eles poderão ser castigados se fizerem o seu trabalho direito? Isso ainda vai dar muito o que falar...


Rubens Barrichello tranquilizou seus fãs ao anunciar que foi liberado pelos médicos para disputar a etapa inaugural do campeonato da Stock Car, agora no mês de março. O piloto, recordista de participações na F-1, e campeão da Stock Car, passou mal no início deste mês de fevereiro, precisando ser internado em um hospital, onde foi constatado que havia sofrido um princípio de AVC. Felizmente, tudo não passou de um grande susto, e Rubinho, por recomendação de Dino Altman, médico da Stock Car, submeteu-se a uma bateria de exames para comprovar sua saúde, tendo obtido aprovação dos médicos que o examinaram. Menos mal, enfim, e Barrichello poderá voltar a acelerar com tudo na temporada da Stock, onde terá a forte concorrência de Nelsinho Piquet como companheiro na equipe Fulltime.


Atual campeão da MotoGP, o espanhol Marc Márquez já garantiu a renovação de seu contrato com a equipe de fábrica da Honda na classe rainha do motociclismo, que terminava ao fim deste ano. Cobiçado pelos outros times, Márquez não vê motivos para trocar de equipe no momento, e estará defendendo as cores da Honda nas temporadas de 2019 e 2020. Desde que estreou na principal categoria da MotoGP, Marc já conquistou o título 4 vezes, e a Honda, mesmo nos momentos mais complicados, sempre foi competitiva. A “Formiga Atômica” comprova que faz a diferença no time, se for comparado o desempenho de seu companheiro de equipe Dani Pedrosa, que apesar de vencer algumas corridas nos últimos anos, nunca conseguiu disputar efetivamente o título da categoria, ficando à sombra de Márquez no time, que sempre esteve na luta firme pelo campeonato desde que estreou como titular na equipe de fábrica da Honda, vindo da Moto2, em 2013.


A Honda não foi o primeiro time de fábrica da MotoGP a confirmar piloto para as próximas temporadas. A Yamaha, em fins de janeiro, já havia anunciado a renovação do contrato de Maverick Viñales por mais dois anos, também para as temporadas de 2019 e 2020. Viñales estreou na equipe dos três diapasões no ano passado, após uma brilhante temporada em 2016 defendendo outro time de fábrica, a Suzuki. Quanto a Valentino Rossi, cujo contrato também se encerra no fim deste ano, ainda não há nada acertado, mas comenta-se que o “Doutor” deverá renovar seu contrato novamente. A dúvida é quanto ao período do novo contrato, já que Rossi é o piloto mais velho do grid, o que aumenta as especulações sobre quanto o italiano irá pendurar o capacete. Um novo contrato de dois anos garantiria Rossi na MotoGP até 2020, quando estará completando 40 anos de idade. Valentino tem surpreendido todos com sua vitalidade e dedicação na carreira, em um momento da vida onde muitos profissionais na MotoGP já estão pendurando o capacete ou já o fizeram antes. Mas Rossi mostra que, com um equipamento competitivo, ele ainda tem muita lenha para queimar, como confirmam as temporadas de 2014, 2015 e 2016, quando ele foi vice-campeão, perdendo apenas para Marc Márquez e Jorge Lorenzo. No ano passado, Rossi acabou ficando de fora da disputa do título na parte final da temporada, devido à queda de performance da Yamaha, o que também tirou seu companheiro de equipe, Maverick Viñales, do páreo.


Outro time da MotoGp que também deverá ter atenção à sua dupla de pilotos é a Ducati, onde os contratos dos atuais titulares se encerram ao final deste ano. Depois da excelente temporada de 2017, Andrea Dovizioso está em alta no time italiano, e certamente está merecendo ter mais atenção por parte da direção da equipe de Borgo Panigale. Aliás, Dovizioso passou a merecer muito mais atenção também dos times concorrentes, o que pode significar uma possível troca de ares no próximo ano, mas só se a Ducati marcar bobeira e não valorizar o seu piloto, ainda mais depois de quase ser campeão no ano passado, encarando Marc Márquez de frente em várias provas, e obtendo vitórias memoráveis, levando o time italiano até à última prova disputando o título da temporada. Em contrapartida, ninguém esperava um ano de resultados tão medianos de Jorge Lorenzo, que não conseguiu se adaptar com tanta facilidade à desmosedici como imaginava, e passou o ano sem vencer nenhuma corrida ou sequer entrar na disputa pelo título. Isso motivou a direção do time a declarar que se quiser ter o contrato renovado, Lorenzo terá de aceitar um salário menor do que o atual, acertado quando acabara de se tornar tricampeão mundial pela Yamaha, em 2016. Se o piloto espanhol não desencantar nesta temporada, a Ducati certamente vai rever o salário do piloto para 2019, isso se Lorenzo não resolver mudar de time...
 

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

DE VOLTA À PISTA


Apresentado hoje, o novo McLaren MCL33 Renault traz enormes expectativas de retorno do time às primeiras colocações.

            Depois de praticamente três meses, eis que os carros da F-1 entrarão de novo na pista. Começa nesta segunda-feira a primeira parte da ridícula pré-temporada 2018, novamente com pífios 8 dias de testes, divididos em duas sessões de 4 dias. O local, mais manjado do que nunca, é a pista de Barcelona, na Catalunha, Espanha. O primeiro período é do dia 26 de fevereiro ao dia 1º de março, e uma semana depois, do dia 6 ao dia 9 de março. Depois disso, todo mundo volta para suas fábricas, para os preparativos finais para o início da temporada, marcada para o dia 23 de março, com o primeiro treino livre oficial no Albert Park, em Melbourne, Austrália.
            Havia a possibilidade de a pista de Paul Ricard, na França, ser escolhida para sediar os testes da pré-temporada, mas as escuderias preferiram mais uma vez Barcelona, pela variedade de trechos que o circuito da Catalunha dispõe, para eles muito melhor para se analisar os dados de performance dos novos bólidos. Mas, sinceramente, apenas 8 dias de testes? Começo a ficar com saudade da pré-temporada ridícula de alguns anos atrás, em que ainda havia 12 dias de testes divididos em 3 sessões de 4 dias cada. Mas, os times decidiram isso em consenso, então, infelizmente, é um problema que eles criaram. A pré-temporada já foi muito mais animada, e não tinha tanta frescura com relação a testes como há hoje.
            Outro problema crasso é com relação à regra de ter apenas um carro na pista, o que na minha opinião é um contrassenso: deveriam permitir logo os dois carros, ou o uso de mais de um chassi no mesmo dia. Nem é preciso pensar muito nas desvantagens da regra atual: qualquer erro e/ou problema com o carro, e o time perde um tempo precioso de pista, que já não é muito atualmente, o que pode comprometer seu trabalho de desenvolvimento do carro. Basta lembrar do ano passado, quando Lance Stroll, novato que estreava na Williams, bateu com o carro, e fez o time inglês perder muito mais do que um único dia com isso, causando vários problemas ao time. E o que dizer da McLaren, cuja unidade de potência da Honda quebrava a torto e a direito, impedindo a escuderia de conseguir avaliar o real estado de seu projeto? A F-1 tem muitas frescuras atualmente, e essa pré-temporada ínfima que se estabeleceu nos últimos anos é uma delas. É verdade que, em virtude do inverno no hemisfério norte, as opções de pistas para os testes são limitadas aos autódromos mais ao sul do continente, mas bem que poderiam fazer um esforço para variar um pouco os lugares, aumentar o número de dias de testes, e propiciar a opção de se testar em tipos diferentes de circuitos.
            Poderia voltar a ter 12 dias de testes, e fazer cada sessão em uma pista diferente. Minhas opções favoritas seriam ir a Paul Ricard, Jerez de La Fronteira, ou quem sabe, Portimão, em Portugal, que há muito já mereceria poder sediar testes da F-1. E poderiam continuar com a sessão de Barcelona. Essa preferência pela pista da Catalunha tem um efeito colateral que é gerar corridas chatas no GP da Espanha, pelo fato de os times conhecerem tanto a pista, que as possibilidades de surpresas se tornam praticamente nulas, e a menos que alguma escuderia apresente novidades muito substanciais, o panorama dificilmente é inspirador para uma corrida que levante o público na arquibancada, para não mencionar o número pífio de ultrapassagens que vemos no circuito no GP realizado em maio.
O novo modelo RB14 (acima) terá uma pintura provisória nos testes da pré-temporada. Na Renault (abaixo), a meta é continuar crescendo com o novo modelo RS18.
            Ainda teremos mais duas sessões de testes no meio da temporada, novamente, muito pouco para o que poderiam fazer. Serão após as corridas da Espanha e da Hungria, respectivamente Barcelona e Budapeste. Aqui ao menos temos pistas diferentes, mas bem que podiam elencar Silverstone ou Monza alguma temporada destas. Tenho muitas saudades de quando as escuderias treinavam nestes circuitos, e até quando vinham testar aqui no Brasil. Alguém lembra de quando as escuderias ocupavam os boxes de Jacarepaguá no mês de janeiro, testando seus carros por aqui? Bons tempos... Infelizmente, cartolas e políticos cretinos da pior espécie acabaram com o autódromo carioca, enquanto a FIA deu e cagou para a proibição de testes quase total em 2009, e assim ficou... E parece que só tende a piorar...
            O jeito é ficar empolgado com os novos modelos dos carros da temporada de 2018. Hoje, com o lançamento do novo McLaren MCL33, já temos os novos carros de 8 das 10 escuderias, ficando somente a Toro Rosso e a Force India restando apresentarem seus carros, o que farão na manhã de segunda-feira, em Barcelona, logo antes de abrirem a pista para os testes. Tudo bem, a Toro Rosso já soltou uma foto de seu novo carro, mas lançamento oficial mesmo, e com uma boa visão do bólido, só segunda feira. E aí, o pessoal pode começar as apostas de qual carro é o mais bonito, o mais feio, ou o mais “alguma coisa” qualquer. Com o regulamento técnico quase inalterado em relação a 2017, a mudança visual destacada é o halo, novo dispositivo de segurança introduzido nos carros para esta temporada. Não gosto dessa coisa, e acho que a FIA podia ter feito coisa melhor, mas se é o que temos, viremo-nos com ela, e pelo menos, alguns times conseguiram dar uma mexida no design de forma a não parecer uma trapizonga que destoa do visual do monoposto. A Ferrari até fez a sua versão com função aerodinâmica, com uma pequena asa superior (lógico que o design de todos os times dá um desenho ao dispositivo de forma a incrementar a aerodinâmica, mas a Ferrari dotou a peça de uma pequena asa superior), assim como a Alfa Romeo Sauber (o que não deveria ser surpresa, já que o time suíço virou praticamente uma filial de Maranello, ainda que use o nome tradicional de outra marca), e até onde deu para ver, também na Toro Rosso, na foto anunciada.
            E expectativa é o que não falta em relação aos novos bólidos: a Mercedes vai continuar dominando as corridas e o campeonato? A Ferrari vai conseguir superar o time alemão este ano, como fez em vários momentos de 2017? A Red Bull volta com tudo à briga pelo título? Vamos ver o renascimento da McLaren? A Williams vai engrenar ou vai desengrenar novamente? Quem vai ser a lanterna do grid em 2018? Será que o motor Honda desencanta este ano, ou os japoneses vão ter uma crise potencial de candidatos a haraquiri novamente? A Force India continuará mostrando como fazer o máximo com o que dispõe? As perguntas nem são originais assim: já as fizemos no ano passado, e vimos o que ocorreu, mas a esperança é a última que morre, portanto, a torcida sempre é alta para que desta vez vejamos novidades nas respostas.
O novo Mercedes W09 (acima) será o carro a ser batido? O novo Ferrari SF71-H (abaixo) deverá ser o principal adversário na luta pelo campeonato.
            Podemos começar a ver algumas delas já a partir de segunda-feira, e mesmo sabendo que testes são testes, e tudo pode mudar para as corridas, estamos todos ansiosos para vermos os primeiros prognósticos iniciais. E alguns times já estão programando seus pacotes de mudanças: a McLaren já anunciou que seu carro já terá modificações para o primeiro treino em Melbourne, e que tem o objetivo de rodar pelo menos 500 Km por dia de testes, no mínimo. Depois de penar com a Honda nas pré-temporadas dos últimos três anos, o time de Woking quer descontar todo o tempo perdido para voltar a andar na frente. Dependerá da performance da nova unidade de potência da Renault, que segundo divulgaram, já rende mais de 950 HPs brutos de força. É bastante coisa, mas devemos lembrar que a Mercedes já atingiu os mil HPs no ano passado, e que a Ferrari está atingindo e superando esta marca com seu novo propulsor 063 híbrido, portanto, ainda há algum déficit a ser encarado pelos times equipados com a unidade francesa. E, com relação à Honda, todo mundo quer saber o que eles poderão desenvolver nessa temporada, equipando a Toro Rosso. Curiosamente, Helmut Marko deu declaração recente elogiando a evolução da unidade nipônica, afirmando até que eles poderiam igualar os da Renault a meio desta temporada.
            Blefe ou ameaça séria? Depois do que vimos no ano passado, quando a Honda deveria evoluir, e o que vimos foi um retrocesso brutal, como se os nipônicos tivessem esquecido completamente o que aprenderam nos dois anos anteriores de competição, é bom ficar com o pé atrás um pouco. Seria ótimo para a competição que tivéssemos mais um propulsor competitivo na F-1, e é muito desencorajador vermos uma marca que fez tanto sucesso com seus motores de 1985 a 1991 pagar mico como tem acontecido nestes últimos três anos. De concreto mesmo é que a performance e desenvolvimento do projeto nipônico, com a ajuda da Ilmor, será acompanhado de perto pelo time principal da Red Bull, que poderá não ter motor para competir em 2019, já que a Renault avisou que não iria mais fornecer ao time dos energéticos o seu propulsor, depois de tantas críticas e declarações mau educadas por parte da cúpula do time austríaco. Portanto, a temporada da Toro Rosso será um enorme teste para ver se a Honda será a salvação da Red Bull no ano que vem, e não um prego no caixão da escuderia. Na pior das hipóteses, a Toro Rosso terá um ano complicado pela frente, se a Honda continuar devendo resultados, apesar da menor pressão que um time de menor expressão lhes fará.
            Mercedes e Ferrari deverão monopolizar o duelo das unidades de potência mais uma vez. No ano passado, a unidade híbrida alemã ainda foi a mais potente e eficiente, mas o modelo W08 demorou a se aprumar, enquanto o chassi SF-70H concebido pelo time de Maranello, se não contava com um propulsor tão forte, pelo menos a diferença de potência não era tão pronunciada, e com um equilíbrio e performance surpreendentes, permitiu a Sebastian Vettel ser um rival à altura de Lewis Hamilton por boa parte da temporada, na primeira chance real do time italiano ganhar o título desde a temporada de 2012, não fossem alguns percalços em algumas corridas que acabaram fulminando as chances do tetracampeão alemão chegar ao seu 5º título. A unidade de potência da Ferrari parece ter conseguido uma boa evolução para este ano, mas que ninguém espere que a Mercedes tenha dormido no ponto. No ano passado, a Ferrari não escondeu muito o jogo nos testes de Barcelona, partindo direto para o ataque, mostrando ter um carro eficiente e confiável, o que se confirmou quando a temporada começou, enquanto a Mercedes tinha um carro mais temperamental e arisco. É de se presumir que os italianos pretendam mostrar as garras em Barcelona, se tiverem condições, para deixar os rivais nervosos e tirar-lhes a concentração.
            Em tese, a Renault deve vir bem forte, no que tange às suas novas unidades de potência. No ano passado, eles até exageraram nos aprimoramentos nas etapas finais, comprometendo a fiabilidade, que já havia dado diversos problemas durante a temporada, para ver o que resultava, e o incremento de potência foi significativo. Se o déficit para Mercedes e Ferrari cair bastante, as chances de Red Bull e McLaren fazerem um campeonato competitivo devem ser boas. A McLaren afirmou que só a troca da unidade Honda pela Renault já lhes proporcionou um ganho de 1s no mínimo. Comparando este dado com os tempos obtidos por eles no ano passado, em diversas corridas o time de Woking estaria em pé de igualdade com a Red Bull, pelo menos nas classificações do grid. Mas da teoria à pratica tem uma boa diferença, e poderemos comprovar essa medição de forças em Barcelona a partir de segunda-feira. Depois de começar os últimos campeonatos não tão bem como gostariam de estar, os austríacos certamente deverão mostrar do que são capazes para confirmarem que estão prontos para a briga direta, sem firulas. E a McLaren também vai querer dar uma prova cabal de que seus dias de parcos resultados ficaram para trás. Já o time de fábrica da Renault tem o seu próprio cronograma de evolução, mas irá colher muitos benefícios dos desempenhos que forem obtidos por Red Bull e McLaren, para aprimorar suas unidades de potência. A Renault passou boa parte do ano passado recompondo seu quadro de pessoal na fábrica em Enstone, Inglaterra, e agora chegou o momento de potencializar a sinergia de seus novos funcionários junto a todo o staff para incrementar ainda mais o desenvolvimento da escuderia. E a adição da McLaren como novo time cliente deverá propiciar troca de informações técnicas de alto nível, algo que eles só tinham na sua parceria com a Red Bull, que tantas farpas dirigiu à marca francesa em tempos recentes, esquecendo os bons tempos que viveram entre 2009 e 2013, quando conquistaram quatro títulos consecutivos na F-1.
            Melhor equipe do “resto” do grid no ano passado, a Force India vai querer manter sua 4ª colocação. Vijay Mallya sabe que é quase impossível seu time se intrometer no meio do trio Mercedes/Ferrari/Red Bull, mas terá de se precaver contra o esperado ressurgimento da McLaren, e não ser surpreendido por um eventual bom projeto da Williams, em que pese a dúvida da capacidade de sua dupla de pilotos. Os maiores trunfos do time indiano são sua dupla de pilotos, eficiente e equilibrada, e saber utilizar bem seus recursos, tendo produzido um ótimo carro no ano passado, mesmo com um orçamento limitado. E o time ainda tem à sua disposição o excelente propulsor da Mercedes. Só precisa tomar cuidado para não ter errado no projeto de seu novo VJM11, e que Sérgio Perez e Esteban Ocon não voltem a bater cabeça (e os carros) entre eles na pista...
De volta oficialmente à F-1, a Alfa Romeo terá muito trabalho para fazer juz à fama da primeira campeã da história da categoria.
            Lanterna no campeonato passado, ninguém sabe exatamente quanto a Sauber pode melhorar este ano. Com a parceria com a Ferrari, através da marca da Alfa Romeo, que volta oficialmente ao grid após mais de 30 anos, a expectativa é tentar escalar o pelotão, agora que há mais recursos técnicos e financeiros. Mas o time terá muito espaço para recuperar, reduzindo não apenas o atraso do ano passado, como tentar evoluir rapidamente para melhorar sua performance e buscar melhores resultados.
            Então, é hora de todo mundo ir para a pista e ver o que cada um pode fazer. Até agora, foram promessas e muito otimismo. Está na hora de encararem a realidade, e vermos quais destas promessas realmente se tornarão realidade, e quem precisará de mais trabalho para cumprir o que prometeu de fato...