E já estamos no segundo mês de 2018,
o carnaval vem chegando, e as apresentações dos novos carros da F-1 e os testes
da pré-temporada também se aproximam, e as notícias do mundo da velocidade
começam a pipocar com muito mais frequência, depois de algumas semanas de
atividade menos intensiva, o que não quer dizer que janeiro tenha sido um mês “parado”:
houve vários acontecimentos, e a disputa de algumas provas de realce, como o
famoso Dakar, e as celebradas 24 Horas de Daytona, entre outras competições
começando a dar a partida neste ano que promete grandes emoções em vários
certames mundo afora. Mas, como sempre falta um espaço aqui e ali para comentar
alguns destes eventos que tiveram lugar no mês passado, cá estamos nós para mais
uma edição da Flying Laps, com notas rápidas a respeito de alguns destes
acontecimentos de janeiro. Portanto, uma boa leitura, e até a sessão Flying
Laps do mês que vem...
O Brasil brilhou novamente na edição
2018 do Dakar na classe UTVs, agora chamados de SxS, com a dupla Reinaldo
Varela e Gustavo Gugelmin repetindo o feito de Leandro Torres e Lourival
Roldan, em 2017, quando levaram o título da recém-criada categoria no maior
rali do mundo. A chave para a vitória na competição foi a constância, algo tão
crucial quanto velocidade bruta numa prova off-road. E a dupla pode se orgulhar
de sua campanha no Dakar 2018, tendo vencido nada menos do que cinco etapas, e
quando não tinha condições de vencer, mantiveram-se firmes em boas posições,
sem forçar demasiado o equipamento, enquanto muitos rivais potenciais acabaram
ficando pelo caminho ou tendo problemas variados, o que não tira o mérito da
conquista nem um pouco. Emocionados, Varela e Gugelmim definiram a conquista do
título da categoria UTVno Dakar como a realização de um sonho, e com a sensação
do dever cumprido pela boa prova que disputaram, em meio aos terrenos variados
que desafiaram a destreza e a coragem dos competidores do Dakar, que este ano
foi particularmente difícil para muitos pilotos, não só dos novatos e
desconhecidos, mas também dos grandes e talentosos campeões. Os parabéns para
Reinaldo Varela e Gustavo Gugelmim, e que eles possam estar novamente na
competição em 2019, em busca de mais um título.
Carlos Sainz
conseguiu o título do Dakar 2018 na categoria carros, e enfim chegou ao
bicampeonato no rali mais famoso do mundo. “El Matador” já havia sido campeão
em 2010, e desde então, buscava repetir o feito, que de um jeito ou de outro,
teimava em não vir. Na edição deste ano, a Peugeot contava com outros pilotos
igualmente duríssimos de serem batidos, Stéphane Peterhansel, o maior vencedor
da história do Dakar; e Sébastien Loeb, nada menos do que 9 vezes campeão do
Mundial de Rali, sendo todos eles consecutivos. Mas Loeb ficou fora de combate
ainda na primeira metade da competição, e Peterhansel viu seus planos de chegar
a mais um título começarem a ruir quando sofreu um acidente e por pouco não
ficou fora da competição ali mesmo. O multicampeão do Dakar ainda se manteve na
disputa, mas sem condições de voltar a discutir o primeiro lugar, e depois,
ainda teve outra quebra, para completar o seu azar. Indiferente a isso, Carlos
Sainz conseguiu se manter livre de problemas, e embora tenha tido alguns
percalços, conseguiu se manter na dianteira da competição, e dar à Peugeot mais
um título no Dakar, onde a marca francesa fez sua despedida da competição. Aos
55 anos, Carlos se tornou o mais velho competidor a vencer o Dakar, e há
dúvidas se ele retornará ao rali em 2019, uma vez que já rondam alguns boatos
sobre ele pendurar o capacete. Vencer pela segunda vez o Dakar, mesmo que
alguns digam que foi somente pelos azares dos adversários, contudo, mostra que
o veterano das competições off-road ainda tem o que demonstrar, e poderá muito
bem voltar ao Dakar ano que vem para defender seu título de atual campeão dos
carros. Por outro lado, se ele resolver que já deu o que tinha que dar, o fará
na condição de dever cumprido, como campeão da competição.
O Brasil
conquistou mais uma vitória nas 24 Horas de Daytona, prova que abriu a
temporada 2018 do IMSA Wheater Tech Championship. Christian Fittipaldi e seus
parceiros na equipe Action Express, os portugueses João Barbosa e Filipe
Albuquerque foram impecáveis e conseguiram levar seu protótipo Cadillac DPi-Vr
à segunda vitória consecutiva do equipamento na prova do circuito de Daytona
Beach, nos Estados Unidos. No ano passado, a vitória foi dos irmãos Jordan e
Rick Taylor, ao lado dos pilotos Jeff Gordon e Max Angelelli, a bordo deste
tipo de protótipo, que fazia sua estréia na competição. Mas, se em 2017, a
Action Express ficou em 2º lugar na série protótipos, este ano o time não deu
chances à concorrência, conseguindo abrir uma grande vantagem sobre os rivais
na primeira metade da prova, para depois ir administrando, e assim, tentando
evitar os problemas que acabam acometendo rivais potencias como a Penske, que
estreou seu time com protótipos, mas tiveram problemas mecânicos e toques
durante a corrida. O carro Nº 5 da Action Express também teve seus problemas,
como um início de superaquecimento que volta e meia deixava sua trinca de
pilotos ansiosa com a possibilidade de que isso viesse a ocasionar o abandono
da corrida. Felizmente, o tempo também deu uma ajuda, com a chuva ajudando
Fittipaldi e seus parceiros na refrigeração do carro, e com a grande vantagem
conquistada até então, reduzir o ritmo para chegar ao fim da corrida. E com
direito a recorde: foram completadas 808 voltas no traçado de 5,73 Km,
totalizando 4.628.224 km percorridos. E também tivemos brasileiro na segunda
colocação, com a equipe formada por Felipe Nasr, Mike Conway, Eric Curran e
Stuart Middleton no carro Nº 31 também da Action Express, que assim fez uma
bela dobradinha na importante prova de endurance dos Estados Unidos. Nasr e
seus colegas tinham um ritmo muito forte e eram os maiores rivais de Christian
e seus companheiros, mas um problema também de superaquecimento motivou uma parada
nos boxes para reparar o problema, fazendo o grupo perder algumas voltas em
relação ao carro Nº 5, desvantagem que foi recuperada apenas parcialmente, e
pelo fato dos companheiros no outro carro passarem a pilotar mais devagar para
evitarem o mesmo problema, terminando a corrida cerca de 70s após Fittipaldi,
Albuquerque e Barbosa cruzarem a linha de chegada. Mesmo assim, foi um
resultado a ser comemorado, e que recoloca Felipe Nasr de volta em evidência
após o ano sabático que foi forçado a encarar depois de ter sido demitido pela
equipe Sauber na F-1. Foi a primeira experiência de Felipe em Daytona, e ele
não se intimidou com a pista, chegando a fazer o melhor tempo em um dos treinos
antes da corrida. E tivemos outro brasileiro na 4ª colocação, também com
protótipos: Bruno Senna, Paul di Resta, Will Owen e Hugo de Sadeleer,
defendendo o carro Nº 32 da United Autosports, chegaram 4 voltas depois dos
vencedores, e estavam no páreo pelo pódio, até terem um problema de embreagem
que motivou a necessidade de um pit stop demorado no meio da corrida.
Para
Christian Fittipaldi, foi o terceiro triunfo nas 24 Horas de Daytona. O
sobrinho de Émerson Fittipaldi venceu a corrida pela primeira vez em 2004,
defendendo a Bell Motorsports, ao lado dos pilotos Terry Borcheller, Forest
Barber e Andy Pilgrim. A segunda vitória viria apenas 10 anos depois, em 2014,
agora competindo pela sua atual equipe, a Action Express Racing, tendo como
colegas João Barbosa e Sébastien Bourdais. O terceiro triunfo em Daytona iguala
o brasileiro a nomes como Brian Redman, Andy Wallace, Butch Leitzinger, Derek
Bell, Juan Pablo Montoya, Memo Rojas, e João Barbosa, todos com 3 vitórias em
Daytona. Mas Christian ainda está abaixo de Pedro Rodríguez, Bob Wollek, Peter
Gregg, e Rolf Stommelen, que tiveram a honra de vencer por 4 vezes as 24 Horas
de Daytona. Os recordistas de triunfos são os estadunidenses Hurley Haywood e
Scott Pruett, com cinco vitórias cada um. Aos 47 anos de idade, Christian
começa a se preparar para pendurar o capacete, até porque só irá correr nas
provas de maior longa duração do IMSA Wheater Tech, e tendo assumido funções
extra-pista dentro da Action Express, sendo agora diretor esportivo da
escuderia. Mas o brasileiro garante a aposentadoria ainda não está em seus
planos, e seus adversários vão ter que encará-lo na pista ainda por muitas
corridas, até que ele pense em parar.
O Mundial de
Rali iniciou a temporada 2018 com a disputa do tradicional Rali de Monte Carlo,
e o resultado foi o mais óbvio possível: vitória do atual campeão Sebastian
Ogier, defendendo a equipe da Ford. O piloto francês, pentacampeão mundial da
competição nos últimos cinco anos, foi também vencedor da prova de Monte Carlo
nos últimos quatro anos. Em outras palavras, Ogier venceu o rali de Monte Carlo
pela quinta vez consecutiva, e já começa na frente sua luta pelo hexacampeonato
no Mundial de Rali. Ott Tanak, da equipe Toyota, finalizou a etapa inicial do
Campeonato em 2º lugar, enquanto a 3ª colocação ficou com Jari-Matti Latvala. Kris
Meeke foi o 4º colocado, seguido por Thierry Neuville. Será que alguém irá
conseguir impedir que Ogier enfileire mais um título consecutivo? Já são cinco
troféus na estante de Sebastian, e antes dele, outro francês, Sebastien Loeb,
conquistou nada menos do que 9 títulos consecutivos, e só não ganhou o 10º
título porque resolveu se aventurar em outras paragens. A próxima etapa é o
Rali da Suécia, que será disputado este mês, nos dias 15 a 18. Será que veremos
outro passeio de Ogier? A conferir...
Danica
Patrick resolveu pendurar o capacete, e prepara sua despedida das pistas este
ano, com planos de disputar apenas as 500 Milhas de Daytona, pela categoria
principal da Nascar, onde competiu até recentemente, e as 500 Milhas de
Indianápolis. Mas a fama da piloto, que já chegou a ser chamada de “Mulher
Maravilha”, pelos bons resultados que obteve na pista na década passada, já não
é mais a mesma, e até o presente momento, os times da Indycar recusaram
ceder-lhe um carro para disputar a Indy500 deste ano. Na Nascar, ela teve um
pouco mais de sorte, ao conseguir assinar com um time para correr em Daytona.
Mas, apesar de ter conseguido o apoio de um de seus antigos patrocinadores, a
GoDaddy, Danica só conseguiu fechar um acordo com a Premium Motorsports, um
time de pouca expressão da categoria principal da Nascar. Patrick não conseguiu
arrumar vaga em nenhum time mais competitivo. A piloto, aliás, sai por baixo em
sua despedida das corridas. Queridinha dos organizadores da Indy Racing League
na década passada, onde competiu de 2005 a 2011, com um total de 115 provas, 3
poles e 1 vitória, Danica era mimada pela organização, que via na figura de uma
mulher competitiva numa categoria dominada por homens um excelente chamariz.
Mas o temperamento de Danica meio que subiu nas alturas, e a garota saiu meio
emburrada da Indy, indo para a Nascar, onde ela dizia que não teria tantas
brigas e desrespeitos na pista, após ter batido boca com alguns pilotos na IRL.
Pode-se dizer que o sucesso subiu à cabeça, e sem querer ser machista nem nada,
Danica nunca foi esse furacão todo que sempre falavam dela. Já na época da
Indy, dava para notar ares de arrogância e desrespeito em relação aos outros.
Se ela achava que ia ser mais respeitada na Nascar, quebrou a cara, pois nunca
conseguiu obter o destaque que imaginava na stock car americana. A falta de
resultados de maior monta, além de se envolver em alguns bate-bocas também na
Nascar, ajudaram a decair a sua enorme popularidade obtida nos tempos da IRL. A
piloto também acabou se divorciando de seu marido, Paul Edward Hospenthal, com
quem era casada desde 2005. Danica tinha esperanças de achar um novo time para
competir este ano na Nascar, mas ela tinha suas exigências: um time forte, que
lhe desse chances de vitória, e na categoria principal, a Cup, ou era melhor
parar. Pelo visto, acabou ignorada por todos, e vai encerrar a carreira. Ela
disparou contra o mundo do esporte a motor, dizendo que é um ambiente
miserável, triste e negativo na maior parte do tempo, e que nem conseguia mais
assistir sequer às provas. Acho que ela descobriu esse lado ruim do
automobilismo meio tarde, para ficar reclamando agora...
Nenhum comentário:
Postar um comentário