Já estamos nos encaminhando para o
final do mês de fevereiro, e é hora de voltar com a Cotação Automobilística,
fazendo uma avaliação de alguns dos acontecimentos do mundo do esporte a motor
nestas primeiras semanas do ano de 2018, antes de começarmos a acelerar pra
valer em vários outros campeonatos que darão suas largadas no mês de março,
como a Indycar, a MotoGP, e a Fórmula 1. Espero que todos possam apreciar o
texto, que segue abaixo no esquema tradicional de sempre das avaliações: EM
ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na
cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a próxima edição da Cotação
Automobilística no mês que vem, já com algumas avaliações destes novos
campeonatos de 2018:
EM ALTA:
Christian
Fittipaldi: O piloto brasileiro da equipe Action Express alcançou sua 3ª
vitória numa das mais tradicionais corridas de endurance dos Estados Unidos, as
24 Horas de Daytona, um feito conseguido por poucos pilotos até hoje, e embora
não vá disputar integralmente o campeonato do IMSA Wheater Tech Sportscar,
concentrando-se nas quatro maiores corridas, Christian afirma que ainda
pretende correr um bom tempo, mesmo tendo assumido funções diretivas em sua
escuderia Action Express. E deverá continuar disputando as 24 Horas de Daytona,
almejando novas vitórias na corrida, e quem sabe igualar-se aos maiores
vencedores da corrida, Scott Pruett e Hurley Haywood, que triunfaram 5 vezes na
corrida. Mas antes, terá de vencer mais uma vez para estar ao lado de nomes
como Pedro Rodríguez, Bob Wollek, Peter Gregg e Rolf Stommelen, que lá venceram
em 4 oportunidades. Mas alguém duvida que ele não tentará isso já em 2018?
Carlos
Sainz: O veterano piloto espanhol conseguiu se manter livre das encrencas que
vitimaram seus rivais e companheiros de equipe para conquistar o bicampeonato
no Rali Dakar, oferecendo à Peugeot sua derradeira vitória na competição, já
que a fábrica francesa não estará presente na competição a partir de 2018. Sainz
é agora o mais velho vencedor da história do Dakar, e aos 55 anos, poderá se
aposentar como piloto com todos os méritos, pois um bicampeonato no mais
difícil e famoso rali do mundo não é um feito qualquer. Mais do que contar com
a sorte que não esteve ao lado de seus colegas de time, mais cotados para
vencer o Dakar do que ele, Carlos soube combinar constância com prudência para
conseguir chegar inteiro ao final da competição, e na primeira colocação,
apesar de tudo, e isso também é um grande mérito nas competições off-road, onde
muitas vezes a velocidade por si só não é tudo, mostrando que a experiência de
um piloto veterano nunca pode ser desprezada.
Jean-ÉricVergne:
O piloto francês da Techeetah assumiu a liderança do campeonato da F-E, após
quatro corridas disputadas, mostrando desempenho e constância, dando a entender
que vai ser um feroz adversário pelo título da nova temporada da categoria de
carros monopostos elétricos. Vergne tem conseguido fazer bom uso do equipamento
de seu time, que está melhor acertado até mesmo do que o do time oficial da
Renault, a e.dams, que ainda não conseguiu atingir o mesmo nível de
performance. Mas o piloto francês não pode marcar bobeira, pois seus
adversários estão bem ali por perto, à espreita do menor erro, para inverter as
posições. Se não quiser ser surpreendido, Jean-Éric terá de dar tudo de si para
continuar na liderança da competição, e para azar dos adversários, ele tem
plenas condições de fazer isso...
Brasil
bicampeão nos UTVs no Rali Dakar: Pelo segundo ano consecutivo os pilotos
brasileiros foram campeões no rali Dakar na categoria dos UTVs. Se em 2017 a
vitória na categoria ficou com a dupla formada por Leandro Torres e Lourival
Roldan, este ano o triunfo ficou com o time formado por Reinaldo Varela e Gustavo
Gugelmin, que conseguiram se manter firmes na competição, enfrentando
adversários muito capazes e até com maior apoio técnico. Mas a perseverança e o
talento dos brasileiros conseguiu sobrepujar as duras condições de competição
do rali, e mostrar que nossas feras da velocidade podem conseguir brilhar
também nas competições internacionais de off-road. Que possamos ter a chance de
novas vitórias nas futuras edições da competição nos próximos anos, mas pilotos
brasileiros conseguirem vencer por duas vezes consecutivas uma das categorias
do Dakar é um feito que precisa ser mais do que valorizado e respeitado.
Disputa
pelo título na F-E: Mais um campeonato, e a competição de carros monopostos
elétricos não tem desapontado os fãs que querem ver disputas na pista, sendo
que após quatro corridas disputadas, temos pelo menos três pilotos de três
equipes diferentes como favoritos para a luta pelo título da nova temporada. E
com algumas chances de pintarem mais vencedores diferentes se alguém bobear,
pois vários pilotos estão andando bem juntos, e a hora que o azar de alguns
acabar, a briga deve ficar ainda mais acirrada, mesmo que o duelo pelo título
acabe ficando restrita ao trio composto por Jean-Éric Vergne, Felix Rosenqvist,
e Sam Bird. Por mais que muitos fãs de corridas ainda torçam o nariz para a F-E
e seus carros de competição puramente elétricos, ninguém pode negar que as
corridas têm oferecido mais disputas do que outras competições mais tarimbadas,
como a F-1, por exemplo, na luta pelas vitórias. E, ao contrário dos anos
anteriores, temos agora três novos pilotos comandando as atenções do
campeonato, ajudando a diversificar as disputas, o que só melhora o panorama da
competição em geral.
NA MESMA:
Equipe
Williams: O time de Frank Williams já foi muito mais significativo na F-1 do
que é atualmente, quando era a escuderia a ser vencida, nos seus tempos áureos
de parceria com a Honda e a Renault, ao passo que hoje Frank é o último dos
garagistas da história da categoria, mesmo que o comando da escuderia agora
seja exercido por sua filha, Claire. Depois de ensaiar um retorno às primeiras
colocações em 2014, a tradicional escuderia inglesa decaiu novamente nos
últimos anos, e vai ter trabalho para recuperar terreno em 2018, onde se espera
ter uma concorrência muito mais forte do que em 2017. Some-se a isso uma dupla
de pilotos titulares que ainda não inspira confiança, e uma reformulação na
área técnica que precisa dar uma resposta cabal à queda de performance vista
especialmente no ano passado, e se verá que o time inglês não parece capaz de
grandes proezas nesta temporada. Talvez queimemos a língua, e a Williams
surpreenda de fato, tanto com seu carro quanto com seus pilotos. Mas, até o
presente momento, o time parece oferecer mais do mesmo visto nas últimas
temporadas.
Transmissão
da Indycar na Bandeirantes: Depois de desmantelar parte de sua equipe esportiva
nas últimas semanas, a Bandeirantes confirmou que deverá fazer a transmissão do
campeonato da Indycar deste ano. Mas, diante da crise que assola a emissora
paulista, os fãs infelizmente não poderão esperar muita coisa além da mais
básica das transmissões, com a grande maioria das provas sendo exibida pelo
canal pago Bandsports, e muito poucas corridas tendo a chance de serem
veiculadas no canal aberto. Dado o desinteresse da emissora pela categoria
norte-americana, pode-se dizer que os fãs ainda estarão no lucro de terem a
transmissão das corridas, provavelmente para não terem de descumprir o atual
contrato de televisionamento, e que muito provavelmente não será renovado
quando expirar. De qualquer modo, a Bandeirantes já não vem dando o devido
valor à transmissão das corridas, e agora nem terá Téo José para narrar as
provas, já que o narrador foi demitido em janeiro, e agora estará trabalhando
em outros projetos no canal pago Fox Sports.
Transmissão
da F-1 na Globo: Se as transmissões da Indy na Bandeirantes provavelmente serão
o básico do básico, o telespectador não deverá esperar coisa muito melhor na
transmissão da Globo do campeonato de F-1 deste ano. A grande maioria das
corridas será exibida ao vivo na TV aberta, enquanto o canal pago SporTV
transmitirá os treinos ao vivo, e as corridas em horários alternativos, salvo
as provas que trombarem com o futebol nos horários ao vivo. Com exceção da etapa
brasileira todas as transmissões serão feitas em estúdio, como nos últimos dois
anos. Mas pelo menos a Globo ainda faz uma divulgação bem razoável da
competição, e com reportagens espalhadas pelos seus telejornais, mesmo que não
sejam grande coisa, em que pese continuarem mandando um repórter para as
corridas. Mas, se levarmos em consideração que é o primeiro campeonato desde
1969 que não terá a participação de um piloto brasileiro, pode-se dizer que os
fãs não terão muito o que reclamar além do que já reclamam costumeiramente, que
desta vez deverão ser as narrações de Galvão Bueno, já que não haverá um piloto
brasileiro para malharem na pista...
Disputa
na MotoGP 2018: Os testes da classe rainha do motociclismo apontam que a Honda
deverá ser o time a ser batido na temporada deste ano, assim como o novo
tetracampeão Marc Márquez. Mas os concorrentes, em especial a Ducati, com
Andrea Dovizioso, vice-campeão da temporada passada, estão logo à espreita, e
depois do que vimos em 2017, não seria bom ignorar a ameaça da marca de Borgo
Panigale, que parecia não ter condições de ameaçar efetivamente, e quase chegou
ao título na temporada passada, lutando com Marc Márquez até a corrida final do
campeonato. E a Yamaha parece que terá mais trabalho para conseguir desenvolver
o seu equipamento adequadamente para a competição de 2018, uma vez que tanto
Valentino Rossi quanto Maverick Viñales tem tido problemas para conseguir
alcançar o mesmo desempenho dos rivais da Honda e da Ducati. Mas a Honda tem
conseguido andar bem tanto com Márquez quanto com Pedrosa, enquanto no time
italiano, Jorge Lorenzo continua a mostrar dificuldades para igualar as marcas
obtidas por Dovizioso. Será que Lorenzo passará mais uma temporada na sombra de
Dovizioso na Ducati? Por enquanto, todos esperam um repeteco de 2017, com
Andrea muito mais confiante em desafiar o poderio da Honda para a competição...
Duelo
Lucas Di Grassi X Nelsinho Piquet: A rivalidade entre os dois pilotos
brasileiros, que já andaram se estranhando nas corridas da F-E, terão novo
round em pistas nacionais: os dois irão competir no campeonato nacional da
Stock Car, em tempo integral, paralelamente à disputa da F-E, e prometem agitar
as corridas com sua rixa nas pistas. Nelsinho Piquet irá correr no mesmo time
de Rubens Barrichello, a Full Time, enquanto Di Grassi defenderá a Hero.
Nelsinho Piquet, em recente entrevista dada a vários profissionais da imprensa
no Rio de Janeiro, não perdeu a oportunidade de alfinetar o compatriota, a quem
acusou de “sempre tentar prejudicá-lo” desde os tempos em que ambos pertenciam
à equipe Renault de F-1, na década passada. Tem tudo para sair faísca dessa
rivalidade nas corridas da Stock. É só esperar para ver...
EM BAIXA:
Danica
Patrick: Pilota sensação da Indy Racing League na década passada, Danica
mudou-se para a Nascar onde achava que teria melhores opções de carreira, mas
os planos não saíram como ela esperava, e depois de vários anos sem conseguir
destaque, e com mais decepções que satisfações, resolveu encerrar a carreira
como piloto, programando-se para se despedir nas 500 Milhas de Daytona e nas
500 Milhas de Indianápolis, pela Nascar e Indycar. Mas o prestígio da garota já
não é mais o mesmo, e só conseguiu vaga na Daytona 500 em um time pequeno, onde
não conseguiu ter uma boa performance, e ainda acabou envolvida em um acidente
junto com vários outros carros durante a corrida. Na Indy500, viu vários times
fecharem-lhe a porta para conseguir um carro para correr na prova, até
finalmente se acertar com o time de Ed Carpenter, que pode pelo menos lhe
propiciar uma despedida mais digna como profissional. Mas, ao se declarar
magoada com o mundo do automobilismo, parece mostrar-se ingênua, pois o
ambiente das competições nunca foi um mar de rosas, ainda mais para mulheres na
competição. Será que a decepção maior foi ter deixado de brilhar, como estava
mais acostumada quando corria na IRL, onde era paparicada como grande estrela
da categoria, talvez com certo exagero, pelo fato de ser uma mulher que
competia bem? Infelizmente, ela pareceu ter ficado com o ego meio exagerado
naqueles tempos, se achando mais do que era realmente. Que tenha uma despedida
decente do meio, mas já não tem o mesmo brilho de antes.
Transmissão
da Fórmula 1 na RAI: A emissora italiana, tradicional lar das transmissões das
corridas da categoria máxima do automobilismo naTV aberta, deixará de mostrar a
competição este ano, restringindo-se somente ao Grande Prêmio da Itália. Os
torcedores que quiserem acompanhar as corridas precisarão recorrer ao canal
pago SKY Italia, que já transmitia o campeonato em canais fechados, mas que
agora será a única opção dos amantes da velocidade. Apesar da paixão dos
italianos pela velocidade, e de serem a pátria do time mais famoso da F-1, a
Ferrari, não se chegou a um consenso entre a RAI e o Liberty Media para acertar
os valores de transmissão, e isso certamente fará a categoria perder um bom
espaço na TV aberta europeia, que já não anda nos melhores momentos. Será que a
F-1 verá sua derrocada nos canais abertos mais cedo do que todos esperavam?
Lucas
Di Grassi: O atual campeão da F-E está comendo o pão que o diabo amassou na
nova temporada da categoria de competição de carros monopostos totalmente
elétricos. Elevada à categoria de time de fábrica com o engajamento da Audi, a
escuderia do piloto brasileiro produziu um carro mais veloz do que o da
temporada passada, mas que até agora deixou Lucas na mão em duas das corridas
disputadas, quando ele tinha condições de lutar pelo pódio, e ainda teve
problemas nas duas corridas iniciais, o que faz de Di Grassi o único piloto da
competição até agora a não marcar nenhum ponto no atual campeonato, motivo mais
do que suficiente para começar a dar adeus ao sonho de conquistar o
bicampeonato este ano. Agora a luta será para voltar a conseguir pontuar
regularmente e voltar ao pódio. Performance o carro até tem, mas a
confiabilidade...
Competência
da equipe Audi ABT na F-E: O time de Lucas Di Grassi e Daniel ABT começou a
nova temporada da F-E com as melhores expectativas possíveis. Mais recursos
financeiros e técnicos por parte da Audi, já que agora o time é oficial de
fábrica após a marca alemã deixar o Mundial de Endurance para se concentrar na
F-E, e que resultaram em um carro veloz e teoricamente competitivo. Bem, falta
combinar o restante: o carro deixou Lucas Di Grassi na mão por problemas que
até agora a escuderia não conseguiu identificar e sanar, o que já comprometeu
os planos do brasileiro de tentar ser bicampeão e, como desgraça pouca é
bobagem, Daniel ABT, que finalmente conseguiu vencer uma corrida na categoria,
ao chegar em primeiro na segunda prova de Hong Kong, acabou desclassificado
pela burrada do time em substituir um equipamento sem autorização, o que fez o
alemão perder seu primeiro triunfo, e aumentando para três corridas perdidas por
desclassificações o histórico do time desde o início do campeonato da F-E,
sendo que na primeira e na segunda temporadas, Lucas Di Grassi perdeu duas
vitórias por motivos banais que geraram sua exclusão das corridas na vistoria
técnica, jogando o esforço do piloto pelo ralo, situação que agora afetou
Daniel ABT, também em uma vitória. Desse jeito, a coisa fica mesmo complicada
de resolver...
Encolhimento
de campeonato: A F-E sofreu mais um golpe recentemente: perdeu a rodada dupla
que encerraria a atual temporada, que seria em Montreal, no Canadá. A nova
prefeita resolveu investigar o contrato firmado por seu antecessor, e teria
encontrado várias irregularidades, e como a corrida gerou prejuízo nas edições
de 2017, optou por cancelar o contrato de realização da prova. Antes, a
categoria já havia ficado desfalcada da etapa brasileira, pelas estripulias das
autoridades municipais de São Paulo, onde a corrida se realizaria. A direção da
F-E conseguiu agir rápido, e confirmou corrida no Uruguai, em Punta Del Este,
que já sediou corridas da categoria em duas ocasiões, em substituição à corrida
brasileira, mas no caso da rodada dupla que seria no Canadá, a direção do
certame optou por encerrar o campeonato na rodada dupla de Nova Iorque, que
seria a penúltima etapa da competição, e com isso, o campeonato, que teria 14
corridas, acabou ficando com 12 provas, o que nunca pega bem para a imagem de
uma competição automobilística...
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