sexta-feira, 28 de julho de 2017

DECISÃO EM MONTREAL


Montreal, a maior cidade do Canadá, sedia as derradeiras etapas da terceira temporada da F-E, em uma pista montada ao lado da Maison de Radio-Canada (o edifício no centro da imagem, ao lado das inúmeras antenas), e da sede da Cervejaria Molson (atrás). Abaixo, o traçado da pista.

            Momento de decisão na Formula-E. A terceira temporada da categoria de competição de carros monopostos inteiramente elétricos chega à sua etapa derradeira neste final de semana, com a decisão do título entre os mesmos postulantes da disputa da temporada passada. O palco é o circuito de rua montado nas ruas de Montreal, que estréia na competição com uma rodada dupla, em substituição à prova de Londres, palco da decisão no certame do ano passado. Serão duas corridas, a serem disputadas neste sábado e domingo, às 17 horas, pelo horário de Brasília, com transmissão ao vivo do canal pago FoxSports, que também transmitirá os treinos de classificação, só que estes serão transmitidos pelo FoxSports 2, portanto, atenção aí, galera, na hora de sintonizarem em busca da ação na pista de rua canadense.
            A pista do Hydro-Québec Montréal ePrix tem um traçado de 2,75 Km de extensão, um tamanho bem mais razoável do que o circuito montado no Brooklyn, em Nova Iorque, com um total de 14 curvas. As duas provas do fim de semana, a exemplo do que ocorreu na rodada dupla de Nova Iorque, também terão durações diferentes. A prova de sábado será disputada em 35 voltas, enquanto a de domingo terá 37 voltas. Isso imporá aos pilotos e equipes um maior desafio no gerenciamento de sua energia disponível, detalhe que ficou evidente para os competidores nas provas da metrópole da costa leste dos Estados Unidos, onde os pilotos praticamente chegaram zerados na linha de chegada da primeira corrida, e só não tiveram maiores problemas na segunda prova devido à entrada do safety car no meio da competição. Com uma pista de maior extensão, e com trechos mais velozes, o desafio da economia de energia e estratégia de corrida mais do que nunca será um fator decisivo na luta pela vitória, e por tabela, do título da terceira temporada da F-E. Alguns pilotos terão que andar bem de leve para não desgastar suas pilhas, digo, baterias, prematuramente. E, sem maneirar nesse controle, nem Duracell salvará os mais afobados no volante de seus bólidos, sejam eles 110v ou 220v. Mas, piadinhas à parte, vamos logo ao que interessa, que é a disputa do título da competição.
            Sébastien Buemi, o atual campeão, vai em busca de seu segundo título, defendendo a escuderia e.dams Renault, com a qual também foi campeão na temporada passada. Lucas Di Grassi, vice-campeão da temporada passada, vai em busca de seu primeiro título, mas a parada será muito complicada, e ele é o azarão da disputa. Se no ano passado o brasileiro conseguiu equilibrar a disputa aproveitando-se dos erros e azares do rival, este ano a campanha do piloto suíço vem sendo quase impecável, e em condições normais, só um desastre dará o título ao piloto da equipe Audi ABT. Franco favorito na decisão, Buemi já começou sua guerra verbal contra o piloto brasileiro, lembrando da polêmcia decisão na etapa final da temporada passada, quando Lucas acertou o piloto da e.dams na segunda e última prova de Londres, e ambos foram para a pista com a missão de tentar o golpe final através da obtenção da volta mais rápida.
Lutando pelo bicampeonato, Sébastian Buemi é o favorito na disputa, mas não pode comemorar por antecipação.
            O piloto suíço aproveitou para alfinetar Di Grassi pelo gesto tresloucado que resultou na batida, à qual o brasileiro acusou Buemi de ter freado antes, quando ficou nítido que o erro da manobra foi do brasileiro. O resultado com o título indo para Sébastien foi justo, e infelizmente, Lucas acabou cometendo seu erro justo na decisão da temporada, em um ano onde ele havia conseguido superar as dificuldades e equilibrar uma disputa que todos sabiam qual era o favorito na batalha. Buemi criticou o fato de Di Grassi afirmar várias vezes que tem que andar mais do que o carro, ao afirmar que ao fazer isso, Lucas revela falta de confiança, e que ele, Buemi, não fica apregoando algo parecido. Lógico que o brasileiro rebateu de volta, ao afirmar que sob pressão o suíço não é essa maravilha toda, e que neste momento de definição, a pressão maior está naturalmente sobre o piloto da e.dams, pelo seu óbvio favoritismo, e que isso pode jogar contra o equilíbrio do piloto. Não deixa de ser uma possibilidade real. Caberá a Buemi provar o contrário.
            Ao afirmar que precisa andar mais do que o carro, Lucas está apenas afirmando o óbvio. Com apenas uma vitória na temporada, além de duas poles, o brasileiro de fato não tem o carro mais competitivo do grid, e nas provas de Nova Iorque, foi amplamente superado pela Mahindra e pela Virgin, largando do meio do grid em uma pista de difícil ultrapassagem em meio a carros mais velozes, como ele mesmo definiu após as etapas. Por outro lado, Buemi não precisa citar o que todo mundo já sabe: ele tem o melhor carro do grid, mas ao afirmar que é o único que vence com o seu pacote técnico, também faz propaganda e exaltação de si mesmo, ao afirmar que os outros pilotos que correm com o mesmo equipamento, a dupla da Techeetah, e seu companheiro de equipe Nicolas Prost, não conseguem vencer. Buemi fez uma temporada esplendorosa, e com nada menos do que 6 vitórias numa competição de 12 etapas, ele sozinho venceu metade do campeonato, e teve como pontos negativos apenas sua desclassificação na primeira prova de Berlim, e seu mau resultado na corrida da Cidade do México. Tanto que ele acumulou uma vantagem na classificação que lhe permitiu manter a liderança da competição, mesmo perdendo as duas provas de Nova Iorque. O suíço tem 10 pontos de vantagem para Di Grassi, e se considerarmos que a e.dams ainda possui teoricamente o melhor carro do grid, ele só precisa manter o seu nível de competição para encerrar a fatura com o menor estresse possível. Uma prova franca de que piloto faz a diferença na F-E. Do contrário, também como se explica a diferença entre Lucas Di Grassi e seu colega de time, Daniel Abt, que até agora, em 3 temporadas, raras vezes conseguiu mostrar performances comparáveis às do piloto brasileiro?
Lucas Di Grassi fez da constância sua grande arma na temporada, mas chega à terceira decisão de título na F-E como azarão frente ao favoritismo do rival Buemi.
            Lucas, por outro lado, terá de partir como franco atirador. Ele sabe que, se largar atrás do rival, não terá chances de reverter a desvantagem na classificação. Buemi também aproveitou para alfinetar novamente o brasileiro neste aspecto, ao afirmar que ele prefere perder com dignidade a ganhar com um ato sujo e antidesportivo. Dá a entender que Lucas pode partir novamente para a ignorância e tirá-lo da pista, e afirma que a reputação do brasileiro não resistiria a outra palhaçada como essa. Em primeiro lugar, não há como Di Grassi pensar em tal coisa, premeditadamente, como Buemi sugere. É ele, o suíço, quem está na liderança, e não o brasileiro. Qualquer colisão poderia certamente tirar ambos da corrida, e depois do que se viu no ano passado, Di Grassi não poderia ser tão idiota de tentar algo semelhante novamente. O que Sébastien quer dizer é que na ânsia de tentar levar o título, Lucas provavelmente tentaria abalroá-lo novamente, mas nada garante que o piloto da Audi ABT fique na corrida depois de dar um pancada dessas. Pelo sim, pelo não, a guerra psicológica está aberta e declarada entre os dois pilotos. Bom para a torcida, que certamente quer ver o clima pegando fogo entre ambos na pista. Mas sem batidas desleais, claro. Que a disputa seja duríssima, mas honesta.
            E não se pode esquecer que tem mais gente na pista. A dupla da Mahindra, bem como Sam Bird, da Virgin, vem subindo de produção nas últimas provas, e certamente tentarão dar o melhor de si para terminarem o ano como os melhores”do resto” do grid. Felix Rosenqvist é o 3º colocado na classificação, com 104 pontos, e só vencendo as duas provas e contando com um azar extremo de Di Grassi ele alcançaria o vice-campeonato. É o mesmo panorama de Sam Bird, 4º na classificação, com 100 pontos, que só em sonho dessa condição ideal seria o vice-campeão, mas tem tudo para terminar o ano como 3º colocado. Um pouco mais atrás, em condições de lutar pela 3ª colocação, Nicolas Prost, Nick Heidfeld, e até Jean-Éric Vergne podem engrossar essa disputa. E nessa hora, Buemi não terá que tomar cuidado apenas com o piloto brasileiro: vai ter muita gente querendo tirar o máximo que pode nestas duas provas que encerram o calendário 2016/2017 e fechar o ano em alta. A disputa pelo 3º lugar no campeonato tem tudo para ser mais acirrada e empolgante até mesmo que a decisão do título, que muitos afirmam já estar com meio caminho andado nas mãos de Buemi, pelo seu retrospecto no ano, e a vantagem do equipamento que possui.
            Os 10 pontos de vantagem de Buemi podem parecer muito, mas a F-E tem se caracterizado por apresentar surpresas em suas corridas, portanto, tudo pode acontecer nas duas corridas em solo canadense. Para o suíço, a melhor opção é ir direto ao ataque, e procurar vencer a corrida. Carro para isso ele tem, em teoria. Mas, e se a e.dams não achar o melhor acerto do carro para o traçado de Montreal? Pode acontecer, como também pode a Audi ABT conseguir mostrar serviço e dar a Di Grassi um carro mais competitivo, e apimentar a disputa. Sébastien também poderá marcar o piloto brasileiro, não deixando que ele se distancie, caso acabe ficando atrás, ou tentar se manter logo à sua frente, e com isso, bloquear uma possível escalada de posições na prova. O que o suíço tem de evitar a qualquer custo é se meter em alguma confusão que o faça ficar sem marcar pontos. A rigor, ele só precisa se preocupar mesmo é em terminar à frente de Lucas nas corridas, sejam em quais posições forem. Só pela vitória são 50 pontos em jogo, mas ainda tem os pontos extras pela pole-position, e pela volta mais rápida na prova. Portanto, 10 pontos de vantagem, dependendo do que acontecer, podem não ser nada. Muitos apostavam que, sem Buemi na rodada dupla de Nova Iorque, Lucas simplesmente deitaria e rolaria, vencendo e assumindo a liderança. Não foi o que aconteceu, com o brasileiro reduzindo de 32 para 10 a desvantagem na classificação. Muito pouco em relação ao que todos esperavam...
            Será que agora pode ocorrer o inverso? Lucas levar o título e Buemi morrer na praia? Difícil, mas não impossível. Só saberemos a resposta mesmo na bandeirada na segunda corrida, na tarde de domingo. Mas, não importa quem vença, a F-E é a maior vitoriosa, mas isso é assunto para a coluna da semana que vem. Até lá, então...


A F-1 inicia hoje os treinos oficiais em Hungaroring, para o Grande Prêmio da Hungria, que será disputado neste domingo. A liderança do campeonato está em jogo, com Sebastian Vettel pontuando a classificação com apenas 1 pontos de vantagem para Lewis Hamilton, depois do azar sofrido na Inglaterra semana retrasada. A tendência é o tricampeão inglês assumir a dianteira já nesta corrida, mas é bom a Mercedes não ir comemorando antecipadamente. Primeiro, a pista próxima a Budapeste é a mais travada do calendário, depois de Mônaco. E todo mundo deve se lembrar de que no Principado, foi a Ferrari quem deu as cartas na classificação e na corrida, exibindo um ritmo que não foi igualado pela Mercedes no fim de semana. É verdade que ambos os times promoveram mudanças em seus bólidos, e desde a etapa do Canadá, justamente a primeira pós-Mônaco, o modelo W08 da Mercedes passou a demonstrar um ritmo muito melhor, tanto em classificação quanto em corrida, sendo este último o grande trunfo do time de Maranello até então neste ano. Mas, desde então, a F-1 correu apenas em pistas velozes, ou com trechos de alta velocidade. Em Baku, circuito de rua, a Mercedes até foi muito forte na classificação, mas a corrida foi caótica, e não deu para ver um duelo firme entre ambos os times, mesmo com a disputa entre Vettel e Hamilton depois de seus problemas. Fica a dúvida se a performance atual da Mercedes se manifestará totalmente na travada pista húngara, ou se a Ferrari, aproveitando justamente esse traçado complicado, voltará a se impor. O treino de classificação é extremamente importante, uma vez que chegar à frente na primeira curva logo após a largada é meio caminho para vencer a corrida. Por isso mesmo, o time rosso terá de caprichar neste quesito, para permitir a Sebastian Vettel e Kimi Raikkonem terem condições de chegarem na primeira curva a ponto de disputarem a liderança. Se a Mercedes, seja com Hamilton, ou com Valtteri Bottas, fizerem a primeira curva na frente, talvez não haja mais disputa na corrida. Vamos ver quem terá as melhores chances de competição nesta corrida, que ao mesmo tempo pode ser tremendamente chata e sem emoções, ou virar uma competição completamente inesperada, dependendo das condições, e do que pode acontecer. Qual delas se tornará realidade...?


O clima de animosidade entre Sebastian Vettel e Max Verstappen anda inflamado. Vettel reclamou do estilo “selvagem” do holandês de defender posição na pista, após o duelo travado entre os dois na parte inicial da prova de Silverstone. Reclamações à parte, sobre o modo agressivo de Verstappen se comportar na pista, que volta e meia suscita algumas críticas realmente, não vi nada de errado nas manobras, inclusive com ambos os pilotos até saindo ligeiramente da pista em virtude das manobras de tentativa e defesa de ultrapassagem. Como Vettel já anda pegando a fama de reclamar por reclamar, Verstappen simplesmente não deveria dar muita bola, mas fez praticamente o contrário: devolveu de bate pronto a crítica, ao afirmar que, depois do papelão protagonizado pelo alemão em Baku, perdeu todo o respeito pelo tetracampeão, e que sua opinião não deve ser levada a sério. O holandês ainda aproveitou para alfinetar Vettel lembrando da sova que Daniel Ricciardo, seu companheiro de time na Red Bull, deu no alemão em 2014, quando foram companheiros no time dos energéticos, e o australiano ainda venceu 3 corridas, enquanto Sebastian passou o ano zerado. E também fez questão de frisar que acha Daniel um piloto muito mais capaz, e mesmo assim, com a forte competição entre eles no time austríaco, ambos se dão muito bem na escuderia. Se o pessoal acha que a rixa entre Vettel e Hamilton é belicosa, esperem só até o alemão da Ferrari se ver novamente às voltas com Verstappen na pista... E olhem que o traçado de Hungaroring pode dar uma ajuda na performance da Red Bull. Já imaginaram a zica que pode dar se Vettel ficar novamente atrás de Max na corrida? Faíscas entre ambos não faltarão...

quarta-feira, 26 de julho de 2017

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – JULHO DE 2017



            Pois é, nem bem iniciamos o segundo semestre de 2017, e o mês de julho já está chegando ao fim. Foi um mês cheio de corridas, com muitas disputas no mundo do esporte a motor pelo mundo agora, nas mais diversas categorias. Portanto, com o fim do mês se aproximando, é hora de mais uma edição da Cotação Automobilística, fazendo uma avaliação do panorama geral dos acontecimentos do mundo da velocidade neste sétimo mês do ano, com minhas impressões e visão sobre os assuntos enfocados. Espero que todos possam apreciar o texto, que segue abaixo no esquema tradicional de sempre das avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, concordando ou não com minhas opiniões, e até a cotação do mês que vem...



EM ALTA:

Lewis Hamilton: O piloto inglês arrasou a oposição em Silverstone, e ainda deu sorte dever seu principal rival na luta pelo título, Sebastian Vettel, ter um problema nos pneus, e perder várias posições nas voltas finais da corrida britânica. Com isso, ele está agora apenas 1 ponto atrás de Vettel na classificação, com um carro que já parece responder melhor do que o da Ferrari. Ainda é cedo para afirmar que o tricampeão inglês é o favorito ao título da temporada, mas pelo desempenho crescente da Mercedes nas últimas corridas, e com Hamilton se mantendo sob controle, a probabilidade é de vermos um novo tetracampeão da F-1 do que um novo pentacampeão da categoria ao fim do ano. Mas, não se deve descartar a concorrência ainda, pois as diferenças estão apertadas, e basta um fim de semana ruim para o panorama ficar complicado entre os postulantes ao título. Hamilton está em alta, mas não é por isso que pode se descuidar, tanto na pista quanto nos boxes.

Daniel Serra: Com metade da temporada já disputada, o piloto da equipe RCM tem até agora 2 poles e 2 vitórias na competição da Stock Car 2017, e lidera o campeonato com 178 pontos, 21 a mais do que Thiago Camilo, o vice-líder, da equipe A. Mattheis, que até o presente momento venceu apenas uma prova, e vem fazendo da constância sua arma para disputar o título da categoria. Max Wilson, da RC, tem 30 pontos a menos, enquanto o 4º colocado, Átila Abreu, da TMG, tem 136 pontos. Pode parecer uma vantagem expressiva, mas se lembrarmos que uma vitória pode render até 30 pontos, o filho de Chico Serra não pode baixar a guarda, até porque a performance dos pilotos anda bem parelha, com muita disputa no pelotão. Portanto, para se garantir na luta pelo título, Daniel tem de se manter firme no ataque, e quando não for possível vencer, garantir poder acumular pontos para manter sua dianteira, enquanto os demais adversários duelam entre si. Ainda tem muito chão pela frente até o fim do ano, e a disputa tem tudo para ser acirrada.

Hélio Castro Neves: O piloto brasileiro conseguiu enfim pôr fim ao jejum de vitórias na Indycar, ao vencer a corrida em Iowa com uma performance sólida e sem dar chance ao azar, e de quebra pulou para a vice-liderança do campeonato, que só não assumiu a ponta devido ao azar em Toronto, onde uma bandeira amarela jogou tanto ele quanto os demais pilotos da ponta para o meio do pelotão. Mesmo assim, ele ainda ficou à frente de Scott Dixon, que está na alça de mira do piloto brasileiro, que atravessa um excelente momento, e parece focado como nunca em conquistar finalmente o título da categoria, após 20 anos presente nela. Uma conquista que pode inclusive mudar o seu destino em 2018, caso se confirme sua ida para a Endurance americana, algo que a própria categoria parece não estar vendo com bons olhos, nem os patrocinadores do piloto, o que pode mudar os planos de Roger Penske de transferir Hélio para o seu novo projeto de competição. Helinho, contudo, tem de se manter no ataque, e procurar pontuar o máximo possível, inclusive vencendo mais corridas, para enfim conquistar o título que persegue desde que estreou no automobilismo norte-americano, na segunda metade dos anos 1990. Pode ser agora, ou nunca mais...

Disputa na MotoGP: a classe rainha do motociclismo terminou a primeira metade da temporada 2017 com nada menos do que 5 pilotos separados por 26 pontos, sendo que os 4 primeiros estão com apenas 10 pontos de diferença entre eles, o que mostra que a disputa até agora tem sido a mais equilibrada e imprevisível dos últimos anos. Com 5 pilotos e 3 times vencendo corridas no ano até agora, o duelo promete fortes emoções na segunda metade do campeonato, ainda mais porque tanto Yamaha quanto Honda não estão conseguindo marcar terreno direito uma sobre a outra, com performances que variam de pista para pista, o que também acabou favorecendo a Ducati, que anotou 2 triunfos na temporada, e chegou até mesmo a liderar a classificação de pilotos, com Andrea Dovizioso, atual 3º colocado, com 123 pontos, apenas 6 atrás de Marc Márquez, o líder, com 129 pontos. E ainda tem a dupla da Yamaha para apimentar a disputa, com Maverick Viñales entre os dois. Valentino Rossi vem logo a seguir na parada, depois de uma vitória empolgante em Assen, na Holanda, enquanto Dani Pedrosa vem por fora, mas podendo surpreender a qualquer momento. Tudo indica que muitos duelos ainda virão nas outras 9 etapas da competição. Preparem suas torcidas...

Valtteri Bottas: O piloto finlandês da Mercedes, visto como um mero tapa-buraco no time alemão para esta temporada, aos poucos mostra que não está para brincadeiras, e anotou na Áustria sua segunda vitória na temporada, entrando definitivamente na possibilidade de lutar pelo título, o que confirmou na Inglaterra, onde largou em 9º e foi o 2º colocado, aproximando-se também rapidamente de Sebastian Vettel, estando agora a apenas 23 pontos do alemão da Ferrari, e decidido a se intrometer na disputa entre o piloto da Ferrari e seu companheiro de equipe, Lewis Hamilton. O time alemão já vê cada vez mais certa a sua permanência em Brackley em 2018, vendo o crescimento dos resultados do finlandês na pista, e garantir com isso a paz nos boxes do time, evitando a contratação de pilotos que poderiam tumultuar o ambiente interno na escuderia, como Fernando Alonso, cada vez mais ansioso por um lugar mais competitivo na próxima temporada, olhando obviamente para os carros prateados. Parece que não será dessa vez, no que depender das últimas performances de Bottas...



NA MESMA:

Performance da unidade de potência da Honda: A fábrica japonesa enfim aceitou a colaboração da Ilmor para tentar solucionar os problemas tanto de performance quanto de confiabilidade de seu propulsor, e em Silverstone entregou várias atualizações para os pilotos da McLaren. Mas o resultado, mesmo com alguma melhora, ainda está deixando muito a desejar: Fernando Alonso abandonou de novo, tendo de dar um duro danado só para conseguir tentar entrar na zona de pontos, enquanto Stoffel Vandoorne até flertou com os pontos, mas não conseguiu se manter à frente de outros times, mesmo com a melhor posição de largada da McLaren no ano. Como desgraça pouca é bobagem, o anunciado acordo dos japoneses com a Sauber parece ter micado, e o novo alvo seria a Toro Rosso, que apesar dos problemas que tem tido com a Renault, vem fazendo uma temporada muito mais competitiva, só não tendo melhores resultados por outros problemas. Ninguém ainda sabe o que será dos japoneses em 2018, nem os próprios, aparentemente...

Lucas Di Grassi: O piloto da equipe Audi ABT tentou aproveitar a chance da ausência de Sébastien Buemi nas corridas disputadas pela Formula-E em Nova Iorque, devido ao conflito de datas com o Mundial de Endurance, mas os resultados ficaram aquém do esperado, tendo saído das duas corridas ainda com 10 pontos de desvantagem para o piloto suíço da equipe e.dams. Em nenhum momento do fim de semana na metrópole da costa leste norte-americana, o brasileiro conseguiu apresentar a performance necessária para chegar às etapas finais que serão realizadas em Montreal com alguma vantagem perante o rival e atual campeão, que continua sendo o favorito destacado para levar novamente o título. Lucas precisou fazer corridas de recuperação, largando do meio do grid, e sem conseguir lutar pela vitória em nenhum momento, um desempenho que, a se repetir no Canadá, não oferecerá nenhuma perspectiva de tentar duelar pelo título. E, como Buemi tem feito uma temporada exuberante, melhor começar a pensar mesmo é no próximo campeonato, com início a partir de novembro deste ano...

Nelsinho Piquet na F-E: O piloto brasileiro, primeiro campeão da categoria dos carros de competição monopostos elétricos, teve um ano para esquecer na segunda temporada da competição, quando seu time errou a mão na escolha do equipamento, e com isso, condenou sua dupla de pilotos a se arrastar pela segunda metade do grid, com poucas chances de lutar pelas primeiras colocações, como Piquet fez no em que foi campeão. Com a categoria entrando em sua terceira temporada, esperava-se que a escuderia melhorasse seu equipamento, o que até foi conseguido, mas infelizmente, os demais times parecem ter conseguido evoluir muito melhor os seus carros, e com isso, Piquet e seu companheiro de equipe Oliver Turvey ficaram novamente condenados a amargar péssimos resultados nas últimas corridas, mesmo quando conseguiam algumas posições de largada mais animadoras. Com a temporada chegando ao fim, começam as especulações se o brasileiro permanecerá na China Racing, ou se tentará um time mais competitivo para a nova temporada que deverá ter início no final deste ano. Nada tem sido dito sobre isso, mas negociações certamente devem estar ocorrendo no sentido de Nelsinho dar rumo à sua participação na F-E, se ele permanecerá por lá, ou se concentrará em outro campeonato, como o WEC, onde também participa. Infelizmente, em termos de disputa, este campeonato acabou sendo mais do mesmo em relação ao do ano passado. Talvez não tão ruim em termos de performance, mas muito aquém do que se esperava em termos de resultados...

Felipe Nasr: O piloto brasileiro, que perdeu a vaga na Sauber por falta de patrocínio, continua tentando cavar um lugar para correr, mas as opções na F-1 praticamente evaporaram, especialmente com a oferta de pilotos com maiores condições financeiras. Realista, Felipe começa a ver as opções para correr em outros lugares, o que não é demérito, haja visto o grande número de pilotos que acabou sem vaga na categoria máxima do automobilismo, e hoje estão firmes em outros certames. Indycar,WEC, F-E, todas são opções que o brasileiro diz estar analisando, entre outras. Mas ele talvez peque por continuar a afirmar que a F-1 é a prioridade, antes de pensar em outras competições. Algo que só se justificaria se ele estivesse negociando efetivamente com algum time da categoria, visando uma vaga de titular para 2018, algo que, nos últimos tempos, parece muito improvável de estar acontecendo. Há vida fora da F-1, e Nasr precisa ir descobri-la o quanto antes, se quiser dar um rumo mais sério à sua carreira de piloto...

Disputa interna na Red Bull: O time dos energéticos pode possuir a dupla mais forte do grid atual, em considerando seus talentos individuais. Mas Max Verstappen vinha numa espiral de azar nas últimas corridas, enfrentando ora problemas mecânicos, ora azares alheios a seu controle. Enquanto isso, Daniel Ricciardo, que vinha perdendo a luta nas posições de grid na temporada, vinha mostrando que não é apenas velocidade e arrojo puro que contam na F-1, ao conseguir vários pódios consecutivos e acumular praticamente o dobro de pontos do holandês. Mas a disputa entre ambos dentro do time só ajuda a escuderia austríaca a seguir firme em frente, pronta para dar o bote sempre que Mercedes e Ferrari cometerem algum deslize. E, mesmo quando isso não acontece, seus pilotos tratam de mostrar do que são capazes. Verstappen foi um páreo extremamente duro para Sebastian Vettel no início da corrida da Inglaterra, enquanto Ricciardo largou lá de trás para vir passando quase todos e terminar numa honrosa 5ª colocação, e sendo um dos destaques da prova. Assim que tiverem um carro mais competitivo, essa dupla certamente será o pesadelo dos rivais, e talvez dentro da própria equipe, na disputa interna que ambos gerarão, e que certamente será muito difícil de gerenciar...



EM BAIXA:

Daniil Kvyat: O piloto russo da Toro Rosso não anda em boa fase nas últimas corridas. Com sua posição a perigo para a próxima temporada, onde poderá ser substituído por Pierre Gasly, Daniil acabou se envolvendo em confusões logo na primeira volta tanto nas provas da Áustria quanto da Inglaterra. Em Zeltweg ele perdeu o ponto de freada na largada e acabou acertando Fernando Alonso, que por sua vez, acertou Max Verstappen, acabando com as corridas de ambos na pista austríaca. Em Silverstone, ele acabou rodando entre as curvas Maggotts e Becketts após sair da pista de leve, e ao voltar para o traçado, ainda com o carro desgovernado, atingiu seu próprio companheiro de equipe, Carlos Sainz Jr., que terminou a prova por ali mesmo. O russo ainda continuou na corrida, mas ficou lá para trás, sem conseguir se recuperar, e ainda tomou um drive through de punição que só ajudou a deixar seu fim de semana ainda pior. A sorte de Kvyat é que nos tempos da Rússia comunista, muito provavelmente ele seria mandado para a Sibéria, se bem que Helmut Marko pode estar considerando seriamente a possibilidade...

Jolyon Palmer: Outro piloto que, além de não estar conseguindo mostrar resultados, também vem tendo um azar forte nas últimas provas. Sem ter conseguido marcar pontos até agora na temporada, enquanto Nico Hulkenberg já anotou 26 para a escuderia Renault, o modo como o time vem ficando empolgado com os testes realizados com Robert Kubica só indicam que o inglês já está fora dos planos do time para 2018. Mas a paciência do time francês dá mostras de que não vai esperar tanto para dispensar o filho de Jonathan Palmer. O inglês teria recebido o ultimato do time de que terá o carro atualizado para a prova da Hungria, mas se não conseguir marcar pontos, poderá ser sua última corrida na F-1. Pipocam boatos de que Carlos Sainz Jr. ocuparia o seu lugar, ou até mesmo Kubica já poderia retornar à F-1 pelo time francês, onde corrida antes de sofrer o violento acidente de rali que quase o matou anos atrás. Palmer ainda deu azar na corrida de seu país, onde largaria numa até honrosa 11ª posição, não fosse Hulkenberg ter conseguido largar em 5º, e ainda por cima ter o seu melhor resultado no ano, chegando em 6º lugar: Jolyon nem conseguiu largar, já que seu carro pifou durante a volta de apresentação, e precisaram adiar a largada em uma volta para retirarem o monoposto da posição em que ficou. Ninguém sentirá sua falta, tanto na Renault quanto na F-1...

Tony Kanaan: O piloto brasileiro vem tendo alguns resultados abaixo da média nas últimas corridas, e enquanto vê seu parceiro de time Scott Dixon liderar a competição, Tony vem tendo alguns azares intermitentes que fulminaram suas possibilidades de melhores resultados, como em Toronto, onde Tony acabou batendo sozinho nos pneus de proteção quando saiu dos boxes, e tentou forçar o ritmo para evitar perder posições para outros carros na pista. Isso jogou Kanaan para as últimas colocações, arruinando suas expectativas de um bom resultado. O brasileiro também não tinha conseguido uma boa posição no oval de Iowa, em que pese a própria Ganassi não ter ido bem naquela prova. Tony é o 9º colocado no campeonato, com 306 pontos, tendo sido superado por Alexander Rossi, com 330 pontos na classificação, enquanto Dixon a lidera com 423. Tony ainda é o segundo melhor piloto da Ganassi na classificação do campeonato, mas Max Chilton vem chegando perto do brasileiro, com 295 pontos. Seria meio chato acabar sendo superado por outro companheiro, e vendo Dixon se distanciar cada vez mais, para não mencionar as fofocas sobre decadência do piloto...

Fim da classe LMP1 no WEC?: A mais badalada categoria do Mundial de Endurance, a Le Mans Prototype 1, ou simplesmente LMP1, pode ir para o vinagre a qualquer momento. A saída da Audi ao fim do ano passado foi mais repentina do que todos imaginavam, deixando apenas a Toyota e a Porsche para duelarem pelas vitórias, já que o time da ByKolles praticamente não consegue acompanhar o mesmo ritmo dos times de fábricas. Agora, surge a fofoca de que a Porsche também pode dar adeus à competição, talvez até mesmo ao final desta temporada, segundo os mais alarmistas. A fábrica alemã ainda não colocou seus planos na mesa, mas cogita-se que pode ir para a F-E, ou quem sabe até retornar à F-1. O lance é que se deixar o WEC, ficaria apenas aToyota como time de fábrica na classe LMP1, e desse jeito, contra quem a Toyota iria competir? Como já foi dito, a ByKolles não dá nem para a saída, e mesmo com a entrada de novos times privados, a credibilidade da competição poderia ser comprometida. O ACO e a FIA até tentam seduzir novos competidores, mas a parada anda meio complicada. A Peugeot não parece muito animada, e depois do fiasco do projeto da Nissan, outras montadoras andam reticentes em apostar no campeonato, que a se concretizar esse rumo, deixaria o Mundial de Endurance apenas com protótipos da classe LMP2 no grid.

Transmissão da Globo na Corrida do Milhão: Já não é segredo para ninguém que a Globo trata os programas que tem sob sua licença como se fossem por vezes estorvo em sua programação, preferindo transmiti-los com desdém a permitir que algum concorrente os leve para sua programação. Mas a Corrida do Milhão, a mais cultuada e prestigiada corrida do calendário atual da Stock Car brasileira merecia mais respeito dentro da programação esportiva da emissora, que mais uma vez, terminada a corrida, simplesmente puxou a tomada da transmissão, e nem sequer deu aos telespectadores a chance de ver o pódio da prova. Ainda por cima, a emissora carioca ainda força a barra para que a corrida seja “encaixada” dentro de sua programação, como se fosse um favor transmitir a corrida. Mas a própria direção da Stock Car também tem culpa no cartório, por aceitar estas mazelas da transmissão imposta pela Globo, quando resolve transmitir a Stock no canal aberto, prejudicando seus patrocinadores com o descaso imposto pela emissora, que inclusive ainda fica omitindo os nomes dos patrocinadores na designação das escuderias. A transmissão no SporTV é melhor, mas ainda assim, aquela que é a categoria automobilística mais antiga ainda disputada em solo nacional, que deverá completar 40 anos em 2018, tem todo o direito de exigir um melhor pacote de transmissão, em respeito aos seus profissionais envolvidos, e sua legião de fãs.