quarta-feira, 12 de julho de 2017

ARQUIVO PISTA & BOX – FEVEREIRO DE 1998 – 06.02.1998



            Mais uma semana, e hora de trazer mais uma de minhas antigas colunas aqui no blog. Esta foi publicada no dia 06 de fevereiro de 1998, e o assunto central do texto era sobre as reações dos carros da F-1 frente ao novo regulamento adotado naquele ano, que incluía os polêmicos pneus com sulcos, que nunca conseguiram agradar na categoria máxima do automobilismo, mas eram vistos como fundamentais para diminuir a performance dos carros e, por tabela, deixá-los mais seguros. Nem é preciso dizer que a idéia não surtiu muito efeito, mas a F-1 sempre foi teimosa em aceitar certas verdades, e demoraria praticamente uma década até banirem estes compostos e voltarem a usar os velhos e mais confiáveis slicks. Mas toda alteração de regulamento sempre teve opiniões a favor e contra, e a implantada em 1998 não foi exceção. De resto, o texto ainda traz mais algumas notas rápidas sobre alguns acontecimentos na semana no mundo da velocidade. Curtam o texto, que em breve trago outras colunas antigas por aqui...


QUESTÃO DE OPINIÃO

            Mais uma vez, as novas regras técnicas aplicadas aos carros da Fórmula 1 geraram um bom bate boca esta semana. O principal crítico da ocasião é Jacques Villeneuve, que na situação de atual campeão mundial, aproveita para manifestar todo o seu descontentamento em relação ao novo regulamento técnico da categoria.
            Villeneuve alegou que os carros estão muito lentos, e quando força mais o carro, mais ele se torna perigoso de pilotar. Em parte, o piloto canadense tem toda razão de reclamar, mas por outro lado, a FIA estava sendo clara quando disse que as novas regras tinham o objetivo claro de reduzir drasticamente a performance dos F-1. O objetivo, a julgar pelos tempos obtidos nos testes até agora, mostram que a meta vem sendo alcançada com certo sucesso. A única dúvida que ainda persiste é de quanto será a queda de performance. Villeneuve dá um bom parâmetro na pista de Barcelona, onde marcou 1min16s na pole-position em 97, e marcando 1min25s esta semana com o carro de 98 no mesmo circuito. A diferença é significativa, mas até a abertura do mundial, pode cair um pouco.
            Com relação à instabilidade dos carros, isso pode virar uma faca de dois gumes: de um lado, irá tornar os pilotos mais necessários do que nunca na precisão de condução dos monopostos. O talento, a habilidade e o felling de cada piloto terá de ser exigido ao máximo para saber tirar do carro tudo o que ele pode fazer. De outro lado, isso traz um perigo em potencial para aqueles que forem ousados demais e acabarem perdendo o controle do carro ao tentar ir além da conta. E esse perigo pode acabar se traduzindo em acidentes variados. Só espero que os pilotos mantenham a cabeça no lugar, pois do contrário, as conseqüências poderão ser imprevisíveis.
            O desafio está também nos boxes, onde as equipes terão de trabalhar mais do que nunca para encontrar o equilíbrio necessário à segurança, nível de performance e pilotagem para não fazer feio nas corridas. Espero que as escuderias consigam, com mais trabalho, corrigir as deficiências neste campo, pela maior segurança de todos.
            Sobre a dúvida se as novas regras poderão melhorar o espetáculo da competição, em teoria tudo indica que deverá haver mais briga na pista. De acordo com os testes, alguns pilotos, entre os quais Michael Schumacher, têm sido enfáticos em declarar que a melhora deverá ser mínima ou nenhuma. Mas, infelizmente, os testes não permitem fazer uma verificação séria de como se dará a performance dos carros no tráfego e em disputa de posições. Será preciso esperar até a corrida da Austrália para se fazer uma avaliação real do que poderá acontecer.
            Uma coisa é certa: haverá mesmo queda de performance. Os bólidos realmente ficarão mais lentos em alguns trechos. Resta saber até que ponto a F-1 ficará melhor ou pior com os novos regulamentos. E, é claro, fazer as contas de quanto tempo irá levar até que a criatividade dos projetistas e engenheiros consiga trazer de volta a performance roubada com o novo regulamento. Cedo ou tarde, isso irá acontecer...


Está praticamente fechado o time brasileiro que irá disputar a F-CART neste ano. Teremos 6 pilotos, divididos pelas seguintes equipes: André Ribeiro (Penske); Gil de Ferran (Walker); Maurício Gugelmim (PacWest); Tony Kanaan (Tasman); Christian Fittipaldi (Newmann-Hass); e Hélio Castro Neves (Bettenhausen). Guálter Salles deveria ser o piloto da equipe Davis, mas a escuderia optou pelo alemão Arnd Meyer, que trouxe patrocínios para a equipe, que utilizou a verba para pagar as dívidas de 1997. Roberto Moreno, que também tentava arrumar um lugar, acabou ficando novamente a pé.


Émerson Fittipaldi está de volta à F-CART. Aposentado definitivamente como piloto, “Emmo” estará nos boxes da equipe Bettenhausen, onde irá dar apoio a Hélio Castro Neves...


Com a apresentação ontem do novo chassi MP4/13 da McLaren, as equipes da F-1 já contam com todos os seus modelos 98. Começa agora a fase decisiva de testes de preparação para o campeonato, que começa daqui a um mês em Melbourne...


Esta foi uma semana agitada em Miami. Além do Spring Training, que reúne todas as escuderias da F-CART em testes coletivos no circuito oval de Homestead, tivemos também a apresentação dos modelos 98 dos carros das equipes PacWest e Penske. Enquanto a PacWest impressionou pela pintura arrojada do carro de Maurício Gugelmim, a Penske chamou atenção pelo visual aerodinâmico de seu novo bólido, que já mostra o bico mais elevado, tal como os carros da F-1. Além deste agito todo, há ainda a presença da seleção brasileira de futebol, que disputa a Copa Ouro, a convite de Concacaf...


A Ferrari segue enfrentando problemas mecânicos em seu novo F300. Michael Schumacher nem se atreve a declarar qual o potencial do novo carro, uma vez que nem teve chance real de conhecer a fundo o novo carro. Sua única declaração foi que parecia estar dirigindo um carro de rali, quando indagado como o F300 reagia segundo os novos regulamentos técnicos...


Ricardo Zonta prevê um ano muito positivo em sua carreira para 98: este ano, além de ser piloto de testes da McLaren, o brasileiro também será piloto oficial da Mercedes no campeonato GT de Turismo Europeu. Para 99, a meta é mais do que ousada: estar na F-1, e na McLaren...
 


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