sexta-feira, 28 de outubro de 2022

O CRIME COMPENSA?

Red Bull e FIA formalizaram acordo, e time terá punições leves por descumprimento do teto de gastos na temporada de 2021.

            Acusada de ter extrapolado o teto orçamentário da F-1 na temporada do ano passado, a Red Bull aceitou um acordo com a FIA, para receber uma punição “menor”, e com isso, evitar um confronto mais desgastante com a entidade que comanda o automobilismo mundial. Basicamente, a equipe rubrotaurina excedeu o limite de gastos para a temporada passada em cerca de US$ 2,09 milhões do teto de US$ 145 milhões acordado para o campeonato de 2021. A punição foi uma multa de US$ 7 milhões, além da perda de 10% do tempo de testes aerodinâmicos que a escuderia poderá usar em 2023. E ficou nisso. Foi muito? Ou foi pouco? Depende de com quem você fala.

            Para Toto Wolf, da Mercedes, ficou barato, e terá pouco impacto na escuderia dos energéticos. Já para Christian Horner, da Red Bull, a punição foi maior do que deveria. Mas, gostem ou não, ficou nisso, e não se deve falar mais a respeito. Para uns, a sensação, tão comum a nós brasileiros, de que o crime compensa. Para outros, mais uma confusão da FIA em conseguir aplicar de forma correta e transparente seus próprios regulamentos, colaborando para uma crescente falta de credibilidade da entidade que comanda o automobilismo mundial, que vem tropeçando em vários aspectos das regras durante todo o ano, mostrando que as trapalhadas vistas em 2021 sob a batuta de Michael Masi só complicou este ano, ao invés de ficar mais simples.

            Desde que surgiram as denúncias de que o time rubrotaurino teria extrapolado o teto de gastos implantado pela FIA justamente em 2021, como forma de controlar os gastos e tornar a F-1 mais sustentável financeiramente, os demais times se manifestaram publicamente a favor de uma punição exemplar para a Red Bull, que ficou bastante irritada de ver dados supostamente sigilosos escaparem e dar base a “acusações” que na opinião deles seriam exageradas e totalmente infundadas, além de não ter sido o único time a cometer tal falha, o que também teria sido o caso da Aston Martin.

            O time inglês, sediado em Silverstone, levou uma multa de US$ 450 mil, e sua infração foi muito menor do que a da Red Bull. Erros de procedimento na contabilidade teriam feito a escuderia não passar o teto do limite de gastos inadvertidamente, mas se atrapalhado com a prestação de contas, cometendo erros de alocação dos recursos utilizados, erro que teria sido relativizado, uma vez que, sendo o primeiro ano do teto de gastos, a equipe apenas se atrapalhou com a documentação. Por isso, uma punição menor, o que não foi o caso da Red Bull, que realmente ultrapassou o limite permitido dos gastos.

            Para sua sorte, contudo, o limite ultrapassado foi menor do que 5%, onde o regulamento prevê penas menores para a infração das regras. Daí, também, a punição ter ficado apenas na multa, e na perda de tempo disponível para uso dos testes aerodinâmicos no próximo ano. O regulamento pode ter sido cumprido, ainda que a torto e a direito, e por isso mesmo, este assunto ainda vai render muita discussão, talvez por muito, muito tempo.

            Entre os fãs, muitos acreditam que o teto de gastos caiu em descrédito, pois foi infringido, e o castigo imposto ao time não será relevante, já que a multa foi pequena, e mesmo o corte do uso dos recursos dos testes aerodinâmicos poderá não ter efeito prático. Para outros, o teto é uma imbecilidade que foi implantada de forma totalmente destinada a “podar” e “nivelar” a F-1 por baixo, alegando que a categoria máxima do automobilismo é para quem pode competir nela, e não para quem quer apenas.

            Bom, o teto de gastos era extremamente necessário, pois os custos de competição estavam altos demais, de forma que poucos times tinham condições de fechar seus balanços. Com os recursos escassos decorrente dos efeitos da pandemia da Covid-19, a FIA e a Liberty Media enfim caíram na real a respeito de se impor um limite de gastos para a competição, uma idéia que já não era nova, mas que nunca havia sido implantada, devido à discordância dos times, especialmente os de fábricas, que queriam ter sua liberdade para gastar o quanto quisessem. Mas, até mesmo essas escuderias mais ricas acabaram impactadas pelos recursos menores como consequência dos problemas econômicos desencadeados pela pandemia, o que exigiu que eles mudassem suas posturas. O teto de gastos, por mais paradoxal que seja, também não vai igualar os times da F-1, mas ajuda os times menos ricos a terem melhores condições econômicas de competição. Os times mais bem estruturados possuem equipes de trabalho mais competentes e criativas, e podem gerenciar melhor seus recursos, continuando a se sobressair sobre os outros times, que dependerão apenas de si mesmos para obterem o mesmo sucesso, se tiverem recursos em quantia similar. Com custos de competição menores, as chances também de se obterem patrocinadores aumentam, já que com os gastos sem controle, poucas empresas teriam condições, ou motivação, para gastar tanto em patrocínio, o que poderia levar a uma fuga de investidores para outros esportes, menos custosos, e mais viáveis.

            Mas, na aplicação da regra, vêm a cobrança de quem seguiu o valor do teto, contra quem não o fez. Daí, a gritaria contra a Red Bull, que por acaso, foi a campeã de pilotos de 2021, com Max Verstappen, e impossível não começar a pensar se o valor gasto a mais, por menor que seja, não tenha representado uma vantagem indevida frente aos concorrentes que se mantiveram dentro do limite acordado. E aí, começam as especulações de todo o tipo, e também referente às punições que seriam consideradas adequadas a quem burlou o teto de gastos. Castigos como perda de pontos, e até mesmo do título de pilotos conquistado em 2021 foram sugeridas, alegando que a Red Bull correu com um carro desenvolvido “além da conta”, entre outras sugestões. Bom, por mais polêmica que tenha sido a decisão do ano passado, não se conserta um erro com outro erro. Tirar o título de Verstappen seria um golpe duríssimo, mas não ajudaria a evitar a imagem ruim que a FIA e a F-1 teriam de assumir, pela incompetência em fiscalizar uma regra.

Zak Brown, da McLaren, foi um a pedir punição severa à Red Bull pelo descumprimento do teto de gastos.

            Por mais radical que fosse a perda do título, tem a justificativa de que, bem utilizados, mesmo a quantia de US$ 1 milhão poderia gerar um ganho razoável no carro, talvez de até 0,5s por volta, se bem aplicado, o que seria uma vantagem injusta. Por outro lado, mudanças de resultados de um campeonato nunca pegam bem, e até mesmo Lewis Hamilton declarou que não teria valor receber um título dessa forma, preferindo deixar as coisas como estão, a ganhar no tapetão. Por outro lado, tem de haver a necessidade de uma punição, pois do contrário, a regra se torna inócua, e punições “cosméticas” reforçam a impressão de que a infração da norma compensa, pois você teve um ganho que não vai ser retirado de você. Não por acaso, os outros times já fariam ameaças veladas de descumprimento do teto em 2023, se o castigo for apenas uma multa, e a perda de parte do tempo de direito de testes aerodinâmicos. Se é necessário haver um exemplo, para que ninguém resolva bancar o espertinho, é preciso ser razoável com a aplicação de um castigo.

            Se a punição em dinheiro pouco representa para um time do quilate da Red Bull, o tempo de perda de testes aerodinâmicos que a escuderia poderia realizar em 2023 pode ter consequências. Por tabela, como atual campeã, a Red Bull já tem um tempo menor que as outras escuderias, numa forma de se tentar equilibrar as performances. Agora, esse tempo terá decréscimo em 10%, a ser cumprido na próxima temporada, e se isso vai fazer falta ou não, dependerá unicamente dos concorrentes. Neste ano, a Red Bull deslanchou no campeonato, de modo que sua base para o carro do próximo ano deve ser muito superior ao dos rivais mais próximo, como Ferrari e Mercedes, de modo que o time dos energéticos ainda deve ter boa vantagem no próximo ano. Se eles começarem o ano com sobras, o tempo a menos que poderão dispender no desenvolvimento aerodinâmico pode não fazer tanta falta assim. Porém, se Ferrari e Mercedes também começarem o ano muito competitivos, e em pé de igualdade, capazes de rivalizar com o time dos energéticos, aí a perda de tempo poderá se fazer sentir, já que a equipe de Milton Keynes terá menos horas disponíveis para seus estudos e testes de aerodinâmica.

Dependendo da força da concorrência em 2023, a Red Bull pode sentir a falta das horas perdidas na quota de estudos aerodinâmicos...

            A Red Bull esperneou quanto à possibilidade de ser punida por extrapolar o teto de gastos, e diante das especulações, e também de pressões dos rivais, para sofrer uma punição exemplar, até mesmo com perda de título, claro que tratou de alegar que os valores que possivelmente teriam ultrapassado o teto de gastos não foram utilizados em desenvolvimento técnico do carro, mas em áreas operacionais de pessoal da equipe, entre outras justificativas de menor gravidade. No final, podemos dizer que saiu barato para a Red Bull, e para a Aston Martin, as punições, e não se falará mais oficialmente sofre isso. Mas claro que as fofocas de bastidores, e ressentimentos ficarão implícitos entre os rivais, que poderão ser tentados a cometer “deslizes” similares, com a perspectiva de castigos brandos. Por isso mesmo, a FIA deveria reformular o regulamento, e torna-lo mais claro e objetivo para este tipo de caso, que embora tenha tido uma solução condizente com as normais atuais, só o fato de gerar tantas especulações e discussões, já indica que foram mal concebidas e pouco claras, permitindo interpretações que não deveriam ocorrer, ficando o mal estar no ambiente, e a sensação de impunidade por parte da FIA para com os atuais campeões do mundo, ainda mais para um time que acabou de superar a Mercedes, que foi hegemônica na maior parte da última década, e acabou finalmente derrotada, ainda que por vias tortas, na decisão do título de pilotos de 2021.

            E olhe que na última década não faltaram alegações de que a Mercedes tivesse cometido irregularidades técnicas nos campeonatos em que dominou a competição, muitas vezes motivadas pela inveja, e falta de capacidade de desafiar na pista o time alemão, algo que nunca foi constatado e provado oficialmente. Em 2019, a Ferrari teria sido pega no flagra com um motor irregular e, por um acordo velado com a FIA, nunca se soube qual o tamanho da irregularidade, e o que os italianos tinham feito de errado. O acordo foi secreto, mas devia ser algo significativo, pois na temporada de 2020 o time de Maranello teve sua pior temporada em muitos anos, provavelmente por terem tido de cumprir uma pena velada, a fim de que o que fizeram de errado não viesse a público. Isso pegou mal para a FIA, que foi acusada de falta de transparência, e de uma certa passada de mão na Ferrari para nada vir a público, talvez que pudesse comprometer até mesmo a imagem da FIA. A situação atual não é tão opaca, e as razões e penas são mais transparentes. Mas mesmo assim, para muitos, a FIA novamente dá um tapa com luva de pelica, tentando minimizar o prejuízo. Mas, de qualquer forma, já houve um prejuízo, e não se pode colocar a culpa apenas na Red Bull, mas especialmente na própria FIA, que não consegue apresentar regras mais objetivas para determinadas situações, além de um atraso homérico na fiscalização dos orçamentos da temporada passada, resultando na situação atual.

            Numa comparação exagerada, seria como um campeonato de futebol de várzea ser muito melhor conduzido e administrado que a própria Copa do Mundo, numa mostra cabal de incompetência da FIFA. A FIA tem muito trabalho pela frente para corrigir seus erros, e deve fazê-los. Mas parece que cada emenda feita torna a situação mais complicada do que já estava, e desse jeito, as coisas não vão melhorar. E, quando há confusão de regras e falta de transparência e objetividade das mesmas, o crime costuma compensar. Não é assim que deve ser. Esperemos que esse exemplo mostre à FIA que ela precisa melhorar seus procedimentos e prever punições mais adequadas e consistentes com as infrações cometidas. Será que ela consegue? Tenho dúvidas, e o histórico recente não me dá muitas esperanças...

 

 

Fernando Alonso recuperou a 7ª colocação que conquistou no GP dos Estados Unidos, após ter sido punido, horas após o encerramento da prova, por ter competido com um carro “sem condições ideais de segurança”. A FIA havia atendido um recurso da Haas, que alegou que o espanhol estava com um carro perigoso, uma vez que, quando estava para ultrapassar Kevin Magnussem, o carro de Fernando perdeu o espelho retrovisor direito, que havia ficando com o suporte meio bambo, depois que Alonso atingiu o carro de Lance Stroll, quando este o fechou ligeiramente durante uma tentativa de ultrapassagem. O Alpine do espanhol quase decolou, bateu na mureta, danificando pneus e bico, mas com o carro ainda funcionando, Alonso foi para o box, onde trocou os componentes, e retomou a corrida, onde depois de uma performance impressionante vindo lá de trás, para um piloto que quase decolou com o carro, bateu, e ainda continuou na prova, recebeu a bandeirada em 7º lugar. A Alpine, inconformada, alegou que a Haas apresentou seu recurso fora do prazo regulamentar, e a má repercussão do caso também deixou a FIA numa saia justa, uma vez que, se o carro de Alonso poderia representar risco para os outros competidores, deveria ter recebido um aviso durante a corrida, o que não aconteceu. A Haas, por outro lado, já teve casos no ano em que seus pilotos foram obrigados a ir para o box efetuar reparos nos seus carros que poderiam colocar os competidores em situações perigosas, daí exigir a punição para Alonso, como foi feito. E lá se vai mais um caso de trapalhada de atitudes da FIA, que em nada ajuda na credibilidade da entidade que comanda o automobilismo mundial, além da própria F-1, que parece ter virado uma categoria cheia de frescuras. E ainda tem a cara de pau de perguntar o porquê das críticas que recebem...

Após decolar em um toque com Lance Stroll, Fernando Alonso bateu na mureta, mas conseguiu continuar na corrida, tendo apenas os pneus e o bico danificados, trocados logo a seguir no box, iniciando uma recuperação impressionante na corrida de Austin.

 

 

A etapa da Cidade do México continuará firme no calendário da F-1, com o acordo de renovação do contrato garantindo a corrida até 2025. O México vive o seu melhor momento na categoria máxima do automobilismo. A corrida da Cidade do México, realizada desde sempre no Autódromo Hermanos Rodriguez, tem tido uma organização exemplar, recebendo elogios de todos os envolvidos, tendo sido eleita a prova melhor organizada nos últimos anos, e o público tem garantido lotação máxima no autódromo, e para completar, Sergio Pérez vive seu momento de glória na competição, defendendo a equipe Red Bull, onde tem a chance de vencer corridas, e no momento, luta pelo vice-campeonato da temporada de 2022 com o monegasco Charles LeClerc.

 

 

Por causa do segundo turno das eleições brasileiras neste domingo, a Bandeirantes alterou sua programação de costume de exibição do GP de F-1. A transmissão começará às 16 horas no domingo, com o pré-GP, indo no canal até às 16:45 Hrs. A partir daí, o canal aberto passará a transmitir a cobertura jornalística das apurações eleitorais em todo o país. A corrida será transmitida no canal pago Bandsports, e estará disponível também no site da TV Bandeirantes, e no aplicativo Bandplay, gratuitamente, garantindo que todos possam acompanhar a corrida.

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

COTAÇAO AUTOMOBILÍSTICA - OUTUBRO DE 2022


E já estamos chegando ao fim do mês de outubro, e em novembro vários campeonatos deste ano encerram suas competições, como a F-1 (onde ainda se disputa o vice-campeonato), e a MotoGP, entre outros certames Hora então de mais uma edição da Cotação Automobilística, com uma pequena avaliação de alguns dos vários acontecimentos e personagens do mundo da alta velocidade neste último mês de outubro, com alguns comentários, no velho esquema de sempre: Em Alta (menções no quadro verde); Na Mesma (quadro azul); e Em Baixa (quadro laranja). Portanto, tenham todos uma boa leitura, e cuidem-se todos, e até a próxima edição da Cotação Automobilística no mês de novembro, com a última edição deste ano...

 

EM ALTA:

 

Max Verstappen bicampeão da F-1: Se a conquista do primeiro título de Max Verstappen deu o que falar por causa da interpretação duvidosa das regras de Safety Car feitas por Michael Masi em Yas Marina, resultando em uma inversão total das expectativas da corrida final da temporada de 2021 que acabou por dar o título ao piloto da Red Bull, a conquista do título de 2022 veio de forma limpa e cristalina, com o holandês a fazer uma temporada impecável, e com a Red Bull se mostrando o melhor time do ano, sabendo resolver os seus problemas técnicos, e atuando de forma sincronizada e eficiente com seu grande talento, que fez valer toda a sua capacidade, e venceu corridas a torto e a direito, invertendo as expectativas até quando não se imaginava ser possível, aproveitando os azares e erros dos adversários para abrir uma imensa vantagem na pontuação, e conseguindo encerrar a disputa ainda faltando 4 provas para o fim da temporada. Verstappen simplesmente não teve rivais ao longo da temporada, apesar de um início onde o atual campeão mundial parecia ser o azarão da disputa, diante de uma Ferrari muito forte, mas que não conseguiu segurar sua vantagem, com um dupla de pilotos que cometeu vários erros que se revelaram fatais contra um adversário do calibre de Max, que não perdoou qualquer vacilada dos rivais na pista, e chegando ao bicampeonato de uma forma que pareceu até fácil, diante das circunstâncias. E, desde já, o holandês é o piloto a ser batido para a temporada de 2023, quando tentará o tricampeonato mundial, algo que, diante da capacidade exibida este ano, tem boas chances de se concretizar, se a Red Bull não errar na receita do carro, e lhe entregar mais uma vez um monoposto vencedor, e souber manter seu desenvolvimento técnico. Se o fizer, Verstappen se garante na pista, e os rivais que tratem de correr atrás para impedir que ele aumente seu número de triunfos nas pistas...

 

Pierre Gasly: O piloto francês enfim vai dar adeus à estrutura da Red Bull, de onde não tinha mais expectativas de melhoras depois de ser rebaixado para o time B dos energéticos na categoria máxima do automobilismo. Gsly soube se recompor na equipe sediada em Faenza, mas a birra de Helmut Marko para com ele o condenaria a ficar eternamente por lá, uma vez que o dirigente só tem olhos para Max Verstappen, e mantém sua postura de defenestrar qualquer outro piloto da organização que não lhe traga os resultados esperados, mesmo que estes sejam impossíveis de serem alcançados com o equipamento disponível em mãos. A contratação de Gasly pela Alpine é um grande sinal de confiança na capacidade do piloto, que entra no lugar de ninguém menos do que Fernando Alonso, e já ganhando um salário quase do mesmo nível que o espanhol. Pierre, contudo, não terá vida fácil no novo time, uma vez que seu novo companheiro na equipe, o também francês Esteban Ocón, não vai querer se deixar superar por um recém-chegado à escuderia, para não mencionar que ambos já são desafetos há algum tempo, de modo que Gasly vai precisar mostrar a que veio, para confirmar a aposta do time francês em sua contratação. Mas, para quem teve de aguentar os desaforos de Helmut Marko, as possíveis chiadeiras com Ocón vão parecer brincadeira de criança. Gasly tem agora a grande chance de mostrar que foi desperdiçado na Red Bull, e não vai querer perder a oportunidade de apresentar serviço...

 

Kalle Rovanperä campeão do WRC: O Mundial de Rali já tem o seu campeão de 2022, e ele é o finlandês Kalle Rovanperä, que fez uma campanha impressionante este ano, e levou o título faltando duas etapas para o encerramento do campeonato. Kalle deixou a concorrência comendo poeira, literalmente, e com apenas 22 anos, se tornou o mais jovem campeão da história da categoria, obtendo nada menos do que seis triunfos na temporada deste ano, defendendo o time da Toyota. A precocidade do novo campeão também impressiona, já que até então o mais jovem campeão do Mundial de Rali havia sido Colin McRae, que fora campeão com 27 anos, quando conquistou o título em 1995, pela equipe Subaru. Mas, mesmo com o título garantido, o jovem finlandês ainda continuou acelerando forte, terminando a etapa da Catalunha em 3º lugar, e abrindo ainda mais vantagem dos rivais, mostrando que o ano é todo dele, e deixando a concorrência com a disputa do vice-campeonato entre Ott Tanak e Thierry Neuville, que vão para a etapa final com o belga tendo de superar uma desvantagem de 21 pontos. Rovanperä, desde já, é o piloto a ser batido no próximo ano, e veremos se ele irá estabelecer uma nova dinastia de títulos, como fizeram Sebastien Loeb e Sebastien Ogier em anos recentes. Tempo é o que não lhe falta para tentar não apenas igualar, como até tentar ir além destes outros grandes campeões que deixaram sua marca no campeonato off-road, e que certamente Rovanperä também tentará fazer...

 

Red Bull campeã novamente na F-1: Depois dos anos de domínio com Sebastian Vettel de 2010 a 2013, a equipe dos energéticos acabou sucumbindo à hegemonia da Mercedes na nova era híbrida da categoria máxima do automobilismo, conseguindo no máximo fazer alguns incômodos eventuais em determinadas corridas, até conseguir finalmente disputar novamente o título em 2021, apesar da polêmica manobra de liberação do Safey Car na volta final da corrida do ano passado, que acabou por dar o título de pilotos para Max Verstappen. Mas o título de construtores ainda tinha ficado com a Mercedes, enquanto a Red Bull foi apenas vice-campeã. Mas este ano, eles não deixaram para ninguém: novo título de pilotos, este sem nenhuma contestação para Verstappen, e agora, no GP dos Estados Unidos, o triunfo também no campeonato de construtores, o quinto da história da escuderia, conquistado também no fim de semana em que a escuderia teve a triste notícia do falecimento de seu proprietário, Dietrich Mateschitz, após uma luta contra o câncer, de modo que a nova conquista do time foi uma homenagem mais do que justa ao co-fundador do império da Red Bull, e coroa o excelente trabalho desenvolvido pela escuderia durante a temporada, onde começaram com alguns problemas para resolver, e conseguiram superar a tudo e a todos. Por mais que a denúncia do estouro do teto de gastos na temporada passada seja uma mancha que precisa ser esclarecida, e se necessário, aceitar as devidas penalidades, não há como negar que, time por time, a Red Bull foi muito melhor do que sua principal rival, a Ferrari, que começou o ano como favorita, mas depois se perdeu no desenvolvimento do carro, que não evoluiu na performance necessária para lutar pelo título contra a excelência técnica e humana do time austríaco. Seria o time a ser batido em 2023, a depender de como será feito o acerto da punição que a FIA já teria apresentado à escuderia, que ainda não declarou se aceitará o acordo, ou o contestará judicialmente.

 

Francesco Bagnaia: O piloto da equipe Ducati está em posição de repetir o feito de Casey Stoner, e dar à equipe italiana o seu segundo título na classe rainha do motociclismo. Faltando apenas a etapa final, em Valência, “Pecco” partiu para o ataque na etapa da Malásia, conseguindo mais uma vitória, e quase colocando a mão na taça, com uma vantagem de 23 pontos, com 25 ainda em jogo. Apesar do início de ano claudicante do time italiano, e do próprio Bagnaia, que abandonou várias corridas no ano, ele e o time iniciaram uma recuperação vertiginosa a partir da etapa da Alemanha, obtendo quatro vitórias consecutivas, e pódios importantes, tirando a Desmosédici GP-22 tudo o que ela tinha a oferecer, e sem dar chance ao principal adversário no ano, Fabio Quartararo, que estava tentando dar o mesmo bote de 2021, mas em posição ainda mais inferior à do ano passado. Bagnaia, contudo, prefere não comemorar, e mesmo com a grande vantagem, sabe que tudo pode acontecer na prova de encerramento do campeonato. A tarefa é difícil, com Quartararo precisando vencer, e “Pecco” terminando apenas em 15º. Fabio conseguiu, no extremo, evitar a conquista antecipada por parte do piloto da Ducati em Sepang, com o 3º lugar, mas o bicampeonato do piloto francês é quase impossível. Mesmo que Bagnaia abandone ou não marque pontos, o piloto da Yamaha teria de vencer de qualquer maneira. O piloto da Ducati, contudo, já mostrou que pode correr por resultados, e evitar riscos desnecessários para chegar ao título da temporada, de modo que terminar dentro dos 10 primeiros mais do que bastaria para ele ser campeão, independente da posição de Quartararo. Mas, se a oportunidade surgir, ele irá para tentar a vitória, como ocorreu na Malásia, onde ele até poderia ter se conformado com uma 2ª colocação, mas mesmo assim foi tentar mais um triunfo, a fim de facilitar ainda mais as coisas em Valência. Com sete vitórias no ano, “Pecco” mostrou que está pronto para merecer o título, coroando os esforços da Ducati em voltar a ser novamente campeã na MotoGP.

 

 

 

NA MESMA:

 

Equipe Yamaha na MotoGP: O time dos três diapasões continua marcando passo na classe rainha do motociclismo, em que pesem os avisos e reclamações de seus pilotos, há várias temporadas. Fabio Quartararo reclama da falta de potência e velocidade da M1, que a torna presa fácil para a concorrente Ducati, cujos modelos de 2022, e até de 2021, mostram desempenho até superior na maioria das pistas. Em 2021, apesar dos pesares, a moto da Yamaha era muito ágil nas curvas, e isso ajudou a contrabalançar o poderio superior da Ducati, que mesmo assim, fez uma grande arrancada no fim do ano, e poderia até ter ameaçado o título do francês se tivesse conseguido reagir antes, o que fez este ano, não deixando chances para a rival nipônica responder na pista. Vale lembrar que Valentino Rossi já se queixava do motor fraco da M1 quando a Ducati passou a ser a grande rival da Honda e de Marc Márquez na luta pelos títulos em 2017, 2018, e 2019, e de lá para cá a marca pouco fez para evoluir o equipamento, que foi perdendo parte da competitividade frente a outros times, reagindo em pontos que até compensavam o déficit de performance, como na estabilidade, mas sem melhorar o conjunto geral por completo. Com um equipamento inferior, Quartararo está tendo de pilotar completamente no limite para se manter na disputa, e quanto mais se anda no fio da navalha, mais os erros podem acontecer, por mais talentoso que o piloto possa ser, e os erros de Fabio acabaram facilitando à concorrência tomar a dianteira no campeonato, e sem uma performance melhor, pois mais que o piloto se esforce, como no desempenho impressionante em Sepang, onde terminou no pódio, mesmo assim, acabou perdendo o duelo para Francesco Bagnaia. A medida mais realista da performance da Yamaha tem de ser vista pelos resultados de Franco Morbidelli, que problemas à parte, não tem conseguido se destacar com a moto, para não falar que a Yamaha está perdendo, graças à sua leniência, o seu time satélite RNF, que passará a usar motos da Aprilia para 2023. Muita coisa vai precisar mudar para 2023...

 

Fernando Alonso: A situação do asturiano tem sido de altos e baixos na temporada atual, com o piloto apresentando grandes performances com o carro da Alpine, mas sem conseguir os resultados merecidos de seu esforço no campeonato. Até aqui, já foram inúmeros pontos perdidos pelos mais variados motivos, e na maioria das vezes, sem culpa do piloto. Problemas de fiabilidade, e até punições, roubaram de Fernando a chance de estar em melhor posição no campeonato, de preferência à frente de seu companheiro de time Esteban Ocón, que se tem apresentado resultados inferiores, ao menos teve menos azar, e com isso, garantiu mais pontos e melhor posição frente ao companheiro de time. E vimos mais um exemplo disso no GP dos Estados Unidos, onde Fernando Alonso e Lance Stroll se tocaram, com ambos os carros ficando danificados, mas com o canadense dando adeus à prova. O espanhol conseguiu retornar aos boxes, onde trocos pneus e bicos danificados, e retornando à corrida, onde depois de um desempenho impressionante, recuperou até a 7ª colocação, apenas para, horas depois, ser punido pela direção de prova, acatando recurso da Haas, de que seu carro, por ter caído um dos espelhos retrovisores, estava em condições perigosas na pista. A punição deixou Alonso fora dos pontos, e tanto piloto quanto time ficaram revoltados com a decisão, entrando com recurso. A Alpine vem em um duelo renhido com a McLaren pela posição de 4ª força no campeonato, e os pontos perdidos por Alonso estão fazendo falta na disputa, ainda que o time francês esteja em vantagem, uma vez que a escuderia britânica corre quase que com um piloto apenas, Lando Norris, já que Daniel Ricciardo mal consegue resultados decentes este ano. Infelizmente, Fernando Alonso parece precisar se benzer com tantos azares alheios que vem acometendo o piloto no ano. Ou pelo menos torcer para essa zica toda não o acompanhar em seu novo time em 2023, a Aston Martin...

 

Brasileiros na Indycar 2023: A participação dos pilotos brasileiros na Indycar no próximo ano deve basicamente repetir o panorama visto em 2022. Hélio Castro Neves está confirmado para correr toda a temporada pela Meyer Shank, enquanto Tony Kanaan, que este ano correu apenas nas 500 Milhas de Indianápolis, deve repetir o mesmo esquema, mas agora possivelmente defendendo a McLaren, que deverá disponibilizar um quarto carro, que pode ser ocupado pelo brasileiro para competir na Indy500, a exemplo do que fez com Juan Pablo Montoya na edição deste ano, nome que também é cogitado para repetir o esquema em 2023. Existe ainda a possibilidade de Kanaan competir ainda pela Ganassi na Indy500, e também nas etapas onde Jimmie Johnson não estaria presente, já que o piloto anunciou que não voltaria a disputar a temporada completa em 2023 pelo time de Chip, mas Tony provavelmente tem interesse em marcar presença apenas na Indy500. Para Hélio, a temporada de 2023 deverá ser crucial para seus planos de permanecer a tempo integral na categoria, já que seu time cobra melhores resultados, depois de uma temporada onde os resultados estiveram abaixo do esperado, com Helinho raramente terminando entre os 10 primeiros, e tendo sido superado pelo colega de time Simon Pagenaud. A Meyer Shank poderia, então, reduzir a participação do brasileiro apenas à Indy500, se não achar os resultados de 2023 condizentes com suas expectativas, o que deixaria o Brasil novamente sem um piloto na competição em tempo integral.

 

Colton Herta firme na Andretti: Onde está, fica. Frustrados os planos de tentar ir para a F-1 por falta dos pontos da Superlicença, o filho de Brian Herta, que tinha seu atual contrato válido até o fim da temporada 2023, acertou uma renovação até 2027 com o time de Michael Andretti. Uma das sensações da categoria, Colton tornou-se o grande nome da Andretti nas duas últimas temporadas, eclipsando os demais companheiros do time em performance na pista, ainda que os resultados não tenham ficado à altura, devido a alguns erros do piloto por causa de seu excesso de arrojo. Herta terminou o ano em 10º lugar, e se não foi um resultado exatamente ruim, por outro lado também não é tudo o que ele poderia ter alcançado, já que a Andretti se perdeu em várias corridas no ano. A renovação do contrato por parte da Andretti significa um horizonte estável para o piloto poder se concentrar nas corridas e em sua pilotagem, mas resta saber se a equipe, ao invés de promover o piloto, também não vai ajudar a estagná-lo no grid, lembrando que há alguns anos atrás o time tinha em Alexander Rossi sua grande estrela, e moveu mundos e fundos para lhe renovar o contrato, inclusive com apoio da Honda, para garantir seu passe, e impedir que ele fosse para outro time. Só que, desde então, Rossi entrou numa espiral descendente, onde nada parecia dar certo, voltando a vencer uma corrida apenas neste ano, e já de saída para defender a McLaren em 2023, nunca mais tendo conseguido brilhar como antes fizera, onde chegou até a disputar o título, em parte por uma queda de sua própria performance, mas também devido a uma queda de rendimento da própria Andretti, que arrastou junto seu piloto. Por enquanto, Colton desfruta de grande prestígio na Indycar, mas resta esperar que a Andretti consiga lhe prover um equipamento competitivo, a fim de que ele possa se manter em evidência, ou do contrário a bola da vez será passada para outro piloto que consiga melhores resultados na categoria, onde a disputa é muito equilibrada, e a concorrência, feroz.

 

Marc Márquez de volta à MotoGP: Depois de enfrentar mais uma cirurgia para corrigir os problemas decorrentes de uma fratura no braço ocorrida em 2020, eis que a “Formiga Atômica” está de volta à classe rainha do motociclismo, e já conseguindo ter uma performance impressionante na etapa da Austrália, em Phillip Island. O hexacampeão, contudo, prefere jogar na cautela, e afirmar que só estará totalmente recuperado em 2023, quando espera entrar na luta pelo título. Mas, para que isso aconteça, a Honda precisará evoluir significativamente seu equipamento, que ainda está muito aquém do que deveria ser, de modo que mesmo com a pilotagem inspirada e aguerrida de Marc, limitará as pretensões do piloto, se os concorrentes estiverem com motos muito superiores, anulando seu talento capaz de produzir melhores resultados. De salientar como Márquez, mesmo em sua volta, já chegou metendo tempo em Pol Spargaró, deixando o compatriota comendo poeira, mesmo tendo ficado meses fora da competição para tratar de seu problema. E a Honda, por sua vez, também precisa ter um equipamento melhor, a fim de ela própria não ficar presa à sua dependência de Marc Márquez, que foi o único piloto a conseguir resultados positivos defendendo a marca na última década, devido à teimosia da escuderia em produzir uma moto onde apenas o hexacampeão conseguia extrair tudo do equipamento, deixando todos os demais pilotos da marca sofrendo para obter bons resultados. Márquez mostrou que ainda pode brilhar como antigamente, mas resta saber se vai conseguir fazer isso com a mesma frequência de antes, e assombrar os concorrentes, dúvida que já tínhamos em seu retorno no ano passado, e neste ano, mas cujas expectativas não se confirmaram por vários motivos. Será que em 2023 vai?

 

 

 

EM BAIXA:

 

Corridas de F-1 na chuva: A categoria máxima do automobilismo parece que não sabe mais como é correr com pista molhada. Confusão de procedimentos, regras imbecis, e má vontade por parte da direção da FIA, e até das equipes, contribuem para que a F-1 cada vez mais pareça ter medo de água. Nas provas de Singapura e do Japão, os procedimentos das corridas foram ridículos, com a FIA parecendo não se entender consigo mesma, e com pilotos e equipes também meio perdidos com relação ao que fazer, enquanto o público queria ver ação na pista, fosse como fosse. Se a invocação da segurança é o tema recorrente, a amplitude da prudência vem sendo exagerada, ao mesmo tempo em que atitudes imbecis acabam ocorrendo, como foi a entrada de tratores para remoção dos carros bastidos em Suzuka, quando os pilotos ainda circulavam pela pista, até em velocidade perigosa, diante da visibilidade, provocando críticas desvairadas, em intensidade, mas corretas na argumentação do perigo potencial, lembrando do que houve ali mesmo em 2014, quando tivemos o acidente com Jules Bianchi. O pior de tudo é ver como a própria F-1 parece não saber como colocar o regulamento em dia para situações deste tipo, ficando refém dos compromissos comerciais, sem saber ser flexível diante na necessidade de agir para evitar passar vergonha perante o público presente e televisivo. Uma categoria que se arvora como o maior campeonato de automobilismo do mundo se mostrar despreparado para correr na chuva chega a ser patético. Nesse ritmo, melhor proibir logo de uma vez correr em pista molhada, e pegar a pecha de covarde e incompetente, do que ficar pagando mico a cada ocasião de chuva, e não saber como e por onde trabalhar adequadamente a situação...

 

Seul fora da Formula-E em 2023: Palco do encerramento da temporada deste ano na categoria de carros monopostos 100% elétricos, o ePrix de Seul está fora da competição no próximo ano. O motivo são reformas que serão feitas no estádio olímpico, que foi palco de parte da pista no traçado montado para esta temporada, de modo que o lugar não poderá ser utilizado em 2023. A direção da categoria procura uma prova alternativa para completar o calendário da temporada, que será o mais extenso da história da F-E até aqui, visando um possível retorno em 2024. Fica a dúvida, contudo, se a cidade voltará ao calendário, já que corridas canceladas ou adiadas não tem tido um histórico de retorno garantido à competição, até porque a disputa para participar do campeonato tem alguns locais muito interessados em entrar no páreo, sendo que no ano que vem a categoria estréia três novas provas: São Paulo (Brasil), Cidade do Cabo (África do Sul), e Vancouver (Canadá); e em 2024, Tóquio, no Japão, deverá fazer sua estréia. A presença de um ePrix na capital japonesa pode reforçar o retorno da F-E a Seul, que ajudaria na logística do calendário, ou pode ocorrer até o contrário, pela presença de duas corridas próximas. Neste momento, a prova sul-coreana está fora de 2023, e com um retorno totalmente incerto em 2024. Uma definição de seu retorno ao calendário só deve ocorrer mesmo no fim do ano que vem, então, até lá, tudo fica no campo na especulação sobre o que poderá acontecer em relação à corrida na capital da Coréia do Sul.

 

Maracutais em documentação para construção do Autódromo de Deodoro: O polêmico projeto de um novo autódromo no Rio de Janeiro, que seria construído na região de Deodoro, na capital fluminense, já tinha percalços suficientes para ser viabilizado, mesmo que tudo fosse feito dentro dos trâmites legais, e sem maracutaias. Tanto que o projeto praticamente não conseguiu ser levado adiante, como não deveria ser, do modo como estavam querendo realizar a construção, e agora, ainda tivemos, esta semana, mais um capítulo mostrando as picaretagens envolvidas no projeto, onde o Ministério Público denunciou os responsáveis pelo necessário estudo de impacto ambiental por causa de, vejam só, informações falsas, além de omissões de outras informações necessárias à complementação do relatório. A Rio Motorpark, empresa que seria responsável pela construção do empreendimento, havia contratado uma empresa para levantar o relatório do Estudo de Impacto Ambiental, documento imprescindível para se saber se determinada obra irá prejudicar ou não o local onde será erguida. Mas daí que na verificação do MP sobre o documento, após análise do órgão, foram encontradas diversas informações falsas, além de várias informações omitidas. Inconsistências nas análises das alternativas locacionais, ausência de exame detalhado da hidrografia e do apontamento sobre a existência de Área de Preservação Permanente, além de falta de informações claras sobre os impactos socioeconômicos da obra no local. Órgãos ligados à proteção ambiental e combate ao crime organizado resolveram questionar o relatório, que só poderia terminar do jeito que terminou, com denúncia dos envolvidos pelo MP, comprovando a má fé dos interessados em erguer a obra, fosse do jeito que fosse. Um projeto que já não mostrava muito crédito, e que se vê, a cada dia, mais irregularidades e maracutaias no projeto, que felizmente, desta vez, não conseguiu ir adiante, mostrando que ainda dá para ter um pouco de esperanço no nosso país. O Rio de Janeiro merece ter um novo autódromo, mas que se façam os procedimentos corretos, e não se cometa picaretagens que só trazem prejuízos e descrédito ao Estado do Rio de Janeiro...

 

Tricampeã Techeetah fora da Formula-E 2023: A equipe Techeetah não estará no grid da categoria de carros monopostos elétricos na próxima temporada. Com situação financeira complicada, o time que já venceu três campeonatos no certame já vinha tendo problemas desde 2020, mas parte das dívidas acabou encampada pela parceira DS, fornecedora dos trens de força utilizados pela escuderia. Mas a situação foi se tornando insustentável, e a DS mudou-se para o time da Dragon Penske no próximo ano, levando inclusive o bicampeão Jean-Éric Vergne para o novo time. Sem conseguir encontrar novos patrocinadores para bancar a nova temporada, os diretores da escuderia optaram por não disputar o campeonato do próximo ano, tentando viabilizar o retorno do time na temporada de 2024, em melhores condições. Finda a temporada de 2022, a escuderia estava sem pilotos, sem trem de força, e praticamente sem patrocinadores, apesar de ter feito uma temporada bem razoável, onde Vergne quase disputou novamente o título, graças a uma grande regularidade. O desfalque da Techeetah faz o grid da F-E encolher novamente, voltando a 22 carros, e a situação só não é pior porque o certame ainda estará tendo o retorno da ABT, equipe que era o time oficial da Audi na competição, e que estava ausente desde a saída da marca alemã da F-E. Resta saber se a Techeetah conseguirá viabilizar o seu retorno em 2024, ou se a escuderia terá dito adeus em definitivo de suas atividades de competição.

 

Temporada da W Series encerrada antes por falta de recursos: A W Series, categoria de monopostos disputada apenas por pilotos mulheres, teve de encerrar antecipadamente a sua temporada de 2022, programada para ter ainda uma prova nos Estados Unidos, e uma rodada dupla no México, acompanhando as etapas da F-1, por falta de recursos, uma vez que um patrocinador não entrou com o dinheiro necessário para que a categoria conseguisse cobrir os gastos para realizar as provas finais, sendo que a própria temporada já teria um prejuízo de US$ 45 milhões até o presente momento. Criada para ser uma alternativa viável às garotas de competir no automobilismo, a temporada de 2022 foi o terceiro ano de competição da W Series, que teve seu primeiro campeonato realizado em 2019. No ano de 2020, o certame acabou suspenso devido aos problemas da pandemia da Covid-19, retornando apenas no ano passado. Todas as três temporadas tiveram a inglesa Jamie Chadwick como campeã, sendo que neste ano a jovem venceu 5 das 7 corridas realizadas. Agora, a categoria tenta se reorganizar para retornar em 2023, procurando ver se conseguir disputar as provas europeias, junto com a F-1, uma vez que os gastos de transporte no Velho Continente seriam mais razoáveis. Lewis Hamilton saiu em defesa da categoria, cobrando melhor apoio da FIA para o certame, que também precisa de melhor apoio da F-1 para a disputa junto às corridas da categoria máxima do automobilismo na Europa, de modo a tornar a categoria mais viável e atrativa para o público. Resta saber se terá como ser viabilizada a temporada de 2023...