sexta-feira, 28 de setembro de 2012

PROVAS NA BERLINDA



            A Fórmula 1 já anunciou seu pré-calendário para o campeonato de 2013. A intenção é contar com 20 corridas, tal qual este ano. Mas um ponto que coloca o calendário em dúvida é o número de corridas que ainda precisam de confirmação. Das 20 provas anunciadas, nada menos do que 4 podiam não acontecer. E isso pode ser apenas o princípio...
            A novidade do novo calendário é a nova prova “Leste” dos Estados Unidos, marcada para ser disputada nas ruas de Nova Jérsei, ao lado de Nova Iorque. A prova tem data para o dia 16 de junho, uma semana após o GP do Canadá, bem ali pelas imediações, o que ajudaria a cortar custos de transporte. Mas nestes últimos dias, Bernie Ecclestone andou divulgando que os promotores da corrida não conseguiram cumprir com todos os requisitos solicitados, e a prova está oficialmente sem contrato. Pode ser verdade, ou na prática, o velho Bernie está botando pressão para que as coisas andem mais rápido. Basta lembrar que a corrida em Austin estava a perigo meses atrás, e hoje, olhando o estágio das obras do circuito no Texas, praticamente em fase final de conclusão, depois de enfrentar rolos relacionados ao financiamento da construção do novo circuito, os riscos da outra corrida americana darem zebra são menores. Austin, inclusive, já foi aprovado por Charlie Whiting, e está pronto para receber a categoria máxima do automobilismo em novembro, uma semana antes do GP do Brasil.
            A prova seguinte na berlinda é nada menos que a da Alemanha. O grupo administrador de Nurburgring faliu há poucos meses, e apesar do governo alemão ter conseguido aprovar um aporte de recursos para manter a corrida de F-1, ninguém sabe se isso será o bastante para garantir a corrida. Hockenhein já foi sondado, e os administradores do circuito dizem que, nas taxas cobradas atualmente, não dá para agüentar o tranco todos os anos. Só de dois em dois anos, e olhem lá. E ficar sem sua corrida no calendário pegaria mal para o país que tem vários pilotos no grid, uma escuderia e, estatisticamente, ser onde mais se investe na categoria atualmente. Mas as chances de a Alemanha seguir o destino da França, que já perdeu sua prova, mesmo sendo o país que tinha um time e um grande fabricante de motores (Renault) são grandes.
            Cingapura estava a perigo, mas neste último final de semana, chegaram a um acordo, e Marina Bay está garantida no calendário por pelo menos mais 5 temporadas. Mas a renovação veio quase na “prorrogação” das negociações, e quando todo o circo da F-1 chegou a Cingapura na semana passada, já era quase consenso que estávamos para ver a prova pela última vez na cidade-Estado do sudeste asiático. Quando o pré-calendário foi divulgado, na semana passada, Cingapura estava mesmo sem confirmação.
            A Coréia do Sul também pode ficar sem sua corrida. O circuito de Yeongam até agora não conseguiu cumprir o seu papel, de fomentar o desenvolvimento da região onde foi construído, e estar longe do principal centro urbano do país (Seul) também não ajudou a incrementar o público na pista em suas duas edições disputadas até agora. Isso sem falar que os sul-coreanos começam a reclamar das altas taxas para sediar a prova. Aliás, o valor das taxas também complica as coisas na Austrália. Os organizadores querem pagar menos, e já se queixaram também da mudança no horário da corrida, promovida por Ecclestone para ficar mais acessível na transmissão de TV para a Europa. Bernie, contudo, quer mais, como tornar a corrida noturna, o que é rechaçado pelos organizadores. A corrida australiana abre o campeonato e está garantida, mas entra ano, sai ano, e a queda de braço entra FOM e organização da prova segue com novas discussões. O clima já foi mais ameno entre ambos. E a Ministra do Turismo australiano, Louise Asher, já falou que a corrida está cara demais, e só este ano, o governo australiano gastou cerca de US$ 56 milhões com a prova. Se os valores das taxas não caírem, o que vai subir será o preço dos ingressos, para tentar compensar parte do gasto, que na opinião da ministra, está lesando os contribuintes do país.
            E falando em clima ameno, os indianos também já se deram conta de que a brincadeira de Ecclestone está sendo mais cara do que pensavam. A corrida da Índia, assim como a da Austrália, está firme no calendário do ano que vem, mas os promotores já querem discutir as taxas de manutenção da prova, e olhe que a corrida estreou no ano passado. E o calendário mostra que Valência dançou mesmo, dando lugar para a nova corrida americana.
            Ecclestone parece não estar muito preocupado com estas corridas que podem cair fora. Na sua lista de “espera”, a Rússia quer o seu GP, e conversas de bastidores dizem que o México está querendo voltar ao calendário o quanto antes. A França quer voltar, mas o governo francês já bateu o pé dizendo que não haverá verba pública para a realização da corrida. Ainda assim, há dois potenciais candidatos a novas corridas, que aparentemente não estão muito preocupados, pelo menos por agora, com a viabilidade de se alocar recursos para garantir as provas, o que indica que a FOM pode até ter facilidades se alguma das provas em dúvida pedir baixa do calendário. E nem mencionei na conta a Tailândia, que também quer realizar uma corrida noturna nos moldes do que é feito em Cingapura...
            Mas Ecclestone precisa começar a tomar cuidado. O estado da economia mundial não é mais o mesmo, e está cada vez mais raro encontrar quem queira ter uma corrida de F-1 bancando o valor pedido pela FOM. Não foi por acaso que Ecclestone bateu o pé para ter o Bahrein de volta no calendário, mesmo com o clima de agitação popular vivido pelo pequeno país no Oriente Médio. A família real barenita sempre pagou sem pestanejar todos os valores exigidos pelo chefão da F-1, assim como o pessoal dos Emirados Árabes. Portanto, no que depender de Bernie, a F-1 correrá por lá todo ano, até mais de uma vez, se eles quiserem – e continuarem pagando sem pensar duas vezes.
            Das novas provas, contudo, o índice já indica problemas: a Turquia já caiu fora; Valência se despediu este ano. Em 2013, pode ser a vez da Coréia do Sul. Cingapura escapou por pouco, mas ninguém pode garantir sua renovação depois destes próximos 5 anos. Índia e China não estão empolgados com suas corridas. As provas americanas, até prova em contrário, ainda não dão garantias: Austin estréia este ano, mas e Nova Jérsei? E, mesmo depois de estrearem, vão vingar? Os norte-americanos curtem muito mais suas categorias, como a Nascar, e a F-1 por lá, pelo menos depois de meados dos anos 1980, nunca despertaram muita paixão no publico estadunidense, mesmo aquele fanático por corridas.
            E, dentre as provas ditas “garantidas”, ainda não podemos esquecer que a Espanha enfrenta grave crise econômica. Valência pulou fora, mas isso não significa que Barcelona, sede do GP espanhol desde 1991, continue firme no calendário. Não fosse a “Alonsomania”, muito provavelmente os espanhóis já teriam dado olé à F-1, pois a manutenção da prova está pesando no bolso do público, que está fazendo protestos por várias cidades devido à crise da economia. Se Fernando Alonso não estivesse em seu melhor momento, seria simples acabar com a corrida. Até porque o circuito da Catalunha mais do que cumpriu seu objetivo: desenvolveu toda a área das imediações, que até a criação da pista, nada tinha de relevante, e hoje é uma zona desenvolvida, graças à presença do autódromo.
            Todos na F-1 concordam que é preciso diminuir os gastos. Equipes e dirigentes concordam nisso. Mas daí a partir para alguma atitude, bem, é mais complicado. Bernie Ecclestone, por sua vez, pode até admitir que seus preços são fora da realidade. Mas, enquanto alguém estiver disposto a pagar seu preço, o cartola não terá motivos para dar o braço a torcer. E, infelizmente, ainda tem gente suficiente para embarcar nessa sem pestanejar...


Michael Schumacher vai perder 10 posições no grid do GP do Japão pelo acidente que provocou em Cingapura, quando atropelou Jean-Éric Vergne, tirando ambos da corrida, mas felizmente sem ferimentos para os dois pilotos. No ano passado, Schumacher também bateu forte durante a corrida de Cingapura, quando colidiu com Sérgio Perez. Dizem que o heptacampeão deve parar de vez no fim do ano, mas ainda não há nada definido...

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – SETEMBRO DE 2012



            Mais um mês está indo embora, e chegou a hora de apresentar a COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA de setembro, avaliando alguns dos acontecimentos das últimas semanas no mundo da velocidade. Rotineiramente, o mesmo esquema: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a Cotação do mês que vem...




EM ALTA:

Fernando Alonso: O piloto espanhol vem mostrando que, além de competência, está com uma sorte danada neste campeonato. Se teve o azar de ser colhido no acidente provocado por Romain Grossjean em Spa-Francorchamps e pela primeira vez em 23 corridas, deixou de pontuar, não deixou escapar as chances que surgiram em Monza e Cingapura, pra não mencionar que ainda viu seus principais rivais na luta pelo título, Lewis Hamilton e Sebastian Vettel, ficarem pelo caminho prova sim, prova não. E as corridas vão passando, e a vantagem de Alonso, atualmente em 29 pontos, continua relativamente alta. Nesse ritmo, o espanhol deve ser tricampeão finalmente.

Ryan Hunter-Reay: O piloto da equipe Andretti Autosport conquistou o título de 2012 da Indy Racing League, derrotando Will Power numa prova dramática em Fontana, onde apesar do abandono do rival, sempre precisou ir buscar posições para terminar a classificação à frente, e conseguiu. Foi o piloto que mais venceu na temporada, com 4 triunfos, e soube liderar seu time na luta pelo campeonato, quando obteve 3 vitórias consecutivas a meio da temporada, mostrando a Will Power que ele teria de fato um rival forte na disputa pelo título da categoria. Mas, ao contrário do rival australiano, Ryan soube aproveitar suas chances onde Power era mais fraco, os circuitos ovais, em Milwaulee e Iwoa, sem descuidar das provas em pistar mistas/urbanas, como Toronto e Baltimore. Uma década após estrear na F-Indy, em 2003, pela equipe de Stefan Johnsson, Hunter-Reay finalmente se consagra agora na IRL, e pode ser considerado desde já o principal postulante ao título de 2013.

Andretti Autosport: O time de Michael Andretti conseguiu voltar a disputar o título da IRL, depois de andar em baixa nas últimas temporadas, tendo ficado à sombra da disputa entre Ganassi e Penske pelos campeonatos dos últimos 4 anos. O time não foi o que mais venceu, mas soube aproveitar o suficiente do novo chassi DW12 da Dallara pra dar a seus pilotos um equipamento sempre competitivo na maioria das provas, embora apenas Ryan Hunter-Reay tenha de fato aproveitado este potencial, com seus dois outros pilotos, James Hinchcliffe e Marco Andretti, a serem apenas figurantes no campeonato, apresentando apenas um ou outro bom resultado. O título, que desde 2007 não era conquistado pelo time, resgata o respeito do time de Michael Andretti, que com certeza terá o grande desafio de manter-se novamente como campeão na próxima temporada da Indy Racing League, onde com certeza os rivais mais fortes, como Penske e Ganassi, voltarão a complicar as coisas...

Sérgio Perez: o intrépido piloto mexicano deu show na pista de Monza, largando a meio do grid para terminar numa belíssima 2ª posição e até com o líder Lewis Hamilton na alça de mira. Pérez mandou seu recado, e bem na frente da torcida da Ferrari, que gostaria muito de vê-lo em um dos carros vermelhos, posição que, entretanto, não é compartilhada pelo “cappo” Lucca de Montezemolo, que ainda insiste em classificar o mexicano de “imaturo” e “inexperiente”. Mas a cada dia ganha força a tese de que o principal motivo é que, em Monza, ele fez algo que seria considerado “inconveniente” para o time vermelho: ultrapassar e superar Fernando Alonso na pista, chegando à frente do espanhol. Não seria por acaso que Alonso cada vez mais defende a permanência de Felipe Massa no time de Maranello. E só o fato de ter havido um rumor de que Perez chegou a ser cogitado pela McLaren para o lugar de Lewis Hamilton já dá uma amostra de que o mexicano já está fazendo por merecer uma chance em um carro melhor. Mas, na Ferrari, um certo espanhol não estaria vendo isso com bons olhos...

Valentino Rossi: Com contrato firmado com a Yamaha para os próximos dois anos, o “Doutor” mostrou na etapa de Misano que ainda pode ter muita lenha para queimar na MotoGP, ao conseguir um espetacular 2° lugar na corrida de San Marino, seu melhor resultado na temporada até agora. Rossi é o 6° colocado no campeonato, com 120 pontos, e com 5 provas ainda pela frente, sua meta é terminar pelo menos entre os 5 primeiros no campeonato, e mostrar que no ano que vem poderá ter mesmo um duelo titânico com Jorge Lorenzo no time japonês. A tarefa de Rossi não é muito complicada: o 5° posto no campeonato, a esta altura, é do britânico Cal Crutchlow, que está apenas 2 pontos à frente do italiano. Para terminar mais adiante, a tarefa já será mais complicada: Andrea Dovizioso, o 4° colocado, tem 163 pontos...



NA MESMA:

Equipe Penske: O time de Roger Penske ficou mais um ano na fila do campeonato da IRL, perdendo novamente o título de pilotos. Se nos últimos anos a grande rival foi a Ganassi, este ano a pedra no sapato de Roger foi a Andretti Autosport. Com isso, em praticamente 1 década competindo na Indy Racing League, a Penske tem até agora somente 1 título, conquistado em 2006 por Sam Hornish Jr. O único consolo foi que a Penske foi o time que mais venceu no ano: foram 6 vitórias, 3 com Will Power, 2 com Hélio Castro Neves, e 1 com Ryan Briscoe. Para 2013, o time deve reduzir sua força, competindo com apenas 2 pilotos. Power e Helinho já estão confirmados. Ainda pode haver um 3º carro, mas quanto a ele, nada está definido.

Campeonato da Indy Racing League: Era para ser um ano de recomeço: novo chassi, novos motores, novos fabricantes, alguns novos pilotos, e algumas novas corridas. Acabou sendo mais do mesmo: apesar da disputa ter sido decidida apenas na última corrida, o campeonato teve uma prova cancelada (China), um fabricante de motor que deu vexame (Lótus), e os times não ficaram exatamente empolgados com o novo carro. Para piorar, o público em algumas etapas, como na decisão, em Fontana, foi pífio, e para variar, a transmissão da categoria aqui no Brasil foi a lastimável de sempre, com a Bandeirantes a testar a paciência dos telespectadores e fãs com aquele esquema roleta-russa de transmissão, passando corrida ora no canal aberto, ora no canal fechado. E algumas pistas utilizadas este ano estiveram abaixo da crítica, como Detroit e Baltimore. De positivo mesmo, foi a transmissão nos Estados Unidos, que voltou a ter as provas em canal aberto praticamente durante todo o campeonato, pela rede ABC, o que serviu para dar um incremento na audiência. Mas a categoria ainda vai precisar dar muito duro para conquistar o charme e prestígio da antiga F-Indy.

Brasileiros na IRL: Nossos pilotos na categoria só não passaram em branco este ano porque Hélio Castro Neves venceu duas corridas e esteve em boa parte do ano com chances de lutar pelo título, correndo pela poderosa Penske. Mas Helinho acabou apenas em 4º no campeonato. Já Tony Kanaan sofreu com a queda de performance e confusões de estratégias da KV em boa parte das corridas, ficando apenas na 9ª posição no campeonato. Estreando na categoria, Rubens Barrichello logo de cara viu que a parada seria mais dura do que o imaginado, e também sofreu com os percalços da KV, terminando apenas em 12º lugar. Bia Figueiredo competiu apenas em duas corridas, e apesar de ter mostrado potencial, faltou patrocínio para correr o campeonato. E Bruno Junqueira, correndo apenas em Baltimore, não conseguiu mostrar nada. Melhor sorte em 2013. Até hoje, conquistamos apenas 1 título na categoria, em 2004, com Tony Kanaan.

Lewis Hamilton: o campeão de 2008 parecia ter mostrado que este ano manteria mais o foco na competição, sendo um piloto mais difícil de bater, sem arrumar confusões na pista. De fato, dentro da pista, Hamilton tem evitado confusões, e pilotado com muita garra e determinação. Fora da pista, contudo, ainda está criando muita conversa, agora sobre sua renovação com a McLaren, e dando até mostras de que pode ir para outro time, criando uma tensão desnecessária com a equipe em um momento crucial do campeonato. Pegou mal também ter divulgado dados da telemetria de seu carro sem consentimento da equipe, tentando justificar ter perdido a classificação na Bélgica para Jenson Button. Guiou com muita garra e determinação em Monza e Cingapura, mas nesta última, um defeito no carro o tirou da corrida, talvez da disputa pelo título, e talvez até mesmo da McLaren, que começa a dar sinais de impaciência com as estripulias de seu pupilo. Hamilton parece novamente se achar mais importante do que é, e isso pode ser prejudicial à sua carreira. Vamos ver como ele se comporta no restante do campeonato. Mudar para outro time seria um risco, pois no momento, não há vagas em nenhum time melhor do que a McLaren.

Automobilismo no Brasil: Quando se tenta erguer a fama das corridas de automóvel no nosso país, parece que surgem mais problemas do que se imaginava, ou o problema é o público praticamente não aparecer. As 6 Horas de São Paulo, prova do Mundial de Endurance criado este ano pela FIA, trouxe a São Paulo os carros que disputaram as 24 Horas de Le Mans, e o fim de semana teve uma intensa programação para satisfazer a todos os fãs da velocidade e fazer do evento uma diversão para toda a família. Émerson Fittipaldi, promotor da etapa, fez o que podia e mais um pouco para divulgar a corrida, e o público, lamentavelmente, foi muito pequeno. Ao mesmo tempo, dizem que as vendas de ingressos para o GP Brasil de F-1 continuam firmes, o que deve presumir que Interlagos estará cheio novamente para a corrida. Parece que para o brasileiro comum, automobilismo é apenas F-1, e nada mais. Existe vida fora da F-1 no automobilismo, e o novo campeonato do WEC é uma prova disso. Mesmo com uma competição de renome, o grande público parece difícil de se agradar. E já temos problemas sobrando com a turma da CBA, que não ajuda em nada, e com autódromos que precisam e muito ser revitalizados em nosso país, a exemplo do que foi feito em Cascavel, onde as provas da Truck e Stock encheram a pista de fãs da velocidade.



EM BAIXA:

Will Power: Pelo terceiro ano consecutivo, o piloto australiano foi o principal postulante ao título da equipe Penske, e novamente pelo terceiro ano consecutivo, acabou perdendo o caneco na última corrida, justamente um circuito oval. É o terceiro vice-campeonato consecutivo de Power, que nos dois últimos anos perdeu a disputa para o escocês Dario Franchiti, e neste ano, para Ryan Hunter-Reay. Enquanto não solucionar sua falta de performance nos circuitos ovais, será um ponto fraco crucial a ser explorado pelos rivais, não importa quais forem na luta pelo título. Melhor sorte em 2013...

Pastor Maldonado: O piloto venezuelano conseguiu tomar 3 punições durante o final de semana do Grande Prêmio da Bélgica, e resolveu ser um pouco mais cuidadoso nas etapas de Monza e Cingapura. O problema é que, mesmo sem se envolver em confusões nas últimas duas provas, Maldonado não conseguiu quebrar o tabu de ficar sem pontuar desde sua vitória na Espanha, em maio. Em Monza, a punição de 10 posições no grid comprometeu sua corrida; e em Cingapura, depois de uma classificação fabulosa, largando na 1ª fila, apesar de ter perdido posições na largada, vinha firme para conseguir seu melhor resultado depois de Barcelona até sofrer um enguiço no sistema hidráulico de seu carro, que o obrigou a abandonar. A fase não anda muito boa, apesar das performances...

KV Racing: a equipe de Kevin Kalkhoven e Jimmy Vasser andou para trás em 2012. Depois do surpreendente desempenho obtido no ano passado com Tony Kanaan, que mesmo tendo chegado ao time às vésperas de iniciar-se o campeonato, promoveu um grande incremento nos resultados do time, obtendo performances que quase lhe permitiram entrar na luta pelo título, era esperado que a escuderia se mostrasse mais coesa e organizada para este ano. O novo chassi era desconhecido para todos, e o time ainda obteve os serviços de Rubens Barrichello, que depois de 19 anos competindo na F-1, chegava à categoria, com inegável bagagem técnica que sem dúvida seria muito valiosa. Mas o que se viu foi o time cometer erros crassos nas estratégias de muitas corridas, derrubando seus pilotos de posições muito boas em algumas etapas. A estrutura do time, que deveria ter crescido do ano passado para cá, na verdade encolheu, e isso comprometeu a capacidade de desenvolvimento do novo carro. Tony Kanaan ainda conseguiu tirar leite de pedra em algumas corridas, enquanto Rubens Barrichello penou para se adaptar à categoria, tendo feito inclusive algumas provas abaixo de sua capacidade, enquanto de Ernesto Viso só poderia se esperar que não se metesse em confusões. Para 2013, a KV deve focar seus esforços apenas em Tony Kanaan, o que deve permitir algum crescimento a nível de performance. Mas, ao mesmo tempo, é um sinal de que a equipe encolheu, e não cresceu em termos qualitativos.

Equipe Williams: O time de Sir Frank está melhor este ano em termos de performance, mas em resultados, a situação ainda deixa a desejar. Tirando a pole e vitória de Maldonado em Barcelona, a escuderia não conseguiu mais nenhum resultado de monta, além de pontos pingados de Bruno Senna na maioria das corridas, enquanto o venezuelano se envolveu em diversas confusões e perdeu várias oportunidades de pontuar. E, quando não houve encrenca com Pastor, o carro o deixou na mão, como em Cingapura, onde teria terminado entre os primeiros se não fosse um problema hidráulico que forçou o abandono do venezuelano, quanto o Kers de Bruno encrencou com seu carro. A Williams tem muito mais pontos este ano do que os obtidos em 2011, mas na tabela de classificação, só está uma posição acima da do ano passado, ganhando apenas da Toro Rosso e das equipes nanicas. Nas últimas corridas, perdeu posição para a Force Índia, e já não tem a mínima esperança de alcançar a Sauber, que está muito à frente. Na classificação de pilotos, a mesma situação, com Maldonado e Bruno à frente apenas da dupla da Toro Rosso. Os pilotos da Hispania, Marussia e Caterham até agora não conseguiram pontuar na F-1.

Michael Schumacher: o heptacampeão causou um novo acidente na pista, e pelo segundo ano consecutivo, bateu durante a corrida em Cingapura, desta vez levando junto com ele o piloto da Toro Rosso, Jean-Éric Vergne, em uma batida onde ambos os carros ficaram bem danificados, mas felizmente sem ferimentos para ambos os pilotos. Já é também a segunda batida por trás que dá no ano, lembrando-se que em Barcelona Michael atingiu Bruno Senna no final da reta dos boxes, chegando a chamar o brasileiro de “idiota”. Desta vez, Michael assumiu a culpa, e mesmo assim, perderá 10 posições no grid do GP do Japão pelo ocorrido. Embora ainda diga que tem planos de disputar o campeonato de 2013, crescem os rumores de que Michael se aposente definitivamente no fim deste ano. A Mercedes parece não ter mais o mesmo entusiasmo em mantê-lo, e pipocaram boatos de que o time alemão fez uma oferta vultuosa para tirar Lewis Hamilton da McLaren, que assumiria o lugar de Schumacher. A se confirmar a sua segunda saída da F-1, desta vez em definitivo, ficará ainda mais patente que o retorno de Michael à categoria acabou sendo um fracasso, pois em todos os anos, seus resultados ficaram muito a dever na pista, ofuscado quase sempre por Nico Rosberg, que conseguiu até agora a única vitória do time, este ano, na China, em que pese também os carros produzidos pela marca alemã nunca terem estado ao nível de serem vencedores ou disputarem o título.

 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

POWER NA TRAVE NOVAMENTE



            A decisão do título da Indy Racing League, sábado passado, em Fontana, mais uma vez deixou o australiano Will Power na fila de espera. O piloto da equipe Penske chegou à etapa final do certame deste ano com 17 pontos de vantagem para seu único adversário ainda em condições de tirar-lhe o título, o americano Ryan Hunter-Reay, da Andretti. Todo mundo já começava a se perguntar, desde o início dos treinos, se dessa vez Power desencavalhava, ou se continuaria na fila. A vitória premiaria a persistência do australiano, que desde que chegou à equipe de Roger Penske, virou um dos principais nomes da categoria, tendo deixado os demais pilotos do time em sua sombra, incluindo aí o brasileiro Hélio Castro Neves, tricampeão da Indy500. Uma derrota, contudo, significaria a continuação de uma “maldição” do piloto, que agora acumula três vice-campeonatos consecutivos. E a Penske, mais uma vez, fica sem conquistar o título, feito que conseguiu apenas em 2006 com Sam Hornish Jr.
            Apesar da vantagem na classificação, tudo já indicava que a decisão poderia ser dramática, e Will já entrava na pista em desvantagem pelo seu retrospecto: Fontana é uma pista oval, um tipo de circuito onde Power nunca conseguiu mostrar a desenvoltura com que guia nos circuitos mistos e urbanos. Para complicar ainda mais a situação, a pista do Autoclub Speedway é um oval gigante, categoria superspeedway, e a direção da categoria elevou a prova para a duração de 500 milhas, dando mais charme, e porque não, imprevisibilidade, à corrida derradeira do campeonato. A corrida começou ainda sob a luz do Sol, para terminar à noite. Corridas de 500 milhas costumam ser uma loteria, onde não basta apenas ser rápido, é preciso ser constante, e contar com a sorte para sobreviver à longa prova, que costuma castigar pilotos e equipamentos.
            O grid da prova já teve um festival de punições por troca de motor, jogando vários pilotos para o fim do grid, Power e Hunter-Reay inclusos. O americano ficou pior do que Power (13ª lugar), tendo de largar da 22ª posição. Mas numa prova de 500 milhas, a posição de largada não costuma ser decisiva, e lá pelas tantas, Ryan já estava à frente de Power na corrida, ainda que em posições de metade do grid para trás. O australiano seguia logo atrás, e bastava fazer marcação em cima do piloto da Andretti para faturar o caneco. Mas Power resolveu tentar ganhar posições, e acabou cometendo o erro que o levou direto ao muro. Fim de corrida e das chances de título? Ainda não.
            A prova ainda estava em curso, e a vantagem de pontuação de Power implicava que Hunter-Reay precisava chegar entre os primeiros para levar o campeonato. E, aos poucos, ele foi conseguindo chegar ao pelotão da frente. Nos boxes, os mecânicos da Penske trabalharam como nunca para recolocar Power na corrida, mesmo que para dar poucas voltas e ganhar mais uma posição, a fim de garantir mais alguns pontos. Conseguiram, e Will voltou à pista, ainda que em ritmo mais lento, para garantir mais alguns pontos, antes de abandonar de vez. Ryan agora precisaria no mínimo de um 5° posto para faturar o caneco.
            A menos de 10 voltas para o fim, o acidente de Tony Kanaan ajudou a deixar o clima mais conturbado: foi dada bandeira vermelha, decisão tomada pela direção de prova para que o campeonato não terminasse em bandeira amarela. Ryan era 3°, posição que lhe garantia o título, mas tudo poderia acontecer numa relargada. Depois que a pista foi limpa e todos voltaram para as voltas finais, Ryan de fato ainda perdeu posições, mas foi atrás de recuperar o prejuízo, e novamente Takuma Sato partiu para o tudo ou nada nas voltas finais de uma corrida de 500 milhas; e assim como aconteceu em Indianápolis, o japonês da equipe Rahal novamente foi para o muro, desta vez forçando a corrida a terminar em bandeira amarela. Com o 4° lugar, Ryan Hunter-Reay conquistou seu primeiro título na categoria. E Power, mais uma vez, ficou na fila.
            Ninguém pode dizer que Hunter-Reay não mereceu o título: foi o piloto mais constante do ano, e o que mais venceu, com 4 vitórias. Power teve seu melhor momento no início do campeonato, ao vencer 3 corridas consecutivas (Alabama, Long Beach, e Brasil), mas ficou nisso, embora tenha mantido uma boa regularidade também, nunca deixando de ficar abaixo das posições cimeiras da classificação. Ryan acumulou 468 pontos, conta 465 de Power. Scott Dixon, recuperando-se no certame, faturou a 3ª posição, com 435 pontos. Hélio Castro Neves fez uma boa temporada, mas vacilou em algumas corridas, terminando o ano na 4ª posição, com 431 pontos. Tony Kanaan, em seu segundo ano na KV, foi menos afortunado do que em 2011: apenas 9° lugar, com 351 pontos. Já Rubens Barrichello, em seu primeiro ano, sofreu para entrar nos eixos da nova categoria que escolheu, terminando o ano em 12° lugar, com 289 pontos. Bia Figueiredo, que participou apenas de duas corridas, foi a 29°, e Bruno Junqueira, que correu apenas uma prova, o 35° e último colocado.
            Certamente Will Power terá nova chance no ano que vem. Mas o australiano precisa melhorar o seu ponto fraco, que são os circuitos ovais. Apesar de não possuir a mesma diversidade técnica da F-Indy original, a IRL agrega um calendário de pistas com vários estilos. Se Power consegue mostrar domínio nos mistos e pistas urbanas, nos ovais seu desempenho não tem melhorado desde que entrou para a Penske. Protagonista permanente nos circuitos de rua e mistos, nos ovais Power praticamente some em determinados momentos da corrida, e nas duas corridas de 500 milhas disputadas este ano, ele praticamente bateu em ambas. No Texas, foi apenas o 8° colocado; e em Milwaukee, somente o 12°. Em Iwoa, mais um abandono em pista oval. É preciso saber equilibrar as performances nos diversos tipos de pista, e se não melhorar nos ovais, Power precisará de um desempenho demolidor nas corridas de rua e em autódromos, do contrário, vai ser difícil conquistar o título.
            Para 2013, embora ainda em negociações, o campeonato deve ganhar mais uma ou duas provas em ovais, que foram minoria este ano. Pocono, um superspeedway trioval, é uma das pistas ovais cotadas para estrear na competição. Homestead, e até Madison, podem entrar no certame, o que teoricamente já significa mais complicação para o piloto australiano. Power ainda goza de muito prestígio na Penske, e não é este vice-campeonato que vai minar a confiança que o time tem em seu piloto, tanto que Power já estava com contrato renovado com o time há tempos para a próxima temporada, enquanto Hélio Castro Neves só recentemente ganhou sua renovação para 2013. A boa notícia para Power é que Hunter-Reay recusou o contrato oferecido por Roger Penske para assumir o carro que foi de Ryan Briscoe nos últimos anos, e renovou com o time de Michael Andretti pelas próximas duas temporadas. Ter o atual campeão da categoria na garagem ao lado poderia ter um efeito moral bem ruim para Power na próxima temporada.
            Mas Power não pode baixar a guarda, pois Hélio Castro Neves, que ficou na sombra do australiano durante os últimos 3 anos, pode desembestar no ano que vem, e ser um oponente ainda mais perigoso do que Power, até por contar com o mesmo time que ele. De qualquer maneira, o australiano vai precisar manter a cabeça fria e focada para esquecer estas decisões dos últimos 3 anos. Power bateu na trave novamente, ou melhor, no muro. Se continuar assim por mais um ano, talvez aí isso comece a afetar sua imagem de piloto vencedor, pelo fato de “amarelar” nos momentos decisivos.
            A Indy agora tem um longo intervalo até o ano que vem. Mais à frente, farei um balanço do campeonato deste ano aqui na coluna, pesando alguns prós e contras do certame de 2012. Até lá, então...


A F-1 entra hoje na pista das ruas de Cingapura para sua corrida mais excêntrica do ano: o Grande Prêmio de Cingapura, única prova noturna da categoria. Será que a McLaren mantém o domínio que exibe desde a Hungria? A conferir...

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – FEVEREIRO DE 1996 – 02.02.1996



            Um bom dia a todos, e eis mais uma antiga coluna, a primeira que escrevi em fevereiro de 1996, abordando o início do campeonato daquele ano da Indy Racing League, que começava ali o seu primeiro campeonato, início de uma briga promovida por Tony George contra a CART por discordar dos rumos da categoria e, também, para querer maiores poderes dentro da organização. Com isso, ele tirou a Indy500, prova de seu autódromo, Indianápolis, do campeonato, utilizando como trunfo para alavancar a IRL. Nem é preciso dizer que, pelo menos por uns 6 anos, a ameaça dele foi pífia, pois a CART seguiu firme e forte, mesmo sem as 500 milhas mais famosas de sua história. Uma pena que, na década seguinte, as conseqüências do racha promovido pela birra de George tenham finamente frutificado e a F-Indy tenha realmente acabado. O bom nessa história é que George perdeu a direção da Indy500 e seu próprio campeonato, pois a direção da IRL o destituiu do comando.
            Mas o estrago maior já tinha sido feito, e hoje, a IRL não consegue chegar aos pés do que a F-Indy um dia foi. Uma boa leitura, e relembrem um pouco como tudo começou...



INDY VS INDY

Adriano de Avance Moreno

            No último fim de semana, teve início o campeonato paralelo da Indy, chamado de Indy Racing League, a IRL, ou Liga de Corridas Indy, em português, criada por Tony George em 95. A corrida, que foi disputada em um circuito oval montado no parque da Disney, na Flórida, teve um bom público, de cerca de 50 mil pessoas, e uma corrida emocionante, vencida por Buzz Culkins, depois de um renhido duelo com Tony Stewart. A 3ª posição ficou com Robbie Buhl, enquanto Michele Alboreto, ex-piloto de F-1, terminou em 4º. Apenas 20 carros largaram, e só 9 receberam a bandeirada. Apesar da emoção da corrida, a organização estava péssima, e com lances perigosos. Um exemplo foi a forte batida entre Eddie Cheever e Scott Sharp: o carro de socorro entrou na pista e, por pouco, não colidiu com outros carros em alta velocidade, o que teria resultado em um seríssimo acidente. Os pit stops foram lentos demais, e o nível técnico dos carros também deixou a desejar.
            A partir de março, a IRL irá disputar o espaço com o tradicional campeonato da F-Indy. A CART, organizadora do campeonato da Indy, manteve firme sua opção de continuar com seu calendário e organização nos moldes atuais. A crescente internacionalização da Indy há algum tempo já vinha desagradando o proprietário do Indianápolis Motor Speedway, que queria mais poder nas decisões da CART, e barrar a internacionalização da categoria, alegando que o campeonato da Indy deveria ficar restrito somente aos EUA, e aos circuitos ovais, ao contrário do que acontece atualmente. Descontente com a posição da CART de manter os padrões atuais do campeonato, Tony George resolveu criar sua própria liga e campeonato, que chamou de IRL, utilizando como principal trunfo as 500 Milhas de Indianápolis, única prova do campeonato que não pertence à CART. E, para mostrar que não era uma mera ameaça, o que começou no último domingo irá terminar só daqui a alguns meses, e depois de mais ou menos 5 ou 6 provas, todas em circuitos ovais, tendo como grande atração as 500 Milhas de Indinápolis. George quer esvaziar o campeonato da Indy, alegando que ele não tem a mesma força sem sua mais tradicional corrida. E já tem mais um trunfo a comemorar: a audiência registrada na corrida de estréia, na Flórida, teve uma participação maior na TV do que a F-Indy tradicional.
            Pelo seu lado, a CART diz que não vai sentir a perda da Indy500, e a internacionalização da categoria segue adiante, com a primeira corrida da Indy no Brasil. E, para aumentar a disputa com a IRL, programou a corrida de Michigan, também de 500 milhas, para o mesmo dia de Indianápolis. A CART também tem como trunfo a presença de estrelas tradicionais da Indy: Michael Andretti, Émerson Fittipaldi, Bobby Rahal, Al Unser Jr., Paul Tracy, etc. A mudança de ares já começa a surtir efeitos financeiros: grandes patrocinadores da Indy, sem a possibilidade de correr em Indianápolis, estão transferindo suas atividades promocionais para a corrida de Michigan. Os hotéis de Indianápolis já contabilizam prejuízos de mais de US$ 100 mil para o mês de maio em reservas. Todos os convidados dos patrocinadores, que iriam ficar nos hospitality centers de Indianápolis, irão para a corrida de Michigan.
            Mas há alguns patrocinadores que ainda preferem Indianápolis. Robby Gordon terá de disputar a Indy500 por exigência da Valvoline, que o patrocina. Das 33 vagas no grid, 25 serão exclusivas da IRL, ficando as 8 restantes para pretensos concorrentes da CART. E para mostrar que está falando grosso, Tony George já avisa que a partir de 97 a marca “Indy” será exclusiva da IRL, e que a CART vai ter de escolher outro nome para seu campeonato. O desempenho da primeira etapa da IRL, fora os deslizes da organização, foi bom, mas como irá ficar no confronto direto com uma etapa da F-Indy tradicional? Quem irá ganhar esta briga política? George aposta que a CART vai sair perdendo, em prestígio e credibilidade publicitária. Já a CART assumiu o desafio de não depender de sua prova mais importante para conseguir manter o interesse do público.
            Só o tempo dirá quem vai ganhar esta briga...


A Ligier apresentou na última segunda-feira, em Mônaco, o seu novo modelo JS43, com o qual vai disputar o campeonato de 96 da F-1. Diferente do modelo 95, originalmente concebido para o motor Renault, desta vez o carro foi feito sob medida para o motor Honda V-10. Pedro Paulo Diniz e Olivier Panis foram apresentados oficialmente como pilotos da escuderia.


A Arrows é o próximo time de F-1 a prometer a apresentação de seu novo carro. A data é 5 de fevereiro. Já na última terça-feira, foi a vez da Tyrrel apresentar seu modelo 96. A maior vedete é o novo motor V-10 da Yamaha, 28 Kg mais leve que a versão 95, e bem mais potente.


Rubens Barrichello confessou esta semana que quase ficou a pé para esta temporada. A Jordan só renovou o seu contrato depois que fracassaram as negociações com Heinz-Harald Frentzen, da Sauber.


Tony Kanaan e Hélio Castro Neves barbarizaram em seu primeiro treino efetivo como pilotos da equipe Tasman da Indy Lights. No circuito oval de Phoenix, Tony cravou 23s73, contra 23s78 de Helinho. O terceiro piloto da Tasman, José Luis de Palma, marcou 23s85. As marcas dos pilotos brasileiros são o novo recorde extra-oficial do circuito oval de Phoenix. Em Firebird, ambos também pulverizaram os recordes do circuito. E isso sem conhecer direito a pista. Já Helinho treinou ainda sem se recuperar totalmente de uma costela quebrada, resultado de um acidente recente.
 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

ENDURANCE EM INTERLAGOS



            O autódromo de Interlagos tem um prato cheio para os amantes de automobilismo neste final de semana: haverá a primeira edição das 6 Horas de São Paulo, prova válida pelo WEC – World Endurance Campionship (Campeonato Mundial de Endurance), uma categoria criada pela FIA para reviver os bons tempos da antiga competição de Esporte-Protótipos, que havia sido extinta há vários anos. Estarão na pista alguns dos mais interessantes bólidos de competição do mundo – nenhum deles da F-1, sim, porque automobilismo não é apenas F-1, como acreditam a maioria dos brasileiros. Émerson Fittipaldi é o maior responsável por trazer a Endurance para Interlagos, e este final de semana tem tudo para agradar em cheio aos fãs da velocidade.
            A começar pelos carros. Estarão na pista modelos como o Audi R18 E-Tron, que venceu a edição deste ano das 24 Horas de Le Mans. Mas os torcedores estarão mais interessados no modelo R18 Ultra da marca das quatro argolas, por entre seus pilotos estará o brasileiro Lucas Di Grassi, que formará equipe com Tom Kristensen e Allan McNish. A grande desafiante dos Audi em Le Mans, a Toyota, também vai estar na pista, com seu modelo TSO30 híbrido, com Nicolas Lapierre e Alexander Wurz ao volante. Outros carros de renome que estarão na pista serão o Porshe 911GT3, a Ferrari 458, Aston Martin Vantage V8, Lola B12, entre vários outros. A largada da corrida será às 12 horas, e como o próprio nome indica, serão 6 horas de muita competição, disputa, e emoção na pista do circuito José Carlos Pace.
            Criada neste ano para reviver as velhas corridas dos esporte-protótipos, a Endurance se caracteriza por ter provas de longa duração, do qual a mais famosa de todas as provas em disputa no mundo são as 24 Horas de Le Mans, na França. Foi no ano passado que Jean Todt anunciou, em Le Mans, a criação do WEC, e este ano estamos vendo o seu primeiro campeonato. Serão ao todo 8 etapas neste ano, e até o momento, já foram disputadas metade do campeonato; a prova brasileira é a 5ª etapa do certame, que ainda terá a disputa de corridas no Bahrein, Japão e China. A corrida inicial do campeonato foram as 12 Horas de Sebring, disputadas em 17 de março, na cidade de Sebring, nos Estados Unidos. Depois, vieram as 12 Horas de Spa-Francorchamps, em 5 de maio, disputadas no belíssimo circuito que também recebe a F-1. Em seguida, a maior prova do calendário: as 24 Horas de Le Mans, na França. A seguir, tivemos as 6 Horas de Silverstone, no último dia 26 de agosto. E a categoria chega à sua etapa brasileira agora.
            Os carros são divididos em categorias, e cada uma é praticamente uma competição à parte dentro da própria corrida. A mais badalada é a LMP (Le Mans Prototype), sendo considerada a grande estrela da Endurance, e é dividida em dois grupos: LMP1 – Destinada apenas para fabricantes; e LMP2 – Destinada para as equipes independentes de fabricantes e/ou fornecedores de motores. Nesta categoria, todos os carros têm de ter um peso mínimo de 900 Kg, com motores de até 3,4 l (Gasolina normalmente aspirados), 2,0 l (Gasolina Turbo/Supercharger), ou 2,7 l (Diesel Turbo Charged), com número de cilindros livres. Isso para a LMP1. Já na LMP2, os motores podem ser de 5,0 L (gasolina normalmente aspirados), com no máximo de 8 cilindros, ou de 3,2 l (gasolina / Turbo Supercharged), com no máximo 6 cilindros. Nesta categoria não são permitidos motores a diesel, como na LMP1.
Depois, temos a categoria Le Mans Grand Touring Endurance, também dividida em dois grupos principais: LM GTE-Pro: destinada principalmente a pilotos profissionais; e a LM GTE-Am: destinada apenas a pilotos amadores. Na GTE-Pro, os carros devem ter pelo menos 1.245 kg de peso, com motores de 5,5 l no máximo (gasolina normalmente aspirado), ou 4,0 l máximos (gasolina Turbo / Supercharger). Na GTE-Am, os carros também precisam ter o mesmo peso mínimo, e as mesmas medidas estabelecidas para os motores.
            Aliás, teremos um time em especial para torcer na categoria GTE-Am: Chico Longo, Enrique Bernoldi e Xandy Negrão vão competir com uma Ferrari 458 da equipe italiana AF Corse na prova. Ao lado de Lucas Di Grassi, eles serão os representantes nacionais na corrida. Fãs da velocidade, preparem suas torcidas por nossos pilotos. Lucas estará no carro N° 2 da Audi, enquanto nosso trio da AF Course ocupará o carro de N° 61. Serão ao todo 28 carros na pista neste sábado.
            E os motores já roncaram em Interlagos. Ontem, quinta-feira, foi dia de treinos livres para todos os competidores. Hoje, também haverá treinos livres, mas também teremos a classificação para a corrida. Também haverá a disputa da GT3 Brasil durante este final de semana, assim como o DTCC, então, o autódromo estará vivendo corrida praticamente 24 horas por dia. A classificação da Endurance está marcada para as 14:00 horas, com final às 14:50. Das 11:00 às 11:30, será horário de visitação aberta aos boxes para o público. Amanhã, o horário de visitação aos boxes será das 10:00 às 10:50, e dentro deste período, haverá sessão de autógrafos em frente aos boxes, um prato cheio e tanto para os fãs das corridas, que poderão ver os pilotos de perto.
            Mas Interlagos não será apenas corrida. Como Émerson Fittipaldi, um dos grandes responsáveis por trazer a etapa da Endurance para São Paulo, enfatiza, o grande objetivo da competição é trazer para São Paulo um pouco do espírito visto em Le Mans, por ocasião das 24 Horas, quando o autódromo vira um ponto de encontro para todo mundo, com diversas atrações além da corrida propriamente em si. “É um evento com o espírito de Le Mans, espírito de quem é apaixonado por carros, por velocidade e tecnologia, mas não só para os fanáticos por automobilismo. Teremos, durante todos os dias, atrações para crianças e adultos. O fã do automobilismo pode trazer esposa e filhos que eles vão se divertir muito. Teremos desde exposição de carros antigos e caminhões superequipados, os Cowboys do Asfalto, como várias atrações no Espaço Village”, afirmou nosso bicampeão de F-1. Haverá no autódromo também uma roda gigante, bungee trampolim, giromaster e arvorismo, entre outras atividades para entreter o público. Haverá também uma apresentação de drift do ator Fiuk, o público irá assistir uma exibição de jatos da FAB, e ainda contará também com um desfile da escola de samba Mocidade Alegre. Não vai haver como ficar sem fazer nada no autódromo. Será um evento para toda a família, como reafirma Émerson.
            Vai ser um grande final de semana, e qualquer que seja o resultado da corrida, será o fã nacional de automobilismo quem sairá ganhando com esta realização da primeira prova do WEC em nosso país. Émerson, que foi nosso grande desbravador na F-1 e na F-Indy, está nos abrindo uma nova fronteira no automobilismo, ao conseguir incluir o Brasil logo no primeiro campeonato da nova categoria mundial da FIA. Temos fãs de corridas que merecem muito ver as principais categorias do mundo correrem aqui, e não apenas a F-1 e a IRL, que são as mais conhecidas do público em geral. Que o WEC seja apenas a primeira conquista do público amante da velocidade. Ainda tem muita coisa boa que os brasileiros ainda não viram...


A IRL chegou à sua etapa final, no superoval de Fontana, na Califórnia, e a pergunta que todos se fazem nos boxes do circuito é se Will Power vai desencalhar desta vez. O piloto australiano da Penske chegou sempre nas corridas finais dos dois últimos anos na posição de disputar o título, e sempre acabou ficando a ver navios. Este ano, Power chega à última prova com 17 pontos de vantagem para Ryan-Hunter Reay, da equipe Andretti, e o restrospecto de Will nos ovais ainda fica a dever à exuberante forma como tem se saído nos circuitos mistos e de rua. Na Penske e na Andretti, as atenções estão concentradas em seus pilotos principais na luta pelo título: Hélio Castro Neves e Ryan Briscoe farão o que puderem para ajudar Power na briga, enquanto do outro lado, James Hinchcliffe e Marco Andretti terão tarefa idêntica no time de Michael Andretti. Piloto por piloto, a Penske teoricamente está em vantagem. Mas a prova de Fontana será uma corrida de 500 milhas, e nesse tipo de etapa, tudo pode acontecer. Não dá para apontar com certeza quem levará a melhor no superspeedway da Califórnia.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – JANEIRO DE 1996 – 26.01.1996



            E aqui estou eu com mais uma coluna antiga na seção Arquivo. Esta foi escrita para o dia 26 de janeiro de 1996, e dava uma prévia do que poderíamos ter de presença de pilotos brasileiros nos campeonatos da F-1 e da F-Indy naquele ano. Uma boa leitura a todos, e em breve tem mais textos antigos por aqui...



O BRASIL NA F-1 E NA F-INDY

Adriano de Avance Moreno

            À medida que as temporadas de F-1 e F-Indy se aproximam, fica mais evidente que, em termos de automobilismo, o Brasil é uma potência que nunca deve ser subestimada. Desde os tempos de Émerson Fittipaldi que o Brasil tem lugar garantido na categoria máxima do automobilismo. Por coincidência, é também Émerson quem popularizou uma categoria que acabou por se tornar a maior concorrente da F-1 atualmente: a F-Indy. E o Brasil está lá, nestas duas categorias, representado por jovens pilotos e estrelas consagradas. Apesar do período de vacas magras que temos tido ultimamente, não há razão para acreditar que o período de glórias do passado não possa se repetir no futuro.
            Na F-1, já temos 3 brasileiros confirmados para a temporada, mas o número pode chegar a 4: Rubens Barrichello segue na Jordan; e Pedro Paulo Diniz deu um enorme salto ao trocar a pouco competitiva Forti Corse pela Ligier; Ricardo Rosset é o último brasileiro a garantir espaço na F-1: acertou com a Arrows para ser o companheiro de Jos Verstappen nesta temporada. Com isso, a Arrows espera se recuperar da péssima temporada de 95. Mas há mais um piloto brasileiro tentando um lugar na F-1: é Tarso Marques, que fez um excelente teste na Minardi há semanas atrás e disputa a vaga no time com Gianni Morbidelli e Andrea Montermini.
            Se sobra em quantidade, poderemos dever em qualidade de resultados, pois a situação de nossos pilotos nestas equipes médias limita um pouco os seus desempenhos. Mas uma boa temporada é uma boa deixa para conseguir entrar em uma equipe de ponta em 97. Este é o plano de Barrichello, caso a Jordan não decole este ano; e também o de Ricardo Rosset.
            Na F-Indy, a situação de nossos pilotos é das melhores. Émerson e Christian, o clã Fittipaldi, estão em equipes de ponta e seguramente devem brigar pelo título da categoria. Já Gil de Ferran, Maurício Gugelmim, Raul Boesel e André Ribeiro estão em escuderias que lhes permitem até aspirar a vitórias, e com um pouco de sorte, ao título, dada a maior competitividade e equilíbrio da Indy. Até o momento, 6 brasileiros já estão garantidos na categoria, mas o número pode aumentar para 8, pois Marco Greco ainda procura uma equipe, e Roberto Moreno planeja voltar à F-Indy, e também está à caça de uma escuderia.
            O Brasil já é um nome a ser respeitado tanto na F-1 quanto na F-Indy. Mais importante do que a qualidade de nossos pilotos, é o respeito que os chefes de equipe desenvolvem por eles. Mesmo nas dificuldades, eles admiram nossa determinação e luta para vencer, até mesmo nas piores condições. A lista de pilotos brasileiros que já conquistaram a admiração dos cartolas do automobilismo é grande. Todos já mostraram sua competência e profissionalismo, e sobretudo, talento para vencer. Ano passado, podemos não ter conseguido muita coisa na F-1 e na F-Indy, mas este ano promete ser muito melhor. E os anos seguintes? Bem, tudo indica que pilotos nós nunca ficaremos sem, só vamos precisar de oportunidade e uma pitada de sorte. Os tempos em que nossos pilotos encaravam o resto do mundo e venciam a parada haverão de retornar. O que nunca podemos fazer é perder a esperança e desanimar.


No próximo fim de semana, mais testes das equipes da F-1. Desta vez, novamente no autódromo do Estoril, em Portugal. A Jordan, que já apresentou o seu modelo 96, espera começar o desenvolvimento de sua carro para valer. Rubens Barrichello está ansioso para começar o trabalho dos testes.


O administrador da CART, Kirk Russel, visitou o autódromo de Jacarepaguá esta semana. Muito satisfeito com as obras de reforma do autódromo, ele aprovou a pista para a realização do GP Brasil de F-Indy. A pista fica completamente pronta até 17 de fevereiro, um mês antes da realização da prova.


André Ribeiro também visitou o autódromo carioca e ficou muito interessado pelo seu traçado. “Vai ser o oval mais seletivo do mundo, pois teremos muitas trocas de marcha durante a corrida, um detalhe com o qual teremos de lidar”, declarou o piloto. A pista oval terá duas curvas abertas e duas bem fechadas, lembrando a forma de um trapézio.


Jackie Stewart já tem em mente o piloto ideal para comandar a sua equipe de F-1 nas pistas. É um brasileiro: Gil de Ferran. O piloto também estaria nos planos de pilotar para a nova equipe Honda na F-1, que deve estrear em 97.


Depois de Steffi Graff, agora é a vez do fisco alemão perseguir o atual bicampeão mundial de F-1, Michael Schumacher. O piloto poderia estar fazendo sonegação fiscal de seus rendimentos. O empresário do piloto alemão, Willi Webber, também é outro que está na mira do “Leão” alemão...


No desenvolvimento do motor V-10 que usará este ano, Michael Schumacher tentou simular um GP esta semana. O motor estourou depois de algumas voltas. Vai ser uma dureza até iniciar a temporada...
 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

HAMILTON ARRISCANDO?



            A fofoca surgiu no meio da semana, vinda de Eddie Jordan, que depois de vender sua escuderia na F-1, continuou freqüentando muito bem o meio, agora a serviço da TV nas transmissões da categoria, e cravou que Michael Schumacher deve parar de vez, para seu lugar no time alemão ser ocupado por ninguém menos que Lewis Hamilton, que estaria trocando de time prateado para a próxima temporada, encerrando assim sua ligação desde a mais tenra idade da carreira automobilística com o time de Woking. Verdade, ou apenas mais um furo falso que existem aos montes na F-1? Podem ser ambos, até sabermos realmente a verdade.
            O campeão de 2008 está em pleno processo de renovação com a McLaren, que já garantiu os serviços de Jenson Button no ano passado por mais algumas temporadas. Já Hamilton tem como grandes empecilhos para sua renovação a questão salarial, e a permissão do time para poder usar patrocínios pessoais, a fim de capitalizar sua fama como piloto campeão. A McLaren oferece menos, e quanto à questão dos patrocínios pessoais, nada feito, pelo menos não no quanto Lewis quer ter de espaço para se autopromover. Achar o meio termo é a solução lógica, mas ao que tudo indica, está sendo um pouco mais complicado do que se imagina. A única certeza no momento, no paddock em Monza, é que ainda não tem nada definido. As negociações prosseguem. Resta saber até quando.
            Pela lógica, Hamilton tem de ficar na McLaren. É um time campeão, com um carro de ponta, e possui uma estrutura invejável na categoria. Salvo raras ocasiões, guiar para a McLaren sempre foi garantia de poder vencer corridas e disputar o título. Deveria ser o bastante? Para a grande maioria dos pilotos, sim. Para Hamilton, pelo visto, não é tudo. Ele quer mais do que isso. E volta e meia, fala que sua paciência com o time inglês anda meio curta. Se ele tem razão em querer mais, isso depende da opinião das pessoas com quem você fala.
            Lewis Hamilton estreou em 2007 na categoria máxima do automobilismo. Preparado e apoiado pela McLaren há muitos anos, o jovem inglês já marcou presença por ser o primeiro piloto negro a chegar à F-1. Dono de um inegável talento, o intrépido inglesinho chegou mostrando as garras, deixando ninguém menos do que Fernando Alonso, o então bicampeão do mundo, no sufoco para permanecer à sua frente na pista. No final do campeonato, o espanhol, vítima de sua própria megalomania, onde quer ser sempre o centro das atenções de tudo e de todos dentro de um time, pulou fora de Woking, não suportando dividir espaço na McLaren. Hamilton fraquejou nas etapas finais, perdendo um título que era considerado até barbada, dada a competitividade da McLaren. Empatado com Alonso em pontos, viu Kimmi Raikkonem, da Ferrari, faturar o campeonato por apenas 1 ponto. Foi uma vitória com moral, afinal, ainda era considerado um novato, e seus erros foram até perdoados. No ano seguinte, acabou enfim campeão, aproveitando os erros cometidos pela Ferrari e Felipe Massa.
            Hamilton teve a estréia que todo piloto sonha na F-1: chegou ganhando um carro vencedor, e disputou o título logo em seu primeiro ano, e ainda por cima, passou a ser o queridinho da equipe, depois das cismas criadas por Alonso dentro do time e com o próprio Ron Dennis, que tratava Lewis como a um filho praticamente. Tudo dava a entender que estávamos vendo um novo astro na categoria, com chances de obter recordes e títulos com naturalidade. Tinha talento nato, e os erros cometidos tenderiam a desaparecer com os anos, com mais experiência e, claro, maturidade.
            Mas, de 2009 para cá, Hamilton não viveu mais como viveu os anos de 2007 e 2008. Em 2009, a McLaren iniciou mal o ano, e embora tenha se recuperado, o título não era mais possível. Em 2010, a Red Bull coroou Sebastian Vettel campeão, que repetiria o feito em 2011 numa escala sem oposição. E este ano, embora esteja na briga, os holofotes da mídia concentram-se mais nos feitos de Fernando Alonso. Hamilton, embora também esteja em destaque, está na companhia de outros nomes de quilate como Vettel, Mark Webber, Raikkonem, e até Jenson Button. Não ser a “estrela” maior da F-1 parece estar sendo o principal problema. Isso pode ser reforçado ainda mais pelo fato de sua carreira atualmente ser gerenciada por alguém que não é do ramo automobilístico: Simon Fuller, cujo forte são estrelas do meio artístico. E dizem, ele seria um dos principais responsáveis por incentivar Hamilton a explorar seu lado comercial com mais intensidade, e por isso, querer espaço para patrocínio pessoal na McLaren. Potencializar seu nome famoso é algo até justo. Mas a McLaren tem suas regras, e se elas impõem limites a isso, ele deveria buscar outras opções para explorar oportunidades de merchandising.
            Hamilton também parece esquecer a realidade dos dias de hoje: a Europa está em crise, e o meio automobilístico está sofrendo para achar patrocínios como se achava antigamente. Mesmo a F-1 tenta diminuir como pode seus gastos. E a McLaren também quer pagar menos para renovar com o inglês, cuja última renovação foi num momento muito mais favorável economicamente, para não falar que o time ainda era associado com a Mercedes, situação que não existe mais. A fábrica alemã comprou a Brawn GP e transformou em seu novo time de fábrica. Em outras palavras, Woking deixou de contar com os recursos alemães. Seu orçamento ainda é fabuloso, mas a abundância de recursos deixou de existir. Lewis deveria pelo menos ser solidário com o time que sempre lhe deu tudo numa hora destas.
            Ir para a Mercedes implica que Michael Schumacher se aposente ao fim deste ano. E a situação do heptacampeão também está indefinida. Nico Rosberg é nome certo para ficar, por ter alcançado os melhores resultados da Mercedes desde sua volta como time em 2010, além de ser um piloto jovem e de futuro nos planos da marca. Se Michael realmente sair, fica a pergunta se Hamilton trocaria o certo pelo duvidoso: nestas 3 temporadas de retorno, a Mercedes conseguiu apenas 1 vitória, este ano, na China, e nunca conseguiu entrar na luta pelo título. A McLaren, por sua vez, teve sempre resultados superiores, além de ter disputado os primeiros lugares do campeonato. Hamilton fala que sua meta é vencer sempre, mas na Mercedes essa meta, salvo se o time produzir um supercarro em 2013, parece mais difícil de ser atingida.
            Se Hamilton acredita que pode transformar o time, e torná-lo vencedor, terá de ter paciência para conseguir isso. E tempo pode ser algo que ele não tem, e nem terá para tentar: já corre nos bastidores um rumor de que a Mercedes, caso seu time não deslanche de vez em 2013, pode voltar a ser apenas fornecedora de motores a partir de 2014, quando entram os novos propulsores turbo. A idéia seria terceirizar a escuderia de F-1, a exemplo do que a Renault fez com seu time, que até o ano passado ainda usava o nome da fábrica francesa, mas que já havia sido adquirido pelo grupo Geni. Se o time for passado adiante, quem garante que ainda haverá as condições necessárias para ser uma equipe de ponta? As chances de o desempenho cair são maiores do que as de subir. Lewis vai ter a ousadia de tentar assumir um desafio assim? Vai arriscar fazer isso?
            Hamilton, por sua vez, andou forçando a barra de sua popularidade na McLaren, em especial no ano passado, quando cometeu erros crassos em diversas corridas. No fim de semana passado, não digeriu bem ter ficado atrás de Button na classificação para a prova belga, e até andou dando com a língua – no caso a imagem de um dos mapas de telemetria do time, nos dentes do Twitter, o que foi considerado muito ruim pela escuderia, por expor dados sigilosos do time. Se o inglês quer mostrar que pode ir para outra escuderia, podia falar isso a portas fechadas, sem precisar entrar em rota de colisão com a direção da McLaren. Ele só tem a perder assim.
            Na Ferrari, com Alonso por lá, ele não iria; na Red Bull, o mesmo vale pela presença de Vettel. Nos  demais times, Mercedes inclusa, não há espaço ou não há a mesma performance ostentada pela McLaren. Se ele quiser continuar vencendo, está num beco sem saída. Ir para a Mercedes depende de um fator externo, a saída de Schumacher. Mesmo que a Mercedes resolva dispensar o alemão, de forma até unilateral, para ter Hamilton, as condições de competitividade da equipe germânica estão abaixo das de Woking. E se Hamilton está impaciente com a McLaren, quanto tempo durará sua paciência com Stuttgart?
            Hamilton tinha mostrado este ano que havia voltado a manter a cabeça fria e focado na pilotagem, sem se envolver em confusões. E está na luta pelo título. Agora, criando esta cisma em sua renovação, pode jogar por terra novamente mais um campeonato. A maturidade parece que está longe ainda de Hamilton, infelizmente...

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

FLYING LAPS – AGOSTO DE 2012



            Hora de mais uma sessão com alguns comentários sobre alguns acontecimentos no mundo da velocidade neste mês de agosto, hoje é dia de mais uma sessão Flying Laps. Uma boa leitura, pessoal, e até a sessão do mês que vem...


Rubens Barrichello expressou neste mês de agosto seu descontentamento com a falta de resultados em seu primeiro ano na Indy Racing League. Tirando as conseqüências óbvias de ser um novato na categoria, o piloto brasileiro cobrou mais empenho da KV Racing, que em algumas provas colocou seus esforços na pista abaixo com estratégias por vezes mal concebidas. E antes que venham os críticos de plantão, é bom lembrar que Tony Kanaan também teve problemas com estratégias ruins do time. O problema é que, em contrapartida, o piloto baiano tem se saído melhor na obtenção de resultados que Rubens, e isso já é motivo mais do que suficiente para Barrichello ter sido novamente “fuzilado” pelos “entendidos” de automobilismo aqui no Brasil. Mas ele mesmo admite que poderia estar rendendo mais do que poderia. Pelo sim, pelo não, Rubinho já iniciou contatos com outros times visando a temporada do ano que vem, já que seu contrato era válido apenas para este ano. Rahal, Sam Schmitd, e até mesmo a Ganassi, já entraram em conversas com Barrichello, mas até o presente momento, nada foi definido ainda.


Rubinho também teria causado “polêmica” por simplesmente criticar as condições de alguns circuitos em comparação com a F-1. O brasileiro afirmou que boa parte das pistas da categoria seria reprovada na categoria máxima do automobilismo, em razão de suas deficiências de estrutura e segurança. Não posso deixar de concordar: as condições exigidas na F-1 são extremamente rigorosas, ao ponto hoje, de desqualificar até mesmo circuitos que já fizeram parte de seu calendário no passado, como San Marino. As condições observadas em algumas pistas do calendário da IRL realmente não as qualificariam na F-1. Basta vermos o caso de Detroit este ano, onde o asfalto estava cheio de ondulações, e parte dele até se desmanchou na corrida. E Baltimore, no ano passado, onde os carros por vezes pareciam pular mais do que correr em determinados trechos? A direção da IRL poderia rever alguns de seus critérios e adotar medidas mais rigorosas para aprovação sobretudo de algumas pistas de rua, normalmente mais precárias em termos de asfalto e condições de segurança. Já com relação aos circuitos mistos onde corre, não vejo deficiências assim tão grandes, embora ache que pistas muito mais legais estão ainda de fora do calendário, como Road America, e Laguna Seca.


Ryan Briscoe ganhou uma sobrevida em suas negociações para continuar na Penske no campeonato 2013 da IRL. O piloto australiano venceu a corrida de Sonoma, em Infineon, após uma bobeada de Will Power na parte final da corrida, quando uma de suas paradas de Box não foi tão boa em uma bandeira amarela. Power chegou em 2º lugar, enquanto Hélio Castro Neves, o outro piloto da escuderia, teve uma corrida complicada: punido por um toque em Scott Dixon, caiu para as últimas colocações e veio recuperando posições, aproveitando-se das bandeiras amarelas que surgiram, para terminar em 6º lugar. Mas tudo indica que a Penske deve ficar com apenas dois carros na próxima temporada. Power está garantido, enquanto Briscoe já é considerado por muitos carta fora do baralho. E Helinho, por sua vez, ainda não tem sua renovação garantida, embora sua saída não seja considerada por Roger Penske. Briscoe já recebeu o comunicado de que deverá levar patrocínio se quiser se garantir no time em 2013. Pelo sim, pelo não, Ryan já teria saído em campo negociando com outros times, como a Rahal.


A Ducati já arrumou o substituto de Valentino Rossi para 2013. Com a volta do “Doutor” à Yamaha, seu atual posto no time italiano será ocupado por Andrea Dovizioso, que será o novo companheiro de Nick Hayden na próxima temporada da MotoGP. A Ducati, contudo, fez questão de afirmar, através de seu presidente, Gabriele Del Torchio, que a saída de Rossi do time, após duas temporadas de fracos resultados, não gerou ressentimentos na escuderia, declarando que infelizmente os resultados esperados não surgiram, apesar da confiança de todos na parceria. Resta saber agora se a Ducati conseguirá voltar a vencer em 2013. Os problemas de competitividade do time italiano ainda são um grande desafio a ser vencido.


Allam Khodair conseguiu duas vitórias consecutivas na Stock Car em agosto, ao vencer as etapas do Rio de Janeiro e de Salvador, mas ainda está lá atrás na classificação do campeonato, na 11ª posição, com 64 pontos. O líder da competição é Cacá Bueno, com 115 pontos, com Ricardo Maurício na sua cola logo atrás, com 110 pontos. A 3ª posição na classificação é de Daniel Serra, com 95 pontos. Apesar da desvantagem na pontuação, Allam ainda confia em entrar na luta pelo título nas provas que faltam do campeonato, depois de um início cheio de problemas. Mas a parada vai ser difícil, ainda mais para derrotar um piloto como Cacá Bueno, que além de ser considerado atualmente o melhor piloto da categoria, ainda tem um bom time por trás. Mas isso não desanima Khodair, que promete ir à luta. E tem de ir mesmo, competição é isso aí.


Em agosto tivemos mais uma edição do Rali dos Sertões, a maior prova do off-road nacional. E, em sua primeira participação na competição, o francês Stéphane Peterhansel, vencedor de várias edições do rali mais perigoso do mundo, o Dakar, faturou o título na categoria carros. O piloto francês elogiou a prova brasileira, que considerou difícil e longa, e admitiu ter gostado de participar, tanto que já estaria planejando retornar em 2013, com vistas a tentar o bicampeonato. Os concorrentes que comecem a se preparar, pois o francês mostra que não está para brincadeira...


Alceu Feldman, da equipe Shell/Mattheis, levou uma suspensão de dois anos da Stock Car pela recusa de se submeter ao exame antidoping realizado na etapa do Velopark, em maio. No início do mês de julho, a Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva já tinha considerado o piloto culpado, mas um efeito suspensivo permitiu que Feldmann participasse das competições até que o julgamento definitivo fosse realizado. E, neste mês de agosto, a Comissão voltou ao caso, e apenas confirmou a punição ao piloto. Sua escuderia anunciou a contratação do bicampeão Giuliano Losacco para assumir o lugar de Feldman pelo resto da temporada, tendo estreado já na etapa de Salvador.


Sébastien Loeb venceu mais uma etapa do Mundial de Rali dest ano. Desta vez, foi a etapa da Alemanha, e com mais esta vitória, Loeb já contabiliza nada menos do que 7 vitórias na atual temporada. Para completar, sua vitória no Rali da Alemanha foi a 5ª consecutiva, e olhem que, no total, o piloto francês já conquistou nada menos do que 9 vezes a etapa germânica da categoria. E Loeb caminha firme rumo a mais um título. Ao que parece, enquanto o piloto da Citroen não se aposentar, a concorrência vai ficar apenas vendo sua coleção de títulos aumentar a olhos vistos...


A Suzuki planeja um retorno à MotoGP em 2014, mas a decisão ainda precisa ser avaliada pela diretoria da marca japonesa, que resolveu sair da competição ao final do campeonato do ano passado. É uma boa notícia, pois quanto mais competidores, melhor para a categoria. Aguardemos, então...