quarta-feira, 26 de setembro de 2012

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – SETEMBRO DE 2012



            Mais um mês está indo embora, e chegou a hora de apresentar a COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA de setembro, avaliando alguns dos acontecimentos das últimas semanas no mundo da velocidade. Rotineiramente, o mesmo esquema: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a Cotação do mês que vem...




EM ALTA:

Fernando Alonso: O piloto espanhol vem mostrando que, além de competência, está com uma sorte danada neste campeonato. Se teve o azar de ser colhido no acidente provocado por Romain Grossjean em Spa-Francorchamps e pela primeira vez em 23 corridas, deixou de pontuar, não deixou escapar as chances que surgiram em Monza e Cingapura, pra não mencionar que ainda viu seus principais rivais na luta pelo título, Lewis Hamilton e Sebastian Vettel, ficarem pelo caminho prova sim, prova não. E as corridas vão passando, e a vantagem de Alonso, atualmente em 29 pontos, continua relativamente alta. Nesse ritmo, o espanhol deve ser tricampeão finalmente.

Ryan Hunter-Reay: O piloto da equipe Andretti Autosport conquistou o título de 2012 da Indy Racing League, derrotando Will Power numa prova dramática em Fontana, onde apesar do abandono do rival, sempre precisou ir buscar posições para terminar a classificação à frente, e conseguiu. Foi o piloto que mais venceu na temporada, com 4 triunfos, e soube liderar seu time na luta pelo campeonato, quando obteve 3 vitórias consecutivas a meio da temporada, mostrando a Will Power que ele teria de fato um rival forte na disputa pelo título da categoria. Mas, ao contrário do rival australiano, Ryan soube aproveitar suas chances onde Power era mais fraco, os circuitos ovais, em Milwaulee e Iwoa, sem descuidar das provas em pistar mistas/urbanas, como Toronto e Baltimore. Uma década após estrear na F-Indy, em 2003, pela equipe de Stefan Johnsson, Hunter-Reay finalmente se consagra agora na IRL, e pode ser considerado desde já o principal postulante ao título de 2013.

Andretti Autosport: O time de Michael Andretti conseguiu voltar a disputar o título da IRL, depois de andar em baixa nas últimas temporadas, tendo ficado à sombra da disputa entre Ganassi e Penske pelos campeonatos dos últimos 4 anos. O time não foi o que mais venceu, mas soube aproveitar o suficiente do novo chassi DW12 da Dallara pra dar a seus pilotos um equipamento sempre competitivo na maioria das provas, embora apenas Ryan Hunter-Reay tenha de fato aproveitado este potencial, com seus dois outros pilotos, James Hinchcliffe e Marco Andretti, a serem apenas figurantes no campeonato, apresentando apenas um ou outro bom resultado. O título, que desde 2007 não era conquistado pelo time, resgata o respeito do time de Michael Andretti, que com certeza terá o grande desafio de manter-se novamente como campeão na próxima temporada da Indy Racing League, onde com certeza os rivais mais fortes, como Penske e Ganassi, voltarão a complicar as coisas...

Sérgio Perez: o intrépido piloto mexicano deu show na pista de Monza, largando a meio do grid para terminar numa belíssima 2ª posição e até com o líder Lewis Hamilton na alça de mira. Pérez mandou seu recado, e bem na frente da torcida da Ferrari, que gostaria muito de vê-lo em um dos carros vermelhos, posição que, entretanto, não é compartilhada pelo “cappo” Lucca de Montezemolo, que ainda insiste em classificar o mexicano de “imaturo” e “inexperiente”. Mas a cada dia ganha força a tese de que o principal motivo é que, em Monza, ele fez algo que seria considerado “inconveniente” para o time vermelho: ultrapassar e superar Fernando Alonso na pista, chegando à frente do espanhol. Não seria por acaso que Alonso cada vez mais defende a permanência de Felipe Massa no time de Maranello. E só o fato de ter havido um rumor de que Perez chegou a ser cogitado pela McLaren para o lugar de Lewis Hamilton já dá uma amostra de que o mexicano já está fazendo por merecer uma chance em um carro melhor. Mas, na Ferrari, um certo espanhol não estaria vendo isso com bons olhos...

Valentino Rossi: Com contrato firmado com a Yamaha para os próximos dois anos, o “Doutor” mostrou na etapa de Misano que ainda pode ter muita lenha para queimar na MotoGP, ao conseguir um espetacular 2° lugar na corrida de San Marino, seu melhor resultado na temporada até agora. Rossi é o 6° colocado no campeonato, com 120 pontos, e com 5 provas ainda pela frente, sua meta é terminar pelo menos entre os 5 primeiros no campeonato, e mostrar que no ano que vem poderá ter mesmo um duelo titânico com Jorge Lorenzo no time japonês. A tarefa de Rossi não é muito complicada: o 5° posto no campeonato, a esta altura, é do britânico Cal Crutchlow, que está apenas 2 pontos à frente do italiano. Para terminar mais adiante, a tarefa já será mais complicada: Andrea Dovizioso, o 4° colocado, tem 163 pontos...



NA MESMA:

Equipe Penske: O time de Roger Penske ficou mais um ano na fila do campeonato da IRL, perdendo novamente o título de pilotos. Se nos últimos anos a grande rival foi a Ganassi, este ano a pedra no sapato de Roger foi a Andretti Autosport. Com isso, em praticamente 1 década competindo na Indy Racing League, a Penske tem até agora somente 1 título, conquistado em 2006 por Sam Hornish Jr. O único consolo foi que a Penske foi o time que mais venceu no ano: foram 6 vitórias, 3 com Will Power, 2 com Hélio Castro Neves, e 1 com Ryan Briscoe. Para 2013, o time deve reduzir sua força, competindo com apenas 2 pilotos. Power e Helinho já estão confirmados. Ainda pode haver um 3º carro, mas quanto a ele, nada está definido.

Campeonato da Indy Racing League: Era para ser um ano de recomeço: novo chassi, novos motores, novos fabricantes, alguns novos pilotos, e algumas novas corridas. Acabou sendo mais do mesmo: apesar da disputa ter sido decidida apenas na última corrida, o campeonato teve uma prova cancelada (China), um fabricante de motor que deu vexame (Lótus), e os times não ficaram exatamente empolgados com o novo carro. Para piorar, o público em algumas etapas, como na decisão, em Fontana, foi pífio, e para variar, a transmissão da categoria aqui no Brasil foi a lastimável de sempre, com a Bandeirantes a testar a paciência dos telespectadores e fãs com aquele esquema roleta-russa de transmissão, passando corrida ora no canal aberto, ora no canal fechado. E algumas pistas utilizadas este ano estiveram abaixo da crítica, como Detroit e Baltimore. De positivo mesmo, foi a transmissão nos Estados Unidos, que voltou a ter as provas em canal aberto praticamente durante todo o campeonato, pela rede ABC, o que serviu para dar um incremento na audiência. Mas a categoria ainda vai precisar dar muito duro para conquistar o charme e prestígio da antiga F-Indy.

Brasileiros na IRL: Nossos pilotos na categoria só não passaram em branco este ano porque Hélio Castro Neves venceu duas corridas e esteve em boa parte do ano com chances de lutar pelo título, correndo pela poderosa Penske. Mas Helinho acabou apenas em 4º no campeonato. Já Tony Kanaan sofreu com a queda de performance e confusões de estratégias da KV em boa parte das corridas, ficando apenas na 9ª posição no campeonato. Estreando na categoria, Rubens Barrichello logo de cara viu que a parada seria mais dura do que o imaginado, e também sofreu com os percalços da KV, terminando apenas em 12º lugar. Bia Figueiredo competiu apenas em duas corridas, e apesar de ter mostrado potencial, faltou patrocínio para correr o campeonato. E Bruno Junqueira, correndo apenas em Baltimore, não conseguiu mostrar nada. Melhor sorte em 2013. Até hoje, conquistamos apenas 1 título na categoria, em 2004, com Tony Kanaan.

Lewis Hamilton: o campeão de 2008 parecia ter mostrado que este ano manteria mais o foco na competição, sendo um piloto mais difícil de bater, sem arrumar confusões na pista. De fato, dentro da pista, Hamilton tem evitado confusões, e pilotado com muita garra e determinação. Fora da pista, contudo, ainda está criando muita conversa, agora sobre sua renovação com a McLaren, e dando até mostras de que pode ir para outro time, criando uma tensão desnecessária com a equipe em um momento crucial do campeonato. Pegou mal também ter divulgado dados da telemetria de seu carro sem consentimento da equipe, tentando justificar ter perdido a classificação na Bélgica para Jenson Button. Guiou com muita garra e determinação em Monza e Cingapura, mas nesta última, um defeito no carro o tirou da corrida, talvez da disputa pelo título, e talvez até mesmo da McLaren, que começa a dar sinais de impaciência com as estripulias de seu pupilo. Hamilton parece novamente se achar mais importante do que é, e isso pode ser prejudicial à sua carreira. Vamos ver como ele se comporta no restante do campeonato. Mudar para outro time seria um risco, pois no momento, não há vagas em nenhum time melhor do que a McLaren.

Automobilismo no Brasil: Quando se tenta erguer a fama das corridas de automóvel no nosso país, parece que surgem mais problemas do que se imaginava, ou o problema é o público praticamente não aparecer. As 6 Horas de São Paulo, prova do Mundial de Endurance criado este ano pela FIA, trouxe a São Paulo os carros que disputaram as 24 Horas de Le Mans, e o fim de semana teve uma intensa programação para satisfazer a todos os fãs da velocidade e fazer do evento uma diversão para toda a família. Émerson Fittipaldi, promotor da etapa, fez o que podia e mais um pouco para divulgar a corrida, e o público, lamentavelmente, foi muito pequeno. Ao mesmo tempo, dizem que as vendas de ingressos para o GP Brasil de F-1 continuam firmes, o que deve presumir que Interlagos estará cheio novamente para a corrida. Parece que para o brasileiro comum, automobilismo é apenas F-1, e nada mais. Existe vida fora da F-1 no automobilismo, e o novo campeonato do WEC é uma prova disso. Mesmo com uma competição de renome, o grande público parece difícil de se agradar. E já temos problemas sobrando com a turma da CBA, que não ajuda em nada, e com autódromos que precisam e muito ser revitalizados em nosso país, a exemplo do que foi feito em Cascavel, onde as provas da Truck e Stock encheram a pista de fãs da velocidade.



EM BAIXA:

Will Power: Pelo terceiro ano consecutivo, o piloto australiano foi o principal postulante ao título da equipe Penske, e novamente pelo terceiro ano consecutivo, acabou perdendo o caneco na última corrida, justamente um circuito oval. É o terceiro vice-campeonato consecutivo de Power, que nos dois últimos anos perdeu a disputa para o escocês Dario Franchiti, e neste ano, para Ryan Hunter-Reay. Enquanto não solucionar sua falta de performance nos circuitos ovais, será um ponto fraco crucial a ser explorado pelos rivais, não importa quais forem na luta pelo título. Melhor sorte em 2013...

Pastor Maldonado: O piloto venezuelano conseguiu tomar 3 punições durante o final de semana do Grande Prêmio da Bélgica, e resolveu ser um pouco mais cuidadoso nas etapas de Monza e Cingapura. O problema é que, mesmo sem se envolver em confusões nas últimas duas provas, Maldonado não conseguiu quebrar o tabu de ficar sem pontuar desde sua vitória na Espanha, em maio. Em Monza, a punição de 10 posições no grid comprometeu sua corrida; e em Cingapura, depois de uma classificação fabulosa, largando na 1ª fila, apesar de ter perdido posições na largada, vinha firme para conseguir seu melhor resultado depois de Barcelona até sofrer um enguiço no sistema hidráulico de seu carro, que o obrigou a abandonar. A fase não anda muito boa, apesar das performances...

KV Racing: a equipe de Kevin Kalkhoven e Jimmy Vasser andou para trás em 2012. Depois do surpreendente desempenho obtido no ano passado com Tony Kanaan, que mesmo tendo chegado ao time às vésperas de iniciar-se o campeonato, promoveu um grande incremento nos resultados do time, obtendo performances que quase lhe permitiram entrar na luta pelo título, era esperado que a escuderia se mostrasse mais coesa e organizada para este ano. O novo chassi era desconhecido para todos, e o time ainda obteve os serviços de Rubens Barrichello, que depois de 19 anos competindo na F-1, chegava à categoria, com inegável bagagem técnica que sem dúvida seria muito valiosa. Mas o que se viu foi o time cometer erros crassos nas estratégias de muitas corridas, derrubando seus pilotos de posições muito boas em algumas etapas. A estrutura do time, que deveria ter crescido do ano passado para cá, na verdade encolheu, e isso comprometeu a capacidade de desenvolvimento do novo carro. Tony Kanaan ainda conseguiu tirar leite de pedra em algumas corridas, enquanto Rubens Barrichello penou para se adaptar à categoria, tendo feito inclusive algumas provas abaixo de sua capacidade, enquanto de Ernesto Viso só poderia se esperar que não se metesse em confusões. Para 2013, a KV deve focar seus esforços apenas em Tony Kanaan, o que deve permitir algum crescimento a nível de performance. Mas, ao mesmo tempo, é um sinal de que a equipe encolheu, e não cresceu em termos qualitativos.

Equipe Williams: O time de Sir Frank está melhor este ano em termos de performance, mas em resultados, a situação ainda deixa a desejar. Tirando a pole e vitória de Maldonado em Barcelona, a escuderia não conseguiu mais nenhum resultado de monta, além de pontos pingados de Bruno Senna na maioria das corridas, enquanto o venezuelano se envolveu em diversas confusões e perdeu várias oportunidades de pontuar. E, quando não houve encrenca com Pastor, o carro o deixou na mão, como em Cingapura, onde teria terminado entre os primeiros se não fosse um problema hidráulico que forçou o abandono do venezuelano, quanto o Kers de Bruno encrencou com seu carro. A Williams tem muito mais pontos este ano do que os obtidos em 2011, mas na tabela de classificação, só está uma posição acima da do ano passado, ganhando apenas da Toro Rosso e das equipes nanicas. Nas últimas corridas, perdeu posição para a Force Índia, e já não tem a mínima esperança de alcançar a Sauber, que está muito à frente. Na classificação de pilotos, a mesma situação, com Maldonado e Bruno à frente apenas da dupla da Toro Rosso. Os pilotos da Hispania, Marussia e Caterham até agora não conseguiram pontuar na F-1.

Michael Schumacher: o heptacampeão causou um novo acidente na pista, e pelo segundo ano consecutivo, bateu durante a corrida em Cingapura, desta vez levando junto com ele o piloto da Toro Rosso, Jean-Éric Vergne, em uma batida onde ambos os carros ficaram bem danificados, mas felizmente sem ferimentos para ambos os pilotos. Já é também a segunda batida por trás que dá no ano, lembrando-se que em Barcelona Michael atingiu Bruno Senna no final da reta dos boxes, chegando a chamar o brasileiro de “idiota”. Desta vez, Michael assumiu a culpa, e mesmo assim, perderá 10 posições no grid do GP do Japão pelo ocorrido. Embora ainda diga que tem planos de disputar o campeonato de 2013, crescem os rumores de que Michael se aposente definitivamente no fim deste ano. A Mercedes parece não ter mais o mesmo entusiasmo em mantê-lo, e pipocaram boatos de que o time alemão fez uma oferta vultuosa para tirar Lewis Hamilton da McLaren, que assumiria o lugar de Schumacher. A se confirmar a sua segunda saída da F-1, desta vez em definitivo, ficará ainda mais patente que o retorno de Michael à categoria acabou sendo um fracasso, pois em todos os anos, seus resultados ficaram muito a dever na pista, ofuscado quase sempre por Nico Rosberg, que conseguiu até agora a única vitória do time, este ano, na China, em que pese também os carros produzidos pela marca alemã nunca terem estado ao nível de serem vencedores ou disputarem o título.

 

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