Mais
um mês está indo embora, e chegou a hora de apresentar a COTAÇÃO
AUTOMOBILÍSTICA de setembro, avaliando alguns dos acontecimentos das últimas
semanas no mundo da velocidade. Rotineiramente, o mesmo esquema: EM ALTA (caixa
na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor
vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a Cotação do mês que vem...
EM ALTA:
Fernando
Alonso: O piloto espanhol vem mostrando que, além de competência, está com uma
sorte danada neste campeonato. Se teve o azar de ser colhido no acidente
provocado por Romain Grossjean em Spa-Francorchamps e pela primeira vez em 23
corridas, deixou de pontuar, não deixou escapar as chances que surgiram em
Monza e Cingapura, pra não mencionar que ainda viu seus principais rivais na
luta pelo título, Lewis Hamilton e Sebastian Vettel, ficarem pelo caminho prova
sim, prova não. E as corridas vão passando, e a vantagem de Alonso, atualmente
em 29 pontos, continua relativamente alta. Nesse ritmo, o espanhol deve ser
tricampeão finalmente.
Ryan
Hunter-Reay: O piloto da equipe Andretti Autosport conquistou o título de 2012
da Indy Racing League, derrotando Will Power numa prova dramática em Fontana,
onde apesar do abandono do rival, sempre precisou ir buscar posições para
terminar a classificação à frente, e conseguiu. Foi o piloto que mais venceu na
temporada, com 4 triunfos, e soube liderar seu time na luta pelo campeonato,
quando obteve 3 vitórias consecutivas a meio da temporada, mostrando a Will
Power que ele teria de fato um rival forte na disputa pelo título da categoria.
Mas, ao contrário do rival australiano, Ryan soube aproveitar suas chances onde
Power era mais fraco, os circuitos ovais, em Milwaulee e Iwoa, sem descuidar
das provas em pistar mistas/urbanas, como Toronto e Baltimore. Uma década após
estrear na F-Indy, em 2003, pela equipe de Stefan Johnsson, Hunter-Reay
finalmente se consagra agora na IRL, e pode ser considerado desde já o
principal postulante ao título de 2013.
Andretti
Autosport: O time de Michael Andretti conseguiu voltar a disputar o título da
IRL, depois de andar em baixa nas últimas temporadas, tendo ficado à sombra da
disputa entre Ganassi e Penske pelos campeonatos dos últimos 4 anos. O time não
foi o que mais venceu, mas soube aproveitar o suficiente do novo chassi DW12 da
Dallara pra dar a seus pilotos um equipamento sempre competitivo na maioria das
provas, embora apenas Ryan Hunter-Reay tenha de fato aproveitado este
potencial, com seus dois outros pilotos, James Hinchcliffe e Marco Andretti, a
serem apenas figurantes no campeonato, apresentando apenas um ou outro bom
resultado. O título, que desde 2007 não era conquistado pelo time, resgata o
respeito do time de Michael Andretti, que com certeza terá o grande desafio de
manter-se novamente como campeão na próxima temporada da Indy Racing League,
onde com certeza os rivais mais fortes, como Penske e Ganassi, voltarão a
complicar as coisas...
Sérgio
Perez: o intrépido piloto mexicano deu show na pista de Monza, largando a meio
do grid para terminar numa belíssima 2ª posição e até com o líder Lewis
Hamilton na alça de mira. Pérez mandou seu recado, e bem na frente da torcida
da Ferrari, que gostaria muito de vê-lo em um dos carros vermelhos, posição
que, entretanto, não é compartilhada pelo “cappo” Lucca de Montezemolo, que
ainda insiste em classificar o mexicano de “imaturo” e “inexperiente”. Mas a
cada dia ganha força a tese de que o principal motivo é que, em Monza, ele fez
algo que seria considerado “inconveniente” para o time vermelho: ultrapassar e
superar Fernando Alonso na pista, chegando à frente do espanhol. Não seria por
acaso que Alonso cada vez mais defende a permanência de Felipe Massa no time de
Maranello. E só o fato de ter havido um rumor de que Perez chegou a ser
cogitado pela McLaren para o lugar de Lewis Hamilton já dá uma amostra de que o
mexicano já está fazendo por merecer uma chance em um carro melhor. Mas, na
Ferrari, um certo espanhol não estaria vendo isso com bons olhos...
Valentino
Rossi: Com contrato firmado com a Yamaha para os próximos dois anos, o “Doutor”
mostrou na etapa de Misano que ainda pode ter muita lenha para queimar na
MotoGP, ao conseguir um espetacular 2° lugar na corrida de San Marino, seu
melhor resultado na temporada até agora. Rossi é o 6° colocado no campeonato,
com 120 pontos, e com 5 provas ainda pela frente, sua meta é terminar pelo
menos entre os 5 primeiros no campeonato, e mostrar que no ano que vem poderá
ter mesmo um duelo titânico com Jorge Lorenzo no time japonês. A tarefa de
Rossi não é muito complicada: o 5° posto no campeonato, a esta altura, é do
britânico Cal Crutchlow, que está apenas 2 pontos à frente do italiano. Para
terminar mais adiante, a tarefa já será mais complicada: Andrea Dovizioso, o 4°
colocado, tem 163 pontos...
NA MESMA:
Equipe
Penske: O time de Roger Penske ficou mais um ano na fila do campeonato da IRL,
perdendo novamente o título de pilotos. Se nos últimos anos a grande rival foi
a Ganassi, este ano a pedra no sapato de Roger foi a Andretti Autosport. Com
isso, em praticamente 1 década competindo na Indy Racing League, a Penske tem
até agora somente 1 título, conquistado em 2006 por Sam Hornish Jr. O único
consolo foi que a Penske foi o time que mais venceu no ano: foram 6 vitórias, 3
com Will Power, 2 com Hélio Castro Neves, e 1 com Ryan Briscoe. Para 2013, o
time deve reduzir sua força, competindo com apenas 2 pilotos. Power e Helinho
já estão confirmados. Ainda pode haver um 3º carro, mas quanto a ele, nada está
definido.
Campeonato
da Indy Racing League: Era para ser um ano de recomeço: novo chassi, novos
motores, novos fabricantes, alguns novos pilotos, e algumas novas corridas.
Acabou sendo mais do mesmo: apesar da disputa ter sido decidida apenas na
última corrida, o campeonato teve uma prova cancelada (China), um fabricante de
motor que deu vexame (Lótus), e os times não ficaram exatamente empolgados com o
novo carro. Para piorar, o público em algumas etapas, como na decisão, em
Fontana, foi pífio, e para variar, a transmissão da categoria aqui no Brasil
foi a lastimável de sempre, com a Bandeirantes a testar a paciência dos
telespectadores e fãs com aquele esquema roleta-russa de transmissão, passando
corrida ora no canal aberto, ora no canal fechado. E algumas pistas utilizadas
este ano estiveram abaixo da crítica, como Detroit e Baltimore. De positivo
mesmo, foi a transmissão nos Estados Unidos, que voltou a ter as provas em
canal aberto praticamente durante todo o campeonato, pela rede ABC, o que
serviu para dar um incremento na audiência. Mas a categoria ainda vai precisar
dar muito duro para conquistar o charme e prestígio da antiga F-Indy.
Brasileiros
na IRL: Nossos pilotos na categoria só não passaram em branco este ano porque
Hélio Castro Neves venceu duas corridas e esteve em boa parte do ano com
chances de lutar pelo título, correndo pela poderosa Penske. Mas Helinho acabou
apenas em 4º no campeonato. Já Tony Kanaan sofreu com a queda de performance e
confusões de estratégias da KV em boa parte das corridas, ficando apenas na 9ª
posição no campeonato. Estreando na categoria, Rubens Barrichello logo de cara
viu que a parada seria mais dura do que o imaginado, e também sofreu com os
percalços da KV, terminando apenas em 12º lugar. Bia Figueiredo competiu apenas
em duas corridas, e apesar de ter mostrado potencial, faltou patrocínio para
correr o campeonato. E Bruno Junqueira, correndo apenas em Baltimore, não
conseguiu mostrar nada. Melhor sorte em 2013. Até hoje, conquistamos apenas 1
título na categoria, em 2004, com Tony Kanaan.
Lewis
Hamilton: o campeão de 2008 parecia ter mostrado que este ano manteria mais o
foco na competição, sendo um piloto mais difícil de bater, sem arrumar
confusões na pista. De fato, dentro da pista, Hamilton tem evitado confusões, e
pilotado com muita garra e determinação. Fora da pista, contudo, ainda está
criando muita conversa, agora sobre sua renovação com a McLaren, e dando até
mostras de que pode ir para outro time, criando uma tensão desnecessária com a
equipe em um momento crucial do campeonato. Pegou mal também ter divulgado
dados da telemetria de seu carro sem consentimento da equipe, tentando
justificar ter perdido a classificação na Bélgica para Jenson Button. Guiou com
muita garra e determinação em Monza e Cingapura, mas nesta última, um defeito
no carro o tirou da corrida, talvez da disputa pelo título, e talvez até mesmo
da McLaren, que começa a dar sinais de impaciência com as estripulias de seu
pupilo. Hamilton parece novamente se achar mais importante do que é, e isso
pode ser prejudicial à sua carreira. Vamos ver como ele se comporta no restante
do campeonato. Mudar para outro time seria um risco, pois no momento, não há
vagas em nenhum time melhor do que a McLaren.
Automobilismo
no Brasil: Quando se tenta erguer a fama das corridas de automóvel no nosso
país, parece que surgem mais problemas do que se imaginava, ou o problema é o
público praticamente não aparecer. As 6 Horas de São Paulo, prova do Mundial de
Endurance criado este ano pela FIA, trouxe a São Paulo os carros que disputaram
as 24 Horas de Le Mans, e o fim de semana teve uma intensa programação para
satisfazer a todos os fãs da velocidade e fazer do evento uma diversão para
toda a família. Émerson Fittipaldi, promotor da etapa, fez o que podia e mais
um pouco para divulgar a corrida, e o público, lamentavelmente, foi muito
pequeno. Ao mesmo tempo, dizem que as vendas de ingressos para o GP Brasil de
F-1 continuam firmes, o que deve presumir que Interlagos estará cheio novamente
para a corrida. Parece que para o brasileiro comum, automobilismo é apenas F-1,
e nada mais. Existe vida fora da F-1 no automobilismo, e o novo campeonato do
WEC é uma prova disso. Mesmo com uma competição de renome, o grande público
parece difícil de se agradar. E já temos problemas sobrando com a turma da CBA,
que não ajuda em nada, e com autódromos que precisam e muito ser revitalizados
em nosso país, a exemplo do que foi feito em Cascavel, onde as provas da Truck
e Stock encheram a pista de fãs da velocidade.
EM BAIXA:
Will
Power: Pelo terceiro ano consecutivo, o piloto australiano foi o principal
postulante ao título da equipe Penske, e novamente pelo terceiro ano consecutivo,
acabou perdendo o caneco na última corrida, justamente um circuito oval. É o
terceiro vice-campeonato consecutivo de Power, que nos dois últimos anos perdeu
a disputa para o escocês Dario Franchiti, e neste ano, para Ryan Hunter-Reay.
Enquanto não solucionar sua falta de performance nos circuitos ovais, será um
ponto fraco crucial a ser explorado pelos rivais, não importa quais forem na
luta pelo título. Melhor sorte em 2013...
Pastor
Maldonado: O piloto venezuelano conseguiu tomar 3 punições durante o final de
semana do Grande Prêmio da Bélgica, e resolveu ser um pouco mais cuidadoso nas
etapas de Monza e Cingapura. O problema é que, mesmo sem se envolver em
confusões nas últimas duas provas, Maldonado não conseguiu quebrar o tabu de
ficar sem pontuar desde sua vitória na Espanha, em maio. Em Monza, a punição de
10 posições no grid comprometeu sua corrida; e em Cingapura, depois de uma
classificação fabulosa, largando na 1ª fila, apesar de ter perdido posições na
largada, vinha firme para conseguir seu melhor resultado depois de Barcelona
até sofrer um enguiço no sistema hidráulico de seu carro, que o obrigou a
abandonar. A fase não anda muito boa, apesar das performances...
KV
Racing: a equipe de Kevin Kalkhoven e Jimmy Vasser andou para trás em 2012.
Depois do surpreendente desempenho obtido no ano passado com Tony Kanaan, que
mesmo tendo chegado ao time às vésperas de iniciar-se o campeonato, promoveu um
grande incremento nos resultados do time, obtendo performances que quase lhe
permitiram entrar na luta pelo título, era esperado que a escuderia se
mostrasse mais coesa e organizada para este ano. O novo chassi era desconhecido
para todos, e o time ainda obteve os serviços de Rubens Barrichello, que depois
de 19 anos competindo na F-1, chegava à categoria, com inegável bagagem técnica
que sem dúvida seria muito valiosa. Mas o que se viu foi o time cometer erros
crassos nas estratégias de muitas corridas, derrubando seus pilotos de posições
muito boas em algumas etapas. A estrutura do time, que deveria ter crescido do
ano passado para cá, na verdade encolheu, e isso comprometeu a capacidade de
desenvolvimento do novo carro. Tony Kanaan ainda conseguiu tirar leite de pedra
em algumas corridas, enquanto Rubens Barrichello penou para se adaptar à categoria,
tendo feito inclusive algumas provas abaixo de sua capacidade, enquanto de
Ernesto Viso só poderia se esperar que não se metesse em confusões. Para 2013, a KV deve focar seus
esforços apenas em Tony Kanaan, o que deve permitir algum crescimento a nível
de performance. Mas, ao mesmo tempo, é um sinal de que a equipe encolheu, e não
cresceu em termos qualitativos.
Equipe
Williams: O time de Sir Frank está melhor este ano em termos de performance,
mas em resultados, a situação ainda deixa a desejar. Tirando a pole e vitória
de Maldonado em Barcelona, a escuderia não conseguiu mais nenhum resultado de
monta, além de pontos pingados de Bruno Senna na maioria das corridas, enquanto
o venezuelano se envolveu em diversas confusões e perdeu várias oportunidades
de pontuar. E, quando não houve encrenca com Pastor, o carro o deixou na mão,
como em Cingapura, onde teria terminado entre os primeiros se não fosse um
problema hidráulico que forçou o abandono do venezuelano, quanto o Kers de
Bruno encrencou com seu carro. A Williams tem muito mais pontos este ano do que
os obtidos em 2011, mas na tabela de classificação, só está uma posição acima
da do ano passado, ganhando apenas da Toro Rosso e das equipes nanicas. Nas
últimas corridas, perdeu posição para a Force Índia, e já não tem a mínima
esperança de alcançar a Sauber, que está muito à frente. Na classificação de
pilotos, a mesma situação, com Maldonado e Bruno à frente apenas da dupla da
Toro Rosso. Os pilotos da Hispania, Marussia e Caterham até agora não conseguiram
pontuar na F-1.
Michael
Schumacher: o heptacampeão causou um novo acidente na pista, e pelo segundo ano
consecutivo, bateu durante a corrida em Cingapura, desta vez levando junto com
ele o piloto da Toro Rosso, Jean-Éric Vergne, em uma batida onde ambos os
carros ficaram bem danificados, mas felizmente sem ferimentos para ambos os
pilotos. Já é também a segunda batida por trás que dá no ano, lembrando-se que
em Barcelona Michael atingiu Bruno Senna no final da reta dos boxes, chegando a
chamar o brasileiro de “idiota”. Desta vez, Michael assumiu a culpa, e mesmo
assim, perderá 10 posições no grid do GP do Japão pelo ocorrido. Embora ainda
diga que tem planos de disputar o campeonato de 2013, crescem os rumores de que
Michael se aposente definitivamente no fim deste ano. A Mercedes parece não ter
mais o mesmo entusiasmo em mantê-lo, e pipocaram boatos de que o time alemão
fez uma oferta vultuosa para tirar Lewis Hamilton da McLaren, que assumiria o
lugar de Schumacher. A se confirmar a sua segunda saída da F-1, desta vez em
definitivo, ficará ainda mais patente que o retorno de Michael à categoria
acabou sendo um fracasso, pois em todos os anos, seus resultados ficaram muito
a dever na pista, ofuscado quase sempre por Nico Rosberg, que conseguiu até agora
a única vitória do time, este ano, na China, em que pese também os carros
produzidos pela marca alemã nunca terem estado ao nível de serem vencedores ou
disputarem o título.
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