sexta-feira, 26 de abril de 2013

BANZAI, SATO-SAN



Sato reencontrou-se com a vitória em Long Beach, e quer entrar na briga pelo título da IRL.

            O Grande Prêmio de Long Beach, disputado domingo passado, válido pelo campeonato deste ano da Indy Racing League, foi uma corrida pródiga em disputas acirradas entre os pilotos, e como é normal em circuitos de rua, algumas disputas terminaram com os pilotos arrumando confusões uns com os outros, além de várias tocadas carro a carro, e com vários competidores ficando pelo caminho, seja por defeitos mecânicos, batidas no muro, e ou rusgas com outros pilotos. E, no meio de toda esta briga, eis que Takuma Sato surgiu para fazer história e se tornar o primeiro piloto nipônico a vencer uma corrida na categoria.
            E, não pensem que foi uma vitória fortuita, herdada quando os outros competidores se acidentaram. Nada disso, Takuma venceu por méritos próprios, fruto de uma pilotagem precisa e competente. E o mais incrível é que, numa corrida marcada por diversos incidentes entre os pilotos, o japonês, que já se envolveu em diversas estripulias na pista em sua carreira, não apenas passou incólume a tudo isso, como todas as disputas de posição que efetuou foram limpas e sem confusões. Uma vitória mais do que merecida para Takuma, que desde que estreou na F-1, já demonstrava ser um dos melhores pilotos japoneses que chegaram à categoria TOP do automobilismo mundial, mas nunca teve chance de brilhar de forma definitiva.
            Estreando na equipe Jordan no campeonato de 2002 da F-1, Takuma chegou com a reputação de rápido como poucos pilotos japoneses, mas infelizmente, também carregando a “maldição” de seus antecessores na categoria, de serem estabanados e se envolverem em confusões na pista. Ainda naquele ano, marcou seus primeiros pontos, com um 5º lugar justo no GP de seu país, o Japão, na pista de Suzuka. No ano seguinte, ficou praticamente fora do campeonato, e só não passou o ano em branco porque substituiu o canadense Jacques Villeneuve na equipe BAR, justamente na prova do Japão, onde fez uma boa corrida e marcou mais pontos, terminando a corrida em 6º lugar. Isso lhe valeu contrato para ser piloto efetivo da escuderia em 2004, onde fez sua melhor temporada na F-1, terminando em 8º lugar no campeonato, com 34 pontos, e conquistando seu primeiro (e único) pódio, na prova dos Estados Unidos, ao terminar em 3º lugar a corrida. Takuma já era considerado então o melhor piloto de seu país a chegar à F-1, e mostrava evolução em sua pilotagem, mostrando arrojo e velocidade, e se envolvendo muito pouco em confusões.
            Em 2005, infelizmente, a BAR teve um ano ruim, e isso afetou sobretudo Sato na escuderia, que não conseguiu apresentar as mesmas performances do ano anterior. Acabou terminando o ano apenas em 23º lugar, com apenas 1 ponto conqusitado. Isso o fez perder o lugar no time para 2006, onde novamente continuaria na F-1 graças ao apoio da Honda, que bancou a criação do time de Aguri Suzuki, que teria no compatriota o principal piloto da nova escuderia. Mas, como acontece com os times pequenos na F-1, mesmo os maiores esforços de Sato não foram suficientes para obter resultados significativos. Os carros eram pouco competitivos, e o orçamento, mesmo com apoio da fábrica japonesa, era escasso. Takuma ficou na escuderia até seu fechamento, o que ocorreu em 2008, quando a Super Aguri faliu após disputar as primeiras 4 provas do ano. Com o fim do time, acabou também a carreira de Sato na F-1, após 90 GPs, e 44 pontos acumulados. Nos anos seguintes, Sato tentou arrumar um novo lugar na categoria, mas sem obter êxito.
            Sua chance de renascer no automobilismo viria em 2010, quando mudou-se para a Indy Racing League, disputando o campeonato pela equipe KV Racing. Contando com o patrocínio da Lótus em seu carro, o intrépido japonês se viu arrumando muitas confusões nas corridas, terminando poucas provas, e finalizando seu primeiro campeonato na categoria americana em 21º lugar, com 214 pontos. No ano seguinte, ainda na KV, seus resultados melhoraram, e terminou o ano em 13º lugar, com 282 pontos. Passou a ser mais constante, e se envolveu em menos acidentes, mostrando mais adaptação à categoria. Em 2012, contratado pela equipe Rahal/Letterman, Sato mostrou muita velocidade, mas também voltou a se envolver em acidentes, inclusive um na volta final da Indy500, onde forçou passagem sobre Dario Franchiti e perdeu o controle do carro e as chances de um bom resultado, indo parar no muro. Seguiu-se um período de várias batidas nas corridas seguintes, sendo preciso que Bobby Rahal entrasse em cena para colocar a cabeça do japonês de novo no lugar, e fazendo-o reencontrar a concentração para terminar o campeonato em 14º lugar, com 281 pontos. De positivo, o piloto conquistou seus primeiros pódios na categoria, ao chegar em 3° lugar na etapa de São Paulo, e obtendo uma excelente 2ª colocação em Edmonton, no Canadá. Ficava a expectativa de que a qualquer momento, a chance de Sato vencer surgiria. Mas o piloto japonês acabou dispensado por Bobby Rahal, e precisou procurar outro time para 2013.
            Para este ano, Sato acabou contratado pelo time de A. J. Foyt, e desde a primeira corrida, o piloto vem mostrando uma excelente performance, tendo se adaptado muito bem na nova escuderia, onde é o único piloto, o que faz com que tenha atenção integral do time. Conquistou um impressionante 2º lugar no grid em São Petesburgo, logo na prova de estréia do campeonato, e terminou em 8º, não tendo feito uma estratégia de corrida mais condizente, mas mostrando do que era capaz. Na prova do Alabama, teve um desempenho apenas mediano, largando em 14º e terminando em 12º. Em Long Beach, fez uma boa classificação, largando em 4º, e desde o início, mostrou que estava ali para brigar pelos primeiros lugares, mostrando sempre um ritmo forte e constante. Curiosamente, foi na etapa do ano passado, em Long Beach, que Sato quase chegou a vencer pela primeira vez: o nipônico liderava a corrida mas acabou se enroscando quando foi ultrapassado por Ryan Hunter-Reay, e ambos rodaram, terminando em 8° e 6° lugares, respectivamente.
            Para Takuma, foi a redenção depois de mais de 10 anos após ter vencido pela última vez uma corrida em sua carreira. Em 2001, quando ainda disputava a F-3 Inglesa, o japonês venceu pela última vez, na etapa final daquele ano, em Silverstone, quando foi campeão da categoria, tornando-se o primeiro nipônico a vencer o mais prestigiado campeonato de F-3 do mundo, e credenciando-se para estrear no ano seguinte na F-1. De lá para cá, foi um longo caminho até reencontrar-se com a bandeira quadriculada na primeira posição, o que se tornou realidade em Long Beach. E Sato, empolgado com a vitória, não quer saber de moderar o apetite: ocupando a 2ª colocação na classificação do campeonato, atrás apenas do brasileiro Hélio Castro Neves, Sato quer entrar na briga pelo título da IRL.
            Talento para isso Sato tem, mas a disputa promete ser dura, e o maior revés que o japonês pode enfrentar é seu próprio time: a Foyt é um time médio, e no médio prazo, não tem condições de enfrentar com a regularidade necessária os times mais poderosos como Penske, Andretti, ou Ganassi. Mas nem por isso Sato pode deixar de sonhar alto: como a IRL é uma categoria onde os equipamentos são mais parelhos e equilibrados, se o time conseguir trabalhar bem e mantiver um ajuste fino do carro como conseguiu em Long Beach, Takuma pode sim entrar na briga pelo título, e isso não é nada impossível. Vencer pode ser outra história. E a Foyt precisa vencer principalmente seu péssimo retrospecto quando o assunto é vencer corridas: o último triunfo do time foi há mais de 10 anos, em 2002, quando o time chegou em primeiro na prova do Kansas, com o brasileiro Airton Daré. Na verdade, o time possui apenas 1 título em sua história na Indy Racing League, conquistado no ano de 1998 com o piloto sueco Kenny Brack. Méritos da conquista à parte, naquela temporada a categoria só possuía times sem maior expressão, tendo se separado da F-Indy há pouco tempo, e onde ficaram as principais escuderias da época.
            Hoje, com o fim da F-Indy, estes times que dominavam a categoria competem na IRL, e essa forte concorrência sem dúvida é um forte obstáculo para que o time do lendário Anthony Joseph Foyt Junior, nada menos do que 7 vezes campeão da F-Indy, assuma a condição de protagonista principal da luta pelo título. Mas, não é por isso que Takuma Sato vai desistir da briga. Fiel ao estilo obstinado dos samurais, e com a determinação dos lendários kamikazes que tanto temor provocaram nas Forças Aliadas na Segunda Guerra Mundial, o piloto japonês promete ir à luta com todas as suas forças, e se não encontrar um muro pelo caminho, podem apostar, ele vai dar trabalho mesmo. E será muito, mas muito bem-vindo nesta briga pelo título, que está precisando de novos protagonistas para balançar as estruturas da IRL.
            Banzai, Sato-San...

quarta-feira, 24 de abril de 2013

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – ABRIL DE 2013



            Finalizando mais um mês, eis novamente a hora de dar uma avaliada em alguns personagens do mundo da velocidade depois dos acontecimentos das últimas semanas. Então, fiquem agora com mais uma edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, no tradicional esquema: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a cotação do mês de maio...



EM ALTA:

Sebastian Vettel: o atual tricampeão mundial conseguiu sua 2ª vitória na temporada, e pelo domínio imposto no GP do Bahrein, pode até dar a impressão de que vai caminhar firme rumo ao tetracampeonato. Pelo menos, na prova barenita, Vettel venceu sem nada a ser contestado, ao contrário da primeira vitória do ano, na Malásia, onde o jovem piloto desobedeceu as ordens de seu time e partiu para a vitória, em um momento de leve inferioridade de seu companheiro Mark Webber. Por mais que Fernando Alonso exalte Lewis Hamilton como adversário mais perigoso no grid, é bom abrir os olhos para a performance de Sebastian, que pode muito bem tornar-se o segundo piloto alemão a conquistar 4 títulos consecutivos, embora ainda seja muito cedo para dizer isso...

Takuma Sato: o intrépido piloto japonês da Foyt Enterprises vem crescendo de produção no campeonato da Indy Racing League, e averbou nas ruas de Long Beach o seu primeiro triunfo na categoria americana. Muito rápido, Takuma ainda tinha, em tempos recentes, o velho estigma dos pilotos de seu país, de baterem em demasia. No ano passado, Sato colaborou para este estigma, ao dividir freada com Dario Franchiti na última volta da Indy500 e acabar indo direto para o muro. Mas Takuma vem aprendendo a domar seus ímpetos, e neste início de temporada, vem fazendo uma campanha consistente, que com a vitória nas ruas de Long Beach, o lançou para a vice-liderança do campeonato, atrás apenas do brasileiro Hélio Castro Neves. E, mais importante: numa corrida onde vários pilotos se estranharam na pista e andaram batendo e perdendo partes dos carros em roçadas no muro, pneus ou em outros carros, Sato não apenas não se envolveu em nenhum incidente como chegou ileso ao fim da prova, e andando muito, muito forte. Se conseguir se manter livre de confusões, poderá ser um nome a se considerar ao título da categoria, mas precisará que seu time, que há anos nunca consegue sair das posições intermediárias no campeonato, se acerte como nunca fez nas últimas décadas.

Marc Márquez: O arrojado piloto espanhol de 20 anos, campeão da Moto2 no ano passado, prometia chegar “chegando” na categoria principal, a MotoGP, ao ser contratado pela Honda. E o garoto mostrou a que veio: protagonizou um belo duelo com um renascido Valentino Rossi em Losail, na abertura do campeonato, e na segunda corrida do campeonato 2013, já chegou à vitória na corrida disputada em Austin, no Texas, onde largou na pole-position, e travou um duelo renhido com seu companheiro de equipe Dani Pedrosa. Novato na categoria, mas mostrando muita personalidade, talento, e já dispondo de uma moto vencedora, Márquez tem tudo para ser o mais precoce dos campeões da categoria, desde que não se perca ao longo do campeonato, onde os demais concorrentes, mais experientes, podem surpreendê-lo por conhecerem melhor os macetes das corridas. Mas, eles vão ter que suar o macacão. Pior para Dani Pedrosa, que sentiu que esta era sua melhor chance de chegar ao título, e vai ter de aturar um companheiro duro na queda.

Equipe Audi no Mundial de Endurance: Campeã em 2012 na primeira edição do WEC – World Endurance Campionship, a Audi levou um susto no fim do ano passado, quando a Toyota começou a se impor com força nas provas finais do campeonato, e prometendo dar muito mais trabalho neste ano. Nos treinos da etapa inaugural do certame 2013, em Silverstone, o time japonês realmente preocupou os alemães, ao conquistarem toda a primeira fila do grid de largada. Mas na corrida, os carros alemães mostraram porque na Endurance a constância de performance é muito mais importante do que apenas ser rápido em apenas uma volta. Durante a longa duração da corrida, os japoneses acabaram superados pelos rivais alemães, que não apenas venceram a primeira corrida do ano, como ainda fizeram dobradinha no pódio, deixando a Toyota apenas em 3º lugar, e com uma volta de desvantagem. Os japoneses prometem reagir, mas pelo visto, o alerta do final de 2012 serviu para que a Audi se mantivesse firme na preparação e desenvolvimento de seus carros, e terão de redobrar esforços se quiserem destronar o time alemão na luta pelo título.

Bruno Senna: sem lugar na F-1, o sobrinho do tricampeão Ayrton Senna fez sua estréia como piloto da equipe Aston Martin no WEC, em Silverstone, e logo de cara já ajudou seu time a vencer na categoria GTE Pro. Muito mais animado e descontraído do que nunca esteve em seus anos na F-1, Bruno avisa que ainda não pode prometer vôos mais altos, mas estreou com pé direito (e acelerando) na nova categoria, onde certamente terá muito mais condições de mostrar o que sabe do que se tivesse ficado na F-1. Aliás, é só ver que o brasileiro se livrou de uma boa fria, vendo as performances de seu ex-time, a Williams, neste início de campeonato, sem conseguir sequer pontuar, tendo produzido novamente um carro pouco competitivo. Dispondo de um conjunto vencedor na Endurance, Bruno tem tudo para fazer seu nome brilhar no novo campeonato, e mostrar que pode não ser um superpiloto como seu tio foi, mas que nem por isso deixa de ser um profissional talentoso e competente. Só precisa ter um carro, e uma estrutura e apoio decente...



NA MESMA:

Jorge Lorenzo: atual bicampeão da MotoGP, o piloto espanhol mostra que está mais completo do que nunca. Venceu com competência a corrida inicial do campeonato 2013, no Qatar, e na segunda corrida, em Austin, nos Estados Unidos, foi um competente 3º lugar, uma vez que viu não ter condições de desafiar a dupla da Honda na prova americana. E, ao mesmo tempo, venceu os primeiros duelos internos na Yamaha contra Valentino Rossi, que mostrou que ainda tem muito gás para dar e vender, agora de volta a um equipamento competitivo. Correndo com a cabeça, e sabendo acelerar nos momentos certos, sem desperdiçar as oportunidades, Lorenzo tem boas chances de conquistar o tricampeonato, mas o espanhol sabe que a parada promete ser dura neste ano, não apenas dentro do próprio time, mas também contra os pilotos da Honda, que possuem o melhor equipamento do momento na categoria.

Equipe Mercedes: O time oficial da montadora alemã confirmou que evoluiu mesmo nesta temporada, estando pronta para novamente vencer corridas, e não ser vista mais como promessa que nunca emplacava. Mas o carro deste ano ainda herdou o péssimo modo de não conseguir tratar os pneus da melhor forma exibido pelos projetos anteriores. Nico Rosberg e Lewis Hamilton conquistaram as poles na China e no Bahrein, mas na corrida acabaram superados com relativa facilidade por carros menos velozes em volta lançada, mas muito mais equilibrados no trato com os compostos da Pirelli, que são a chave principal para um bom resultado nas corridas. É verdade que não é apenas a Mercedes que anda enfrentando alguns problemas com os pneus da fábrica italiana, mas é o time grande onde estes problemas são mais pronunciados. Se não conseguir resolver o problema e saber otimizar o uso dos compostos, a Mercedes corre o risco de repetir o campeonato do ano passado, quando começou também prometendo entrar firme na briga pelas vitórias e depois foi despencando ao longo do ano, sendo superados por outros times. Na briga dos times equipados pelo motor alemão, a Mercedes ainda é o time com melhor apresentação até agora, mas a Force Índia parece pronta para dar alguns sustos, e a McLaren nunca pode ser descartada...

Equipe Lótus: O time de Enstone segue na tocada regular e constante de Kimmi Raikkonen, que vem pontuando em todas as etapas do ano, e em Sakhir obteve dois lugares no pódio com seus pilotos, com Romain Grossjean finalmente desencantando em 2013. Mas o andamento do modelo E21 precisa melhorar, principalmente nas classificações, onde não tem rendido tanto quanto os adversários. O carro já mostrou ter bom comportamento em corrida, mostrando um excelente trato com os pneus da Pirelli, tendo se constituído num trunfo valioso para o time e seus pilotos. Mas, mesmo assim, o carro ainda precisa ganhar um pouco mais de performance em corrida, para permitir que tanto Raikkonen quanto Grossjean possam efetivamente desafiar a fundo os concorrentes mais fortes, em especial os carros da Ferrari e Red Bull. Raikkonen já falou que apenas na regularidade não dá para pensar em título, e ele quer mais velocidade do carro. Enquanto o time não tira essa diferença, a constância do finlandês vai tentando dar conta do recado, o que tem funcionado até aqui...

McLaren: O time de Woking continua tendo seu pior início de temporada desde muitos anos, a ponto de Jenson Button e Sérgio Pérez terem se mostrado até agora incapazes sequer de chegar perto do pódio, e sofrendo para conseguir entrar no Q3 nas classificações para o grid. O time tenta reagir, e pelo menos no Bahrein conseguiu seu maior número de pontos em um GP este ano, mas ainda é muito pouco para a tradição da segunda escuderia mais vitoriosa da história da F-1. Se Button tentava andar o máximo que podia, apelando para estratégias diferenciadas na tentativa de dar o pulo do gato, Pérez parecia não ter mais aquele brilho que encantou a categoria no ano passado. Uma boa chacoalhada no piloto mexicano o fez recuperar os brios e fazer uma corrida combativa em Sakhir, mas o time inglês ainda está longe de escapar de ser uma das grandes decepções da temporada. As esperanças são de que as coisas melhorem ao iniciar a fase européia...

Equipe Williams: O time de Frank Williams pode ter pesadelos pela frente. Após 4 corridas, nenhum ponto, e em nenhum momento os pilotos do time mostraram velocidade com o FW35, que tem tudo para ser um carro até pior do que o FW33 de 2011, quando o time fechou o ano com apenas 5 pontos. Depender de pontuar apostando na quebra ou azar dos rivais não tem nenhuma garantia, e o time vai precisar promover uma revolução no carro desta temporada se não quiser ser novamente a “lanterna” na classificação de construtores. E poderia ser ainda pior, pois nas primeiras corridas, seus pilotos tiveram até disputas com pilotos da Marussia e Caterham. E Maldonado voltou a mostrar seu lado “Maldanado”, colaborando para complicar a situação com abandonos evitáveis nas provas.



EM BAIXA:

Caterham: O time de Tony Fernandes começou 2013 levando tempo de sua principal adversária no fim dos grids da F-1, a Marussia, e resolveu apelar a ninguém menos do que Heikki Kovalainen, a quem despediu no início do ano, preferindo pilotos que trouxessem patrocínio para a escuderia. Mas, diante dos fracos resultados obtidos nas 3 primeiras corridas, mais fracos ainda do que o normal, a direção do time resolveu pedir ajuda ao finlandês, que irá correr como piloto reserva alguns dos próximos treinos livres de sexta-feira, como já fizeram em Sakhir. Com muito mais experiência e conhecimento, Heikki deverá ajudar o time malaio a encontrar um rumo para desenvolver seu carro, o CT04. Pelo que se viu em Sakhir, a estratégia funcionou, pois a Marussia ficou sempre atrás durante todo o fim de semana. Apelar para pilotos unicamente pelo patrocínio que trouxeram para o time parece ter sido uma estratégia furada para a escuderia, que vendo o erro cometido, tratou de remediá-lo, ainda que parcialmente. Os dois pilotos titulares agora que tratem de mostrar mais serviço, do contrário, poderão até ser substituídos em pleno campeonato.

Mark Webber: o piloto australiano não vem tendo um bom início de campeonato. Perdeu uma vitória que era até merecida na Malásia, por uma ordem não cumprida de seu companheiro Sebastian Vettel, e depois do mal-estar provocado pela discussão sobre a maneira como o companheiro agiu e como ele é “protegido” dentro do time, pode estar tendo mesmo seu último ano na categoria. Mas, pior, é ter tido azares nas provas seguintes, como ter ficado sem combustível e sem um dos pneus traseiros no treino e na prova chinesa, e ter sido punido por acertar um carro da Toro Rosso, o que valeu uma punição que ajudou a complicar sua corrida no Bahrein. Além de ter caído na classificação com um abandono e um resultado ruim, Webber ainda teve de ver Vettel vencer sua segunda corrida na temporada, além de quase chegar ao pódio na China, o que o levou para a liderança do campeonato, e enfraquecendo sobremaneira a posição de Mark no time, que nunca foi das melhores. Webber precisa reagir se não quiser talvez sair da F-1 pela porta dos fundos ao fim do ano.

Equipe Sauber: Depois de um ano bem-sucedido como 2012, com alguns pódios e apresentações sólidas em algumas corridas, o time de Peter Sauber, assim como a Williams, andou para trás neste ano. O novo modelo C32 não tem proporcionado aos pilotos bom desempenho, e para piorar a situação, o novato Estéban Gutiérrez até agora não se mostrou uma aposta confiável, obrigando Nico Hulkenberg a dar um duro danado para conseguir elevar a moral do time, tendo conquistado já alguns pontos nestas primeiras provas. Mas, diferente do ano passado, quando pontuar era algo plausível, este ano a situação está complicada, e a sorte do time suíço é que a Williams iniciou 2013 muito mal das pernas, do contrário, estaria ainda pior na classificação do campeonato.

Will Power: o piloto australiano da equipe Penske faz este ano seu pior início de campeonato desde que passou a competir em tempo integral no time de Roger Penske no campeonato da Indy Racing League. Nas 3 corridas disputadas até agora, Power conseguiu apenas um 5° lugar no Alabama como melhor resultado, tendo amargado dois pífios 16°s lugares nas etapas de São Petesburgo e Long Beach, corridas que venceu com autoridade ímpar no ano passado, despontando, então, como favorito destacado ao título da competição. Power ainda tem brilhado nas classificações, onde sempre larga entre os primeiros, mas ao contrário do que vinha fazendo nos últimos 3 anos, não está conseguindo converter suas boas posições de largada em resultados à altura. Com isso, Will ocupa apenas a 9ª posição no campeonato, com apenas 62 pontos. E certamente deve ficar incomodado vendo o companheiro de equipe Hélio Castro Neves liderar o campeonato, com 93 pontos, tendo já duas colocações no pódio até aqui em 3 provas...

James Hinchcliffe: o piloto canadense iniciou o certame 2013 da IRL obtendo uma bela vitória na etapa inicial, em São Petesburgo, e dava pinta de que o time de Michael Andretti poderia engrossar a disputa do título com mais um de seus pilotos, além de contar com o atual campeão da categoria, Ryan Hunter-Reay. Ledo engano: Hinchcliffe teve atuações desastrosas nas corridas do Alabama e Long Beach, saindo de ambas as corridas logo no início, e ficando a ver navios em suas pretensões de disparar no campeonato. De líder ao fim da primeira prova, o canadense despencou para a 10ª posição, e vai ter muito trabalho para descontar a diferença e vendo os companheiros Marco Andretti e Ryan Hunter-Reay passarem à sua frente na classificação. E, ainda estar na frente do outro companheiro de time, o venezuelano Ernesto Viso, não serve para compensar a frustração...

 



sexta-feira, 19 de abril de 2013

O QUE PENSO DE INTERLAGOS...



Interlagos: patrimônio do automobilismo nacional. Modernização é necessária, mas seria bom também recuperar o traçado original na íntegra...

            Esta semana começou com um bate-boca de bastidores provocado por um post no Blog do jornalista Flávio Gomes, responsável pelo site GRANDE PRÊMIO (www.grandepremio.com.br) a respeito de uma matéria publicada pelo jornal O ESTADO DE SÃO PAULO, onde o jornalista encarregado de cobrir a Fórmula 1 daquele veículo de imprensa, Lívio Oricchio, afirmava que o Grande Prêmio do Brasil de F-1 estaria a perigo se não fossem feitas as obras necessárias para a construção de um novo paddock que abrigasse de forma condizente a categoria, e que Bernie Ecclestone, aparentemente sem muita paciência diante do modo como as autoridades de governam a maior cidade do Brasil estariam se portando, falava abertamente sobre tirar a corrida de São Paulo. Apesar de muitos argumentos razoáveis e bem embasados, o motivo que causou mais celeuma teria sido o tom agressivo de Flávio Gomes contra Lívio Oricchio, depreciando o trabalho de jornalista deste último. Isso rendeu acaloradas postagens nos blogs dos respectivos profissionais, e ao momento em que escrevo meu texto, os ânimos já estão mais calmos, embora eu acredite que isso ainda vá render algumas trocas de farpas por algum tempo, se não entre os profissionais da imprensa especializada, entre seus leitores.
            Como cada um tem o direito de dizer o que pensa, pois nosso país (ainda) é uma democracia, aproveito para colocar aqui minha visão do assunto a respeito da necessidade ou não de se reformar o circuito José Carlos Pace, que desde 1990 é palco do GP Brasil de F-1, e pode ser considerado um patrimônio nacional do esporte a motor, e que deve, acima de tudo, ser preservado e respeitado.
            De minha parte, o circuito precisa mesmo ser renovado. Não apenas o atual paddock é acanhado para as dimensões exigidas atualmente pela F-1, mas toda a estrutura do autódromo precisa ser melhorada para não só oferecer condições mais dignas de trabalho a quem lá compete, mas também melhores condições para o público poder aproveitar as corridas. Arrisco dizer que, se perder a prova da F-1, Interlagos corre o risco de sofrer o mesmo processo que vitimou o circuito de Jacarepaguá, que há pouco foi completamente demolidor e riscado do mapa, mercê da sanha gananciosa dos cartolas do esporte olímpico e dos políticos picaretas do Estado do Rio de Janeiro. Sem corridas de grande importância, o autódromo acabou sendo largado aos poucos, e mesmo as provas disputadas lá por categorias nacionais não conseguiram deter o estado de abandono cada vez maior que a pista vinha sofrendo.
            As exigências da F-1 atual são descabidas? Podem até ser. Todo ano, a FIA fica exigindo reforma aqui, reforma ali, e com base nessas insistências, o circuito passa todo ano por algumas reformas. Todas elas, de certo modo, importantes para sua conservação e modernização, ainda que sejam tímidas. Mas a FIA exige que o trabalho seja feito, e com isso, a Prefeitura de São Paulo, proprietária do circuito, tem que se mexer e garantir que o autódromo esteja nas condições mínimas exigidas pela entidade internacional que gere o automobilismo. E é essa insistência da FIA, entra ano, sai ano, que ajuda a manter o circuito paulistano nas melhores condições possíveis, ainda que deixe a desejar em alguns quesitos. E a pergunta é: sem estas exigências, e sem a prova de F-1, como estaria Interlagos hoje?
            Quando a prova voltou para São Paulo em 1990, o circuito precisou de uma reforma completa, pois suas condições eram precárias em muitos aspectos. Praticamente tudo foi reconstruído, e a pista, redimensionada em outro formato, mais adequado aos tempos “modernos” da F-1. Afirmar que a pista hoje serve muito bem para as categorias nacionais só mostra que estas não são tão exigentes quando se trata de correr. E, naquela época, isso também valia: as diversas categorias nacionais corriam na pista, e para elas estava de bom tamanho o estado do autódromo. Mas a pista e as instalações precisavam ser melhor cuidadas. A vinda da F-1 garantiu que o autódromo fosse modernizado, e todos ganharam com isso. Como poderão novamente ganhar se o circuito ganhar um novo paddock.
            Quando defendo a reforma de Interlagos, não me refiro a fazer da pista algo suntuoso e megalomaníaco como ficaram alguns autódromos pelo mundo. Mas instalações melhores são necessárias. Um novo paddock, que segundo alguns só seria usado pela F-1 e por isso seria completamente desnecessário, nem por isso é inútil como se fala. Aliás, porque as categorias nacionais não usariam o novo paddock? Ele acomodaria todos muito melhor do que o antigo. Duvido que alguém reclamasse. Mas nenhuma reforma de Interlagos será digna do nome se não fizer algo que considero fundamental: restaurar o traçado original da pista, de quase 8 Km. Considerado um dos mais seletivos e completos do mundo, o traçado original, mesmo que não fosse utilizado pela F-1, poderia muito bem ser palco de outras corridas, como a Endurance. Devidamente recuperado e com atualizações na segurança, e com opções variáveis de traçado, o circuito antigo seria um reforço e tanto, aumentando a versatilidade do autódromo. O anel externo, similar a um oval, poderia servir até para corridas da Indy Racing League, que poderiam até experimentar correr por lá, e com isso, não precisar montar a estrutura de pista no Sambódromo.
            E, em se falando de um novo paddock, não precisa também ser em outro lugar, como foi divulgado, construindo um novo completo na reta oposta. Podem muito bem reformar no atual lugar, e como foi feito em sugestão do próprio Lívio Oricchio tempos atrás, a falta de espaço no local atual, devido ao desnível do terreno, poderia ser solucionada com uma laje, que não apenas daria todo o espaço necessário, como até poderia incluir novos setores para outras funcionalidades. Assim, não seria preciso mudar o local de largada, e muito provavelmente, não se gastaria tanto reformando e ampliando algo já existente, ao invés de construir todo um complexo inteiramente novo. Mas, seja qual for o tipo de modificação a ser feita, um problema crônico em nosso país é aparecer um projeto oficial decente, e que seja corretamente construído e licitado. Tornou-se rotina no Brasil a grande maioria dos projetos de obras públicas apresentarem problemas de toda ordem, devido à corrupção e desmandos que grassam nossas autoridades públicas, com raras exceções. Com uma administração correta, honesta, e um projeto decente e funcional, podem apostar que as reformas necessárias para atualizar Interlagos sairão por muito menos do que se imagina. Basta não haver picaretagens no processo de concepção da obra, e na sua execução.
            E seria uma oportunidade de ouro para se dotar o autódromo de estruturas decentes para o público. Banheiros químicos? Arquibancadas provisórias? Barracas? Tudo isso poderia ser eliminado do circuito com um projeto que traga respeito para o público, que merece uma infraestrutura de primeiro nível para apreciar as corridas na pista. Entra ano, sai ano, e boa parte do pessoal que comparece a Interlagos reclama veementemente do que encontra lá dentro. E muitos só aturam a falta de condições pelo seu amor às corridas, pela oportunidade de ver os carros de perto, ouvir o pleno ronco dos motores, e as brigas de pista, pois poderiam muito bem apenas ver pela TV. Mesmo assim, têm todo o direito de reclamar melhores condições, e não ter que ficar simplesmente aturando aquela turma de chatos que fala que “se é ruim assim, que fique em casa e pare de reclamar”...
            Com relação ao custeio das obras, se a Prefeitura é a proprietária, deve bancar a obra de modernização. E, com a pista modernizada, cobrar os devidos créditos adicionais daqueles que alugam a pista para suas provas, afinal, quanto melhor a estrutura disponível para os clientes, estes que paguem também um valor condizente com o que pedem. Com um circuito plenamente modernizado e recuperado, é mais do que justo que os custos de utilização do autódromo sejam reajustados. Quem diz que o dinheiro seria gasto a fundo perdido está equivocado, pois na prática, as corridas não são promovidas pela Prefeitura, então quem as organiza e promove, seja a Vicar com a Stock, seja a Globo com a F-1, que paguem novos valores pela nova estrutura oferecida. Não é nada de graça. A cidade também ganha em movimentação turística a cada GP, e por isso o investimento vale a pena. Claro que o atual prefeito, quando declara que São Paulo tem “outras prioridades”, dando a entender que não está disposto a gastar o necessário para uma reforma digna do nome, não está faltando com a verdade. A capital do Estado de São Paulo tem um mar de prioridades, e nunca foram devidamente atendidas. Não apenas a incompetência dos políticos que são eleitos complicam o bom emprego das verbas públicas, mas também a corrupção, os apadrinhamentos políticos e todo azar de maus hábitos dos administradores públicos, com raras exceções, ajudam a tornar a tarefa de administrar a capital um Deus nos acuda. Mas estamos vendo dinheiro público sendo gasto a rodo na reforma e construção de estádios para a Copa do Mundo, e parte destes estádios não terão a mesma utilidade após o evento. Da mesma maneira, não falta dinheiro para investir nas instalações da Olimpíada de 2016, sendo que parte da estrutura construída para os Jogos Panamericanos feitos há poucos anos acabaram demolidos por estarem “fora das medidas” para a Olimpíada. E, alguém acha que se só porque o prefeito alegou que a cidade tem outras prioridades, e por causa disso deixaria de gastar para reformar o circuito, iria sobrar dinheiro e então satisfazer as outras tais prioridades, está acreditando em contos da carochinha. Como todos sabem, neste momento o país gasta a rodo nas obras para a Copa e a Olimpíada, mesmo tendo muitas outras obras necessárias e que nunca saem do papel. Mas, e quando não ia ter nem um nem outro destes eventos, os governos por acaso gastaram melhor o dinheiro? Neste ponto, a discussão vai longe...
            Se afirmam que a F-1 já deu o que tinha de dar, e que nosso país não precisa da corrida, certo. Até concordo. Mas, pelo mesmo raciocínio, não precisamos da Copa do Mundo nem das Olimpíadas, onde muito mais dinheiro está sendo gasto (e mal), para um uso ainda mais efêmero, do jeito que as instalações esportivas são cuidadas pelo poder público neste país. Há 20 anos atrás, quando tínhamos Ayrton Senna vencendo provas e disputando títulos, como fizera algum tempo antes Nélson Piquet, e antes dele, Émerson Fittipaldi, ninguém falaria algo assim. Boa parte dos “torcedores”, frustrada com nosso atual momento na F-1, onde somos apenas coadjuvantes, aproveita para descarregar sua raiva e indiferença, com alguns até torcendo abertamente para que não se tenha mais corridas no Brasil, uma vez que nossos pilotos “atuais” não passariam de um bando de “perdedores e fracassados, e de gente assim o Brasil não precisa”, segundo algumas opiniões mais inflamadas.
            Bernie Ecclestone sempre reclama de algumas corridas, e embora em boa parte das vezes seja sua estratégia para melhorar sua condição de negociar, considerar a possibilidade, ainda que remota, de o Brasil perder sua corrida, não deve ser tratada com leviandade, mas com a seriedade necessária ao momento. O Brasil é pista tradicional? É uma corrida “clássica”, e os pilotos e equipes adoram a pista? É, é tudo isso, mas vamos devagar... A França também era uma corrida “clássica”, e já ficou sem GP há alguns anos... Pista tradicional? De acordo com a grana na parada, não tem isso de “tradicional” para Ecclestone, e olhe que ele já rifou até Spa-Francorchamps, o melhor traçado da categoria atualmente, do calendário em anos recentes... Pilotos e equipes gostam do traçado de Interlagos, é fato, mas torcem o nariz para o restante do autódromo e principalmente para suas imediações, que não são nada convidativas, e com um nível de segurança que, lamentavelmente, deixa a desejar, mesmo tendo policiamento reforçado na época do GP, o que mostra um tremendo descaso para a população que ali reside e não tem como se mudar, pois eles merecem tão ou até mais atenção do que a prova de F-1...
            A prova está garantida para o ano que vem, quando acaba o atual contrato. E, agora, o prefeito vem a público garantir que as obras “necessárias” serão feitas para a manutenção da corrida. Isso, teoricamente, coloca uma pá de cal sobre o assunto, e devemos presumir que nosso GP continuará firme no calendário da F-1. Sim, ele continuará, até a próxima “reclamação” do chefão da FOM. Por mais que digam que nossa corrida é “estratégica” para manter a F-1 tendo uma prova na América do Sul, não é bom descuidar das possibilidades de ficarmos sem a corrida. Bernie sempre procura novos mercados, e com o contrato do Brasil encerrando ano que vem, abre-se a brecha para nossa corrida ser substituída por outra que renda mais ao todo-poderoso chefão da F-1. Não estou querendo ser pessimista, mas dizer que é impossível o Brasil perder seu GP é algo que não oferece garantias. Sempre é bom ficar um pouco com o pé atrás. Otimismo demais pode ser mais perigoso do que ser pessimista...
            Discutir o assunto é algo mais do que válido. O que não se deve levar em consideração são os ânimos e comentários exacerbados na discussão. Moderação e bom senso são sempre bem-vindos...

quarta-feira, 17 de abril de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX – JUNHO DE 1996 – 07.06.1996



            Trazendo mais um antigo texto na seção Arquivo, eis aqui minha coluna escrita para o dia 07 de junho de 1996, relatando a performance excepcional promovida por Michael Schumacher no GP da Espanha daquele ano, que marcou sua primeira vitória pelo time de Maranello. Ninguém esperava que a Ferrari vencesse tão cedo quando contratou o então bicampeão alemão a peso de ouro, mas apesar da característica excepcional da prova, disputada debaixo de forte chuva, Michael conduziria a “rossa” de fato de volta às primeiras colocações, e se naquele ano ficou de fora da luta pelo título, dali em diante, com raras exceções, o time vermelho nunca mais deixou de figurar entre os favoritos a um GP, e Schumacher se tornaria o maior vencedor de todos os tempos ao volante dos carros de Maranello, feito que irá demorar muito para ser sequer igualado, mesmo contando atualmente com outro piloto tão capacitado quando o alemão, Fernando Alonso. De quebra, alguns comentários sobre a F-Indy e outros detalhes do momento da F-1 naquela semana. Uma boa leitura a todos...


BAILE NA CHUVA

            O Grande Prêmio da Espanha, disputado no último domingo no excelente circuito de Barcelona, serviu para ratificar o que a F-1 já sabe desde a morte de Ayrton Senna: Michael Schumacher é o melhor piloto da categoria desde então. Depois de alguns desempenhos fracos no início da temporada, o piloto alemão pode ter iniciado sua corrida rumo ao título de 1996 na prova espanhola. E, para mostrar sua força, Schumacher só não cruzou a linha de chegada com mais vantagem porque não precisava de tanto, mas o recado foi dado: a Williams que se cuide, se isso se confirmar, o que ainda é muito cedo para afirmar.

            O temporal que caiu sobre o circuito da Catalunha foi a salvação do piloto da Ferrari, que nos treinos foi batido por Damon Hill e Jacques Villeneuve de maneira sistemática. Só o improvável poderia inverter a situação em favor de Michael, e foi o que aconteceu. Nas temíveis condições climáticas, Schumacher lembrou Ayrton Senna em seus melhores dias, quando nosso campeão humilhava a concorrência em dias de chuva. E como lembrou: Schumacher chegou a andar cerca de 4s mais rápido que seus perseguidores mais diretos, Jean Alesi e Jacques Villeneuve. Qualquer recordação que lembre o show de Senna no GP da Europa de 1993 não será mera coincidência...

            A Ferrari ficou exultante. Quando todos acreditavam que lutar por vitórias, segundo o cronograma inicial da equipe, seria algo para a segunda metade da temporada, Schumacher apressou o processo de forma incrível. É verdade que, se as condições de corrida fossem normais, o resultado seria outro, mas o ritmo da escuderia italiana já está chegando perto da Williams, e é bom que seus pilotos se previnam, pois apesar de ainda não estar perto, que ninguém duvide que o bicampeão alemão busque o tricampeonato já nesta temporada. O talento de Schumacher fala por si, e tudo já indica que a Ferrari segue melhorando. Damon Hill e Jacques Villeneuve que se preparem.

            Enquanto Schumacher dava um baile na chuva, seus perseguidores ficavam pelo caminho ou escorregando pela pista. Alesi, confirmado como um bom piloto de chuva, ficou devendo mais, ficando boa parte da corrida trancado atrás de Villeneuve, que por sua vez, ainda é novato nas corridas na chuva. Damon Hill cometeu seus erros, e acabou rodando, mas depois do que Schumacher fez em Mônaco, qualquer erro de Hill em Barcelona é até certo ponto desculpável. Rubens Barrichello fez uma excelente corrida, chegando a ficar em 2º lugar, e estava na briga com Alesi e Villeneuve por um lugar no pódio até seu Jordan deixá-lo novamente na mão com um problema de embreagem. Triste fim de uma corrida fulgurante: o melhor tempo de Barrichello foi quase 2s mais rápido que os melhores tempos de Alesi e Villeneuve.

            E os demais? Neste baile comandado por Schumacher, ficaram mesmo a ver navios. A maioria ficou sem música para dançar, observando a valsa do alemão e sua Ferrari. Outros erraram seus ritmos e o restante mostrou que ainda precisam aprender como se procede nesta situação...





David Couthard foi sondado por Jackie Stewart para ser o primeiro piloto de sua equipe de F-1, que irá estrear em 1997, mas o escocês não parece disposto a aceitar a parada. O próximo nome da lista do tricampeão escocês é seu piloto favorito: Gil de Ferran. O piloto brasileiro ainda não deu uma resposta à proposta feita por Stewart.





A Penske mudou de projetista. Depois de inúmeras temporadas na equipe, Nigel Benett saiu para cuidar de “negócios particulares”. Em seu lugar, entra John Travis. Algumas fofocas dizem que Roger Penske estaria insatisfeito com o desempenho dos carros de 95 e 96, depois da temporada vitoriosa de 94. Outros dizem que a Penske está planejando construir um carro para competir na F-1, e Benett estaria se dedicando a este trabalho a partir de agora. A Penske já competiu na F-1 na década de 1970, mas desistiu diante da falta de resultados.





A equipe PacWest viveu um drama na corrida de Milwaukee da F-Indy: os integrantes da escuderia tiveram de comer à base de lanches quando estavam no autódromo. O motivo: o motorhome da equipe pegou fogo quando saía do circuito de Michigan depois da disputa da US 500 semana retrasada, e enquanto é consertado, a escuderia está usando o reserva, que tem tudo o que o veículo titular tinha, exceto um item: cozinha!





Hiro Matsushita, conhecido como o retardatário mais perigoso da F-Indy por suas estripulias na pista, quando vai dar passagem aos líderes, foi o piloto mais lento da corrida de Milwaukee este ano: até a volta 61, só tinha completado metade do percurso. Alguns pilotos ironizaram o assunto: “Parecia que ele (Hiro Matsushita) estava em toda parte da pista”., declarou Émerson Fittipaldi, que perdeu a conta de quantas vezes ultrapassou piloto japonês na pista.





Pedro Paulo Diniz conseguiu em Barcelona o seu primeiro ponto na F-1, e encheu o moral da equipe Ligier, que pontuou pela segunda vez consecutiva. “Este ponto foi o mais difícil. Os próximos deverão ser bem mais fáceis.”, declarou o piloto brasileiro. Quem também pontuou pela segunda vez consecutiva foi a Sauber, com Heinz-Harald Frentzen, e a equipe já acumula 10 pontos e passou à frente da Jordan.





Com o fraco desempenho até o momento na atual temporada, correm boatos de que profundas mudanças ocorrerão na equipe Benetton para 1997, começando pela troca de pilotos, que segundo Flavio Briatore, não são bons o suficiente para a escuderia. De frisar que a equipe já se tornou notória por descartar seus pilotos quando eles não mostram resultados na pista, de acordo com o humor, por vezes instável, de Briatore. Roberto Moreno, Jos Verstappen e Johnny Herbert são bons exemplos...





A F-Indy começa agora sua fase de circuitos mistos do campeonato deste ano. Dos circuitos ovais, o único que resta é Michigan, onde serão disputadas as 500 Milhas de Michigan. Todos as outras provas daqui para frente serão em circuitos mistos e/ou de rua. E a primeira parada já é neste final de semana, no GP de Detroit, que será disputado em um circuito urbano montado no Belle Isle Park.
 



sexta-feira, 12 de abril de 2013

AUDI X TOYOTA: O GRANDE DUELO DO WEC 2013



Audi VS Toyota: Quem leva o título da Endurance este ano?

            Começa neste fim de semana o Campeonato Mundial de Endurance (World Endurance Championship – WEC), em um dos mais tradicionais circuitos do mundo da velocidade, Silverstone, na Inglaterra. Criado no ano passado para reviver os bons tempos do Mundial de Esporte-Protótipos, o WEC mostrou-se um sucesso, e todos apostam no crescimento do campeonato, composto por corridas de longa duração, neste segundo ano de disputa. Ainda que sejam poucas as corridas – apenas 8 etapas em 2013, o campeonato já está causando grande expectativa pelo duelo de duas gigantes do mercado automobilístico mundial: a alemã Audi e a japonesa Toyota.
            Multivencedora nas 24 Horas de Le Mans, tendo sido a primeira marca a vencer na competição utilizando um motor movido a diesel, e no ano passado, também a primeira a vencer com um carro híbrido (o modelo R18 E-Tron, equipado com um sistema de Kers similar ao usado na F-1) a Audi é o time a ser batido no campeonato, na principal divisão do WEC, a LMP1, e os alemães já estão se prevenindo para a forte disputa que terão em 2013 contra a Toyota, que no ano passado chegou mostrando força em sua primeira incursão em um campeonato automobilístico TOP depois do fiasco do projeto de competir na F-1, onde participou por quase uma década, sem conseguir resultados à altura do elevado investimento.
            Os japoneses mostraram que entraram para ganhar, e se em Le Mans, onde fizeram sua estréia, foram batidos pela falta de fiabilidade de seu modelo, eles enfim venceram justamente em São Paulo, e depois averbaram mais dois triunfos, ao vencerem as provas do Japão e da China. Não fossem terem entrado apenas a partir de Le Mans, o triunfo do time das quatro argolas no título do campeonato poderia ter tido outro dono. E este ano, mais do que nunca, os japoneses vêm preparados para destronar a Audi das primeiras colocações. Ambos os times correrão com dois carros durante todo o certame. Na Audi, os trios serão formados pelos pilotos André Lotterer/Marcel Fässler/Benoît Tréluyer em um carro, e contando com o trio Tom Kristensen/Allan McNish/Loïc Duval no outro protótipo. Pelo lado dos japoneses, alinharão os pilotos Alexander Wurz/Nicolas Lapierre, e Anthony Davidson/Sébastien Buemi/Stéphane Sarrazin. Em Le Mans, principal prova da competição, a Audi irá alinha um terceiro carro também.
            Neste domingo, nada menos do que 31 carros e 99 pilotos estarão na pista, se revezando durante as 6 horas de competição. Além dos protótipos da LMP1, ainda teremos os carros da categoria LMP2, da GTE, GTE AM, e GTE Pro. No grid, além dos nomes tradicionais das corridas de longa duração, ainda teremos nomes que já passaram pela F-1, como o português Pedro Lamy, os italianos Giancarlo Fisichella e Vitantonio Liuzzi, e o japonês Kamui Kobayashi. Kobayashi, que perdeu seu lugar na Sauber por não trazer patrocinadores, vai competir na categoria GTE Pro pela equipe AF Course. Outro egresso da F-1 é o austríaco Alexander Wurz, que integra o time da Toyota.
            Apesar do crescimento da categoria, o certame de 2013 já acumula uma baixa: a Starworks, time que foi campeão da categoria LMP2 no ano passado, está fora do campeonato deste ano. O motivo, como não poderia deixar de ser, são falta de patrocinadores, mostrando que mesmo bem-sucedida, o campeonato de Endurance também está sofrendo os efeitos da crise econômica mundial. Mesmo com os bons resultados de 2012, o time de Peter Baron não conseguiu fechar o orçamento para disputar o campeonato, e optou por se retirar da competição.
            Para os torcedores brasileiros, haverá 3 representantes do Brasil no grid em Silverstone. Confirmados para disputar a temporada completa estão os dois pilotos que competirão na categoria GTE Pro: Bruno Senna, que irá correr pela Aston Martin, que nesta etapa de abertura da competição terá como colegas de equipe os pilotos Darren Turner e Stefan Mücke (o brasileiro fará parceria com Frédéric Makowiecki e Rob Bell nas demais provas); e Fernando Rees, que defenderá a equipe Larbre, campeã da GT em 2012. O brasileiro irá competir com um Corvette, em parceria com os pilotos Patrick Bornhauser e Julien Canal em todas as oito corridas do campeonato. Tanto Bruno quanto Fernando estão em bons times, e ambos já entram na pista pensando alto já nesta etapa inaugural, visando nada menos do que a vitória na respectiva categoria. Outro brasileiro que também estará na pista é o amazonense Antonio Pizzonia, que irá conduzir um protótipo na categoria LMP2 da equipe Delta-ADR, em companhia de Tor Graves e James Walker na escuderia, que aliás venceu a etapa inglesa na categoria no ano passado. Pizzonia só deverá disputar esta etapa pelo time oficial da Nissan, uma vez que está disputando o campeonato da Grand-Am nos Estados Unidos, mas se mostra aberto para oportunidades futuras que surgirem.
            E ainda é preciso lembrar que Lucas Di Grassi ainda vai correr no campeonato, pelo principal time da categoria, a Audi. Lucas por enquanto está confirmado para alinhar nas provas da Bélgica e de Le Mans, mas é bem provável que dispute outras etapas, como a do Brasil, onde aliás fez uma bela corrida no ano passado, terminando em 3° lugar. A Audi, entretanto, ainda não confirmou o brasileiro para disputar mais corridas até o momento.
            Disputado até o início da década de 1990, o campeonato de Esporte-Protótipos era bem popular, e atraía grandes multidões aos autódromos onde se apresentava. E o Brasil teve até um campeão na categoria: Raul Boesel, que venceu o certame em 1987. O feito de Raul, contudo, acabou ofuscado pela conquista do compatriota Nélson Piquet, que no mesmo ano faturou o tricampeonato na F-1, correndo pela equipe Williams. Com a FIA sob a direção de Max Mosley, o campeonato das provas de longa duração perdeu sua importância, acabando por ser extinto. Sobrou apenas as 24 Horas de Le Mans, prova com prestígio e história próprias. O campeonato acabou sendo recriado no ano passado, e se mostrou uma aposta mais do que bem-sucedida da FIA.
            As provas de longa duração tem sua própria metodologia de competição, onde o mais importante é a constância e resistência, e não apenas a velocidade pura. E os pilotos fazem rodízio na prova, sendo mais do que nunca uma competição de equipe. E é um campeonato que vem se mostrando extremamente atraente, com a participação de grandes marcas, mostrando que nem só de F-1 vive o mundo do automobilismo. Aliás, para algumas delas, como a Audi, a categoria máxima da FIA é totalmente desinteressante, preferindo concentrar seus esforços nas provas de Endurance, cujo campeonato e regras são muito mais flexíveis e apresentando um retorno muito melhor. E a Toyota, que já competiu na F-1 sem conseguir o retorno desejado, está mais do que feliz na nova competição. E, melhor de tudo, com muita disputa em suas diversas categorias.


CALENDÁRIO DO MUNDIAL DE ENDURANCE 2013

DATA
PROVA
CIRCUITO
14.04
6 Horas de Silverstone
Silverstone
04.05
6 Horas de Spa-Francorchamps
Spa-Francorchamps
22 a 23.06
24 Horas de Le Mans
Le Mans
01.09
6 Horas de São Paulo
Interlagos
22.09
6 Horas do Circuito das Américas
Austin
20.10
6 Horas de Fuji
Fuji
10.11
6 Horas de Shanghai
Shanghai
30.11
6 Horas do Bahrein
Sakhir


A F-1 chegou à China para a terceira etapa do campeonato. No ano passado, a Mercedes obteve aqui suas primeiras (e únicas) pole e vitória desde que retornou à categoria como time oficial. Será que conseguirá repetir a performance este ano, onde demonstra estar muito melhor preparada? A conferir...