quarta-feira, 17 de abril de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX – JUNHO DE 1996 – 07.06.1996



            Trazendo mais um antigo texto na seção Arquivo, eis aqui minha coluna escrita para o dia 07 de junho de 1996, relatando a performance excepcional promovida por Michael Schumacher no GP da Espanha daquele ano, que marcou sua primeira vitória pelo time de Maranello. Ninguém esperava que a Ferrari vencesse tão cedo quando contratou o então bicampeão alemão a peso de ouro, mas apesar da característica excepcional da prova, disputada debaixo de forte chuva, Michael conduziria a “rossa” de fato de volta às primeiras colocações, e se naquele ano ficou de fora da luta pelo título, dali em diante, com raras exceções, o time vermelho nunca mais deixou de figurar entre os favoritos a um GP, e Schumacher se tornaria o maior vencedor de todos os tempos ao volante dos carros de Maranello, feito que irá demorar muito para ser sequer igualado, mesmo contando atualmente com outro piloto tão capacitado quando o alemão, Fernando Alonso. De quebra, alguns comentários sobre a F-Indy e outros detalhes do momento da F-1 naquela semana. Uma boa leitura a todos...


BAILE NA CHUVA

            O Grande Prêmio da Espanha, disputado no último domingo no excelente circuito de Barcelona, serviu para ratificar o que a F-1 já sabe desde a morte de Ayrton Senna: Michael Schumacher é o melhor piloto da categoria desde então. Depois de alguns desempenhos fracos no início da temporada, o piloto alemão pode ter iniciado sua corrida rumo ao título de 1996 na prova espanhola. E, para mostrar sua força, Schumacher só não cruzou a linha de chegada com mais vantagem porque não precisava de tanto, mas o recado foi dado: a Williams que se cuide, se isso se confirmar, o que ainda é muito cedo para afirmar.

            O temporal que caiu sobre o circuito da Catalunha foi a salvação do piloto da Ferrari, que nos treinos foi batido por Damon Hill e Jacques Villeneuve de maneira sistemática. Só o improvável poderia inverter a situação em favor de Michael, e foi o que aconteceu. Nas temíveis condições climáticas, Schumacher lembrou Ayrton Senna em seus melhores dias, quando nosso campeão humilhava a concorrência em dias de chuva. E como lembrou: Schumacher chegou a andar cerca de 4s mais rápido que seus perseguidores mais diretos, Jean Alesi e Jacques Villeneuve. Qualquer recordação que lembre o show de Senna no GP da Europa de 1993 não será mera coincidência...

            A Ferrari ficou exultante. Quando todos acreditavam que lutar por vitórias, segundo o cronograma inicial da equipe, seria algo para a segunda metade da temporada, Schumacher apressou o processo de forma incrível. É verdade que, se as condições de corrida fossem normais, o resultado seria outro, mas o ritmo da escuderia italiana já está chegando perto da Williams, e é bom que seus pilotos se previnam, pois apesar de ainda não estar perto, que ninguém duvide que o bicampeão alemão busque o tricampeonato já nesta temporada. O talento de Schumacher fala por si, e tudo já indica que a Ferrari segue melhorando. Damon Hill e Jacques Villeneuve que se preparem.

            Enquanto Schumacher dava um baile na chuva, seus perseguidores ficavam pelo caminho ou escorregando pela pista. Alesi, confirmado como um bom piloto de chuva, ficou devendo mais, ficando boa parte da corrida trancado atrás de Villeneuve, que por sua vez, ainda é novato nas corridas na chuva. Damon Hill cometeu seus erros, e acabou rodando, mas depois do que Schumacher fez em Mônaco, qualquer erro de Hill em Barcelona é até certo ponto desculpável. Rubens Barrichello fez uma excelente corrida, chegando a ficar em 2º lugar, e estava na briga com Alesi e Villeneuve por um lugar no pódio até seu Jordan deixá-lo novamente na mão com um problema de embreagem. Triste fim de uma corrida fulgurante: o melhor tempo de Barrichello foi quase 2s mais rápido que os melhores tempos de Alesi e Villeneuve.

            E os demais? Neste baile comandado por Schumacher, ficaram mesmo a ver navios. A maioria ficou sem música para dançar, observando a valsa do alemão e sua Ferrari. Outros erraram seus ritmos e o restante mostrou que ainda precisam aprender como se procede nesta situação...





David Couthard foi sondado por Jackie Stewart para ser o primeiro piloto de sua equipe de F-1, que irá estrear em 1997, mas o escocês não parece disposto a aceitar a parada. O próximo nome da lista do tricampeão escocês é seu piloto favorito: Gil de Ferran. O piloto brasileiro ainda não deu uma resposta à proposta feita por Stewart.





A Penske mudou de projetista. Depois de inúmeras temporadas na equipe, Nigel Benett saiu para cuidar de “negócios particulares”. Em seu lugar, entra John Travis. Algumas fofocas dizem que Roger Penske estaria insatisfeito com o desempenho dos carros de 95 e 96, depois da temporada vitoriosa de 94. Outros dizem que a Penske está planejando construir um carro para competir na F-1, e Benett estaria se dedicando a este trabalho a partir de agora. A Penske já competiu na F-1 na década de 1970, mas desistiu diante da falta de resultados.





A equipe PacWest viveu um drama na corrida de Milwaukee da F-Indy: os integrantes da escuderia tiveram de comer à base de lanches quando estavam no autódromo. O motivo: o motorhome da equipe pegou fogo quando saía do circuito de Michigan depois da disputa da US 500 semana retrasada, e enquanto é consertado, a escuderia está usando o reserva, que tem tudo o que o veículo titular tinha, exceto um item: cozinha!





Hiro Matsushita, conhecido como o retardatário mais perigoso da F-Indy por suas estripulias na pista, quando vai dar passagem aos líderes, foi o piloto mais lento da corrida de Milwaukee este ano: até a volta 61, só tinha completado metade do percurso. Alguns pilotos ironizaram o assunto: “Parecia que ele (Hiro Matsushita) estava em toda parte da pista”., declarou Émerson Fittipaldi, que perdeu a conta de quantas vezes ultrapassou piloto japonês na pista.





Pedro Paulo Diniz conseguiu em Barcelona o seu primeiro ponto na F-1, e encheu o moral da equipe Ligier, que pontuou pela segunda vez consecutiva. “Este ponto foi o mais difícil. Os próximos deverão ser bem mais fáceis.”, declarou o piloto brasileiro. Quem também pontuou pela segunda vez consecutiva foi a Sauber, com Heinz-Harald Frentzen, e a equipe já acumula 10 pontos e passou à frente da Jordan.





Com o fraco desempenho até o momento na atual temporada, correm boatos de que profundas mudanças ocorrerão na equipe Benetton para 1997, começando pela troca de pilotos, que segundo Flavio Briatore, não são bons o suficiente para a escuderia. De frisar que a equipe já se tornou notória por descartar seus pilotos quando eles não mostram resultados na pista, de acordo com o humor, por vezes instável, de Briatore. Roberto Moreno, Jos Verstappen e Johnny Herbert são bons exemplos...





A F-Indy começa agora sua fase de circuitos mistos do campeonato deste ano. Dos circuitos ovais, o único que resta é Michigan, onde serão disputadas as 500 Milhas de Michigan. Todos as outras provas daqui para frente serão em circuitos mistos e/ou de rua. E a primeira parada já é neste final de semana, no GP de Detroit, que será disputado em um circuito urbano montado no Belle Isle Park.
 



Nenhum comentário: