Trazendo
mais um antigo texto na seção Arquivo, eis aqui minha coluna escrita para o dia
07 de junho de 1996, relatando a performance excepcional promovida por Michael
Schumacher no GP da Espanha daquele ano, que marcou sua primeira vitória pelo
time de Maranello. Ninguém esperava que a Ferrari vencesse tão cedo quando
contratou o então bicampeão alemão a peso de ouro, mas apesar da característica
excepcional da prova, disputada debaixo de forte chuva, Michael conduziria a
“rossa” de fato de volta às primeiras colocações, e se naquele ano ficou de
fora da luta pelo título, dali em diante, com raras exceções, o time vermelho
nunca mais deixou de figurar entre os favoritos a um GP, e Schumacher se
tornaria o maior vencedor de todos os tempos ao volante dos carros de
Maranello, feito que irá demorar muito para ser sequer igualado, mesmo contando
atualmente com outro piloto tão capacitado quando o alemão, Fernando Alonso. De
quebra, alguns comentários sobre a F-Indy e outros detalhes do momento da F-1
naquela semana. Uma boa leitura a todos...
BAILE NA CHUVA
O
Grande Prêmio da Espanha, disputado no último domingo no excelente circuito de
Barcelona, serviu para ratificar o que a F-1 já sabe desde a morte de Ayrton
Senna: Michael Schumacher é o melhor piloto da categoria desde então. Depois de
alguns desempenhos fracos no início da temporada, o piloto alemão pode ter
iniciado sua corrida rumo ao título de 1996 na prova espanhola. E, para mostrar
sua força, Schumacher só não cruzou a linha de chegada com mais vantagem porque
não precisava de tanto, mas o recado foi dado: a Williams que se cuide, se isso
se confirmar, o que ainda é muito cedo para afirmar.
O
temporal que caiu sobre o circuito da Catalunha foi a salvação do piloto da
Ferrari, que nos treinos foi batido por Damon Hill e Jacques Villeneuve de
maneira sistemática. Só o improvável poderia inverter a situação em favor de
Michael, e foi o que aconteceu. Nas temíveis condições climáticas, Schumacher
lembrou Ayrton Senna em seus melhores dias, quando nosso campeão humilhava a
concorrência em dias de chuva. E como lembrou: Schumacher chegou a andar cerca
de 4s mais rápido que seus perseguidores mais diretos, Jean Alesi e Jacques
Villeneuve. Qualquer recordação que lembre o show de Senna no GP da Europa de
1993 não será mera coincidência...
A
Ferrari ficou exultante. Quando todos acreditavam que lutar por vitórias,
segundo o cronograma inicial da equipe, seria algo para a segunda metade da
temporada, Schumacher apressou o processo de forma incrível. É verdade que, se
as condições de corrida fossem normais, o resultado seria outro, mas o ritmo da
escuderia italiana já está chegando perto da Williams, e é bom que seus pilotos
se previnam, pois apesar de ainda não estar perto, que ninguém duvide que o bicampeão
alemão busque o tricampeonato já nesta temporada. O talento de Schumacher fala
por si, e tudo já indica que a Ferrari segue melhorando. Damon Hill e Jacques
Villeneuve que se preparem.
Enquanto
Schumacher dava um baile na chuva, seus perseguidores ficavam pelo caminho ou
escorregando pela pista. Alesi, confirmado como um bom piloto de chuva, ficou
devendo mais, ficando boa parte da corrida trancado atrás de Villeneuve, que
por sua vez, ainda é novato nas corridas na chuva. Damon Hill cometeu seus erros,
e acabou rodando, mas depois do que Schumacher fez em Mônaco, qualquer erro de
Hill em Barcelona é até certo ponto desculpável. Rubens Barrichello fez uma
excelente corrida, chegando a ficar em 2º lugar, e estava na briga com Alesi e
Villeneuve por um lugar no pódio até seu Jordan deixá-lo novamente na mão com
um problema de embreagem. Triste fim de uma corrida fulgurante: o melhor tempo
de Barrichello foi quase 2s mais rápido que os melhores tempos de Alesi e
Villeneuve.
E
os demais? Neste baile comandado por Schumacher, ficaram mesmo a ver navios. A
maioria ficou sem música para dançar, observando a valsa do alemão e sua
Ferrari. Outros erraram seus ritmos e o restante mostrou que ainda precisam
aprender como se procede nesta situação...
David Couthard foi sondado por Jackie Stewart para ser o primeiro
piloto de sua equipe de F-1, que irá estrear em 1997, mas o escocês não parece
disposto a aceitar a parada. O próximo nome da lista do tricampeão escocês é
seu piloto favorito: Gil de Ferran. O piloto brasileiro ainda não deu uma
resposta à proposta feita por Stewart.
A Penske mudou de projetista. Depois de inúmeras temporadas na equipe,
Nigel Benett saiu para cuidar de “negócios particulares”. Em seu lugar, entra
John Travis. Algumas fofocas dizem que Roger Penske estaria insatisfeito com o
desempenho dos carros de 95 e 96, depois da temporada vitoriosa de 94. Outros
dizem que a Penske está planejando construir um carro para competir na F-1, e
Benett estaria se dedicando a este trabalho a partir de agora. A Penske já
competiu na F-1 na década de 1970, mas desistiu diante da falta de resultados.
A equipe PacWest viveu um drama na corrida de Milwaukee da F-Indy: os
integrantes da escuderia tiveram de comer à base de lanches quando estavam no
autódromo. O motivo: o motorhome da equipe pegou fogo quando saía do circuito
de Michigan depois da disputa da US 500 semana retrasada, e enquanto é
consertado, a escuderia está usando o reserva, que tem tudo o que o veículo
titular tinha, exceto um item: cozinha!
Hiro Matsushita, conhecido como o retardatário mais perigoso da F-Indy
por suas estripulias na pista, quando vai dar passagem aos líderes, foi o
piloto mais lento da corrida de Milwaukee este ano: até a volta 61, só tinha
completado metade do percurso. Alguns pilotos ironizaram o assunto: “Parecia
que ele (Hiro Matsushita) estava em toda parte da pista”., declarou Émerson
Fittipaldi, que perdeu a conta de quantas vezes ultrapassou piloto japonês na
pista.
Pedro Paulo Diniz conseguiu em Barcelona o seu primeiro ponto na F-1, e
encheu o moral da equipe Ligier, que pontuou pela segunda vez consecutiva.
“Este ponto foi o mais difícil. Os próximos deverão ser bem mais fáceis.”,
declarou o piloto brasileiro. Quem também pontuou pela segunda vez consecutiva
foi a Sauber, com Heinz-Harald Frentzen, e a equipe já acumula 10 pontos e
passou à frente da Jordan.
Com o fraco desempenho até o momento na atual temporada, correm boatos
de que profundas mudanças ocorrerão na equipe Benetton para 1997, começando
pela troca de pilotos, que segundo Flavio Briatore, não são bons o suficiente
para a escuderia. De frisar que a equipe já se tornou notória por descartar
seus pilotos quando eles não mostram resultados na pista, de acordo com o
humor, por vezes instável, de Briatore. Roberto Moreno, Jos Verstappen e Johnny
Herbert são bons exemplos...
A F-Indy começa agora sua fase de circuitos mistos do campeonato deste
ano. Dos circuitos ovais, o único que resta é Michigan, onde serão disputadas
as 500 Milhas de Michigan. Todos as outras provas daqui para frente serão em
circuitos mistos e/ou de rua. E a primeira parada já é neste final de semana,
no GP de Detroit, que será disputado em um circuito urbano montado no Belle
Isle Park.
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