quarta-feira, 10 de abril de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX – MAIO DE 1996 – 31.05.2013



            De volta com a seção Arquivo, trago esta coluna lançada em 31 de maio de 1996, tendo como tema de discussão a possível volta da “Tríplice Coroa” da F-Indy, que havia existido até 1989 naquele campeonato, com a disputa de 3 corridas de 500 Milhas em circuitos superovais, em Indianápolis, Michigan, e Pocono. Para 1997, os planos eram de reunir numa nova Tríplice Coroa as 2 corridas de Michigan, e a nova etapa que seria disputada em Fontana, na Califórnia. Era uma tentativa de restabelecer o prestígio das corridas de 500 milhas da categoria, que havia perdido a Indy500 pela briga esdrúxula de poder promovida por Tony George ao criar o seu próprio campeonato, a Indy Racing League. Infelizmente, os planos não deram certo, e este ano, a própria IRL está tentando recriar a Tríplice Coroa, mas sem o mesmo charme, pois apenas a prova de Indianápolis será de 500 milhas, ficando as corridas de Fontana, e a estréia de Pocono no certame, apenas de 400 milhas.
            Fiquem agora com o texto e boa leitura...


A VOLTA DA TRÍPLICE COROA

            A F-Indy faz planos ambiciosos para o seu futuro. Ainda mais depois da constatação do sucesso da US 500, disputada no último domingo, e que mostrou, apesar da falta de charme e tradição de Indianápolis, todas as emoções e disputas da F-Indy em seus melhores dias de sempre.

            E o que a CART anda planejando para aumentar ainda mais o sucesso e prestígio de sua categoria? Muita coisa. Boa parte delas ainda são só idéias momentâneas, mas há outras de maior quilate e interesse. Para começar, a CART planeja a volta em grande estilo da Tríplice Coroa da F-Indy. Para quem não sabe, este era o nome dado pela categoria às suas 3 principais provas do calendário, sendo todas etapas de 500 milhas de percurso. Atualmente são disputadas apenas 2 provas de 500 milhas por ano.

            A Tríplice Coroa da F-Indy existiu até 1989. As etapas eram as 500 Milhas de Indianápolis, as 500 Milhas de Michigan, e fechando a tríade, as 500 Milhas de Pocono. Esta última corrida foi disputada pela última vez em 1989, e sua extinção a partir de 1990 marcou o fim da Tríplice Coroa. Uma característica marcante destas provas era o desafio que representavam aos seus competidores. Além da resistência dos carros serem postos à prova, o acerto dos bólidos era muito particular para cada tipo de circuito, e estes, todos da categoria superspeedway, ou ovais gigantes, eram completamente diferentes. Indianápolis tem uma forma bem retangular, quase um quadrado; Michigan já é bem ovalado, e é considerado o circuito oval mais rápido do mundo; já a prova de Pocono, que era disputada no Pocono International Raceway, em Long Pond, na Pensilvânia, era feita em um traçado tri-oval de alta velocidade, com cerca de 2,5 milhas de extensão.

            Em toda a história da F-Indy, apenas um piloto venceu, em uma mesmo ano, todas as provas da Tríplice Coroa: Al Unser, em 1978, quando faturou as corridas de Indianápolis, Ontário e Pocono. Ontário sediava uma prova de 500 milhas antes da entrada de Michigan. Disputada de 1971 a 1989, as 500 Milhas de Pocono tiveram como último pole-position o brasileiro Émerson Fittipaldi, e a prova foi vencida por Danny Sullivan. A corrida de Pocono saiu do calendário da F-Indy devido às más condições da pista e de segurança do circuito.

            Agora para 1997, a intenção da CART é ressuscitar a Tríplice Coroa. Com as 500 Milhas de Michigan e a nova US 500 asseguradas, falta estabelecer uma 3ª prova, e a maior possibilidade é que seja na Califórnia, onde Roger Penske, que já dono do autódromo de Michigan e de Nazareth, está construindo um novo circuito oval similar ao Michigan International Speedway. O novo oval, localizado em Fontana, poderá abrigar não só sua prova de 500 Milhas, como a própria US 500, se for constatado que a corrida na Califórnia terá mais charme e prestígio do que se for realizada em Michigan. Há quem comente que a 3ª prova poderia até ser o GP do Brasil de F-Indy, já chamado de RIO 500 a partir de 97, mas com o detalhe de que serão 500 quilômetros e não milhas. A prova brasileira, que deve ser disputada em março ou em abril, apesar de sua menor extensão de percurso, seria tão difícil quanto às outras, devido ao forte calor brasileiro, e ao fato do circuito Émerson Fittipaldi possuir a maior reta entre todos os autódromos do calendário, com cerca de 1,1 Km de extensão.

E, para prestigiar ainda mais os eventos da Tríplice Coroa, deverá haver também premiações especiais para quem se sobressair em todas elas, como por exemplo quem conquistar todas as poles nas 3 provas, ou conseguir vencer as 3 corridas no mesmo ano, como havia antigamente.

            O novo calendário da categoria deve ser divulgado já na próxima semana, durante o GP de Detroit. Deverão ser 17 etapas, contra as 16 desta temporada. Como a CART já descartou qualquer possibilidade de as 500 Milhas de Indianápolis voltarem a seu calendário, o mês de maio, que era ocupado apenas por esta corrida, deverá ter mais provas, a fim de equilibrar melhor a maratona do campeonato, que começará em março e terminará no início de setembro.





Diante do processo que Tony George move contra a CART pelo uso, segundo ele, indevido, do nome “Indy”, já começam a aparecer sugestões de como a categoria deverá se chamar futuramente. Até agora, as sugestões apontam para F-CART e F-USA. Alguém aí tem um nome melhor?





As 500 Milhas de Indianápolis deste ano não tiveram o charme dos anos anteriores, mas no quesito premiação o dinheiro correu solto: Budy Lazier, que venceu a corrida, ganhou cerca de US$ 1,367 milhão de dólares pela vitória. No total, cerca de US$ 8,5 milhões em prêmios foram distribuídos.





Em homenagem ao piloto Scott Brayton, que morreu durante os treinos para as 500 Milhas de Indianápolis, os pilotos da F-Indy que disputaram a US 500 em Michigan colocaram em seus carros um adesivo com os dizeres “Em memória de Scott Brayton.”





Eis aí uma nova piada sobre a Honda na F-Indy, dizendo que, até nos piores momentos de seus pilotos, os motores japoneses contribuem para o show da categoria. De fato, quando o motor do carro de Alessandro Zanardi, que liderava a US 500, quebrou, foi uma senhora quebra: a fumaça do propulsor estourado encobriu toda uma arquibancada do autódromo...





Detalhe: A US 500 foi a melhor corrida dos pilotos brasileiros no campeonato da F-Indy deste ano depois do GP do Brasil: dos 12 pilotos que chegaram na zona de pontuação, a metade era brasileira. No pódio, nossos pilotos foram maioria: Maurício Gugelmim e Roberto Moreno, em 2º e 3º lugares, fizeram companhia a Jimmy Vasser, o vencedor da etapa...





A largada da US 500 mostrou o maior “strike” do ano na F-Indy: 13 carros foram envolvidos na carambola desencadeada por Jimmy Vasser na hora da bandeira verde. As equipes tiveram muito trabalho para recolocar os carros em ordem. Já alguns pilotos, como Gil de Ferran e Maurício Gugelmim, não tinham carros reservas, e seus bólidos tiveram que ser remontados na base do sufoco.





Enquanto todos os pilotos da US 500 saíram praticamente ilesos da corrida que disputaram no Michigan International Speedway, em Indianápolis, na Indy 500, alguns concorrentes foram parar no hospital. Nas voltas finais, Roberto Guerrero sofreu um forte acidente com seu carro e acabou levando junto Alessandro Zampedri e Eliseo Salazar. Lyn Saint James, única mulher presente na competição este ano, também acabou hospitalizada em virtude de uma forte pancada com seu carro.





Neste fim de semana, mais velocidade em dose dupla: pela F-Indy, haverá as 200 Milhas de Milawukee; pela F-1, será a vez do Grande Prêmio da Espanha, a ser disputado no veloz circuito de Barcelona, na Catalunha. Preparem-se para torcer...
 

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