sexta-feira, 27 de março de 2020

ADIAR OU CANCELAR?

Prova da MotoGP em Jerez de La Fronteira é o mais novo adiamento da motovelocidade.

            Mais uma semana, e o surto do coronavírus continua virando meio mundo e um pouco mais de cabeça para baixo. E neste meio tempo, dá para se ver de tudo, e o que mais dá pena são pessoas que passam notícias falsas, ou gente que insinua algum remédio que curaria a doença, quando no atual momento, o que temos são vários tiros para todos os lados, alguns deles completamente no escuro, na esperança de se encontrar ao menos um tratamento, que possa mitigar os riscos da Covid-19, e pelo menos poder se tranquilizar parte da população.
            E no mundo do automobilismo, tudo continua na mesma, com a incerteza sobre o que será feito este ano. Com os Estados Unidos agora tendo uma explosão de casos, chegou a hora da maior potência econômica do mundo sentir os dramas que alguns países já viveram. E com a terra do Tio Sam também vendo os casos se alastrarem, seria mais do que natural imaginar o que farão em relação às corridas, se continuarão sendo adiadas, ou canceladas. Se na semana passada a notícia de maior impacto foi o cancelamento do Grande Prêmio de Mônaco, a corrida mais charmosa e tradicional do campeonato de Fórmula 1, eis que esta semana a notícia de maior destaque refere-se justamente à grande estrela do campeonato da Indycar, as 500 Milhas de Indianápolis, programadas inicialmente para o dia 24 do mês de maio. Bem, não mais.
            Diante da piora da pandemia nos Estados Unidos, a direção da Indycar resolveu jogar pelo seguro, e a famosa corrida do circuito oval de Indiana agora será realizada no dia 23 de agosto, praticamente três meses depois, seguindo o exemplo da organização das 24 Horas de Le Mans, que transferiu a famosa corrida de endurance do mês de junho para setembro. Já o GP de Indianápolis, prova disputada no traçado misto do Indianapolis Motor Speedway, será realizada no dia 4 de julho. Desde que a prova estreou na competição, sempre foi realizada antes da Indy500. Certamente, não fosse a necessidade de se realocar praticamente todo o calendário da Indycar a esta altura, e ainda assim, sem garantias de que tudo correria bem, certamente a corrida também seria disputada em agosto. A intenção da direção da Indycar é tentar iniciar o seu campeonato com a rodada dupla de Detroit, marcada para os dias 30 e 31 de maio, e até o presente momento, eles estão otimistas em tentar manter esta data para iniciar o campeonato.
            Mas, como já mencionei, não há garantias de que isso seja feito. As próximas semanas serão decisivas para sabermos se a pandemia perderá sua força, ou continuará se alastrando como vem fazendo em diversos países, com resultados variados dependendo de um para o outro. E como na última semana o quadro não pareceu animador, ao menos para vários países envolvidos com atividades importantes do mundo da velocidade, novas decisões vêm sendo tomadas para tentar se antecipar aos fatos, e evitar ações desnecessárias e, talvez, arriscadas.
Com as corridas em Indianápolis adiadas para julho e agosto, a Indycar ainda tem esperança de iniciar a competição em Detroit.
            A F-1 já acertou o cancelamento da corrida em Baku, no Azerbaijão. Embora com data marcada para o mês de junho, e mesmo sendo uma corrida disputada em um circuito de rua, as autoridades da cidade preferiram pedir pelo cancelamento, pela incerteza em conseguir montar a estrutura necessária para o evento, um procedimento que começa mais de um mês antes. Os olhos se voltam agora para Montreal, no Canadá, que seria a próxima etapa. Se sem a prova de Baku a logística da F-1 fica um pouco mais fácil, por outro lado, os canadenses já começam a ficar incertos se a corrida será realizada, e um dos principais motivos é o surto da pandemia que está se alastrando pelos Estados Unidos, país vizinho. Dependendo dos acontecimentos, o coronavírus, que ainda está com um número de casos considerado razoável em terras canadenses, poderia explodir por lá também, pela proximidade da fronteira com o vizinho do sul.
            Outro problema seria o próprio local da corrida, uma vez que a prova é disputada em uma pista montada dentro de um parque criado numa ilha artificial no rio São Lourenço, que corta a imensa metrópole canadense. O local tem apenas uma ponte, que se torna o único acesso ao circuito, o que resulta numa aglomeração ainda maior de pessoas chegando para as atividades do Grande Prêmio. Como a pandemia está pulando de país em país, o Canadá teme ser a nova “bola da vez”, e com isso, não haver condições para se realizar a corrida. Uma decisão terá de ser tomada, e está difícil tentar fazer algum prognóstico.
            E a situação não melhora muito para as corridas seguintes, todas em território europeu, até o início de setembro. A Itália, país mais afetado pela pandemia, até tem sorte: o GP em Monza é justamente em setembro, o que lhe dá alguma segurança pela distância de tempo até lá, uma vez que ainda temos cinco meses até lá, mas neste momento, quem garante que os italianos estejam pensando na sua corrida? E as provas que vem antes estão com a perspectiva ainda mais complicada. Temos a França, depois a Inglaterra, a Hungria, e a Bélgica. E dependendo da situação, a expectativa era encaixar Espanha e Holanda em agosto, mês das tradicionais férias de verão, que foram antecipadas para agora, numa tentativa de conseguir um tempo para poderem normalizar a situação. Mas, e se não der certo?
            Aí, ninguém sabe o que se poderá fazer? E fica-se a dúvida: adiar, ou cancelar de vez? E, por incrível que pareça, cancelar está parecendo uma opção mais viável do que simplesmente adiar. Adiar pressupõe que a corrida será disputada em outra data, mas conforme as semanas avançam, o tempo disponível para se encaixar as corridas não realizadas em novas datas vai diminuindo de forma acelerada. Se a Indycar começa a cogitar realizar rodadas duplas para tentar ao menos fazer um campeonato, medida que também pode ser adotada pela F-E, a F-1 não tem esta vantagem, pela estrutura gigante que possui, que implica em imensos deslocamentos. A F-E, possuindo uma estrutura muito menor, não tem problemas em realizar rodadas duplas, e teria apenas de acertar com os locais das corridas, se bem que, com o seu campeonato programado para terminar em julho, já se perguntam se ele poderia ser prorrogado para agosto, e talvez setembro, de acordo com as possibilidades de se disputar as corridas. A Indycar, por outro lado, correndo apenas nos Estados Unidos (o Canadá é atualmente a única exceção, com a prova de Toronto), também poderia fazer rodadas duplas, e até já se fala que a corrida de São Petesburgo, que abriria a temporada, seria adiada para outubro, em data ainda a ser divulgada, para encerrar a competição.
            A MotoGP também já sofreu mais uma baixa, com a prova de Jerez de La Fronteira, marcada para o início de março, sendo posta na geladeira, pelas incertezas da pandemia. E a própria categoria agora também bate cabeça com o que fazer a respeito de todas as corridas sob ameaça do surto da Covid-19. Realmente, não está sendo nada fácil estes últimos dias. Afinal, se até as Olimpíadas acabaram adiadas para 2021, em se tratando de um evento que é realizado de quatro em quatro anos, o que dizer dos eventos “anuais” então...?
            Mas, seja qual for a categoria, todo mundo começa a pensar no assunto. Adiar, como já mencionei, envolve realizar o evento em data posterior, mas qual data? E se para muitos, pode parecer fácil apenas dizer que o evento será realizado em outra data, na verdade isso não é tão fácil como pode parecer. Vejamos Mônaco... A prova foi cancelada, e não adiada. O Automóvel Clube de Mônaco preferiu cancelar a mais tradicional corrida do campeonato da F-1 diante da impossibilidade de se montar a estrutura que a corrida exige para ser realizada no Principado diante das empresas que fornecem mão-de-obra e equipamentos dificilmente terem como atender a este serviço fora da data previamente combinada. E, se a situação se normalizar, é preciso entender que lá na frente haverão outros eventos e acontecimentos diversos que serão realizados normalmente se a situação assim o permitir. Estes outros compromissos não poderiam ser penalizados para que se fossem realizados aqueles eventos que acabaram adiados pela pandemia.
México e Estados Unidos poderiam receber a prova do Canadá próximo de suas datas e facilitar a logística, mas será que conseguiriam fazer dar certo?
            Um circuito, dependendo de onde está, pode ter todo um cronograma de eventos, provas, além de outros compromissos para todo o ano. Estruturas de alto custo, são lugares que não podem permanecer parados, precisando gerar lucro para se manterem. Interlagos, por exemplo, está ocupado quase todo o ano, com atividades que não se resumem somente às corridas que conhecemos, como a F-1, ou a Stock Car. A prova brasileira ainda está relativamente segura, em novembro, mas diante da bagunça que se instalou no calendário, com adiamentos e cancelamentos, se a situação se normalizar, a tendência inicial é manter a data da prova brasileira para quando já está definida. Obviamente, isso quer dizer por exemplo que, se a Stock Car resolver marcar uma corrida cancelada de seu certame para uma data posterior no autódromo paulistano, não poderia contar com o fim de semana do GP de F-1, ou de algum outro evento já firmado com a pista. Logicamente, reencaixe de provas exige todo um jogo de cintura por parte dos organizadores e dos competidores, e muitas vezes, por mais boa vontade que todas as partes envolvidas tenham, não se consegue chegar a um acordo viável.
            No caso da F-1, diante de sua estrutura gigantesca, que envolve um desafio de logística tremendo, a melhor opção seria tentar mudar a data do maior número de corridas, todas em comum acordo com os promotores, circuitos, e equipes da competição. São muitos interesses, além dos compromissos assumidos com outras categorias, para se achar datas e locais viáveis. Por exemplo: seria muito bom colocar a corrida do Canadá junto das provas do México e dos Estados Unidos, em outubro, caso a corrida canadense precise ser adiada. Aliás, antigamente, estas três provas eram feitas em sequência, com uma logística afinada, de modo que em uma única viagem, a categoria máxima do automobilístico competia nos três países da América do Norte. Mas, mesmo que se consiga manter as datas originais de México e Estados Unidos, será que o circuito Gilles Villeneuve estaria disponível naquele momento? Se estiver, ainda assim, será preciso acertar com as equipes de competição, que neste caso, creio que até aceitariam o reencaixe, mas é preciso pensar no pior momento da situação, a fim de não se deixar ficar otimista demais...
            Para a MotoGP, com a prova de Jerez adiada, que tal seria se, mais à frente, conseguissem juntar as etapas disputadas em Barcelona com Jerez, e também Aragón, todas provas em solo espanhol? Ou tentar colocar juntas as etapas de Mugello e San Marino, ambas na Itália, em locais próximos? Tudo seria uma maravilha, não? Mas será que conseguiriam montar estes combos junto com os promotores e os circuitos? E ainda tem também o risco de se saturar o momento, com muitas provas sendo disputadas em todos os finais de semana. Seria possível, mas não ficariam isentas de alguns problemas. Ciente das dificuldades, ao menos a direção da MotoGP já admite até fechar o campeonato de 2020 em 2021, dependendo do que acontecer...
            Mas não basta ser flexível apenas na vontade. Todo grande evento, e o esporte a motor não é exceção, tem uma série de compromissos assumidos, e entre eles, as transmissões das competições, que hoje são o grande filão de recursos financeiros para as entidades que comandam estes campeonatos. Como ficará a Dorna sem receber pelos contratos de transmissão de corridas que não foram realizados? E promotores que já fizeram gastos visando as provas que acabaram canceladas? E nem falo das cifras astronômicas que a F-1 geralmente movimenta. Cancelar seria bem mais prático, mas isso geraria uma dificuldade adicional, que seria como os times se manteriam neste período de inatividade. E para falar a verdade, são poucos os times de competição que desfrutam de boa retaguarda financeira.
            Sem corridas, os times não recebem por sua participação. E sem provas, os patrocinadores que pagaram altas somas para estamparem suas marcas e produtos nos carros, também não têm a exposição prevista. E sem exposição, sem pagamento também. Mas todos ainda tem seus custos: manter as estruturas das fábricas, os empregados, pagamento de fornecedores de materiais, contas diversas... Alguns governos têm se mexido para postergar contas de alguns serviços, como água e energia, durante o período da pandemia, mas isso pode ser muito pouco, ou quase nada, se a empresa do time de competição não possui uma reserva financeira que posa ajudar neste momento difícil que todos estão enfrentando.
            O problema é que todo mundo aplica os recursos disponíveis na disputa do campeonato. Os times fazem sua previsão de gastos, baseada no que irão receber durante o ano, e embora alguns times possam se precaver de modo a não faltar recursos durante a temporada, isso não quer dizer que eles estejam blindados para uma crise como essa. Na verdade, nem mesmo os times mais abastados, como uma Mercedes ou Red Bull, estão imunes a isso. A Mercedes depende da indústria de carros, e neste momento, com o comércio praticamente paralisado em sua grande maioria, mesmo uma grande corporação com a Daimler-Chrysler não pode se dar ao luxo de manter o mesmo nível de atividade e gastos, sem a entrada de recursos que normalmente ocorreria. Na Red Bull talvez a situação seja um pouco menos sensível, já que o famoso energético ainda deve se manter em comercialização normal, enfrentando uma queda bem menor, até porque o energético é um produto de comercialização muito mais fácil do que um veículo. Mas mesmo assim, pode sofrer algumas sequelas.
            Mas, e uma Williams, time com o menor orçamento da competição nesta temporada, e com o orçamento praticamente contado para o ano? Certamente, as finanças em Grove já andavam apertadas, e agora com esta situação, sem terem como correr, e por isso mesmo, teoricamente sem vir a receber pelos acordos feitos com os patrocinadores para exposição de seus nomes nos carros e na estrutura da equipe, além das verbas que normalmente recebe da FOM pela participação no campeonato, pode ser um momento bem complicado.
            Claro, há algumas compensações. Como não há corridas, e a atividade nas fábricas foi paralisada em boa parte, os gastos e custos diminuíram também. E, dependendo do que for economizado, isso certamente ajudará na manutenção do time neste momento delicado. Se vai resolver ou não, é complicado dizer, mas ao menos, é um ponto positivo a ser realçado. Um panorama que não se restringe apenas ao mundo do automobilismo, mas a toda e qualquer empresa mundo afora. E infelizmente, muita gente irá passar por apertos e dificuldades com a paralização da economia em muitos lugares, se não for achado um nível de equilíbrio entre prevenir o avanço e disseminação da Covid-19, e a manutenção das atividades comerciais que permitam às pessoas terem como se manter durante esta crise.
            E assim, ficamos ainda na expectativa do que vai acontecer pelo mundo enquanto durarem os efeitos desta pandemia. Só nos resta aguardar, e esperar pela melhor das possibilidades...

quarta-feira, 25 de março de 2020

ARQUIVO ESPECIAL – COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – ABRIL DE 2000


            Ainda com tudo parado, até mais do que deveria ser, e com alguns comportamentos lamentáveis diante da crise do coronavírus que enfrentamos, trago hoje mais um antigo texto de meus arquivos, em especial uma Cotação Automobilística, referente aos acontecimentos do mundo do esporte a motor de abril de 2000, publicado no dia 28 de abril daquele ano, em um estilo muito similar à das mais recentes cotações automobilísticas que tenho feito. Com tudo parado, adiado e/ou cancelado, posso dizer que a primeira sessão da Cotação Automobilística deste ano também acabou cancelada, pela falta de eventos neste mês de março, portanto, curtam este meu antigo texto, e façam bom proveito. E que a vida volte à normalidade o quanto antes...


SOBE:

- RUBENS BARRICHELLO:  Enfim, teve um desempenho à altura do que poderia se esperar de um piloto de    um time de ponta. Rubinho fez a primeira pole da Ferrari no ano e era nome certo para a vitória até ser traído pelo carro. A primeira vitória não está muito longe do piloto brasileiro. É só a sorte ajudar um pouco. Enquanto esteve na pista, Barrichello pilotou sem cometer erros e suportou a pressão dos pilotos da McLaren e da Jordan. E sem forçar o limite do carro. Com isso, redimiu-se parcialmente da fraca atuação de Ímola, onde ajustes equivocados do carro limitaram sua performance.

- JENSON BUTTON: Nas condições de loteria em que a classificação do GP da Inglaterra se transformou, Button foi uma das sensações ficando em 6º no grid. Na corrida, sempre esteve em luta por lugares pontuáveis e, assim como seu colega Ralf Schumacher, só não se classificou melhor porque a estratégia de duas paradas prejudicou a atuação. Mas Button também vem mostrando muita maturidade e está cometendo pouquíssimos erros. Resta saber se, em 2001, não será rifado pela Williams para a provável volta de Juan Pablo Montoya, atualmente na F-CART.

- EQUIPE PENSKE: Depois os fracos resultados dos últimos anos, o time mais organizado da F-CART está dando a volta por cima. Os desempenhos mostrados até agora na pista mostram que a Penske recuperou totalmente a sua competitividade. Para aqueles que apostavam que o time iria levar um tempo para se ajustar aos novos equipamentos, a organização de Roger Penske mostrou uma competência exemplar. A sonhada 100ª vitória do time na categoria pode chegar a qualquer momento. E, para frisar a reascenção da equipe, a performance do time foi excelente tanto nos circuitos ovais como mistos. É favorita ao título. Em Long Beach, conseguiu o primeiro pódio do ano, com o segundo lugar de Hélio Castro Neves.

- GIL DE FERRAN: Em duas etapas disputadas até agora, em termos de classificação, Gil é piloto a ser batido. Duas pole-positions consecutivas e o maior número de voltas lideradas até o momento no atual campeonato, já dão uma mostra de como Gil tem mostrado força. O piloto brasileiro tem mostrado que a Penske está voltando a seus bons dias de competitividade. Só não venceu ambas as corridas disputadas até agora porque as situações de corrida não lhe foram favoráveis e bagunçaram com sua estratégia de corrida. Só para constar a performance de Gil na classificação, em Long Beach, ele colocou praticamente ls de diferença sobre o seu colega de equipe, o brasileiro Hélio Castro Neves, que largou na 5ª fila.

- AL UNSER JR.: Depois de ficar a pé na F-CART, “little” Al mudou-se para a Indy Racing League, retornando à sua velha equipe Galles, onde foi campeão da então F-Indy em 91. Se, para muitos, ir para a IRL foi o caso de uma aposentadoria forçada e uma decadência anunciada, Al Unser Jr. mostrou que não é bem assim, e venceu a prova de Las Vegas, disputada no último fim de semana, pelo calendário da IRL. Com isso, o velho Al mostra que ainda tem velocidade para mostrar aos outros pilotos.


NA MESMA:

- MICHAEL SCHUMACHER: O piloto alemão teve em Silverstone sua pior performance do ano, depois de 3 vitórias consecutivas. Schumacher nunca esteve na luta pela vitória e contou com a sorte para subir ao pódio no GP inglês. Como a vantagem na classificação era enorme, o bicampeão ainda é favorito isolado ao título, e vai levar pelo menos mais 3 corridas com resultados similares aos de Silverstone para ter seu favoritismo contestado. Mas é difícil prever outros panoramas ruins como o do GP inglês, para sorte do alemão e azar da concorrência.

- EQUIPE ARROWS: Continua surpreendendo pela recuperação de competitividade, mas a fiabilidade dos carros continua abaixo da média. No GP da Inglaterra, o ponto alto foi a boa posição de largada de Versttappen e a suadeira que o piloto holandês deu em Michael Schumacher durante parte do GP em tentativa de pressionar para conseguir uma ultrapassagem. Não fosse a quebra, entraria nos pontos, com certeza. Se conseguir fiabilidade, a coisa vai melhorar muito.

- EQUIPE BENETTON: Nova direção e novo proprietário, mas nada disso ainda parece ter surtido algum efeito na equipe que nasceu como Toleman na década de 80. Flavio Briatore, de volta ao comando da escuderia, vai precisar de toda a sua competência para reerguer a escuderia que já chegou a ser duas vezes consecutiva campeã de pilotos nos anos 90. O apoio da Renault é bom, resta saber quanto tempo a escuderia vai levar para se recuperar. E isso é uma  incógnita.

- EQUIPE MCLAREN: Apesar da vitória com dobradinha no GP da Inglaterra, o time de Ron Dennis ainda está devendo uma apresentação decente nesta temporada. Tanto Hakkinem quanto Coulthard não demonstraram em nenhum momento aproveitar o potencial do excelente carro prateado e, para finalizar, a vitória só veio porque Rubens Barrichello quebrou e abandonou. E, em Ímola, a escuderia foi  totalmente derrotada por Michael Schumacher. Deste jeito, o título vai ficar difícil. Em Barcelona, local da próxima etapa, a McLaren vai ter de aproveitar tudo o que puder para conseguir nova vitória e diminuir a diferença.

-  ANTÔNIO PIZZONIA: O “Jungle Boy” continua detonando na F-3 inglesa, vencendo as duas etapas disputadas até agora do campeonato. E é o favorito destacado para a etapa deste fim de semana, em Oulton Park. E o pessoal da F-1 já começa a olhar para ele. Flavio Briatore já acertou com o jovem piloto brasileiro uma série de testes para ver se Pizzonia tem condições de domar um F-1. Depois do furacão Button neste início de temporada, ninguém duvida que, se Pizzonia mostrar com a Benetton o mesmo talento que tem mostrado até agora na sua carreira, vai ser mais um brazuca a estar no grid de largada da F-1 já em 2001.


DESCE:

- ORGANIZAÇÃO DO GP DA INGLATERRA: Depois da confusão das placas em Interlagos, a organização do GP Brasil foi multada pela FIA em 100 mil dólares. Quero ver o que vai acontecer com a organização do GP da Inglaterra, depois do caos do fim de semana. Obrigar os torcedores a andarem 5 quilômetros a pé para chegar ao circuito no sábado foi uma total falta de respeito, sem nem ao menos terem criado um sistema de transporte alternativo para suprir esta deficiência. E as cenas dos veículos atolados na lama, sendo que até mesmo o veículo de resgate teve de ser rebocado, foi muito interessqnte. Bagunças de uma organização de país de “Primeiro Mundo”. Bernie Ecclestone não gostou nem um pouco disso e concordo plenamente. E milhares de torcedores também.

- FIABILIDADE DA FERRARI:  A equipe italiana está ficando em uma posição meio incômoda com as quebras do carro de Rubens Barrichello. A de Silverstone foi particularmente danosa para a Ferrari porque se Rubinho vencesse, seria a 4ª vitória consecutiva da escuderia de Maranello na temporada, e a dupla rival da McLaren marcaria bem menos pontos. Até agora, em 4 corridas, o carro do brasileiro quebrou 2 vezes, mas e se as quebras passarem a acontecer com Schumacher?

- EQUIPE NEWMANN/HASS:  Um dos mais fortes times da F-CART teve uma atuação pífia em Long Beach, abandonando a corrida com problemas sérios nos carros de seus pilotos. O de Christian Fittipaldi chegou até a pegar fogo nos boxes. Como a equipe também não teve um desempenho muito convincente em Homestead, vai precisar batalhar muito para conseguir reencontrar o favoritismo para disputar o título da categoria. Há quem diga que, além dos maus resultados, Michael Andretti já pensa em aposentadoria...

- JARNO TRULLI: O piloto italiano até agora não mostrou muito a que veio na equipe Jordan. Foi contratado por Eddie Jordan para fazer uma dupla mais forte com Frentzen do que a do alemão com Damon Hill em 99. Até o momento, Trulli só tem se saído um pouco melhor que Hill nas classificações, mas continua longe de Frentzen em corrida. Em Silverstone, então, teve uma atuação apagada e só pontuou porque os pilotos à sua frente quebraram.

- EQUIPE JORDAN: Até o momento, a equipe não conseguiu repetir as boas performances de 99. A fiabilidade do carro não tem ajudado, uma  vez que comprometeu alguns resultados que já geravam preciosos pontos para a escuderia, como em Silverstone, onde Frentzen estava garantido nos pontos. O único ponto positivo até o momento é o fato de a equipe, que usa um motor Honda semi-oficial, ainda ter melhor performance do que a do time “oficial” da Honda, a BAR. Mas a situação da Jordan tende a piorar, pois acaba de perder o seu projetista Mike Cascgoyne para a Benetton para 2001.