quarta-feira, 11 de março de 2020

ESPECIAL FÓRMULA 1 2020


            Hora de esquentar os motores. A Fórmula 1 tem início neste final de semana, apesar dos trancos e barrancos da histeria da Covid-19, e tudo está preparado, do jeito que se pode, para um campeonato cujas disputas prometem ser interessantes, na melhor das hipóteses, ou um repeteco do que vimos em 2019, na pior confirmação. Confiram o que esperar desta temporada nesta matéria especial sobre o campeonato de 2020 da categoria máxima do automobilismo...


F-1 2020: MAIS DO MESMO?

Com regulamento técnico sem mudanças, relação de forças entre as equipes da categoria deve se manter, ou poderemos ter surpresas?

Adriano de Avance Moreno

Depois da menor pré-temporada de sua história, a F-1 dá sua largada para o campeonato de 2020, ou pelo menos vai tentar fazer um campeonato, diante dos percalços causados pela histeria do coronavírus.
         A Fórmula 1 prepara-se para iniciar mais um campeonato, e da maneira mais incerta possível, devido ao surto mundial do novo coronavírus covid-19, que até o presente momento está deixando a perspectiva de termos um campeonato praticamente sem sabermos o que de fato ocorrerá, em um ano onde, pelo que vimos na pré-temporada, tudo indicava que poderíamos ver mais um ano de domínio da Mercedes na competição.
         Em um ano onde as mudanças técnicas foram mínimas, e com um novo regulamento entrando em vigor em 2021, imaginava-se que os times fariam apenas evoluções dos carros de 2019, mas quase todas as escuderias trataram de caprichar em seus novos projetos, visando alcançarem melhores resultados. Nas primeiras colocações, a Mercedes deve continuar a ser o carro a ser batido, mas a Red Bull diz estar preparada como nunca para destronar, ou pelo menos tentar, Lewis Hamilton e os carros prateados. E a Ferrari, de que se esperava muito, aparentemente exagerou nas correções de seu novo carro, que agora, além de ser mais lento nas retas, não teve ganho proporcional nas curvas que compense o sacrifício, dando a entender que o ano pode estar perdido para o time vermelho, no que tange à disputa pelo título da temporada.
         Se Lewis Hamilton está em ponto de bala, Valtteri Bottas tem mais uma temporada para mostrar do que é capaz ao volante dos carros prateados. O finlandês terminou 2019 como vice-campeão, mas bem distante de conseguir fazer sombra a seu companheiro de equipe como Nico Rosberg conseguia fazer quando dividia boxes com o piloto inglês. Bottas pode ter se livrado por enquanto da “sombra” de Esteban Ocón, cedido à Renault pelos próximos dois anos, mas o time alemão passa a olhar com mais atenção para as performances de George Russel, atualmente na Williams, como nome potencial para substituir o finlandês, caso ele se mostre aquém do que o time espera.
         Na Red Bull, Max Verstappen se saiu bem liderando o time na pista em 2019, e deve continuar a exercer o papel em 2020, até mesmo porque Alexander Albon não demonstrou andar no ritmo do holandês nas provas que pode disputar no ano passado, mas pelo menos mostrou-se mais firme que Pierre Gasly, rebaixado à Toro Rosso. Max ainda cometeu alguns erros, demonstrando que ainda tem o que aprender para evitar algumas confusões, mas pelo menos manteve sua extrema velocidade, e não tem medo de ir para cima. Se Verstappen é garantia de show e resultado, Albon ao menos deve garantir ao time boa performance na luta de construtores, ponto em que Gasly fracassou em 2019. Se o novo RB16 e a nova unidade de força da Honda forem tudo o que o time espera, a Red Bull vai tratar de complicar a vida da Mercedes nesta temporada. E mais competição é o que todos desejam na F-1.
         Na Ferrari, o desafio é duplo. Além de ter de verificar sua real capacidade de performance com o novo SF1000, o que ainda é meio incerto, o time também terá novamente que administrar sua dupla de pilotos, que em 2019 andou “se pegando” em algumas etapas, com resultados desastrosos para a escuderia, como visto no Brasil, onde Sebastian Vettel e Charles LeClerc acabaram se destruindo na corrida. Mais uma vez, a Ferrari declara que deixará seus pilotos competirem “livremente”, para em seguida afirmar, em tom contraditório, que poderá “apelar” a ordens de equipe para manter as coisas sob controle, e todos já viram o que isso deu no ano passado. Deixar os pilotos competirem livremente é a melhor solução, ainda mais se o carro não se mostrar competitivo como eles esperavam, porém a direção do time deve fazer com que Vettel e LeClerc pelo menos se respeitem na pista. É perfeitamente possível ambos disputarem freadas, desde que cada um não encoste no outro em movimentos fraticidas e intimidatórios que só servirão de razão para a direção do time “podar” suas atitudes. Um pouco de calma e atitudes mais sensatas e maduras por parte de seus dois pilotos será extremamente positivo para a escuderia encarar a competição, especialmente se confirmar estar atrás até da Red Bull, sua adversária mais direta na temporada. Fica também a expectativa do futuro de Sebastian Vettel, que fez outra temporada aquém do seu real potencial, sendo superado por LeClerc no ano passado, e cujo contrato com a Ferrari termina este ano. O alemão segue no time, ou sai, podendo até encerrar sua carreira na F-1? Com LeClerc renovado por mais cinco anos, o desempenho do alemão será determinante para decidir se continua ou se irá parar.
         No pelotão intermediário, a briga promete ser boa. Além da McLaren querer manter sua 4ª posição obtida em 2019, a Racing Point surge como surpresa ao adotar um modelo que é praticamente uma “cópia” do carro da Mercedes do ano passado, e pode complicar os planos do time de Woking. E a Renault também quer ser a “melhor do resto”, prometendo engrossar esta briga pela liderança do segundo pelotão. Carlos Sainz Jr., Daniel Ricciardo, e Sérgio Perez são os principais nomes desta briga que promete movimentar o meio do grid, com cada um deles batalhando a fundo pelas melhores posições. A Renault dispensou Nico Hulkenberg para trazer Esteban Ocón de volta ao grid, e o piloto francês quer mostrar serviço, e pode até mesmo desafiar a posição de liderança de Ricciardo na escuderia francesa. Na McLaren, o clima de harmonia visto em 2019 se mantém, com Lando Norris ávido por mostrar do que é capaz, mas sem entrar em atritos com Sainz, num raro caso na categoria de que a união faz a força entre os pilotos de um time. Já a Racing Point é vista como time de “um piloto e meio”, já que Lance Stroll ainda é mais visto como piloto que está no grid somente pelo dinheiro do pai, o milionário Lawrence Stroll, que inclusive comprou a antiga Force India para ter o seu próprio time de F-1 com o filho como um de seus pilotos. Mas o canadense, apesar das dúvidas, pode surpreender, se o novo RP20 for tão bom quanto o entusiasmo de Perez indica.
         Um pouco atrás, mas querendo se intrometer nesta briga, temos a Alpha Tauri, ex-Toro Rosso, com uma dupla de pilotos que tiveram novas oportunidades na categoria, depois de terem sido escorraçados do time principal da Red Bull. Ou, para alguns, um sinal de que o programa de formação de pilotos da empresa já não é mais tão atrativo como antigamente, a ponto de a Red Bull não ter praticamente ninguém apto para subir à F-1 no momento. Danill Kvyat e Pierre Gasly tem suas qualidades, e é bom que aproveitem para mostra-las o quanto puderem, pois o humor de Helmut Marko e também de Christian Horner não é dos mais confiáveis, podendo rifar a ambos sem crise na consciência, se lhes derem vontade. No ano passado, cada um deles conquistou um pódio, e a meta é tentar repetir a dose, e quem sabe, ir além. Mas o duelo com os demais times promete ser bem mais complicado do que em 2019.
         E quem fica na rabeira este ano? Em 2019, a Williams foi disparada o pior time da competição, e fez um grande esforço para melhorar o seu carro para este ano, o que parece ter sido bem-sucedida, conseguindo até fazer uma pré-temporada decente. Mas, se levarmos em conta que todos os demais times também evoluíram, é preciso ver se a renovada Williams conseguiu de fato recuperar performance, ou se apenas se mantém no mesmo lugar em relação aos concorrentes. Em teoria, a escuderia de Grove deve duelar com Hass e Alfa Romeo, os times que menos empolgaram na pré-temporada. George Russel vai para sua segunda temporada sabendo que tem poucas chances de sair do fim do grid, enquanto temos Nicholas Latifi como único estreante do ano, no time comandado por Claire Williams, filha de Frank Williams.
         Na Hass, a temporada é um tudo ou nada, uma vez que Gene Hass começa a achar a F-1 cara demais para obter poucos resultados. O time errou a mão no carro do ano passado, e tenta voltar ao caminho certo, mas terá na sua atual dupla de pilotos, a mesma dos últimos dois anos, uma provável dor de cabeça, a manterem os maus hábitos demonstrados na pista, e fora dela. E a Alfa Romeo ainda tem Kimi Raikkonen, capaz de boas performances, provavelmente em seu último ano na categoria, enquanto Antonio Giovinazzi ainda precisa mostrar a que veio na F-1. Estes três times devem brigar para não serem os últimos do grid, pelo que vimos na pré-temporada, mas quem sabe algum deles apresenta alguma surpresa, e consegue chegar um pouco mais à frente? Não é impossível, mas bem difícil.
A Holanda retorna à F-1 este ano, mais uma vez em Zandvoort.
         Entre as novidades da F-1 para este ano, estão duas novas corridas. Uma delas, fará sua estréia na competição, o Grande Prêmio do Vietnã, em um circuito montado na cidade de Hanói, se puder ser realizado, diante da paranoia do surto do coronavírus, que pode levar ao adiamento e talvez cancelamento da prova. A outra corrida é a prova da Holanda, que volta ao calendário da categoria máxima do automobilismo depois de mais de três décadas, tendo a última prova ocorrido na temporada de 1985. O palco é mais uma vez a pista de Zandvoort, mas com um traçado bem diferente de quando a F-1 correu por lá pela última vez. A corrida está marcada para o início de maio, e até o presente momento, ainda não sofreu com o surto da Covid-19, mas nada mais está certo em relação ao campeonato deste ano.

INCERTEZAS POR CAUSA DA COVID-19

         A temporada da Fórmula 1 de 2020 já começa complicada por um fator externo: o surto do Coronavírus, chamado oficialmente de Covid-19, já causou estragos na competição antes mesmo da pré-temporada ter início. A extremidade dos casos relatados na China fez com que o GP em Shangai fosse adiado para data posterior, ainda a ser definida, e não cancelado, como deveria se fazer de modo mais simples. O problema é que a temporada, com 22 corridas programadas, simplesmente não deixa datas em aberto para remanejamento de corridas em caso de eventos inesperados, como o desta doença.
         Para complicar a situação, a doença se espalhou pelo mundo, e um dos lugares que alcançou foi a Itália, onde o governo, em atitude radical, simplesmente decidiu colocar o país inteiro em quarentena, cancelando todo e qualquer tipo de evento ou acontecimento que possa reunir multidões. Viagens estão permitidas apenas em caso de necessidade extrema. E a Itália abriga as sedes de duas escuderias, uma delas, a Ferrari, na região de Modena, perto de onde o surto começou em território italiano. A outra sede é a da Alpha Tauri, em Faenza. Os times já enviaram seus funcionários para a Austrália, e eles não devem voltar tão cedo às suas sedes, uma vez que, novamente lá, poderão não conseguir sair para as demais provas tão cedo.
         A corrida da Austrália deve ocorrer normalmente, mas com várias medidas de segurança para tentar minimizar os riscos de transmissão entre as pessoas envolvidas com a categoria máxima do automobilismo e as pessoas da Austrália. Atividades promocionais extrapista foram canceladas, e as interações dos pilotos com o público também foi suspensa, como as sessões de autógrafos. Alguns integrantes das equipes McLaren e Hass apresentaram sintomas suspeitos e foram colocados em quarentena preventiva, até se certificarem se estão ou não com o vírus, que teve um caso confirmado de uma pessoa no hotel que hospeda o pessoal da F-1, ao lado do Albert Park. Apesar de tudo, a prova australiana está mantida. A corrida seguinte, no Bahrein, será realizada, mas o governo barenita decidiu que o autódromo será fechado ao público, sendo então a primeira prova da F-1 a ser realizada com portões fechados, por medida de segurança visando dificultar transmissões potenciais do coronavírus. A etapa do Vietnã vem a seguir, mas com o avanço da doença, a corrida em Hanói, que estrearia no calendário, ficou totalmente incerta. E, dependendo da situação, até mesmo as corridas na Europa a seguir, como na Holanda, Espanha, e até mesmo Mônaco, podem sofrer consequências, dependendo de como o surto se apresentar até lá, e das medidas de segurança que os governos dos países atingidos adotará para tentar controlar a disseminação da doença.
Hanói se preparou para receber a F-1, mas a epidemia da Covid-19 pode fazer a corrida ser adiada ou até cancelada, dependendo dos acontecimentos.
         O que deveria ser a maior temporada de todos os tempos da F-1 vira agora um festival de incertezas, onde ninguém sabe dizer quantas corridas serão efetivamente disputadas este ano. A situação de histeria em alguns lugares pode comprometer totalmente o clima de segurança necessário para a realização de um GP, mesmo que a situação não esteja de fato tão grave como se apresenta. Mas quem vai correr o risco? A própria F-1 está tentando tomar algumas medidas preventivas para tentar contornar a situação, mas com um campeonato que ocorre no mundo inteiro, e desloca um contingente de pessoas imenso, além de muitos equipamentos, o que exige uma logística extremamente sincronizada e planejada de antemão, a categoria máxima do automobilismo se vê completamente sem perspectivas do que poderá de fato realizar depois das duas primeiras corridas da temporada.
         Um dos efeitos imediatos é que parte das equipes de mídia que costumam viajar para cobrir os GPs “in loco” replanejaram seus esquemas. A RTL, na Alemanha, decidiu que irá transmitir de seus estúdios as primeiras corridas, sem enviar seus correspondentes para os autódromos, visando garantir a integridade de seu pessoal, e este foi apenas um dos exemplos. Jornalistas free-lancers, além de correspondentes especializados de outros veículos também adiaram para a fase europeia suas presenças nos autódromos, preferindo fazer uma cobertura à distância também.
         A única certeza é que não podemos ter certeza alguma do que irá acontecer realmente...

OS TIMES DA TEMPORADA 2020

MERCEDES – Mais um ano de domínio?

Lewis Hamilton ao volante do novo modelo W11: favorito isolado ou não?
         Campeã invicta desde o início da nova era turbo híbrida, em 2014, a Mercedes entra no último ano do atual regulamento mais determinada a demonstrar sua força do que nunca. Concebeu uma nova unidade de potência, e um novo modelo, o chassi W11, para mostrar que vai novamente à luta pelo título. E pior, com boas probabilidades de não estar contando vantagem à toa. O time prateado, normalmente comedido nos testes da pré-temporada nos últimos anos, sabendo-se ciente de sua capacidade, deixou os rivais arrepiados este ano em Barcelona. Foi o time com a marca mais rápida, e o maior número de quilometragem percorrida, dados que devem ser levados em consideração na medição de forças do time prateado em relação aos concorrentes mais próximos.
         O novo modelo ainda incorpora um recurso inovador, o DAS, abreviação de Dual Axes Steering, ou sistema de dois eixos de esterçamento, que permite ao piloto do carro, ao puxar o volante no cockpit em sua direção, mudar ligeiramente a convergência das rodas dianteiras, que deixam de estar completamente paralelas, e com isso diminuir o arrasto aerodinâmico, permitindo maior velocidade ao bólido. Ao empurrar o volante para a posição inicial, as rodas voltam a ficar totalmente paralelas. O novo sistema causou furor nos concorrentes, que logicamente consultaram a FIA, para saber se ele era dentro do regulamento, no que a entidade confirmou, mas já se adiantando em promover sua proibição para 2021, por considerar uma brecha do novo regulamento, o que eles querem inibir ao máximo.
         Com um carro que, se mantida a tradição da escuderia alemã de não mostrar todas as suas forças nos testes da pré-temporada para se resguardar, já se mostrou muito rápido, a expectativa é que o modelo W11 se mostre ainda mais veloz quando a temporada começar. O que pode dar algumas esperanças aos rivais é que a nova unidade de potência apresentou quebras nos dias de testes, o que em tese poderia comprometer o favoritismo das Flechas de Prata. É sabido que a Mercedes retrabalhou sua unidade de potência visando torna-la mais eficiente em temperaturas altas, um de seus pontos fracos na temporada passada, o que lhe roubava parte da potência. Aparentemente, pode ter conseguido sanar este ponto fraco, mas fica a dúvida se isso não poderia ter comprometido a resistência da unidade, que poderia precisar de maior refrigeração para seu funcionamento, já que o bólido construído em Brackley possui entradas de ar para os radiadores bem reduzidas, a fim de otimizar a aerodinâmica do carro. Curiosamente, um detalhe que era mais vantajoso no modelo do ano passado, que tinha entradas de ar maiores para os radiadores, e que em uso no chassi RP20 da Racing Point, praticamente uma cópia do bólido alemão de 2019, não causou nenhum problema às suas unidades utilizadas nos testes.
         Lewis Hamilton continua a ser o piloto a ser batido, e vamos ver se Valtteri Bottas poderá lhe fazer mais sombra este ano do que o realizado no ano passado. O piloto inglês pode igualar o número de títulos de Michael Schumacher, bem como o seu número de vitórias na categoria, ou mesmo superá-lo, o que faria de Hamilton o maior campeão da história da F-1 em números absolutos. E acreditem, ele tem as armas para conseguir isso, talvez até com relativa facilidade, a se confirmarem as suspeitas do real poderio do modelo W11.

RED BULL – Pronta para desafiar a Mercedes?

Max Verstappen está ansioso para desafiar a Mercedes e lutar pelo título. E não tem medo de cara feia... Falta combinar com Hamilton...
         O time dos energéticos não entra tão confiante em uma temporada desde 2013, o último ano antes da era turbo híbrida atual. Os motivos do otimismo são o projeto do novo chassi RB16, além da nova unidade de potência da Honda, segundo eles, superior em todos os aspectos em relação às utilizadas em 2019, especialmente no quesito confiabilidade, uma vez que a equipe austríaca sediada em Milton Keynes não enfrentou nenhum problema durante os testes em Barcelona.
         Uma prova disso é que o time se concentrou em simulações de corrida, e sem ter tido nenhum contratempo. Por outro lado, pouco procurou mostrar a velocidade absoluta de seu novo modelo, ainda que tenha conseguido com Max Verstappen uma marca significativa, que indica que a Red Bull muito provavelmente seja a principal adversária da Mercedes no ano, a se confirmar a performance menor que a Ferrari demonstrou durante os testes. Max Verstappen, contudo, talvez para não ficar demasiadamente confiante, se perguntou se a performance do novo carro, superior em tudo ao modelo de 2019, será suficiente para vencer a Mercedes. Sim, porque os prateados também evoluíram, e ninguém sabe dizer exatamente qual a força total do time alemão, pelas suspeitas de que eles podem não ter dado tudo o que têm nos testes de Barcelona.
         O que deixa os torcedores mais esperançosos, é que a Mercedes demonstre não ter toda a fiabilidade de costume, como demonstrou com os problemas de sua nova unidade de potência, enquanto a nova unidade motriz da Honda não teve nenhum problema a ser relatado. A se confirmar a alta confiabilidade do modelo RB16, este poderá ser um importante trunfo na luta contra os prateados. E devemos lembrar que o time austríaco geralmente consegue fazer um desenvolvimento extremamente eficiente de seu bólido durante a temporada. Se a escuderia dos energéticos de fato estiver em sua melhor forma em muitos anos, tem boas chances de complicar a vida da Mercedes durante a competição, e quem sabe, talvez até comprometer as chances de título por parte de Lewis Hamilton. Verstappen está confiante de que pode desafiar o piloto inglês, e ninguém duvida da velocidade do holandês, que mostrou ter amadurecido bastante em 2019, sem deixar de ser arrojado.

FERRARI – Outro tiro no pé?

O rendimento do novo SF1000 ainda é uma incógnita para a Ferrari, que já fala quase em se concentrar apenas para 2021, se o novo carro se mostrar um caso perdido.
         Quando a pré-temporada de 2019 terminou, era consenso quase unânime de que a Ferrari se apresentava mais forte do que nunca, e que poderia até mesmo ser o carro a ser batido, podendo enfim colocar fim à hegemonia da Mercedes, que já durava desde 2014. O carro era um canhão nas retas, e sua unidade de potência já seria mais forte que a dos alemães. Mas bastou a temporada começar para o time italiano descobrir que suas performances foram superestimadas, e que tal desempenho visto nos testes só apareceria em algumas etapas, enquanto a Mercedes, que nada de extraordinário havia feito nos testes, além de andar perto dos italianos, deitou e rolou sobre a concorrência na primeira metade da temporada. Para piorar a situação, o time ainda acabou superado pela Red Bull na parte final da temporada, em razão do duelo por vezes fraticida entre sua dupla de pilotos, Sebastian Vettel e Charles LeClerc.
         Este ano, estamos vendo o oposto. O carro italiano, que no ano passado era muito rápido nas retas, mas sem ter o mesmo desempenho nas curvas, teve de ser repensado para ter mais downforce, e com isso, comprometer parte da velocidade em reta para ganhar nas curvas. Uma equação pra lá de batida pelo pessoal da F-1. Mas tudo indica que caminharam com algum exagero neste passo, de modo que o carro agora é lento de reta, sem que as velocidades em curva compensem isso. Para complicar, a observância mais estrita das regras de limites do fluxo de combustível que as unidades de potência podem utilizar parecem ter atingido em cheio a nova unidade de potência dos italianos, que admitiram não ter a mesma força do propulsor de 2019. Em outras palavras, o novo carro pode ter sido um novo tiro no próprio pé. Estariam os italianos escondendo o jogo para não se comprometerem, procurando evitar o ocorrido no ano passado? Não parece ser exatamente o caso, a julgar por declarações tanto dos pilotos como do próprio Mattia Binotto, que declararam abertamente que as rivais Mercedes e Red Bull hoje estariam mais rápidas que a Ferrari. Outra declaração preocupante de Binotto seria a respeito de que, se o novo SF-1000 não for rápido o suficiente, o time poderia esquecer a temporada 2020, e passar a se concentrar apenas no projeto de 2021, quando entrará em vigor um novo conjunto de regras técnicas, que mudará a concepção dos carros.
         Apesar da Ferrari ter liderado um dos dias de testes, o entusiasmo da hipótese de que o time italiano pudesse estar apenas escondendo o jogo com afinco esfria bastante. O time não pareceu animado com a performance obtida, e seus pilotos parecem já quase jogar a toalha, dando o ano como praticamente perdido, ou muito perto disso. Pode ser extremamente precipitado desconsiderar as chances de disputa do time italiano para a temporada, mas tudo indica que, ao menos nas primeiras corridas, não se deva esperar muito da Ferrari. Outro problema, além da falta de velocidade de ponta do novo carro, seria um comportamento de saída de frente, o que obriga os pilotos a terem de duelar mais para alinhar o carro nas curvas, comprometendo parte de sua estabilidade. Um detalhe que tanto Vettel quanto LeClerc apontaram nos seus dias de treinos. Tudo parece indicar que os dados obtidos no túnel de vento, que apontaram resultados discrepantes com os esperados no projeto, sejam mais graves do que se imaginava, e não apenas uma simples discordância de dados normal no desenvolvimento de um projeto.
         Com o próprio time em dúvida sobre o seu real potencial, será preciso esperar as primeiras corridas para termos uma idéia mais aproximada do que o time de Maranello poderá render este ano. E se os resultados ruins se confirmarem, certamente começarão as especulações de quem irá rodar no time para o próximo ano, ou talvez nem chegue ao final deste mesmo. Os torcedores que fiquem preparados para tudo.

MCLAREN – Tentar se aproximar das principais

A McLaren quer se aproximar do pelotão da frente este ano.
         Em seu segundo ano de associação com a Renault, após constatar todas as deficiências do projeto de seu chassi em 2018, depois de findar sua associação com a Honda, a McLaren tratou de corrigir o projeto do carro de 2019, e contando com uma dupla de pilotos completamente nova, surpreendeu a categoria por se tornar o melhor time do segundo pelotão da F-1, terminando o ano em 4º lugar. Para este ano, o novo MCL35 parte de uma base completamente nova nas mãos do novo contratado James Key, com vistas a não apenas manter a McLaren como líder do pelotão intermediário, como também a reduzir a diferença de performance do time de Woking para o trio Mercedes/Red Bull/Ferrari. Enquanto para alguns a opção mais lógica seria desenvolver a boa base demonstrada pelo carro de 2019, a revolução do novo projeto apresentado pelo ex-profissional da Toro Rosso coloca ao time o desafio de provar que era necessário revolucionar o carro para atingir vôos mais altos.
         E a temporada deste ano deve ser mais complicada, pelos tempos que vimos serem demonstrados pela Racing Point, e pela Renault, que devem ser adversários bem mais duros do que no ano passado, e que prometem engrossar a disputa pela posição de “melhor do resto”. Com um novo contrato firmado com a Mercedes para voltar a usar os propulsores alemães, de que desfrutaram de 1995 a 2014, a escuderia entra em seu último ano utilizando a motorização da Renault, que demonstrou excelente fiabilidade nos testes da pré-temporada, não apresentando nenhum problema a ser relatado, o que não ocorreu com as demais unidades de potência dos outros fabricantes. A dupla formada por Carlos Sainz Jr. e Lando Norris deu uma bela arejada no ambiente dos boxes, e tem tudo para render ainda mais em 2020. Os tempos absolutos obtidos em Barcelona podem não ter sido os mais expressivos, mas quem pode observar atentamente declarou que o ritmo da McLaren em simulação de corrida mais do que a credencia a ser novamente o melhor time do “resto”. Resta combinar com Racing Point e Renault, que certamente medirão forças com os carros de Woking tanto em classificação quanto em corrida.
         A reorganização promovida pela escuderia no ano passado tem o objetivo de relançar a McLaren ao topo das corridas, lutando novamente por vitórias, e até pelo título. Pode-se dizer que começou bem, com a escuderia terminando o ano em 4º lugar. A meta agora é chegar mais perto dos times mais fortes, algo que certamente só deveremos ver em 2021, mas que poderemos ter esperança de torcer por uma aproximação maior já este ano. O duelo promete ser bom.

RENAULT – Corrigindo o rumo

A Renault quer brigar novamente para liderar o segundo pelotão e tentar chegar mais à frente nas primeiras posições.
         Diante dos altos investimentos feitos pela marca francesa no ano passado, com a contratação de mais pessoal, melhorias na fábrica, além de trazer Daniel Ricciardo para comandar o time na pista, o resultado obtido pela Renault na temporada de 2019 não foi exatamente um desastre, mas também não foi agradável, podendo ser considerado apenas razoável. Depois de ter terminado 2018 como 4º melhor escuderia do grid, a ordem em 2020 é recuperar essa posição, e para isso, o duelo deverá se dar especialmente com seu time cliente, a McLaren, e com uma reforçada Racing Point, que certamente serão os maiores obstáculos nas pretensões do time francês.
         Se a escuderia dispensou Nico Hulkenberg, Esteban Ocón, o novo contratado, terá de mostrar serviço para justificar a dispensa do piloto alemão, que não era exatamente nenhum braço duro, apesar de ter perdido o duelo interno com Ricciardo. A unidade de potência foi bem desenvolvida, e a boa notícia é que não apresentou nenhum problema nos carros, tanto do time de fábrica quanto no time cliente, o que é algo relevante. Resta agora esperar que o projeto do novo chassi RS20 coloque a escuderia novamente no rumo do qual se desviou em 2019, quando as reações do carro não corresponderam ao que se esperava, limitando as chances de bons resultados de seus pilotos. Sem conseguir dar um desenvolvimento consistente, a escuderia focou seus esforços na temporada deste ano, e parece ter conseguido alcançar seus objetivos, e retomar o posto de melhor time do segundo pelotão.
         Daniel Ricciardo conseguiu alguns tempos expressivos nos testes, que agora precisarão ser confirmados nas corridas. O australiano disse que o novo carro é bem mais dócil e suas reações, mais previsíveis, o que permite dar uma linha de desenvolvimento para o chassi. Ocón, que passou a temporada de 2019 como piloto reserva da Mercedes, porém, apesar do otimismo de todos no time francês, preferiu manter os pés no chão, e afirmou que, na comparação dos times, a Mercedes ainda é melhor em praticamente tudo em relação à Renault, dando a entender que ainda será preciso muito trabalho e esforço para que a marca francesa alcance seus objetivos, que é disputar vitórias, e até o campeonato, uma vez que é um time de fábrica. E, por isso mesmo, o desempenho este ano será decisivo para ver se a escuderia francesa conseguiu acertar o seu rumo, e o quanto teve de sucesso neste objetivo, em uma temporada onde a disputa pelo posto de 4º time tem tudo para ser das mais renhidas e equilibradas.

RACING POINT – Surpresa no segundo pelotão?

Com carro "copiado" do modelo W10 da Mercedes de 2019, a Racing Point promete arrepiar no pelotão do meio.
         Sensação da pré-temporada, o time que nasceu como Jordan em 1991, e de lá para cá passou por vários donos e teve vários nomes, causou furor em Barcelona pela semelhança de seu novo chassi RP20 com o modelo W10 da Mercedes do ano passado, sendo chamado por muitos de “Mercedes Rosa”, devido ao patrocínio máster da BWT, e obtendo tempos extremamente bons. Talvez até bons demais, para alguns, que passaram a acusar a escuderia de competir literalmente com o carro prateado do ano passado, sem desenvolverem um projeto próprio, e que estaria ferindo as regras da competição. Mas a Racing Point garante que seu novo carro é legal, e se fosse uma cópia descarada, a Mercedes acusaria o golpe de ter seu projeto “plagiado” dessa maneira. Mas o carro, apesar da semelhança com o modelo prateado de 2019, usa a unidade de potência de 2020, além do conjunto traseiro ser bem similar ao do W11, modelo atual dos alemães.
         Afinal, se a Hass compra da Ferrari tudo o que o regulamento técnico lhe permite, por que a Racing Point não poderia fazer o mesmo com relação à Mercedes? Talvez por estar mostrando que andará melhor do que muitos outros times, mesmo usando um projeto teoricamente híbrido, e talvez, até defasado. Mas era difícil não notar o entusiasmo dos integrantes da escuderia, e em especial, de seu principal piloto, o mexicano Sérgio Perez, que disse não ver a hora de começar o campeonato, como que indicando que seu time não mostrou todos os trunfos que possui com seu novo carro. Como até mesmo Lance Stroll, cuja capacidade como piloto não é lá muito considerada, andou forte também enquanto esteve na pista, os mais otimistas chegam a afirmar que a Racing Point poderia ficar até mesmo à frente da Ferrari, talvez no início da temporada. Uma expectativa talvez um pouco exagerada e otimista demais, apostando que os italianos estejam piores do que se mostraram em Barcelona.
         Mesmo que isso não se comprove, a escuderia ainda tem excelentes chances de liderar o segundo pelotão da F-1, tornando-se uma rival de peso para aqueles que já consideravam não apenas manterem-se como os melhores da “F-1 B”, como aqueles que tencionavam alcançar esta posição, como a McLaren e a Renault, sendo que o time francês pretendia entrar com um protesto contra a Racing Point, que certamente não deverá dar em nada. O otimismo de Perez é um indicativo de que o time deve ter o seu melhor ano em várias temporadas, e como desafiar o pelotão principal formado por Mercedes/Red Bull/Ferrari talvez seja esperar demais, considerar o time talvez o favorito para ser a 4ª força na competição não é nada impossível. Se conseguirem ir além disso, ajudando a embolar a disputa nas primeiras posições, melhor ainda, pois o público quer, acima de tudo, disputas e duelos, não importam de qual time contra qual time. Se puderem fazer isso mais à frente, melhor ainda. Vejamos o que eles poderão realmente demonstrar na pista, após a largada.

ALPHA TAURI – Objetivo é tentar brigar mais à frente

Com um novo visual e novo nome, o time "B" da Red Bull quer fazer bonito este ano na F-1.
         Pelo que mostrou em 2019, a Toro Rosso teve mesmo uma boa temporada, com seus dois pilotos conseguindo um pódio cada um, que mesmo sendo em circunstância excepcionais, não deixaram de ser valorizados pela escuderia, que entra em 2020 com o nome de Alpha Tauri, marca de roupas de propriedade de Dietrich Mateschitz, dono do império da Red Bull. A dupla de pilotos, Pierre Gasly e Danill Kvyat, comeu o pão que Helmut Marko amassou no time principal quando ambos lá estiveram, com o piloto russo tendo mais problemas para digerir a rasteira que levou, estando em sua 3ª chance no time “B” dos energéticos e mostrando que está mais maduro. Já Gasly conseguiu se recompor mais rapidamente, e ambos agora tem a oportunidade de tentarem reafirmar a si próprios na F-1, devendo aproveitar a chance enquanto a Red Bull vê seu programa de desenvolvimento de pilotos definhar a ponto de não ter nomes em potencial para substitui-los.
         Confiando na evolução prometida pela Honda para suas unidades de potência, e com seu novo chassi AT-01 tentando copiar do RB16 o que é possível, o objetivo da escuderia com sede em Faenza, Itália, é pelo menos brigar pelas melhores posições do segundo pelotão, e quem sabe, não apenas repetir, mas ir além dos resultados obtidos em 2019, tarefa bem complicada, uma vez que os concorrentes estão bem mais preparados este ano do que na temporada passada. Outro problema é que, ao contrário do time principal, o time italiano geralmente perde parte do fôlego conforme a temporada avança, uma vez que seu orçamento não é tão generoso quanto o da Red Bull, e por isso mesmo, não tem como evoluir seu carro tão bem. A saída de James Kay para a McLaren também poderá se fazer mais sentida do que no ano passado, uma vez que o novo carro não contou com seus serviços, o que pode reduzir a capacidade técnica da Alpha Tauri de melhorar sua performance.
         A nova pintura dos carros já credencia o modelo AT-01 a ser um dos mais bonitos de todo o grid. Mas pintura não garante performance, lógico, então vamos apenas torcer para que consigam fazer uma boa temporada, e duelar a fundo com seus rivais diretos.

ALFA ROMEO – Procurar melhorar

Kimi Raikkonen deve disputar sua última temporada na F-1 em 2020.
         Se teve um time que parece ter feito apenas o trivial na pré-temporada, este foi a Alfa Romeo. Apesar de o time ter liderado dois dias de testes em Barcelona, foram justamente nos dias em que diversos times se concentraram em suas simulações de corrida, e um dos destaques foi que o novo piloto reserva e de desenvolvimento da escuderia, o polonês Robert Kubica, liderou um destes dois dias, ficando o outro dia com o veterano Kimi Raikkonen, que deve fazer provavelmente sua última temporada na F-1. O carro de 2020, o modelo C39, não trouxe inovações propriamente ditas, a exemplo dos demais carros, e fica a expectativa se a escuderia apenas manterá o nível do ano passado, quando começou de forma até razoável, mas depois foi sendo superada pelos concorrentes. Quando a Ferrari praticamente assumiu o controle do time, rebatizando a antiga Sauber de Alfa Romeo, esperava-se mais por ter se tornado o time “B” de Maranello, a exemplo do que a Red Bull fazia com a Toro Rosso. A julgar pelo que mostraram em 2019, o resultado não foi dos mais convincentes, e tem tudo para continuar não impressionando muito em 2020.
         Se Kimi Raikkonen ainda mostra ter lenha para queimar, Antonio Giovinazzi terá de dar tudo por tudo este ano para continuar no time em 2021, e a performance do carro certamente terá papel crucial nesta tarefa, assim em como o italiano lidará com ela. Espera-se que a Alfa Romeo batalhe na parte de trás do pelotão intermediário, provavelmente duelando com a Williams e a Hass, que também tem por objetivo sair do final do grid para tentar uma campanha mais decente nesta temporada.

HASS – Será que se acerta?

Time da Hass pode ter uma temporada decisiva na F-1 em 2020.
         Desde que estreou na F-1, a escuderia do estadunidense Gene Hass vinha crescendo de performance, ano após ano, mostrando um planejamento bem-feito, e sem vôos exagerados. Infelizmente, o time acabou se perdendo completamente no desenvolvimento de seu carro em 2019, e isso acabou comprometendo todas as chances de bons resultados para a temporada. O erro na direção de desenvolvimento foi tanto que o monoposto chegou a mostrar melhora de performance quando foi “regredido” para a configuração utilizada no início da temporada, só para se ter uma idéia de como o ano foi complicado para o time. A esperança para 2020 é recuperar pelo menos o rumo de desenvolvimento do time, o que parece ser ainda meio complicado, já que o novo chassi VF-20 não demonstrou muito potencial e velocidade nos testes, além também de não ter sido lá muito confiável, o que fez com que a Hass terminasse a pré-temporada como o time que menos quilometragem acumulou entre todos. Como desgraça pouca é bobagem, o time manteve sua inconstante dupla de pilotos, Kevin Magnussen e Romain Grosjean, que tiveram mais baixos que altos nos últimos dois anos, e que na opinião de muitos, já deram tudo o que poderiam render no time. Se o novo carro se mostrar promissor, ambos terão de aproveitar a chance para mostrar que seus críticos estavam errados em ver a escuderia lhes dar uma nova oportunidade justificando que o carro não era bom.
         Do contrário, é melhor que ambos comecem a procurar novos empregos para 2021, da mesma maneira que, se o time novamente se perder durante o ano, Gene Hass pode se cansar da F-1, e voltar a se concentrar apenas no automobilismo dos Estados Unidos, o que poderia levar a categoria máxima do automobilismo a ficar com apenas 9 escuderias para o próximo ano, na pior das hipóteses...

WILLIAMS – Objetivo é sair da rabeira

Williams: tentando a recuperação.
         Depois de uma temporada completamente desastrosa no ano passado, ou a Williams reinventava seu projeto de carro, ou poderia caminhar para o fechamento, como já fizeram outros times tradicionais da categoria, como as lendárias Lotus, Brabham, e Tyrrel. O projeto do novo FW43 foi completamente reformulado em relação às soluções abordadas no carro de 2019, mas as sequelas da péssima temporada de 2019 se traduziram na perda de patrocinadores que reduziram o orçamento do time para a atual temporada, o que certamente limitou a capacidade do time de conseguir fazer um projeto com muito mais potencial para este ano. O novo carro até se mostrou promissor, e pelo menos o time conseguiu cumprir com boa parte de seu programa durante os parcos seis dias de testes, conseguindo uma razoável quilometragem, e só não indo mais além por ter enfrentado duas quebras na unidade de potência da Mercedes, que equipa o monoposto do time de Grove.
         George Russel fez elogios ao comportamento do novo monoposto, mas talvez procurando não dar falsas esperanças, afirmou que ele ainda precisa melhorar muito para permitir ao time retornar ao meio do pelotão intermediário, dando a entender que a luta para recuperar terreno ainda está apenas no começo. Em tese, a meta é tentar superar Alfa Romeo e Hass. Em termos de pilotos, Russel é considerado uma das promessas da nova geração, e com certeza deverá dar o seu melhor, conseguindo mostrar o seu talento se o carro o permitir, o que não foi muito possível no ano passado, devido à performance fraca do FW42. Terceiro time mais antigo da F-1 ainda em atividade, todos torcem por uma recuperação da escuderia de Frank Williams, que já viveu tempos gloriosos em um passado que fica cada vez mais distante, e muito menos provável de retornar...



TRANSMISSÃO E PRESENÇA DO BRASIL NA CATEGORIA

         O ano de 2020 é a terceira temporada consecutiva sem presença de um piloto brasileiro titular no grid. A presença tupiniquim na F-1 resumiu-se ao nosso Grande Prêmio do Brasil, em seu último ano de contrato, que está em vias de ser renovado, em que pese a bagunça que se faz de que a corrida irá para o Rio de Janeiro, a ser disputada em um autódromo que nem existe ainda, e à transmissão da categoria pelo Grupo Globo, que deve manter o mesmo esquema de 2019: treinos livres e de classificação a serem exibidos ao vivo nos canais SporTV, e com a corrida sendo exibida pela TV Globo, exceto quando o horário não conflitar com o futebol, quando a emissora do Jardim Botânico simplesmente manda a categoria máxima para o escanteio.
         A emissora inicia 2020 com um desfalque considerável: pela primeira vez em mais de quatro décadas, Reginaldo Leme não estará presente nas transmissões das provas, tendo saído da Globo logo após o GP do Brasil do ano passado, já não estando presente nem para a transmissão da etapa derradeira da competição, em Abu Dhabi. Felipe Giaffone assume o seu posto como comentarista a partir de agora, ao lado de Luciano Burti. Galvão Bueno, para desalento de muitos, deve continuar sendo o principal narrador das provas, que serão todas transmitidas de estúdio, como tem sido regra nos últimos anos, com a emissora mandando apenas um repórter para os locais das corridas, à exceção do GP do Brasil. A emissora continua a colecionar críticas dos fãs do esporte a motor, pelo descaso com detalhes em suas transmissões, como não mostrar mais as cerimônias do pódio, preferindo exibi-las apenas no site do Globoesporte.com, mesmo em que pese a Globo transmitir a grande maioria das provas em canal aberto no país, ao contrário do que vem acontecendo no resto do mundo, onde a F-1 vai ficando cada vez mais restrita aos canais fechados, e com o Liberty Media procurando aumentar o alcance das transmissões em streaming via internet para mais mercados.
         E vamos para a terceira temporada sem a presença de um piloto brasileiro no grid. Pietro Fittipaldi não foi muito longe como piloto de testes da Hass, mas continua ligado ao time, embora sem muitas chances no momento de ser efetivado; e Sérgio Sette Câmara voltou ao radar da Red Bull, sendo agora piloto reserva e de testes do time dos energéticos, mas assim como Fittipaldi, sem muitas opções de fato para mostrar o que pode fazer, além de continuar ligado à escuderia austríaca. Um ponto positivo é que os níveis de audiência se mantiveram estáveis, e até apresentaram leve melhora no Brasil, apesar da ausência de um representante tupiniquim no grid, o que deve fazer com que a Globo ainda mantenha a categoria com um tratamento decente mínimo, depois de ter optado por não renovar o contrato com a MotoGP, depois de décadas de exibição das provas de motociclismo nos canais pagos do SporTV. A categoria das duas rodas agora está no Fox Sports.


Luciano Burti e Felipe Giaffone estarão juntos nas transmissões da F-1 na Globo em 2020.

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