Hora de esquentar os motores. A
Fórmula 1 tem início neste final de semana, apesar dos trancos e barrancos da
histeria da Covid-19, e tudo está preparado, do jeito que se pode, para um
campeonato cujas disputas prometem ser interessantes, na melhor das hipóteses,
ou um repeteco do que vimos em 2019, na pior confirmação. Confiram o que
esperar desta temporada nesta matéria especial sobre o campeonato de 2020 da
categoria máxima do automobilismo...
F-1 2020: MAIS DO MESMO?
Com regulamento técnico sem mudanças, relação de
forças entre as equipes da categoria deve se manter, ou poderemos ter
surpresas?
Adriano de Avance Moreno
A
Fórmula 1 prepara-se para iniciar mais um campeonato, e da maneira mais incerta
possível, devido ao surto mundial do novo coronavírus covid-19, que até o
presente momento está deixando a perspectiva de termos um campeonato
praticamente sem sabermos o que de fato ocorrerá, em um ano onde, pelo que
vimos na pré-temporada, tudo indicava que poderíamos ver mais um ano de domínio
da Mercedes na competição.
Em
um ano onde as mudanças técnicas foram mínimas, e com um novo regulamento
entrando em vigor em 2021, imaginava-se que os times fariam apenas evoluções
dos carros de 2019, mas quase todas as escuderias trataram de caprichar em seus
novos projetos, visando alcançarem melhores resultados. Nas primeiras
colocações, a Mercedes deve continuar a ser o carro a ser batido, mas a Red
Bull diz estar preparada como nunca para destronar, ou pelo menos tentar, Lewis
Hamilton e os carros prateados. E a Ferrari, de que se esperava muito,
aparentemente exagerou nas correções de seu novo carro, que agora, além de ser
mais lento nas retas, não teve ganho proporcional nas curvas que compense o
sacrifício, dando a entender que o ano pode estar perdido para o time vermelho,
no que tange à disputa pelo título da temporada.
Se
Lewis Hamilton está em ponto de bala, Valtteri Bottas tem mais uma temporada
para mostrar do que é capaz ao volante dos carros prateados. O finlandês
terminou 2019 como vice-campeão, mas bem distante de conseguir fazer sombra a
seu companheiro de equipe como Nico Rosberg conseguia fazer quando dividia
boxes com o piloto inglês. Bottas pode ter se livrado por enquanto da “sombra”
de Esteban Ocón, cedido à Renault pelos próximos dois anos, mas o time alemão
passa a olhar com mais atenção para as performances de George Russel,
atualmente na Williams, como nome potencial para substituir o finlandês, caso
ele se mostre aquém do que o time espera.
Na
Red Bull, Max Verstappen se saiu bem liderando o time na pista em 2019, e deve
continuar a exercer o papel em 2020, até mesmo porque Alexander Albon não
demonstrou andar no ritmo do holandês nas provas que pode disputar no ano
passado, mas pelo menos mostrou-se mais firme que Pierre Gasly, rebaixado à
Toro Rosso. Max ainda cometeu alguns erros, demonstrando que ainda tem o que
aprender para evitar algumas confusões, mas pelo menos manteve sua extrema
velocidade, e não tem medo de ir para cima. Se Verstappen é garantia de show e
resultado, Albon ao menos deve garantir ao time boa performance na luta de
construtores, ponto em que Gasly fracassou em 2019. Se o novo RB16 e a nova unidade
de força da Honda forem tudo o que o time espera, a Red Bull vai tratar de
complicar a vida da Mercedes nesta temporada. E mais competição é o que todos
desejam na F-1.
Na
Ferrari, o desafio é duplo. Além de ter de verificar sua real capacidade de
performance com o novo SF1000, o que ainda é meio incerto, o time também terá
novamente que administrar sua dupla de pilotos, que em 2019 andou “se pegando”
em algumas etapas, com resultados desastrosos para a escuderia, como visto no
Brasil, onde Sebastian Vettel e Charles LeClerc acabaram se destruindo na
corrida. Mais uma vez, a Ferrari declara que deixará seus pilotos competirem
“livremente”, para em seguida afirmar, em tom contraditório, que poderá
“apelar” a ordens de equipe para manter as coisas sob controle, e todos já
viram o que isso deu no ano passado. Deixar os pilotos competirem livremente é
a melhor solução, ainda mais se o carro não se mostrar competitivo como eles
esperavam, porém a direção do time deve fazer com que Vettel e LeClerc pelo
menos se respeitem na pista. É perfeitamente possível ambos disputarem freadas,
desde que cada um não encoste no outro em movimentos fraticidas e
intimidatórios que só servirão de razão para a direção do time “podar” suas
atitudes. Um pouco de calma e atitudes mais sensatas e maduras por parte de
seus dois pilotos será extremamente positivo para a escuderia encarar a
competição, especialmente se confirmar estar atrás até da Red Bull, sua
adversária mais direta na temporada. Fica também a expectativa do futuro de Sebastian
Vettel, que fez outra temporada aquém do seu real potencial, sendo superado por
LeClerc no ano passado, e cujo contrato com a Ferrari termina este ano. O
alemão segue no time, ou sai, podendo até encerrar sua carreira na F-1? Com
LeClerc renovado por mais cinco anos, o desempenho do alemão será determinante
para decidir se continua ou se irá parar.
No
pelotão intermediário, a briga promete ser boa. Além da McLaren querer manter
sua 4ª posição obtida em 2019, a Racing Point surge como surpresa ao adotar um
modelo que é praticamente uma “cópia” do carro da Mercedes do ano passado, e
pode complicar os planos do time de Woking. E a Renault também quer ser a
“melhor do resto”, prometendo engrossar esta briga pela liderança do segundo
pelotão. Carlos Sainz Jr., Daniel Ricciardo, e Sérgio Perez são os principais
nomes desta briga que promete movimentar o meio do grid, com cada um deles
batalhando a fundo pelas melhores posições. A Renault dispensou Nico Hulkenberg
para trazer Esteban Ocón de volta ao grid, e o piloto francês quer mostrar
serviço, e pode até mesmo desafiar a posição de liderança de Ricciardo na
escuderia francesa. Na McLaren, o clima de harmonia visto em 2019 se mantém, com
Lando Norris ávido por mostrar do que é capaz, mas sem entrar em atritos com
Sainz, num raro caso na categoria de que a união faz a força entre os pilotos
de um time. Já a Racing Point é vista como time de “um piloto e meio”, já que
Lance Stroll ainda é mais visto como piloto que está no grid somente pelo
dinheiro do pai, o milionário Lawrence Stroll, que inclusive comprou a antiga
Force India para ter o seu próprio time de F-1 com o filho como um de seus
pilotos. Mas o canadense, apesar das dúvidas, pode surpreender, se o novo RP20
for tão bom quanto o entusiasmo de Perez indica.
Um
pouco atrás, mas querendo se intrometer nesta briga, temos a Alpha Tauri,
ex-Toro Rosso, com uma dupla de pilotos que tiveram novas oportunidades na
categoria, depois de terem sido escorraçados do time principal da Red Bull. Ou,
para alguns, um sinal de que o programa de formação de pilotos da empresa já
não é mais tão atrativo como antigamente, a ponto de a Red Bull não ter
praticamente ninguém apto para subir à F-1 no momento. Danill Kvyat e Pierre
Gasly tem suas qualidades, e é bom que aproveitem para mostra-las o quanto
puderem, pois o humor de Helmut Marko e também de Christian Horner não é dos
mais confiáveis, podendo rifar a ambos sem crise na consciência, se lhes derem
vontade. No ano passado, cada um deles conquistou um pódio, e a meta é tentar
repetir a dose, e quem sabe, ir além. Mas o duelo com os demais times promete
ser bem mais complicado do que em 2019.
E
quem fica na rabeira este ano? Em 2019, a Williams foi disparada o pior time da
competição, e fez um grande esforço para melhorar o seu carro para este ano, o
que parece ter sido bem-sucedida, conseguindo até fazer uma pré-temporada
decente. Mas, se levarmos em conta que todos os demais times também evoluíram,
é preciso ver se a renovada Williams conseguiu de fato recuperar performance,
ou se apenas se mantém no mesmo lugar em relação aos concorrentes. Em teoria, a
escuderia de Grove deve duelar com Hass e Alfa Romeo, os times que menos
empolgaram na pré-temporada. George Russel vai para sua segunda temporada
sabendo que tem poucas chances de sair do fim do grid, enquanto temos Nicholas
Latifi como único estreante do ano, no time comandado por Claire Williams,
filha de Frank Williams.
Na
Hass, a temporada é um tudo ou nada, uma vez que Gene Hass começa a achar a F-1
cara demais para obter poucos resultados. O time errou a mão no carro do ano
passado, e tenta voltar ao caminho certo, mas terá na sua atual dupla de
pilotos, a mesma dos últimos dois anos, uma provável dor de cabeça, a manterem
os maus hábitos demonstrados na pista, e fora dela. E a Alfa Romeo ainda tem
Kimi Raikkonen, capaz de boas performances, provavelmente em seu último ano na
categoria, enquanto Antonio Giovinazzi ainda precisa mostrar a que veio na F-1.
Estes três times devem brigar para não serem os últimos do grid, pelo que vimos
na pré-temporada, mas quem sabe algum deles apresenta alguma surpresa, e
consegue chegar um pouco mais à frente? Não é impossível, mas bem difícil.
A Holanda retorna à F-1 este ano, mais uma vez em Zandvoort. |
Entre
as novidades da F-1 para este ano, estão duas novas corridas. Uma delas, fará
sua estréia na competição, o Grande Prêmio do Vietnã, em um circuito montado na
cidade de Hanói, se puder ser realizado, diante da paranoia do surto do
coronavírus, que pode levar ao adiamento e talvez cancelamento da prova. A
outra corrida é a prova da Holanda, que volta ao calendário da categoria máxima
do automobilismo depois de mais de três décadas, tendo a última prova ocorrido
na temporada de 1985. O palco é mais uma vez a pista de Zandvoort, mas com um traçado
bem diferente de quando a F-1 correu por lá pela última vez. A corrida está
marcada para o início de maio, e até o presente momento, ainda não sofreu com o
surto da Covid-19, mas nada mais está certo em relação ao campeonato deste ano.
INCERTEZAS POR CAUSA DA COVID-19
A
temporada da Fórmula 1 de 2020 já começa complicada por um fator externo: o
surto do Coronavírus, chamado oficialmente de Covid-19, já causou estragos na
competição antes mesmo da pré-temporada ter início. A extremidade dos casos
relatados na China fez com que o GP em Shangai fosse adiado para data
posterior, ainda a ser definida, e não cancelado, como deveria se fazer de modo
mais simples. O problema é que a temporada, com 22 corridas programadas,
simplesmente não deixa datas em aberto para remanejamento de corridas em caso
de eventos inesperados, como o desta doença.
Para
complicar a situação, a doença se espalhou pelo mundo, e um dos lugares que
alcançou foi a Itália, onde o governo, em atitude radical, simplesmente decidiu
colocar o país inteiro em quarentena, cancelando todo e qualquer tipo de evento
ou acontecimento que possa reunir multidões. Viagens estão permitidas apenas em
caso de necessidade extrema. E a Itália abriga as sedes de duas escuderias, uma
delas, a Ferrari, na região de Modena, perto de onde o surto começou em
território italiano. A outra sede é a da Alpha Tauri, em Faenza. Os times já
enviaram seus funcionários para a Austrália, e eles não devem voltar tão cedo
às suas sedes, uma vez que, novamente lá, poderão não conseguir sair para as
demais provas tão cedo.
A
corrida da Austrália deve ocorrer normalmente, mas com várias medidas de
segurança para tentar minimizar os riscos de transmissão entre as pessoas
envolvidas com a categoria máxima do automobilismo e as pessoas da Austrália. Atividades
promocionais extrapista foram canceladas, e as interações dos pilotos com o
público também foi suspensa, como as sessões de autógrafos. Alguns integrantes
das equipes McLaren e Hass apresentaram sintomas suspeitos e foram colocados em
quarentena preventiva, até se certificarem se estão ou não com o vírus, que
teve um caso confirmado de uma pessoa no hotel que hospeda o pessoal da F-1, ao
lado do Albert Park. Apesar de tudo, a prova australiana está mantida. A
corrida seguinte, no Bahrein, será realizada, mas o governo barenita decidiu
que o autódromo será fechado ao público, sendo então a primeira prova da F-1 a
ser realizada com portões fechados, por medida de segurança visando dificultar
transmissões potenciais do coronavírus. A etapa do Vietnã vem a seguir, mas com
o avanço da doença, a corrida em Hanói, que estrearia no calendário, ficou
totalmente incerta. E, dependendo da situação, até mesmo as corridas na Europa
a seguir, como na Holanda, Espanha, e até mesmo Mônaco, podem sofrer
consequências, dependendo de como o surto se apresentar até lá, e das medidas
de segurança que os governos dos países atingidos adotará para tentar controlar
a disseminação da doença.
Hanói se preparou para receber a F-1, mas a epidemia da Covid-19 pode fazer a corrida ser adiada ou até cancelada, dependendo dos acontecimentos. |
O
que deveria ser a maior temporada de todos os tempos da F-1 vira agora um
festival de incertezas, onde ninguém sabe dizer quantas corridas serão
efetivamente disputadas este ano. A situação de histeria em alguns lugares pode
comprometer totalmente o clima de segurança necessário para a realização de um
GP, mesmo que a situação não esteja de fato tão grave como se apresenta. Mas
quem vai correr o risco? A própria F-1 está tentando tomar algumas medidas
preventivas para tentar contornar a situação, mas com um campeonato que ocorre
no mundo inteiro, e desloca um contingente de pessoas imenso, além de muitos
equipamentos, o que exige uma logística extremamente sincronizada e planejada
de antemão, a categoria máxima do automobilismo se vê completamente sem
perspectivas do que poderá de fato realizar depois das duas primeiras corridas
da temporada.
Um
dos efeitos imediatos é que parte das equipes de mídia que costumam viajar para
cobrir os GPs “in loco” replanejaram seus esquemas. A RTL, na Alemanha, decidiu
que irá transmitir de seus estúdios as primeiras corridas, sem enviar seus
correspondentes para os autódromos, visando garantir a integridade de seu
pessoal, e este foi apenas um dos exemplos. Jornalistas free-lancers, além de
correspondentes especializados de outros veículos também adiaram para a fase
europeia suas presenças nos autódromos, preferindo fazer uma cobertura à
distância também.
A
única certeza é que não podemos ter certeza alguma do que irá acontecer
realmente...
OS TIMES DA TEMPORADA 2020
MERCEDES – Mais um ano de
domínio?
Lewis Hamilton ao volante do novo modelo W11: favorito isolado ou não? |
Campeã
invicta desde o início da nova era turbo híbrida, em 2014, a Mercedes entra no
último ano do atual regulamento mais determinada a demonstrar sua força do que
nunca. Concebeu uma nova unidade de potência, e um novo modelo, o chassi W11,
para mostrar que vai novamente à luta pelo título. E pior, com boas
probabilidades de não estar contando vantagem à toa. O time prateado,
normalmente comedido nos testes da pré-temporada nos últimos anos, sabendo-se
ciente de sua capacidade, deixou os rivais arrepiados este ano em Barcelona.
Foi o time com a marca mais rápida, e o maior número de quilometragem
percorrida, dados que devem ser levados em consideração na medição de forças do
time prateado em relação aos concorrentes mais próximos.
O
novo modelo ainda incorpora um recurso inovador, o DAS, abreviação de Dual Axes
Steering, ou sistema de dois eixos de esterçamento, que permite ao piloto do
carro, ao puxar o volante no cockpit em sua direção, mudar ligeiramente a
convergência das rodas dianteiras, que deixam de estar completamente paralelas,
e com isso diminuir o arrasto aerodinâmico, permitindo maior velocidade ao
bólido. Ao empurrar o volante para a posição inicial, as rodas voltam a ficar
totalmente paralelas. O novo sistema causou furor nos concorrentes, que
logicamente consultaram a FIA, para saber se ele era dentro do regulamento, no
que a entidade confirmou, mas já se adiantando em promover sua proibição para
2021, por considerar uma brecha do novo regulamento, o que eles querem inibir
ao máximo.
Com
um carro que, se mantida a tradição da escuderia alemã de não mostrar todas as
suas forças nos testes da pré-temporada para se resguardar, já se mostrou muito
rápido, a expectativa é que o modelo W11 se mostre ainda mais veloz quando a
temporada começar. O que pode dar algumas esperanças aos rivais é que a nova
unidade de potência apresentou quebras nos dias de testes, o que em tese
poderia comprometer o favoritismo das Flechas de Prata. É sabido que a Mercedes
retrabalhou sua unidade de potência visando torna-la mais eficiente em
temperaturas altas, um de seus pontos fracos na temporada passada, o que lhe
roubava parte da potência. Aparentemente, pode ter conseguido sanar este ponto
fraco, mas fica a dúvida se isso não poderia ter comprometido a resistência da
unidade, que poderia precisar de maior refrigeração para seu funcionamento, já
que o bólido construído em Brackley possui entradas de ar para os radiadores
bem reduzidas, a fim de otimizar a aerodinâmica do carro. Curiosamente, um
detalhe que era mais vantajoso no modelo do ano passado, que tinha entradas de
ar maiores para os radiadores, e que em uso no chassi RP20 da Racing Point,
praticamente uma cópia do bólido alemão de 2019, não causou nenhum problema às
suas unidades utilizadas nos testes.
Lewis
Hamilton continua a ser o piloto a ser batido, e vamos ver se Valtteri Bottas
poderá lhe fazer mais sombra este ano do que o realizado no ano passado. O
piloto inglês pode igualar o número de títulos de Michael Schumacher, bem como
o seu número de vitórias na categoria, ou mesmo superá-lo, o que faria de
Hamilton o maior campeão da história da F-1 em números absolutos. E acreditem,
ele tem as armas para conseguir isso, talvez até com relativa facilidade, a se
confirmarem as suspeitas do real poderio do modelo W11.
RED BULL – Pronta para desafiar a
Mercedes?
Max Verstappen está ansioso para desafiar a Mercedes e lutar pelo título. E não tem medo de cara feia... Falta combinar com Hamilton... |
O
time dos energéticos não entra tão confiante em uma temporada desde 2013, o
último ano antes da era turbo híbrida atual. Os motivos do otimismo são o
projeto do novo chassi RB16, além da nova unidade de potência da Honda, segundo
eles, superior em todos os aspectos em relação às utilizadas em 2019,
especialmente no quesito confiabilidade, uma vez que a equipe austríaca sediada
em Milton Keynes não enfrentou nenhum problema durante os testes em Barcelona.
Uma
prova disso é que o time se concentrou em simulações de corrida, e sem ter tido
nenhum contratempo. Por outro lado, pouco procurou mostrar a velocidade
absoluta de seu novo modelo, ainda que tenha conseguido com Max Verstappen uma marca
significativa, que indica que a Red Bull muito provavelmente seja a principal
adversária da Mercedes no ano, a se confirmar a performance menor que a Ferrari
demonstrou durante os testes. Max Verstappen, contudo, talvez para não ficar
demasiadamente confiante, se perguntou se a performance do novo carro, superior
em tudo ao modelo de 2019, será suficiente para vencer a Mercedes. Sim, porque
os prateados também evoluíram, e ninguém sabe dizer exatamente qual a força
total do time alemão, pelas suspeitas de que eles podem não ter dado tudo o que
têm nos testes de Barcelona.
O
que deixa os torcedores mais esperançosos, é que a Mercedes demonstre não ter
toda a fiabilidade de costume, como demonstrou com os problemas de sua nova
unidade de potência, enquanto a nova unidade motriz da Honda não teve nenhum
problema a ser relatado. A se confirmar a alta confiabilidade do modelo RB16,
este poderá ser um importante trunfo na luta contra os prateados. E devemos
lembrar que o time austríaco geralmente consegue fazer um desenvolvimento
extremamente eficiente de seu bólido durante a temporada. Se a escuderia dos
energéticos de fato estiver em sua melhor forma em muitos anos, tem boas
chances de complicar a vida da Mercedes durante a competição, e quem sabe,
talvez até comprometer as chances de título por parte de Lewis Hamilton.
Verstappen está confiante de que pode desafiar o piloto inglês, e ninguém
duvida da velocidade do holandês, que mostrou ter amadurecido bastante em 2019,
sem deixar de ser arrojado.
FERRARI – Outro tiro no pé?
O rendimento do novo SF1000 ainda é uma incógnita para a Ferrari, que já fala quase em se concentrar apenas para 2021, se o novo carro se mostrar um caso perdido. |
Quando
a pré-temporada de 2019 terminou, era consenso quase unânime de que a Ferrari
se apresentava mais forte do que nunca, e que poderia até mesmo ser o carro a
ser batido, podendo enfim colocar fim à hegemonia da Mercedes, que já durava
desde 2014. O carro era um canhão nas retas, e sua unidade de potência já seria
mais forte que a dos alemães. Mas bastou a temporada começar para o time
italiano descobrir que suas performances foram superestimadas, e que tal
desempenho visto nos testes só apareceria em algumas etapas, enquanto a
Mercedes, que nada de extraordinário havia feito nos testes, além de andar
perto dos italianos, deitou e rolou sobre a concorrência na primeira metade da
temporada. Para piorar a situação, o time ainda acabou superado pela Red Bull
na parte final da temporada, em razão do duelo por vezes fraticida entre sua
dupla de pilotos, Sebastian Vettel e Charles LeClerc.
Este
ano, estamos vendo o oposto. O carro italiano, que no ano passado era muito
rápido nas retas, mas sem ter o mesmo desempenho nas curvas, teve de ser
repensado para ter mais downforce, e com isso, comprometer parte da velocidade
em reta para ganhar nas curvas. Uma equação pra lá de batida pelo pessoal da
F-1. Mas tudo indica que caminharam com algum exagero neste passo, de modo que
o carro agora é lento de reta, sem que as velocidades em curva compensem isso.
Para complicar, a observância mais estrita das regras de limites do fluxo de
combustível que as unidades de potência podem utilizar parecem ter atingido em
cheio a nova unidade de potência dos italianos, que admitiram não ter a mesma
força do propulsor de 2019. Em outras palavras, o novo carro pode ter sido um
novo tiro no próprio pé. Estariam os italianos escondendo o jogo para não se
comprometerem, procurando evitar o ocorrido no ano passado? Não parece ser
exatamente o caso, a julgar por declarações tanto dos pilotos como do próprio
Mattia Binotto, que declararam abertamente que as rivais Mercedes e Red Bull
hoje estariam mais rápidas que a Ferrari. Outra declaração preocupante de
Binotto seria a respeito de que, se o novo SF-1000 não for rápido o suficiente,
o time poderia esquecer a temporada 2020, e passar a se concentrar apenas no
projeto de 2021, quando entrará em vigor um novo conjunto de regras técnicas,
que mudará a concepção dos carros.
Apesar
da Ferrari ter liderado um dos dias de testes, o entusiasmo da hipótese de que
o time italiano pudesse estar apenas escondendo o jogo com afinco esfria
bastante. O time não pareceu animado com a performance obtida, e seus pilotos
parecem já quase jogar a toalha, dando o ano como praticamente perdido, ou
muito perto disso. Pode ser extremamente precipitado desconsiderar as chances
de disputa do time italiano para a temporada, mas tudo indica que, ao menos nas
primeiras corridas, não se deva esperar muito da Ferrari. Outro problema, além
da falta de velocidade de ponta do novo carro, seria um comportamento de saída
de frente, o que obriga os pilotos a terem de duelar mais para alinhar o carro
nas curvas, comprometendo parte de sua estabilidade. Um detalhe que tanto
Vettel quanto LeClerc apontaram nos seus dias de treinos. Tudo parece indicar
que os dados obtidos no túnel de vento, que apontaram resultados discrepantes
com os esperados no projeto, sejam mais graves do que se imaginava, e não
apenas uma simples discordância de dados normal no desenvolvimento de um
projeto.
Com
o próprio time em dúvida sobre o seu real potencial, será preciso esperar as
primeiras corridas para termos uma idéia mais aproximada do que o time de
Maranello poderá render este ano. E se os resultados ruins se confirmarem,
certamente começarão as especulações de quem irá rodar no time para o próximo
ano, ou talvez nem chegue ao final deste mesmo. Os torcedores que fiquem
preparados para tudo.
MCLAREN – Tentar se aproximar das
principais
A McLaren quer se aproximar do pelotão da frente este ano. |
Em
seu segundo ano de associação com a Renault, após constatar todas as
deficiências do projeto de seu chassi em 2018, depois de findar sua associação
com a Honda, a McLaren tratou de corrigir o projeto do carro de 2019, e
contando com uma dupla de pilotos completamente nova, surpreendeu a categoria
por se tornar o melhor time do segundo pelotão da F-1, terminando o ano em 4º
lugar. Para este ano, o novo MCL35 parte de uma base completamente nova nas
mãos do novo contratado James Key, com vistas a não apenas manter a McLaren
como líder do pelotão intermediário, como também a reduzir a diferença de
performance do time de Woking para o trio Mercedes/Red Bull/Ferrari. Enquanto
para alguns a opção mais lógica seria desenvolver a boa base demonstrada pelo
carro de 2019, a revolução do novo projeto apresentado pelo ex-profissional da
Toro Rosso coloca ao time o desafio de provar que era necessário revolucionar o
carro para atingir vôos mais altos.
E
a temporada deste ano deve ser mais complicada, pelos tempos que vimos serem
demonstrados pela Racing Point, e pela Renault, que devem ser adversários bem
mais duros do que no ano passado, e que prometem engrossar a disputa pela
posição de “melhor do resto”. Com um novo contrato firmado com a Mercedes para
voltar a usar os propulsores alemães, de que desfrutaram de 1995 a 2014, a
escuderia entra em seu último ano utilizando a motorização da Renault, que
demonstrou excelente fiabilidade nos testes da pré-temporada, não apresentando
nenhum problema a ser relatado, o que não ocorreu com as demais unidades de
potência dos outros fabricantes. A dupla formada por Carlos Sainz Jr. e Lando
Norris deu uma bela arejada no ambiente dos boxes, e tem tudo para render ainda
mais em 2020. Os tempos absolutos obtidos em Barcelona podem não ter sido os
mais expressivos, mas quem pode observar atentamente declarou que o ritmo da
McLaren em simulação de corrida mais do que a credencia a ser novamente o
melhor time do “resto”. Resta combinar com Racing Point e Renault, que
certamente medirão forças com os carros de Woking tanto em classificação quanto
em corrida.
A
reorganização promovida pela escuderia no ano passado tem o objetivo de
relançar a McLaren ao topo das corridas, lutando novamente por vitórias, e até
pelo título. Pode-se dizer que começou bem, com a escuderia terminando o ano em
4º lugar. A meta agora é chegar mais perto dos times mais fortes, algo que
certamente só deveremos ver em 2021, mas que poderemos ter esperança de torcer
por uma aproximação maior já este ano. O duelo promete ser bom.
RENAULT – Corrigindo o rumo
A Renault quer brigar novamente para liderar o segundo pelotão e tentar chegar mais à frente nas primeiras posições. |
Diante
dos altos investimentos feitos pela marca francesa no ano passado, com a
contratação de mais pessoal, melhorias na fábrica, além de trazer Daniel
Ricciardo para comandar o time na pista, o resultado obtido pela Renault na
temporada de 2019 não foi exatamente um desastre, mas também não foi agradável,
podendo ser considerado apenas razoável. Depois de ter terminado 2018 como 4º
melhor escuderia do grid, a ordem em 2020 é recuperar essa posição, e para
isso, o duelo deverá se dar especialmente com seu time cliente, a McLaren, e
com uma reforçada Racing Point, que certamente serão os maiores obstáculos nas
pretensões do time francês.
Se
a escuderia dispensou Nico Hulkenberg, Esteban Ocón, o novo contratado, terá de
mostrar serviço para justificar a dispensa do piloto alemão, que não era
exatamente nenhum braço duro, apesar de ter perdido o duelo interno com
Ricciardo. A unidade de potência foi bem desenvolvida, e a boa notícia é que
não apresentou nenhum problema nos carros, tanto do time de fábrica quanto no
time cliente, o que é algo relevante. Resta agora esperar que o projeto do novo
chassi RS20 coloque a escuderia novamente no rumo do qual se desviou em 2019,
quando as reações do carro não corresponderam ao que se esperava, limitando as
chances de bons resultados de seus pilotos. Sem conseguir dar um
desenvolvimento consistente, a escuderia focou seus esforços na temporada deste
ano, e parece ter conseguido alcançar seus objetivos, e retomar o posto de
melhor time do segundo pelotão.
Daniel
Ricciardo conseguiu alguns tempos expressivos nos testes, que agora precisarão
ser confirmados nas corridas. O australiano disse que o novo carro é bem mais
dócil e suas reações, mais previsíveis, o que permite dar uma linha de
desenvolvimento para o chassi. Ocón, que passou a temporada de 2019 como piloto
reserva da Mercedes, porém, apesar do otimismo de todos no time francês,
preferiu manter os pés no chão, e afirmou que, na comparação dos times, a
Mercedes ainda é melhor em praticamente tudo em relação à Renault, dando a
entender que ainda será preciso muito trabalho e esforço para que a marca
francesa alcance seus objetivos, que é disputar vitórias, e até o campeonato,
uma vez que é um time de fábrica. E, por isso mesmo, o desempenho este ano será
decisivo para ver se a escuderia francesa conseguiu acertar o seu rumo, e o
quanto teve de sucesso neste objetivo, em uma temporada onde a disputa pelo
posto de 4º time tem tudo para ser das mais renhidas e equilibradas.
RACING POINT – Surpresa no segundo
pelotão?
Com carro "copiado" do modelo W10 da Mercedes de 2019, a Racing Point promete arrepiar no pelotão do meio. |
Sensação
da pré-temporada, o time que nasceu como Jordan em 1991, e de lá para cá passou
por vários donos e teve vários nomes, causou furor em Barcelona pela semelhança
de seu novo chassi RP20 com o modelo W10 da Mercedes do ano passado, sendo
chamado por muitos de “Mercedes Rosa”, devido ao patrocínio máster da BWT, e
obtendo tempos extremamente bons. Talvez até bons demais, para alguns, que
passaram a acusar a escuderia de competir literalmente com o carro prateado do
ano passado, sem desenvolverem um projeto próprio, e que estaria ferindo as
regras da competição. Mas a Racing Point garante que seu novo carro é legal, e
se fosse uma cópia descarada, a Mercedes acusaria o golpe de ter seu projeto
“plagiado” dessa maneira. Mas o carro, apesar da semelhança com o modelo
prateado de 2019, usa a unidade de potência de 2020, além do conjunto traseiro
ser bem similar ao do W11, modelo atual dos alemães.
Afinal,
se a Hass compra da Ferrari tudo o que o regulamento técnico lhe permite, por
que a Racing Point não poderia fazer o mesmo com relação à Mercedes? Talvez por
estar mostrando que andará melhor do que muitos outros times, mesmo usando um
projeto teoricamente híbrido, e talvez, até defasado. Mas era difícil não notar
o entusiasmo dos integrantes da escuderia, e em especial, de seu principal
piloto, o mexicano Sérgio Perez, que disse não ver a hora de começar o
campeonato, como que indicando que seu time não mostrou todos os trunfos que
possui com seu novo carro. Como até mesmo Lance Stroll, cuja capacidade como piloto
não é lá muito considerada, andou forte também enquanto esteve na pista, os
mais otimistas chegam a afirmar que a Racing Point poderia ficar até mesmo à
frente da Ferrari, talvez no início da temporada. Uma expectativa talvez um
pouco exagerada e otimista demais, apostando que os italianos estejam piores do
que se mostraram em Barcelona.
Mesmo
que isso não se comprove, a escuderia ainda tem excelentes chances de liderar o
segundo pelotão da F-1, tornando-se uma rival de peso para aqueles que já consideravam
não apenas manterem-se como os melhores da “F-1 B”, como aqueles que
tencionavam alcançar esta posição, como a McLaren e a Renault, sendo que o time
francês pretendia entrar com um protesto contra a Racing Point, que certamente
não deverá dar em nada. O otimismo de Perez é um indicativo de que o time deve
ter o seu melhor ano em várias temporadas, e como desafiar o pelotão principal
formado por Mercedes/Red Bull/Ferrari talvez seja esperar demais, considerar o
time talvez o favorito para ser a 4ª força na competição não é nada impossível.
Se conseguirem ir além disso, ajudando a embolar a disputa nas primeiras
posições, melhor ainda, pois o público quer, acima de tudo, disputas e duelos,
não importam de qual time contra qual time. Se puderem fazer isso mais à
frente, melhor ainda. Vejamos o que eles poderão realmente demonstrar na pista,
após a largada.
ALPHA TAURI – Objetivo é tentar
brigar mais à frente
Com um novo visual e novo nome, o time "B" da Red Bull quer fazer bonito este ano na F-1. |
Pelo
que mostrou em 2019, a Toro Rosso teve mesmo uma boa temporada, com seus dois
pilotos conseguindo um pódio cada um, que mesmo sendo em circunstância
excepcionais, não deixaram de ser valorizados pela escuderia, que entra em 2020
com o nome de Alpha Tauri, marca de roupas de propriedade de Dietrich
Mateschitz, dono do império da Red Bull. A dupla de pilotos, Pierre Gasly e
Danill Kvyat, comeu o pão que Helmut Marko amassou no time principal quando
ambos lá estiveram, com o piloto russo tendo mais problemas para digerir a
rasteira que levou, estando em sua 3ª chance no time “B” dos energéticos e
mostrando que está mais maduro. Já Gasly conseguiu se recompor mais
rapidamente, e ambos agora tem a oportunidade de tentarem reafirmar a si
próprios na F-1, devendo aproveitar a chance enquanto a Red Bull vê seu
programa de desenvolvimento de pilotos definhar a ponto de não ter nomes em
potencial para substitui-los.
Confiando
na evolução prometida pela Honda para suas unidades de potência, e com seu novo
chassi AT-01 tentando copiar do RB16 o que é possível, o objetivo da escuderia
com sede em Faenza, Itália, é pelo menos brigar pelas melhores posições do
segundo pelotão, e quem sabe, não apenas repetir, mas ir além dos resultados
obtidos em 2019, tarefa bem complicada, uma vez que os concorrentes estão bem
mais preparados este ano do que na temporada passada. Outro problema é que, ao
contrário do time principal, o time italiano geralmente perde parte do fôlego
conforme a temporada avança, uma vez que seu orçamento não é tão generoso
quanto o da Red Bull, e por isso mesmo, não tem como evoluir seu carro tão bem.
A saída de James Kay para a McLaren também poderá se fazer mais sentida do que
no ano passado, uma vez que o novo carro não contou com seus serviços, o que
pode reduzir a capacidade técnica da Alpha Tauri de melhorar sua performance.
A
nova pintura dos carros já credencia o modelo AT-01 a ser um dos mais bonitos
de todo o grid. Mas pintura não garante performance, lógico, então vamos apenas
torcer para que consigam fazer uma boa temporada, e duelar a fundo com seus
rivais diretos.
ALFA ROMEO – Procurar melhorar
Kimi Raikkonen deve disputar sua última temporada na F-1 em 2020. |
Se
teve um time que parece ter feito apenas o trivial na pré-temporada, este foi a
Alfa Romeo. Apesar de o time ter liderado dois dias de testes em Barcelona,
foram justamente nos dias em que diversos times se concentraram em suas simulações
de corrida, e um dos destaques foi que o novo piloto reserva e de
desenvolvimento da escuderia, o polonês Robert Kubica, liderou um destes dois
dias, ficando o outro dia com o veterano Kimi Raikkonen, que deve fazer
provavelmente sua última temporada na F-1. O carro de 2020, o modelo C39, não
trouxe inovações propriamente ditas, a exemplo dos demais carros, e fica a
expectativa se a escuderia apenas manterá o nível do ano passado, quando
começou de forma até razoável, mas depois foi sendo superada pelos
concorrentes. Quando a Ferrari praticamente assumiu o controle do time,
rebatizando a antiga Sauber de Alfa Romeo, esperava-se mais por ter se tornado
o time “B” de Maranello, a exemplo do que a Red Bull fazia com a Toro Rosso. A
julgar pelo que mostraram em 2019, o resultado não foi dos mais convincentes, e
tem tudo para continuar não impressionando muito em 2020.
Se
Kimi Raikkonen ainda mostra ter lenha para queimar, Antonio Giovinazzi terá de
dar tudo por tudo este ano para continuar no time em 2021, e a performance do
carro certamente terá papel crucial nesta tarefa, assim em como o italiano
lidará com ela. Espera-se que a Alfa Romeo batalhe na parte de trás do pelotão
intermediário, provavelmente duelando com a Williams e a Hass, que também tem
por objetivo sair do final do grid para tentar uma campanha mais decente nesta
temporada.
HASS – Será que se acerta?
Time da Hass pode ter uma temporada decisiva na F-1 em 2020. |
Desde
que estreou na F-1, a escuderia do estadunidense Gene Hass vinha crescendo de
performance, ano após ano, mostrando um planejamento bem-feito, e sem vôos
exagerados. Infelizmente, o time acabou se perdendo completamente no
desenvolvimento de seu carro em 2019, e isso acabou comprometendo todas as
chances de bons resultados para a temporada. O erro na direção de
desenvolvimento foi tanto que o monoposto chegou a mostrar melhora de
performance quando foi “regredido” para a configuração utilizada no início da
temporada, só para se ter uma idéia de como o ano foi complicado para o time. A
esperança para 2020 é recuperar pelo menos o rumo de desenvolvimento do time, o
que parece ser ainda meio complicado, já que o novo chassi VF-20 não demonstrou
muito potencial e velocidade nos testes, além também de não ter sido lá muito
confiável, o que fez com que a Hass terminasse a pré-temporada como o time que
menos quilometragem acumulou entre todos. Como desgraça pouca é bobagem, o time
manteve sua inconstante dupla de pilotos, Kevin Magnussen e Romain Grosjean,
que tiveram mais baixos que altos nos últimos dois anos, e que na opinião de
muitos, já deram tudo o que poderiam render no time. Se o novo carro se mostrar
promissor, ambos terão de aproveitar a chance para mostrar que seus críticos
estavam errados em ver a escuderia lhes dar uma nova oportunidade justificando
que o carro não era bom.
Do
contrário, é melhor que ambos comecem a procurar novos empregos para 2021, da
mesma maneira que, se o time novamente se perder durante o ano, Gene Hass pode
se cansar da F-1, e voltar a se concentrar apenas no automobilismo dos Estados
Unidos, o que poderia levar a categoria máxima do automobilismo a ficar com
apenas 9 escuderias para o próximo ano, na pior das hipóteses...
WILLIAMS – Objetivo é sair da
rabeira
Williams: tentando a recuperação. |
Depois
de uma temporada completamente desastrosa no ano passado, ou a Williams
reinventava seu projeto de carro, ou poderia caminhar para o fechamento, como
já fizeram outros times tradicionais da categoria, como as lendárias Lotus,
Brabham, e Tyrrel. O projeto do novo FW43 foi completamente reformulado em
relação às soluções abordadas no carro de 2019, mas as sequelas da péssima
temporada de 2019 se traduziram na perda de patrocinadores que reduziram o
orçamento do time para a atual temporada, o que certamente limitou a capacidade
do time de conseguir fazer um projeto com muito mais potencial para este ano. O
novo carro até se mostrou promissor, e pelo menos o time conseguiu cumprir com
boa parte de seu programa durante os parcos seis dias de testes, conseguindo
uma razoável quilometragem, e só não indo mais além por ter enfrentado duas
quebras na unidade de potência da Mercedes, que equipa o monoposto do time de
Grove.
George
Russel fez elogios ao comportamento do novo monoposto, mas talvez procurando
não dar falsas esperanças, afirmou que ele ainda precisa melhorar muito para
permitir ao time retornar ao meio do pelotão intermediário, dando a entender
que a luta para recuperar terreno ainda está apenas no começo. Em tese, a meta
é tentar superar Alfa Romeo e Hass. Em termos de pilotos, Russel é considerado
uma das promessas da nova geração, e com certeza deverá dar o seu melhor,
conseguindo mostrar o seu talento se o carro o permitir, o que não foi muito
possível no ano passado, devido à performance fraca do FW42. Terceiro time mais
antigo da F-1 ainda em atividade, todos torcem por uma recuperação da escuderia
de Frank Williams, que já viveu tempos gloriosos em um passado que fica cada
vez mais distante, e muito menos provável de retornar...
TRANSMISSÃO E PRESENÇA DO BRASIL NA CATEGORIA
O
ano de 2020 é a terceira temporada consecutiva sem presença de um piloto
brasileiro titular no grid. A presença tupiniquim na F-1 resumiu-se ao nosso
Grande Prêmio do Brasil, em seu último ano de contrato, que está em vias de ser
renovado, em que pese a bagunça que se faz de que a corrida irá para o Rio de
Janeiro, a ser disputada em um autódromo que nem existe ainda, e à transmissão
da categoria pelo Grupo Globo, que deve manter o mesmo esquema de 2019: treinos
livres e de classificação a serem exibidos ao vivo nos canais SporTV, e com a
corrida sendo exibida pela TV Globo, exceto quando o horário não conflitar com
o futebol, quando a emissora do Jardim Botânico simplesmente manda a categoria
máxima para o escanteio.
A
emissora inicia 2020 com um desfalque considerável: pela primeira vez em mais
de quatro décadas, Reginaldo Leme não estará presente nas transmissões das
provas, tendo saído da Globo logo após o GP do Brasil do ano passado, já não
estando presente nem para a transmissão da etapa derradeira da competição, em
Abu Dhabi. Felipe Giaffone assume o seu posto como comentarista a partir de
agora, ao lado de Luciano Burti. Galvão Bueno, para desalento de muitos, deve
continuar sendo o principal narrador das provas, que serão todas transmitidas
de estúdio, como tem sido regra nos últimos anos, com a emissora mandando
apenas um repórter para os locais das corridas, à exceção do GP do Brasil. A
emissora continua a colecionar críticas dos fãs do esporte a motor, pelo
descaso com detalhes em suas transmissões, como não mostrar mais as cerimônias
do pódio, preferindo exibi-las apenas no site do Globoesporte.com, mesmo em que
pese a Globo transmitir a grande maioria das provas em canal aberto no país, ao
contrário do que vem acontecendo no resto do mundo, onde a F-1 vai ficando cada
vez mais restrita aos canais fechados, e com o Liberty Media procurando
aumentar o alcance das transmissões em streaming via internet para mais
mercados.
E
vamos para a terceira temporada sem a presença de um piloto brasileiro no grid.
Pietro Fittipaldi não foi muito longe como piloto de testes da Hass, mas
continua ligado ao time, embora sem muitas chances no momento de ser efetivado;
e Sérgio Sette Câmara voltou ao radar da Red Bull, sendo agora piloto reserva e
de testes do time dos energéticos, mas assim como Fittipaldi, sem muitas opções
de fato para mostrar o que pode fazer, além de continuar ligado à escuderia
austríaca. Um ponto positivo é que os níveis de audiência se mantiveram
estáveis, e até apresentaram leve melhora no Brasil, apesar da ausência de um
representante tupiniquim no grid, o que deve fazer com que a Globo ainda
mantenha a categoria com um tratamento decente mínimo, depois de ter optado por
não renovar o contrato com a MotoGP, depois de décadas de exibição das provas
de motociclismo nos canais pagos do SporTV. A categoria das duas rodas agora está
no Fox Sports.
Luciano Burti e Felipe Giaffone estarão juntos nas transmissões da F-1 na Globo em 2020. |
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