Com o mundo do automobilismo em
geral sofrendo um pit stop forçado pelos motivos que todos já conhecem, resolvi
disponibilizar alguns textos antigos que havia reorganizado em meu acervo, e
este que trago hoje é praticamente meu primeiro texto sobre a Cotação
Automobilística, com avaliações feitas sobre os acontecimentos do mundo do
esporte a motor no mês de março do ano 2000, praticamente 20 anos atrás, tendo
sido publicado no dia 31 de março daquele ano. Então, por enquanto, aproveitem
um pouco este texto, e esperemos que as coisas se normalizem o quanto antes,
para que a rotina de todos volte ao normal, e possamos voltar a curtir nossa
grande paixão que é o mundo da velocidade, e suas disputas. Façam bom proveito!
SOBE:
- MICHAEL SCHUMACHER: Se já era
um dos mais fortes candidatos ao título da F-1 este ano, agora parece virar
candidato isolado. O alemão ainda não deu nenhum show na pista, apenas pilotou com
competência regular para um piloto de suas qualidades. Mas também não precisa
muito mais do que isso, com a sorte que Schumacher vem tendo até o momento,
enquanto seus adversários vão tendo todo tipo de azar pela frente, sejam
problemas alheios a seus controles, erros pessoais ou de suas equipes e seja
mais lá o que der errado.
-
ANTONIO PIZZONIA: O piloto brasileiro estreou com o pé direito no mais
conceituado campeonato de F-3 do mundo, o inglês, vencendo a etapa de Thruxton,
debaixo de uma chuva torrencial. O “Jungle Boy”, como é chamado, é mais uma
sensação brasileira nas pistas do exterior e muitos apostam que em breve
chegará à F-1. Talento não lhe falta.
- EQUIPE GANASSI: Mesmo trocando
todo o seu pacote técnico para 2000, e perdendo o seu principal engenheiro,
Morris Nunn, a Ganassi mostra que não perdeu sua coesão e capacidade. Juan
Pablo Montoya era o piloto a ser batido em Homestead, na abertura da F-CART,
até que seu motor Toyota deixou o colombiano a ver navios e ficar a pé. Jimmy
Vasser, o outro piloto do time, terminou em um convincente 4º lugar. Assim que
o motor Toyota corresponder mais um pouco, a Ganassi voltará a ser um páreo
duro na pista.
- EQUIPE WILLIAMS: Marcou pontos
pela segunda corrida consecutiva, e, com a desclassificação de Coulthard, o
novato Jenson Button marcou seu primeiro ponto na categoria. O motor BMW ainda
está devendo muito em relação aos demais motores da categoria, mas o chassi
FW22 já dá mostras de ser muito bom. E, assim como em 99, o time de Frank
Williams vai marcando seus pontinhos aqui e ali. Assim que o motor BMW evoluir,
o time deve voltar a ser uma parada dura na categoria.
- EQUIPE RAHAL: O time do
tricampeão Bobby Rahal confirmou na corrida as boas expectativas de seu time
dos treinos de pré-temporada do Spring Training. O sueco Kenny Brack,
recém-estreando na categoria, andou sempre na frente de Maxximiliano Papis e
era forte candidato à vitória, se o carro não o deixasse na mão depois de ter
dado uma leve raspada no muro. Em compensação, o piloto italiano aproveitou-se
das condições da prova para assumir a liderança e vencer a corrida, obtendo sua
primeira vitória na categoria. Ainda é cedo para afirmar que a Rahal vai ser
tão forte assim em todo o resto do campeonato, mas a equipe começa o mundial da
CART com o pé direito.
NA MESMA:
- INTERLAGOS: Todo ano faz-se
reformas para adequar o autódromo paulista às exigências da F-1. Desta vez, as
coisas pareciam ter sido levadas muito mais a sério, mas o novo asfalto de
Interlagos, apesar de bem melhor em relação aos anos anteriores, não se livrou
de suas ondulações. Os pilotos chiaram com razão, em virtude da quantia de
dinheiro gasta no recapeamento do traçado. E, se eles chiaram, o que dizer dos
contribuintes, que pagaram a conta das reformas?
- RUBENS BARRICHELLO: Mesmo
guiando para um time de ponta, parece que o piloto brasileiro não consegue se
livrar de alguns azares que parecem persegui-lo. O incidente das placas na
classificação, que arruinou a melhor volta de Rubinho e a quebra de seu carro diante
de sua torcida durante a corrida foram um balde de água fria nos ânimos. De
consolo, apenas a certeza de que o piloto brasileiro tem garra para competir de
igual para igual com Schumacher, demonstrada nos poucos momentos em que as
coisas não deram errado.
- TRANSMISSÃO DA F-CART PELA
TVS/SBT: Manteve o nível do ano passado, para a felicidade de muitos torcedores
da categoria americana, que já ficavam preocupados com o possível ofuscamento
dos pilotos brasileiros na categoria em virtude da febre Barrichello - Ferrari.
Só não melhorou em relação ao ano passado porque vai continuar transmitindo a
maioria das corridas em VT no fim da noite de domingo. Faz falta um repórter
nos boxes para dar maiores informações sobre o andamento da corrida. De
positivo, apenas a confirmação de Téo José na narração das provas e o fato de
terem transmitido a etapa de abertura do campeonato in loco, direto de Miami, e
ao vivo.
- EQUIPE BAR: O time milionário
da Britrish American Tobacco melhorou em relação ao ano passado, mas em
Interlagos voltaram aos velhos problemas de 99, em que o time prometia muito em
alguns treinos e depois passava um inferno na corrida. Zonta finalmente
conseguiu estrear em Interlagos na F-1, e fez uma classificação excelente,
ficando à frente de Jacques Villeneuve. Pena que na corrida deu tudo errado,
com os pilotos do time e a própria equipe tendo atuações pífias, e isso quando
o carro não quebrava...
- MIKA HAKKINEN: O atual
bicampeão da F-1 mostra que andar forte é com ele mesmo. Apesar da tática da
Ferrari de duas paradas, o piloto finlandês era franco favorito à vitória em
Interlagos, e vinha num bom ritmo para sua tática de corrida. Acabou traído
pelo motor Mercedes de sua McLaren, e, pior, viu seu principal adversário na
luta pelo título disparar na classificação do campeonato. Se Hakkinen possui
muita frieza ao volante, vai precisar dela agora mais do que nunca para
manter-se firme e não entrar em parafuso com o favoritismo disparado de
Schumacher. Ainda há muito chão até o fim do campeonato, e a briga apenas
começou.
DESCE:
- EQUIPE SAUBER: A equipe suíça
viveu um calvário em Interlagos e a única coisa positiva que fez foi se retirar
da corrida para preservar seus pilotos. Depois dos excelentes testes na pré-temporada,
o time vem enfrentando um problema atrás do outro. A expectativa de uma boa
temporada parece que vai ficando comprometida.
- JOS VERSTAPPEN: Chegar a andar
em terceiro lugar com a Arrows no GP Brasil foi uma façanha, mas perder o
embalo e o ritmo simplesmente porque “cansou” durante a corrida sinceramente dá
uma mostra de que o piloto deveria se capacitar mais para dirigir um F-1. Ainda
mais Verstappen, que está tendo mais uma chance na categoria e deveria mostrar
serviço para se garantir na F-1.
- EQUIPE MCLAREN: O favoritismo
do time comandado por Ron Dennis foi para o brejo, depois de duas corridas
absolutamente esquecíveis para o time de Woking. Além das quebras de motores, a
performance na pista não foi tão destacada quanto a dos anos anteriores. Para
piorar, a desclassificação de Coulthard em Interlagos foi um balde de água fria
para todo mundo na escuderia. Vai ter de trabalhar muito para recuperar o favoritismo da pré-temporada. E,
para começar, vai tentar recuperar os pontos do piloto escocês no julgamento de
seu recurso semana que vem.
- EQUIPE PROST: Pela segunda
corrida, a equipe do tetracampeão Alain Prost dá mostras de que 2000 não vai
ser mesmo um bom ano para a escuderia. Tanto Alesi como Heidfeld sofreram
diversos percalços mecânicos durante o GP Brasil e andaram no pelotão de trás
praticamente o tempo todo. Realmente, a
cotação da escuderia parece estar em queda livre.
- PÚBLICO DA F-CART: A etapa de
abertura do campeonato, em Homestead, teve o pior público em muitos anos na
categoria, ainda mais se tratando da etapa de abertura do campeonato, que
geralmente costuma chamar muito a atenção do público. Apenas 12 mil pessoas
ocupavam as arquibancadas no domingo da corrida, e isso levando em conta que
nada menos do que 2 mil colombianos vieram da Colômbia para assistir ao seu
novo ídolo esportivo, o piloto Juan Pablo Montoya, atual campeão da F-CART.
Nenhum comentário:
Postar um comentário