quarta-feira, 31 de outubro de 2012

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – OUTUBRO DE 2012



            O mês de outubro já era, e como não poderia deixar de ser, chegou a hora de trazer a COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA deste mês, com uma avaliação dos acontecimentos das últimas semanas no mundo da velocidade. Rotineiramente, o mesmo esquema: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a Cotação de novembro...



EM ALTA:

Sebastian Vettel: O piloto alemão da Red Bull venceu pela segunda vez na Índia, conquistou sua 4ª vitória consecutiva no campeonato e segue firme rumo ao tricampeonato. Mas o jovem alemão mantém os pés no chão, pois admite que a parada ainda é difícil, e com Fernando Alonso nos calcanhares, qualquer deslize pode ser fatal, como ficou provado com seu colega de equipe Mark Webber, que enfrentou problemas com seu Kers e acabou sucumbindo ao espanhol na prova indiana. Vettel pode se tornar o mais jovem tricampeão da F-1, e isso não é pouca coisa...
Sébastian Loeb: O francês da equipe Citroen faturou nada menos do que o seu 9º título no campeonato mundial de rali, aumentando ainda mais os impressionantes números de sua carreira na modalidade. A conquista foi definida matematicamente após o francês vencer a etapa do mundial de rali justamente em seu país, a França. E, para alegria da concorrência, Loeb anunciou que vai dar novos rumos à sua profissão em 2013, mas que ainda deverá participar de pelo menos 5 etapas do Mundial de Rali. Se der sorte, periga o francês ainda conquistar o título se vencer estas 5 corridas. Na minha opinião, Loeb deveria participar efetivamente de mais um campeonato em 2013, e talvez conquistar mais um título, que seria o 10º de sua carreira, e então partir para novos desafios. Seria um score praticamente perfeito: 10 títulos em 10 anos, feito que provavelmente nunca será igualado. O que aliás vale para seus 9 títulos, pois há praticamente 9 temporadas que o Mundial de Rali não tem outro vencedor. Se Sébastian quer tentar novos rumos, tem todo o direito. Ficará a expectativa de quem será o primeiro novo campeão do rali em praticamente uma década...
Jorge Lorenzo: o piloto espanhol da equipe Yamaha conquistou em Phillip Island, na etapa da Austrália, o bicampeonato da MotoGP. Lorenzo foi o melhor piloto do ano, e não foi uma conquista fácil como se imaginava, tendo sofrido uma forte disputa durante a maior parte do ano com Dany Pedrosa, que infelizmente caiu de sua moto na Austrália e precipitou o final da luta pelo título ainda na penúltima etapa do campeonato. Lorenzo fez da regularidade sua principal arma no atual campeonato, e nas últimas provas, vinha administrando sua vantagem para Pedrosa, que demonstrava uma forma exuberante e um excelente momento da Honda frente à Yamaha. Ainda assim, a disputa estava favorável ao espanhol, que se tornou agora o primeiro piloto de seu país a conquistar um bicampeonato nas categorias da motovelocidade de forma consecutiva. Lorenzo agora se prepara para receber de volta Valentino Rossi como companheiro de equipe na Yamaha em 2013, e podem apostar que será uma disputa feroz. Se por um lado Lorenzo está no seu auge, é preciso ver se o “Doutor” ainda mostrará a velha forma. Mas desde já a expectativa deste duelo interno no time japonês já atrai grande interesse para o campeonato do ano que vem.
Kimmi Raikkonem: o piloto finlandês já jogou a toalha, afirmando que não há como chegar ao título diante da falta de performance de seu time para conseguir bater os principais times, como a Red Bull, Ferrari, e McLaren. Mesmo assim, Kimi vai pontuando em todas as corridas, e ainda se mantém em 3º lugar no campeonato, mostrando que seu retorno à categoria só não está perfeito porque a vitória ainda não veio, e se é verdade que a Lótus não tem ritmo para vencer no momento, a escuderia já teve oportunidade no início do ano, quando sua performance a colocava como potencial vencedora de corridas. Mas o time se perdeu em estratégias conservadoras, e em outras ocasiões as circunstâncias não foram totalmente favoráveis. Ainda assim, a regularidade de Raikkonem impressiona pela consistência dos resultados, sempre marcando pontos e não se envolvendo em confusões, ao contrário de seu colega Romain Grossjean, que já arrumou vários enroscos e se envolveu em diversas batidas no ano. Raikkonem já está com contrato renovado para 2013 com a Lótus, e se seu nome não foi considerado pelos outros times, de fato é uma pena, pois não sabem o que estão perdendo...
Adrian Newey: O engenheiro e principal projetista da Red Bull mostrou mais uma vez porque é o técnico mais badalado do circo da F-1. Depois de sofrer com as restrições da FIA, que podaram as principais inovações que ele havia desenvolvido para o carro do time austríaco nos últimos tempos, eis que Newey novamente dá a volta por cima, e se o carro não é aquele monstro que destruía a concorrência em 2011, pelo menos voltou a mostrar força suficiente para fazer o atual bicampeão Sebastian Vettel voltar a dominar a F-1 e relança o time das bebidas energéticas a ser novamente o favorito disparado para conquistar também um tricampeonato de construtores, uma situação que, na primeira metade do campeonato, parecia ser até bem difícil, dado o equilíbrio que estávamos assistindo até então naquele momento da temporada. Newey está mostrando novamente que consegue desequilibrar a relação de forças na categoria. Se a FIA quiser brecar o engenheiro inglês, parece que só vai conseguir se proibi-lo de trabalhar para qualquer escuderia, do contrário...



NA MESMA:

Felipe Massa: O piloto brasileiro conseguiu reverter a sua má fase na F-1, e conseguiu o que muitos consideravam impossível: renovou com a Ferrari por mais uma temporada, e voltou a andar como nos velhos tempos, conseguindo até voltar ao pódio, depois de uma bela prova no Japão. Felipe ainda se mostrou tremendamente combativo na Coréia do Sul, mas suas chances de conseguir mais um pódio foram totalmente tolhidas pela equipe, que não permitiu que o brasileiro ultrapassasse Fernando Alonso, mesmo Massa estando muito mais rápido que o asturiano. E isso é o que espera Felipe em 2013: liberdade para correr, só mesmo se Alonso estiver fora de combate, do contrário, ele terá de se contentar em ficar totalmente em 2º plano, como já aconteceu nesta última corrida, na Índia, onde seu carro não recebeu as atualizações implantadas no carro de Alonso, e pior, ainda teve de correr economizando combustível devido a um “erro” nos cálculos, o que o impediu sequer de acompanhar Alonso na prova. A Ferrari exige que Massa ajude o espanhol, mas em várias ocasiões, não há como o brasileiro dar a devida força se o próprio time não lhe dá o apoio necessário para isso. Infelizmente, os torcedores brasileiros terão de esquecer a possibilidade de Felipe voltar a brilhar na F-1 enquanto estiver em Maranello...
Equipe Ferrari: O time italiano trabalha a todo vapor para voltar a dar a Fernando Alonso um carro mais competitivo para que o espanhol consiga chegar ao tricampeonato, mas a parada está difícil. Apesar da melhora vista na performance do carro na Índia, ainda assim o espanhol não conseguiu superar Sebastian Vettel, e ficou patente que a falha do Kers no carro de Mark Webber, se não foi determinante, facilitou para que Alonso o superasse e terminasse em 2º lugar. A escuderia tem levado atualizações direto da fábrica para os locais dos GPs nas últimas corridas, mas nem todas as melhorias desenvolvidas tem dado resultados satisfatórios. Para complicar, o time ainda se viu às voltas com seu túnel de vento descalibrado, que pode ter gerado parte das peças que não funcionaram a contento. Parece que o F2012, depois de começar o ano mostrando-se instável e pouco competitivo, atingiu o seu limite, tendo sido incrivelmente melhorado e desenvolvido ao longo do ano. Mesmo assim, a base deficiente do chassi agora parece cobrar o seu preço na evolução permitida com as novas peças. Se a Red Bull não enfrentar problemas, parece que não será possível ao time de Maranello conseguir reverter o déficit. Será que a Ferrari ficará mais um ano na fila?
Fernando Alonso: O piloto espanhol continua tirando leite de pedra de seu carro no atual campeonato, mas parece ter chegado ao limite, incapaz de fazer frente a um Sebastian Vettel que, com um revigorado carro da Red Bull, tem manifestado o domínio que o levou a ser campeão em 2011, tendo vencido as últimas 4 corridas consecutivamente. Mesmo assim, o espanhol não desiste, e uma de suas armas é o jogo psicológico, nem que isso signifique dar declarações infelizes, como a do último fim de semana, quando afirmou que seu maior adversário não era o jovem bicampeão alemão da Red Bull, mas o projetista Adrian Newey, para quem ele considera que não dá para competir com alguém que dá um carro superior aos rivais. Alonso vinha fazendo uma campanha impecável em 2012, dada a inferioridade inicial do carro da Ferrari, e vinha sendo considerado o melhor piloto do ano até então. Falar este tipo de coisa desmerece o talento de Vettel, uma vez que Mark Webber não tem conseguido o mesmo tipo de domínio que o jovem companheiro alemão: desde que Vettel ganhou tudo nas últimas 4 corridas, Webber só conseguiu marcar 35 pontos, enquanto Sebastian marcou 100 pontos. Mais uma tirada dessas, e muitos torcedores que estavam se rendendo ao talento do espanhol voltarão novamente a torcer pela sua derrota.
Equipes nanicas da F-1: Estando para completar seu terceiro ano de competição na categoria máxima do automobilismo, até agora as escuderias Caterham (ex-Lotus), Marussia (ex-Virgin) e Hispania ainda encontram-se praticamente no mesmo nível de quando estrearam em 2010: no fim do pelotão, disputando entre elas apenas, e com uma ou outra exceção, chegando um pouco mais à frente, quando algum carro dos outros times enfrenta problemas anormais. Nem mesmo a Caterham, que foi o melhor time novato até aqui, conseguiu superar o degrau que divide seu time dos demais já estabelecidos na F-1, embora a diferença tenha diminuído. E se o time de Tony Fernandes, que pelo menos exibe uma estabilidade, vive esse dilema, a situação é ainda pior nas outras duas escuderias, uma vez que a Marussia já trocou de dono, e na Hispania, a situação não foi diferente. A situação deve complicar em 2014, quando entram os novos motores turbo, pois Marussia e Hispania correm com os motores da Cosworth, que não tem planos nem projeto de motor para a nova configuração técnica que a F-1 adotará. Caterham usa os motores da Renault, mas não há uma definição se continuará com eles na nova era turbo. E, com orçamentos cada vez mais no vermelho, e patrocinadores escassos, há quem garanta que 2013 poderá ser a última participação destes times, com a categoria voltando a ter menos de 20 carros em 2014. Ameaça ou apenas rumor? Não seria nada difícil a ameaça virar realidade...
Toro Rosso: Confirmando o que já se esperava, a Toro Rosso, time satélite da Red Bull, anunciou nesta semana a renovação dos contratos de sua dupla atual de pilotos, Daniel Ricciardo e Jean-Eric Vergne, para a temporada 2013. Isso já era até esperando, ainda mais depois de ambos os pilotos não terem se destacado tanto um sobre o outro, o que indica que as chances de ambos serem rifados pela Red Bull ao fim do ano que vem aumentam consideravelmente; basta lembrar o que aconteceu com Sebastien Buemi e Jaime Alguerssuari. Ricciardo e Vergne tem qualidades, assim como pontos em que precisam melhorar também, mas o maior problema, e isso não é exatamente culpa deles, é que ambos são equivalentes como pilotos, ou em linguagem mais simples, não são “diferenciados”, o que para a Red Bull significa ser um novo “Vettel”. Desconfia-se que duas novas promessas vão ser queimadas na próxima temporada, pois a Red Bull – leia-se Helmut Marko, ainda impaciente, e quer fazer a fila andar, nem que seja preciso atropelar os pilotos no caminho...



EM BAIXA:

Michael Schumacher: o maior vencedor da história da F-1 vai se aposentar em definitivo ao fim desta temporada, mas ao contrário de sua primeira aposentadoria, em 2006, Michael desta vez sai pela porta dos fundos: acabou dispensado pela Mercedes, que contratou Lewis Hamilton para seu lugar, cansada da indefinição do heptacampeão. Para completar, Michael vem tendo um fim de ano apático, e se o carro não ajuda, é verdade que o piloto alemão também não tem demonstrado mais aquela tenacidade da competição aguerrida que sempre o caracterizou. A volta de Schumacher acabou por se revelar, no balanço geral destes 3 anos de contrato com a Mercedes, um erro. Só serviu para desmistificar o nome de Schumacher, que sem ter um superesquema e um time voltado unicamente para si, acabou mostrando-se um piloto comum a tantos outros, talvez até mais do que se imaginava, e embora seu currículo lhe garanta um lugar perene na galeria dos gigantes do esporte a motor, ele não precisava ter passado por esta volta. Antes tivesse permanecido na competição, onde poderia ter conquistado até mais dois títulos, do que ter parado e voltado 3 anos depois.
McLaren: o time de Woking parecia ter voltado das férias de agosto pronto para desembestar no campeonato da F-1, mas o fôlego do time de Martin Whitmarsh durou pouco, e depois da Itália, os carros nunca mais mostraram o mesmo ritmo tanto em classificação quanto em corrida. Nas últimas duas provas, além de não terem demonstrado a fiabilidade necessária, perderam até para a Ferrari no ritmo de corrida, de modo que Lewis Hamilton, que era cotado para disputar firme o título, já está praticamente fora de combate, assim como Jenson Button. Ainda não vai ser desta vez que a McLaren conquista novamente o título da F-1, e do jeito que a coisa vai, nem vice-campeã a escuderia inglesa vai conseguir ser este ano.
Mercedes: O time da fábrica de Sttutgart praticamente jogou a toalha neste campeonato, e agora só pensa na temporada de 2013, quando passará a contar com Lewis Hamilton no lugar de Michael Schumacher. Além de um piloto novo, a escuderia diz que seu novo carro será totalmente reformulado, seguindo um novo rumo de desenvolvimento. Espera-se que isso seja mesmo verdade, porque nas últimas corridas, ver os carros prateados se arrasando em disputas no pelotão intermediário tem sido difícil de engolir. Não fosse o desempenho irregular da Sauber, o time de Nico Rosberg e Michael Schumacher já poderia até ter perdido sua posição no campeonato de construtores, com o time suíço estando apenas 20 pontos atrás na tabela. A Mercedes, desde que voltou como time completo à categoria máxima do automobilismo, ainda não mostrou a que veio, e dizem que 2013 pode ser a última chance de tentar vencer efetivamente. Caso contrário, o time pode até ser vendido. O boato não é de agora, mas resta saber se a ameaça será efetivamente cumprida...
GP das Américas: a tão sonhada corrida da F-1 em Nova Jérsei acabou por naufragar, uma vez que não se acertaram detalhes a respeito do pagamento das taxas da FOM e outros detalhes burocráticos. O grosso do problema é que ainda não conseguiram levantar os fundos necessários para a realização do GP, então nada de corrida. Pelo menos para 2013, uma vez que ainda há chances de a corrida estrear para valer em 2014. Bernie Ecclestone não é de desistir fácil quando coloca uma idéia na cabeça. Mas, se os americanos não encontrarem alguém que banque a conta do GP, a corrida não vai rolar. E para Bernie, se não rolar seu cachê, nada mais interessa. Agora começam fofocas de uma possível corrida substituta para deixar o campeonato de 2013 com 2º provas. Opções teóricas não faltam para preencher a lacuna. Mas podem apostar que faltará vontade efetiva de se atender aos desejos dos torcedores na escolha da corrida.
Indy Racing League: Randy Bernard, que foi diretor da categoria nos últimos dois anos, acabou pedindo as contas, devido à pressão de alguns times, descontentes com sua gestão, principalmente a Andretti, que depois de conquistar o título deste ano, se saiu no direito de desancar a administração de Bernard, que se teve seus erros, também teve o mérito de tentar achar novos rumos para a categoria, que estava praticamente estagnada. Chegou a dar pena saber que Tony George estava já a postos para querer voltar a ser o dono da categoria, estando até preparado para fazer uma oferta, o que seria um retrocesso tremendo para a IRL. Felizmente, a nova administração já avisou para George tirar o cavalinho da chuva, o que foi um ponto positivo, mas que não serve para elevar muito o moral da Indycar, mostrando que este ano de renovação não conseguiu atingir todos os objetivos propostos...


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

BURACO INDIANO



            A Fórmula 1 chegou à Índia para a disputa do segundo GP em terras deste país, que estreou no calendário da categoria no ano passado, em mais uma pista projetada por Hermann Tilke. Na pista, o assunto é o duelo pelo título da temporada, polarizado entre o alemão Sebastian Vettel, da Red Bull, e o espanhol Fernando Alonso, da Ferrari. Mas, no paddock, a conversa geral é qual será o destino da Force Índia, escuderia que enfrenta um momento crucial em suas finanças.
            Vijay Mallya, diretor e proprietário da escuderia, aliás, por pouco não estaria no circuito. Há poucas semanas, a justiça indiana emitiu uma ordem de prisão para ele, pelo não pagamento de taxas aeroportuárias referentes à sua companhia de aviação, a Kingfisher. Mallya teria feito o pagamento com cheques sem fundo, e os credores resolveram endurecer o jogo para receber o quem direito. Após um acordo com os credores, Mallya conseguiu revogar a ordem de prisão, mas a situação continua complicada em suas empresas, e há relatos de vários problemas. Houve comentários de salários atrasados dos funcionários, e até de que parte das empresas de Mallya pode estar em situação falimentar, depois de maus resultados nos últimos tempos. E o time de F-1 não seria uma exceção. Dizem que a escuderia está à venda, e isso já coloca em dúvida sua participação no próximo campeonato, inclusive com o forte boato de que os pilotos do time em 2013 precisarão trazer uma boa bolada de patrocínios, ao contrário do que ocorreu até aqui, desde que a escuderia surgiu com esse nome, em 2008.
            Sediada ao lado do circuito de Silverstone, a Force Índia na verdade surgiu em 1991, quando o irlandês Eddie Jordan enfim fez a estréia de seu time na F-1. A escuderia, apesar de finanças débeis para aquele ano, foi a sensação da temporada, e Jordan tinha planos ambiciosos. Os anos seguintes foram de altos e baixos, mas apenas em 1998 o time venceu pela primeira vez, na Bélgica, em uma dobradinha comandada por Damon Hill. No ano seguinte, a escuderia teve seu melhor ano na categoria, ao obter duas vitórias com Heinz-Harald Frentzen e ficar em 3° lugar no campeonato mundial, atrás apenas da campeã de pilotos McLaren e da vice-campeã Ferrari. O que parecia ser o surgimento de um novo time de ponta na categoria, contudo, desandou nos anos seguintes, voltando a obter apenas resultados fracos, o que foi minando as finanças do time. Cansado dos poucos momentos bons do time, Eddie Jordan vendeu sua escuderia ao grupo russo Midland ao final de 2005, encerrando a participação de sua escuderia na categoria máxima do automobilismo.
            Como Midland, o time não durou nem meia temporada: acabou vendido para o grupo holandês de carros esportivos Spyker após apenas 5 provas disputadas na temporada de 2006. Os holandeses também não ficaram muito tempo com a escuderia, vendendo-a ao final de 2007, contabilizando apenas 1 ano e meia de duração. E em 2008, o time, agora de propriedade de Vijay Mallya, fazia sua estréia com o nome de Force Índia no certame. A escuderia tinha como pilotos Giancarlo Fisichella e Adrian Sutil. O carro, batizado de VJM01, era equipado com motores da Ferrari. Foi um ano de experiência na categoria, sem conquistar nenhum ponto, mas Mallya tinha planos audaciosos, e para o ano seguinte, firmou uma parceria técnica com a McLaren, passando inclusive a utilizar os poderosos motores Mercedes. O time cresceu bastante na segunda metade do ano, com Fisichella a conquistar uma pole-position na Bélgica e por pouco não vencer a corrida, com o italiano chegando logo atrás de Kimmi Raikkonem. O ano terminou com o time na 9ª posição, com 13 pontos, e a promessa de conseguir melhores resultados. Havia dinheiro, motores, e condições técnicas. Só precisavam saber usar da melhor forma possível.
            A escuderia veio melhorando: em 2010, já foi a 7ª colocada no mundial, subindo para a 6ª posição no ano passado. E este ano, ocupa no momento a 7ª colocação, com 89 pontos, e com perspectiva de continuar pontuando, embora seja difícil avançar mais na classificação, uma vez que a Sauber, à sua frente, tem tido ótimos resultados. O que não serve para disfarçar o quadro ruim das finanças da escuderia, que desde que foi assumida pelo indiano, sempre ostentou a maior parte dos patrocínios oriundos de empresas do próprio Mallya, com poucas exceções. No ano passado, entretanto, Mallya vendeu parte do controle acionário do time ao grupo Sahara, que nesta temporada é o principal patrocinador da escuderia. Mas, com as empresas de Vijay em situação financeira ruim, os recursos para o time de F-1 despencaram. E mesmo os bons resultados obtidos pela equipe parecem incapazes de seduzirem novos investidores a embarcar no time.
            Adrian Sutil ajudava na manutenção do orçamento, com um leque de patrocinadores pessoais até o ano passado, mas o piloto alemão, mesmo tendo feito um bom ano, acabou perdendo seu lugar no time para Nico Hulkenberg, que apesar de trazer também alguns patrocinadores, já estaria de saída para a Sauber, levando uma verba que fará falta ao time indiano. O escocês Paul Di Resta deve permanecer na escuderia, onde já é titular desde o ano passado, tendo sido piloto reserva da equipe em 2010. Sua presença garante um bom desconto na aquisição dos motores da Mercedes, uma conta que ficaria ainda mais complicada para as combalidas finanças se ele fosse dispensado ou resolvesse sair. Para sorte de Mallya, Di Resta ainda é ligado à Mercedes, que deve mantê-lo na escuderia sem problemas, uma vez que seu time acaba de acertar a contratação de Lewis Hamilton para a próxima temporada. A menos que Nico Rosberg peça as contas em breve, o escocês não deve deixar o time tão cedo. Isso, claro, se o time continuar a existir. Mesmo assim, a presença de Paul na próxima temporada ainda é colocada em dúvida.
            Quando o assunto é dinheiro, a F-1 é uma verdadeira caixa-preta de informações, com números muitas vezes desencontrados, sendo muitos deles chutes de valores ou segredos guardados a sete chaves. Não se sabe o exato tamanho do buraco onde a Force India se encontra, apenas que é grande, e que pode resultar no fim do time. Resta saber se a ameaça se concretiza. A ordem de prisão para Mallya só reforça a percepção de que a situação está mesmo feia, embora pilotos, mecânicos e engenheiros tentem demonstrar total tranqüilidade nos boxes e na pista. Para complicar a situação, os funcionários da Kingfisher, que está proibida de operar em solo indiano devido à sua situação financeira praticamente falimentar, marcaram de fazer ponto na entrada do autódromo para protestar e cobrar de Mallya que lhes pague os salários atrasados. E prometem fazer barulho para serem ouvidos. Eles acusam Mallya de fazer pouco caso deles, por ignorá-los completamente, enquanto precisam de dinheiro para pagar as contas atrasadas, ao mesmo tempo em que o patrão “brinca” de F-1 pelo mundo afora.
            Não seria a primeira vez que um dono de escuderia ficaria enrolado com problemas financeiros e problemas com a justiça. A categoria máxima do automobilismo mundial já teve uma boa lista de donos com rolos e brigas, além de outras firulas nada elogiáveis. Mallya tinha conseguido adquirir grande respeito de parte da maioria do pessoal do paddock e da imprensa especializada, por tentar seguir uma linha mais “liberal” e menos arrogante e fria, em comparação com o comportamento dos demais times. Mas todo esse carisma que acumulou está em vias de ruir se não conseguir dar um jeito na situação em que seu grupo se encontra.
            Para a F-1, poderia resultar na perda de um time que, embora não tenha “decolado” no campeonato nestes anos, ganhou uma razoável estabilidade no meio do pelotão, e com capacidade para surpreender ocasionalmente, obtendo bons resultados. Neste ano, a escuderia vem crescendo desde a prova da Bélgica, quando marcou a maior parte dos pontos do atual certame. Eles ainda mantém o otimismo de que podem superar a Sauber, mesmo com o time suíço em um momento melhor. Esse entusiasmo pode sumir se a equipe desaparecer. E um time a menos disputando as corridas, ainda mais uma equipe como a Force Índia, será uma ausência que fará muita falta.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – FEVEREIRO DE 1996 – 21.02.1996


            Aqui estou hoje com mais um texto antigo da temporada de 1996. Nesta coluna, escrita para publicação no dia 21 de fevereiro daquele ano, abordei sobre os novos interessados que pretendiam entrar no campeonato mundial de F-1, que apesar das notícias de crise econômica mundial (coincidência com o panorama atual?), mostravam que a categoria TOP do automobilismo mundial continuava a se mostrar financeiramente interessante, apesar das vozes que pregavam seu declínio. Algumas, como o retorno oficial da Honda e da BMW, se confirmaram, ainda que tenham demorado mais tempo do que o que se cogitava na época. Outros retornos, como o da BRM, ou a entrada da Mazda, nunca se concretizaram. Fiquem agora com o texto, e em breve, mais colunas antigas virão...
 
NOVOS HORIZONTES NA F-1

            Nas últimas temporadas, falou-se muito de que a F-1 estaria em crise, devido às dificuldades financeiras, e principalmente, à falta de competitividade, o que estaria tirando o interesse da principal categoria do automobilismo internacional, sem falar que a politicagem dos cartolas estaria fazendo a modalidade perder a sua essência esportiva.
            Há quem ainda apregoa estas idéias ultimamente, mas tudo indica que estão remando contra a maré. Apesar do trágico ano de 1994, quando tivemos a perda de um dos maiores ídolos da F-1, Ayrton Senna, e a morte de Roland Ratzemberger, sem falar dos violentos acidentes de Karl Wedlinger, Andrea Montermini e Pedro Lamy, em 1995 a categoria deu a volta por cima. Tivemos inúmeras corridas cheias de disputas e emoção, com vários pilotos dando shows de pilotagem e disputas como há muito não se via na categoria. Embora o campeonato tenha ficado de forma patente e notória para Michael Schumacher, as etapas do mundial mostraram inúmeras disputas, tanto no pelotão da frente como no intermediário. E os indícios para a temporada 96 são muito bons: espera-se uma forte disputa pelo título entre Williams, Ferrari e a Benetton. Mas, com sorte, McLaren, Jordan, Sauber e Ligier podem se intrometer nesta briga. Mas não é apenas no quesito de disputa que a F-1 parece estar se recuperando. Mais do que nunca, a categoria passa a atrair o interesse mundial de diversas empresas de porte, interessadas em investir no automobilismo, e a F-1 é a categoria ideal na avaliação deles.
            Todos os indícios colhidos até agora indicam que a F-1 deverá ter, em 97, e para os próximos anos, excelentes condições. Já para 97, tudo indica que a Honda, que foi a maior vencedora dos anos 1980 como fornecedora de motores, vai retornar oficialmente à F-1, e em grande estilo, construindo tanto carro quanto motor. E há rumores de que a fábrica japonesa pretende ter um piloto brasileiro para comandar na pista a sua nova investida. Os nomes prováveis são André Ribeiro e Gil de Ferran, que já são pilotos oficiais da Honda na F-Indy. Como a Honda não é de brincar em serviço, os japoneses não virão para serem figurantes, mas para ficar entre as estrelas da categoria.
            Há ainda a estréia, já anunciada em Detroit em janeiro último, da equipe Stewart Racing, que terá como chefe ninguém menos do que Jackie Stewart, tricampeão da F-1. A idéia já não era nova, e vinha sendo estudada há alguns anos, mas que só agora está decolando. A nova equipe terá apoio oficial da Ford e deverá dividir com a Sauber o status de equipe de fábrica. E como a Ford está investindo pesado no seu programa de F-1, deverá ser mais um time para bagunçar a concorrência. Nada ainda está bem definido, mas o primeiro piloto do time deverá ser Paul Stewart, filho do tricampeão de F-1.
            Ainda no rastro de possíveis novas escuderias, temos a DAMS como provável novo time da F-1. A escuderia, que disputou a F-3000 até o ano passado, já tem pronto seu carro de F-1 e tem feito vários testes com Erik Comas. A estréia estava prevista para esta temporada, mas teve de ser adiada por problemas financeiros. Há ainda especulações sobre um possível retorno da AGS à F-1. Fora da categoria há algumas temporadas, a AGS estaria se reestruturando em categorias menores para conseguir retornar à F-1 possivelmente em 97 ou 98.
            Outra fábrica com planos de retornar à F-1 é a Lola, que abandonou a categoria em 93 devido aos péssimos resultados obtidos. A fábrica inglesa pretende recuperar sua reputação como construtor e o objetivo é ter na F-1 o mesmo sucesso que a marca tem na F-Indy como construtor de carros de competição. Ainda não há data certa para isso ocorrer, mas deve ser até 1999.
            Outra fofoca do gênero é que a BRM, sigla do grupo British Racing Motor, que já competiu na F-1 nos anos 1970, estaria interessada em tentar novamente competir na categoria, mas até o momento, não se tem notícias confirmadas disso. Há também planos da Michelin regressar à F-1, sendo que a última participação dos pneus franceses na categoria foi em 1984, quando foi campeã equipando os carros da McLaren/TAG-Porshe. Comenta-se que a Firestone, tão logo consiga consolidar seu domínio na F-Indy, também tentará vir para a F-1.
            Quem também pensa em retornar é a BMW, que foi a primeira campeã da Era Turbo, em 1983, com Nelson Piquet, na equipe Brabham. A BMW estaria preocupada com o avanço da Mercedes na categoria, e em virtude do atual sucesso de Michael Schumacher, a alternativa de voltar a fornecer motores para a F-1 não pode ser descartada, visto que BMW e Mercedes disputam um vasto mercado na economia alemã e européia. O interesse pela F-1 está em alta no país e um provável sucesso da Mercedes poderia desequilibrar a disputa do mercado automobilístico a seu favor.
            Além de todos estes possíveis retornos de todas estas empresas e grupos, há quem ainda pretenda entrar na categoria pela primeira vez. Com o retorno da Honda, e a participação firme da Yamaha, outros competidores japoneses podem tentar vir para a F-1. Há algum tempo que a Toyota tem planos de ingressar na F-1, e está estreando neste ano no campeonato da F-Indy. Caso tenha sucesso, a F-1 será o próximo desafio. Outros possíveis novos grupos interessados poderiam ser a Nissan e a Mazda, mas até o momento, não há dados certos de seus planos para a F-1.
            Se todos estes boatos, além das notícias já confirmadas, virem a se concretizar, a F-1 deverá experimentar um novo período de glória, tanto no campo esportivo quanto no campo técnico. E fará juz, mais do que nunca, ao status de principal categoria automobilística do planeta.


A IRL ganhou outra briga com a F-Indy. A Nissan emitiu um comunicado informando que em 97 estréia na categoria. A Indycar esperava que a fábrica japonesa seguisse o exemplo de sua conterrânea Toyota, que estréia este ano na categoria.


David Letterman, um dos mais populares apresentadores da TV americana, acaba de entrar para o mundo do automobilismo. Letterman será sócio minoritário na equipe do piloto Bobby Rahal. Além de Bobby, tricampeão da F-Indy, a equipe também terá como piloto o americano Bryan Herta.


O autódromo de Jacarepaguá vai ganhar um novo nome. Ele será rebatizado como Autódromo Émerson Fittipaldi. O tricampão Nélson Piquet, que dava nome ao circuito desde 1988, foi consultado e não se opôs à mudança de nome do circuito.


Alain Prost, que é consultor técnico da McLaren e também está fazendo testes com o novo MP4/11, já declarou que o novo carro da equipe tem potencial, e que o time deve voltar a disputar os primeiros lugares este ano. Tetracampeão mundial, Prost tem extrema reputação na área técnica, e é considerado um dos melhores acertadores de carros que a F-1 já teve.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

MASSA GANHA SOBREVIDA NA F-1


            Felipe Massa conseguiu o que muitos achavam impossível após a primeira metade do campeonato de Fórmula 1 deste ano: renovou com a equipe Ferrari para 2013. É verdade que o piloto fez por merecer, em especial nas últimas corridas, desde o GP da Bélgica, onde mostrou bom desempenho,e só não alcançou melhores resultados devido à política tacanha da Ferrari, que infelizmente, a esta altura do campeonato, é até justificável. O anúncio da renovação foi oficialmente feito nesta última terça-feira em Maranello, embora já circulasse boatos pelo paddock nas últimas corridas, e a escuderia ainda tentasse desmentir alegando que não havia nada decidido.
            Mas que o torcedor brasileiro não se iluda: Felipe ainda precisa batalhar para continuar na F-1. O que ele ganhou foi um ano para mostrar o que vale, já que neste campeonato, o brasileiro acabou praticamente num beco sem saída: suas fracas performances do início do ano até o GP da Hungria, com raros momentos de combatividade e performance, praticamente fizeram do brasileiro um nome “descartável” no mercado de pilotos, com praticamente nenhum time demonstrando interesse de contar com o vice-campeão de 2008 em seus quadros para o próximo ano. Uma alternativa seria arrumar patrocínios de peso para tentar vaga em outro time, mas aparentemente, sua falta de resultados no ano até agosto teria também jogado contra esta alternativa. Mesmo assim, a renovação não foi tão amena: Massa ganhará menos do que vinha ganhando, e embora valores não tenham sido revelados, isso já é um sinal de que Felipe não tinha mesmo alternativa.
            Para a Ferrari, mais do que um alívio, foi também uma recompensa ao piloto por sua lealdade, ainda mais porque o time italiano, tardiamente, afirmou que em alguns GPs usou o brasileiro para testar componentes que não deram os resultados esperados, e ainda por cima, comprometeram sua performance. É algo que deveriam ter feito na ocasião em que isso foi levado a cabo: poupariam Massa de algumas críticas imerecidas por parte de imprensa e torcedores, que desconheciam o fato. Claro que na F-1 o segredo é a alma do negócio, mas revelar isso não teria causado mal nenhum, muito pelo contrário: não ter falado no momento só ajudou a “queimar” Felipe ainda mais.
            A Ferrari resolve seu principal problema para 2013, e com isso Massa irá para sua 8ª temporada como piloto oficial de Maranello. O time sabe como o brasileiro é e seu ritmo de trabalho e capacidade. Se é verdade que cogitou outros nomes para o seu lugar, é verdade também que eventuais novos pilotos necessitariam de ser “moldados” ao “modo” Ferrari de procedimentos, e isso poderia gerar perda de tempo até que o novo contratado “entrasse nos eixos” do time vermelho, em especial na política de dois carros, um piloto, referência ao fato de Fernando Alonso ser a única atenção primordial da escuderia, restando ao seu companheiro, as sobras da competição, por mais que afirme que dá o mesmo equipamento a ambos os pilotos.
            Quem também ganha é a TV Globo, que ante a expectativa de ficarmos sem nenhum representante brasileiro na F-1 em 2013, agora continuará explorando Massa como potencial vencedor de corridas. Não é uma mentira: correr pela Ferrari, um time de ponta, credencia Felipe a ser um dos protagonistas da categoria. Isso na teoria; na realidade, a menos que Alonso comece a ter um azar dos diabos, o brasileiro terá de se contentar com duelos com os outros pilotos para satisfazer seu desejo de competição. O torcedor brasileiro, pelo que vi em sites e fóruns especializados, não comemorou nem um pouco, com raras exceções. O grosso dos comentários vai pela ala dos “traídos”, que vêem em Massa um sucessor piorado de Rubens Barrichello, que pelo menos chiava da situação a que se via submetido. Para Felipe, os comentários são mais duros: nem reclamar da situação ele faz, dando a imagem, na opinião deles, de “vendido”, “submisso”, “mercenário”, “medíocre”, entre outros adjetivos menos educados.
            Mas Massa, em que pese a decepção de muitos brasileiros que um dia viram nele a chance de nosso país ser novamente campeão da F-1, não precisa dar satisfação de sua renovação. Ele queria continuar a pilotar na categoria, e era aceitar ficar na Ferrari, ou sair da F-1. Não havia alternativas. Não haviam interessados em seus serviços. Agora, Felipe ganhou uma nova chance e precisa aproveitá-la. Se fizer um bom campeonato em 2013, relançará seu nome no mercado, e com alguma sorte, pode voltar a ser disputado por outros times, como já foi um dia. Ficar no time italiano para 2014 é uma possibilidade, mas se Felipe quiser realmente ter maiores ambições, só as terá em outros ares, pois enquanto Alonso continuar em Maranello, ele continuará a centralizar todo o time sobre si. E, se a atitude de impedir Felipe de ultrapassar Alonso, vista domingo passado, ocorreu em um momento de reta final de campeonato, não há garantias de que a Ferrari não obrigue o brasileiro a isso até em início de campeonato. Basta lembrar de 2002, quando o time sobrava, e mesmo assim, não deixou Rubens Barrichello vencer na Áustria, quando ainda nem estávamos perto da metade do campeonato.
            O dilema de Massa é fazer um bom campeonato sem incomodar o espanhol. Mas o maior problema pode vir a ser o carro de 2013: se for como o desse ano, problemático, embora passível de ser desenvolvido, o trabalho será muito complicado para o brasileiro. Alonso consegue se sobressair regularmente com um carro limitado, enquanto Massa tem menos capacidade de extrair performance nestas condições. Se o novo carro não for bom, Felipe precisará pilotar como nunca para mostrar resultados, a fim de mostrar aos outros times que é um nome a ser considerado em suas opções. O péssimo ano do brasileiro, que na verdade já vinha de resultados ruins desde todo o ano passado, já castigou Massa de forma contundente este ano, quando a McLaren anunciou Sérgio Perez para substituir Lewis Hamilton no time de Woking no próximo ano. Se um dia Massa já interessou à McLaren, esse interesse já se desvaneceu por completo, ao preferir o jovem mexicano que deu show em algumas corridas nesta temporada.
            Mesmo que consiga dar a volta por cima no próximo ano, ainda assim a tarefa de manter-se na categoria continuará complicada: a McLaren e a Mercedes estão fechadas com suas duplas de pilotos, que deverão continuar as mesmas em 2014; na Red Bull, se Mark Webber dizer adeus à F-1, o mais lógico é o time promover um de seus pilotos da Toro Rosso; a Lótus parece satisfeita com sua dupla, sabe-se lá até quando, e mesmo assim, é um nome de menor força na categoria, se comparada com Ferrari, McLaren, Red Bull, e Mercedes (ainda que no momento a Mercedes não esteja assim tão forte). Continuar em Maranello significará continuar em segundo plano na escuderia vermelha. Pode ser bom para o bolso do piloto, mas e suas ambições pessoais? Ainda mais depois de Luca de Montezemolo declarar abertamente que “não há lugar para dois galos na escuderia”. Que isso lembre Felipe quão firmes são as restrições à sua expectativa de se tornar a estrela do time novamente. E Fernando Alonso, ao declarar tão firmemente que Massa era o melhor nome para a Ferrari, deixa claro que essa preferência é porque sabe que pode dar conta do brasileiro sem maiores percalços...
            Há de se admirar a lealdade de Massa ao time italiano: desde que estreou na F-1, há 10 anos atrás, sua carreira sempre esteve ligada a Maranello: foi emprestado à Sauber, onde realizou sua primeira temporada, sendo dispensado por Peter Sauber ao fim do ano. Passou a temporada seguinte como piloto de testes do time italiano, antes de voltar à mesma Sauber em 2004, onde permaneceu mais duas temporadas, vindo a se tornar piloto “oficial” da Ferrari em 2006, com a saída de Rubens Barrichello. No seu primeiro ano no time vermelho, cumpriu seu papel como segundo de Michael Schumacher, tendo a oportunidade de ganhar duas corridas – uma delas no Brasil, onde deixou todos com esperanças de melhores dias na F-1, até porque com a aposentaria de Michael, Massa não precisaria continuar sendo “segundo” no time. Acabou surpreendido por Kimmi Raikkonem em 2007, tendo de ajudar o finlandês a ser campeão, mas na sua melhor chance, em 2008, bateu na trave, ficando com o vice-campeonato. Foi esportivo ao dizer que ele e o time ganhavam e perdiam juntos. Em 2009, a Ferrari fez um carro apenas mediano, e seu acidente na Hungria só complicou as coisas. Mesmo assim, Massa sempre fez questão de afirmar fazer parte da “família” Ferrari. Mas em 2010, a escuderia rossa trouxe Fernando Alonso, e daí em diante então...
            Que Felipe saiba aproveitar sua nova chance na Ferrari e na F-1. Se isso vai trazer alegria aos torcedores brasileiros, é outra história...

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – FEVEREIRO DE 1996 – 14.02.1996



            Trazendo a vocês mais uma de minhas antigas colunas, esta é de 14 de fevereiro de 1996, e o assunto discutido era quem seria o favorito ao título naquele ano na Fórmula Indy (a original, não a Indy Racing League). Como de costume, o alto grau de competitividade e equilíbrio da categoria não permitiam apontar favoritos destacados. A categoria vivia um excelente momento, com muitas equipes, pilotos e várias corridas, uma pena que ela não exista mais, pois chegou a ser quase uma alternativa válida para acompanhar no lugar da F-1, onde as lutas pelo título quase sempre ficava restritas a 2 pilotos. Uma boa leitura, e até breve com mais textos antigos por aqui..


QUEM É O FAVORITO?

            Estamos a apenas 2 semanas da estréia do campeonato de F-Indy de 1996, e como sempre acontece nos dias que precedem à abertura do certame, todos perguntam quem será o favorito ao título. Uma marca registrada da Indy costuma ser o equilíbrio que sempre apresenta nas disputas. Isso ficou bem claro em 95, quando a luta pelo título ficou indefinida durante muito tempo, e só nas provas finais delineou-se o confronto entre Jacques Villeneuve e Al Unser Jr.
            Semana passada tivemos o Spring Training, uma semana de testes coletivos com a presença de quase todos os pilotos e equipes, no circuito de Homestead, na Flórida. Depois de vários dias de treinos, acertos, testes e cálculos por parte das equipes, ficou ainda mais difícil apontar favoritos para o mundial. Todos os pilotos viraram em tempos muito próximos. Só para se ter uma idéia do equilíbrio, o mais rápido no cômputo geral de todos os tempos, Jimmy Vasser, da equipe Ganassi, ao volante de um Reynard/Honda, marcou o tempo de 27s743 no circuito oval. De seu tempo até o 16º colocado na classificação geral de tempos, o tricampeão Bobby Rahal, que pilotava um Reynard/Mercedes, a diferença foi de apenas 1s (28s743). E entre estes 16 pilotos encontramos vários candidatos em potencial ao título, como Paul Tracy, Christian Fittipaldi, Al Unser Jr., Gil de Ferran, Raul Boesel, etc, mas não é possível identificar favoritos isolados, pois as performances estão muito próximas.
            Há ainda outro detalhe que ajuda a aumentar a lista de favoritos: alguns pilotos, como Émerson Fittipaldi, não se preocuparam em treinar em ritmo de classificação, mas em ritmo de corrida, procurando afinar o acerto do carro para as provas. Émerson, por exemplo, marcou 28s852 ao volante de seu Penske/Mercedes, ou seja, 1s109 mais lento apenas. Já Paul Tracy, também com um Penske/Mercedes, marcou o tempo de 27s899, sendo o 2º mais rápido no balanço geral, mas ficando de se realçar o fato de o piloto canadense ter encerrado os treinos mais cedo, e já não estava mais treinando quando Vasser superou seu tempo.
            Se ao nível de pilotos não é possível identificar nenhum favorito isolado, ao nível técnico, só há alguns dados teóricos, mas que também não permitem conclusão precisa no quesito favoritismo. Nos pneus, por exemplo, a Firestone parece estar à frente da Goodyear. De fato, entre os 10 mais rápidos em Homestead, 6 usavam pneus da Firestone, e apenas 4 da Goodyear. Apesar da leve vantagem da Firestone, os dados indicam um equilíbrio próximo, impossibilitando um cálculo preciso de qual o melhor pneu, apesar dos indícios da superioridade dos Firestone.
            Já nos motores, a situação embolou: o Honda continua mostrando sua potência impressionante, sendo que André Ribeiro foi o mais rápido na reta, alcançando 337 Km/h. Para desafiar a força dos V-8 japoneses, a Ford preparou uma versão mais evoluída de seu motor XD. De fato, o novo propulsor apresentou um déficit de apenas 5 Km/h em reta para o Honda, enquanto a versão antiga do XD ficou distante 12 Km/h do mesmo motor Honda. Com relação ao motor Mercedes, os dados ficaram mais incógnitos, mas as declarações de Émerson Fittipaldi garante que o motor alemão ganhou muito mais potência em relação ao motor de 95 e conseguiu diminuir bastante a performance que o separa dos Ford e Honda. Conclusão: todos parecem estar bem equilibrados. A única dúvida é o novo motor Toyota. Jeff Krosnoff foi o mais veloz com este motor, ficando com o 20º lugar geral, enquanto Juan Manuel Fangio II, utilizando o mesmo propulsor, ficou em penúltimo lugar, superando apenas o japonês Hiro Matsushita. A julgar pelos resultados, a Toyota ainda precisa melhorar muito seu motor.
            No campo dos chassis, a dúvida permanece. A Penske parece ter novamente um carro competitivo, e Paul Tracy chegou até a assustar a concorrência com seu desempenho em Homestead, tanto no circuito oval quanto no misto, quando andou sempre na frente. Raul Boesel, por sua vez, garante que o chassi Reynard tem tudo para andar no mesmo nível pois, no seu caso, ainda não explorou toda a potencialidade do carro. A Lola também mostrou força e competitividade, conseguindo bons tempos e ficando entre os mais rápidos. A dúvida continua em relação ao chassi Eagle, que faz sua estréia equipando a All American Racing. Fangio II ficou em penúltimo lugar, mas o problema parece ser também do novo motor Toyota. Jeff Krosnoff, que utilizou um carro Reynard/Toyota, foi cerca de 0s9 mais rápido que Fangio II ao volante do Eagle/Toyota. Parece que o carro, como o motor, precisa de mais desenvolvimento...
            Finalizando, a F-Indy parece manter sua competitividade. Não há favoritos isolados, e a disputa pelo título promete ser bem forte. E a maioria dos pilotos brasileiros estão no meio desta briga em potencial. É só esperar a largada e vamos ver no que vai dar...


A Indy Racing League (IRL) lança mais um novo pacote de regras para as 500 Milhas de Indianápolis: em 97, os carros deverão utilizar motores V-8 atmosféricos de 4 litros, derivados de carros esportivos de série. A medida visa abaixar os custos e favorecer o acesso a novos competidores. As más línguas dizem que é para dificultar uma possível participação de pilotos da F-Indy, já que seus carros usam motores turbo de 2,65 litros.


O Brasil aumenta o seu esquadrão de pilotos na F-Indy: Marco Greco acertou contrato para toda a temporada com a equipe Scandia, e Roberto Moreno vai pilotar para a Payton/Coyne Racing. Junto com André Ribeiro, Émerson e Christian Fittipaldi, Gil de Ferran, Maurício Gugelmim e Raul Boesel, teremos 8 pilotos brasileiros na categoria em 96.


Na F-1, as equipes correm para desenvolver seus novos carros. No último sábado, a Sauber apresentou seu novo modelo C14; no domingo, foi a vez da McLaren exibir seu novo MP4/11; na segunda, a Williams apresentou seu novo chassi FW18; na terça, a Arrows mostrou seu novo FA17. A Ferrari está para apresentar seu novo carro, assim como a Minardi. Já a Forti Corse só vai estrear o novo carro mesmo em abril, e vai disputar as primeiras etapas com o carro de 95 adaptado.


Rubens Barrichello não vai poder curtir o carnaval brasileiro: a Jordan está no autódromo do Estoril desde quarta-feira para fazer testes intensivos com seu novo modelo EJ196 até o dia 23, e com seus dois pilotos, Barrichello e Martin Brundle. O objetivo é comparar o desempenho com as demais equipes. Benetton, McLaren e Williams também estarão presentes no circuito português para testes com seus novos carros.
 

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

EMBOLOU



            Se Fernando Alonso vinha esbanjando, além de competência, muita sorte neste campeonato de 2012 da Fórmula 1, o Grande Prêmio do Japão, disputado domingo passado em Suzuka, foi um tremendo balde de água fria no piloto espanhol. Seu abandono logo na largada, em conseqüência de um toque involuntário que recebeu de Kimmi Raikkonem após fechar o finlandês na tomada na primeira curva, pode ter sido fatal para suas pretensões do título da temporada. Com a vitória, Sebastian Vettel praticamente encostou em Alonso na classificação, estando apenas 4 pontos atrás do piloto da Ferrari, o que é, a esta altura do certame, praticamente nada.
            Claro que nem tudo está perdido, e ainda temos 5 corridas pela frente onde tudo ainda pode acontecer: serão 125 pontos em jogo. Mas o momento da Ferrari não é tão bom quanto eles gostariam. O carro é fiável, praticamente não quebra. Mas em termos de performance, precisa contar com problemas dos adversários para ficar à sua frente nas corridas. E, neste momento, McLaren e Red Bull estão com melhor desempenho. A sorte de Alonso é que, na McLaren, seu principal adversário, Lewis Hamilton, está desgastado em sua relação com o time, e isso já está se fazendo sentir na pista: Lewis não se encontrou no acerto do carro em Suzuka, e teve uma prova relativamente apática, chegando atrás de Jenson Button, que embora ainda tenha chances matemáticas de título, pode ser descartado na disputa no atual momento.
            Na Red Bull, o mesmo vale para Mark Webber, que pode ser considerado fora do páreo, em que pesem as palavras em contrário do australiano, que ainda se considera na briga pelo título. Mas o perigo é mesmo Vettel, que venceu as duas últimas corridas, e pode iniciar uma arrancada rumo ao tricampeonato. E, apesar de Felipe Massa ter feito uma corrida combativa e firme em Suzuka, em nenhum momento ele se mostrou uma ameaça a Vettel. Alonso poderia ter feito mais? Talvez sim, talvez não. Mas, para que os planos do espanhol continuem firmes, ele não vai poder contar apenas com o desempenho alheio, como tem feito na maioria das corridas deste ano, aproveitando-se das oportunidades enquanto a concorrência se enrola em problemas diversos; ele precisa que a Ferrari melhore seu ritmo para que ele se garanta por si só.
            O problema é que o time italiano não está parado, mas as evoluções experimentadas no carro nos últimos GPs não têm tido o desempenho esperado, e o carro não parece ter melhorado porque McLaren e Red Bull conseguiram avanços mais significativos. Em compensação, Alonso pode descartar a Lótus como ameaça potencial, uma vez que o time, como tem sido costume nos últimos anos, perdeu parte do rendimento nesta altura do campeonato. Raikkonem vem mantendo uma grande constância o ano todo, e isso lhe garante a 3ª colocação na tabela, mas não tem como ir mais além sem contar com o azar dos adversários.
            Hoje, nos primeiros treinos livres em Yeongam, poderemos ver como está a situação da Ferrari. Red Bull e McLaren ainda são, teoricamente, os carros mais fortes na pista. Resta saber se confirmarão isso. Alonso torce para que a falta de sorte que o atingiu em Suzuka passe para os adversários, a fim de aumentar suas chances. Pode acontecer, como pode não acontecer. O problema todo é que o asturiano contava com a vantagem de pontos que detinha até o Japão, para ir tentando administrar o máximo possível, enquanto contava com o duelo renhido dos adversários entre si para ganhar mais tempo. Tudo foi por água abaixo na largada de Suzuka, e agora o duelo vai ser praticamente homem-a-homem com Sebastian Vettel. E, com uma Red Bull bem mais forte, Alonso vai ter de jogar como franco atirador, a menos que o time vermelho consiga devolver ao F2012 a performance exibida em corridas como Silverstone, Hockenhein, e Monza, onde Alonso esteve sempre entre os mais rápidos.
            Alonso conta também com Hamilton na briga, mas pelo fator oposto: torce para que o inglês entre em confronto direto com Vettel, para que ele, Alonso, fature indiretamente com a briga. E, para corresponder aos anseios do asturiano, Hamilton quer partir para a briga do tudo ou nada: está decidido a sair da McLaren como bicampeão, e o time inglês, por sua vez, quer o título mais do que nunca, que não vence desde 2008. Mas a tarefa de Hamilton ficou complicada: ele precisaria vencer duas corridas para estar pau a pau com Vettel e Alonso. Uma nova vitória, e nada abaixo disso, é imprescindível para se manter na briga, como desejaria Alonso, desde que isso signifique impedir um resultado melhor do piloto da Red Bull.
            Só que Alonso não pode mais se dar ao luxo de sofrer nenhum revés: outra prova sem marcar pontos pode ser fatal e acabar de vez com as esperanças de título. E ele também não pode garantir que não haja “intrometidos” na briga na pista. Tirando Felipe Massa, que tem ordens expressas do time para literalmente sair da frente se o espanhol surgir no seu retrovisor, ninguém garante que outros pilotos de outros times possam surpreender e arruinar possíveis estratégias da Ferrari na corrida. A Lótus trouxe modificações no carro para Yeongam, visando tentar recuperar a performance que exibia no início do ano, e a Sauber, que mostrou excelente desempenho nas últimas corridas em autódromos, pode também jogar areia nos planos de Alonso & Cia.
            Claro que o espanhol não deixa transparecer tanto o seu nervosismo: classificou este final do campeonato de “mini-campeonato de 5 provas”, e joga pressão nos adversários, dizendo que eles não tem garantias de não enfrentarem novos problemas, seja na pista, seja na confiabilidade dos carros, dando uma alfinetada principalmente na McLaren, cujo carro deixou Hamilton a pé em Cingapura quando Lewis liderava com folga a corrida, e fez Button ficar pelo meio do caminho em Monza. Só que Alonso mostra que a tensão aumentou: o asturiano não deixou de acusar Kimmi Raikkonem pelo seu abandono em Suzuka, quando ficou nítido que o finlandês fez um toque involuntário, pois acabou fechado pela Ferrari, sem ter para onde ir. Raikkonem até chegou a por as rodas fora da pista, mas não conseguiu evitar o toque. O clima já foi mais “caliente” logo após o fim da prova nipônica, quando Fernando acusou o time de não desenvolver o carro há várias corridas, enquanto hoje, o discurso já é outro, praticamente.
            A rigor, a encrenca de Alonso é com Vettel. E, se ele poderia tirar certa vantagem de Hamilton não mostrar a cabeça no lugar em algumas ocasiões, Sebastian já tem um pouco mais de autocontrole, e isso é apenas uma desvantagem a mais para o espanhol. O duelo final já começou, e vejamos quem deixará a Ásia na frente do campeonato. A emoção continua garantida até a etapa final, em Interlagos, podem apostar...


Que as corridas da Nascar costumam ter acidentes devido ao fato de seus pilotos andarem muito juntos nas velozes pistas ovais, não é novidade. Mas domingo passado, em Talladega, o maior oval da categoria, eles exageram: nada menos do que 25 carros bateram, vejam só, na última volta da corrida. Ninguém ficou ferido, felizmente. Os carros estavam tão juntos uns dos outros que o impacto de cada um no outro não foi dos mais fortes, o que não quer dizer que mecânicos e chefes de equipe não tenham arrancado os cabelos pelo estrago da carambola que os seus pilotos deram. Poucos competidores escaparam ilesos do rolo, sendo que a vitória ficou com Matt Kenseth. Jeff Gordon foi o segundo colocado, enquanto Kyle Busch, David Ragan e Greg Biffle completaram as cinco primeiras colocações. As equipes tiveram trabalho extra durante a semana para recuperar os carros batidos, pois hoje já entram novamente na pista, no circuito oval de Charlotte, para mais uma etapa da Sprint Cup. Com certeza, os funileiros e sucateiros de plantão devem ter feito a festa nos últimos dias...

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – FEVEREIRO DE 1996 – 08.02.1996



            De volta com a seção Arquivo, trago a segunda coluna que escrevi em fevereiro de 1996, onde o assunto era a estréia dos novos modelos 96 para o campeonato de Fórmula 1 daquele ano, depois de efetuarem a maior parte dos testes da pré-temporada com carros adaptados do ano anterior. Fiquem agora com o texto, e boa leitura...


HORA DA VERDADE NA F-1

            A poucas semanas do início do Mundial de F-1, chega a hora das escuderias começarem a mostrar serviço. É hora de estrear os novos carros, acertar os pilotos, programar os testes de desenvolvimento, entre outras coisas mais.
            Nesta semana, a Benetton foi a primeira escuderia de ponta a apresentar o seu novo modelo 96, o B196. A apresentação foi feita na cidade de Taormina, na Sicília. E já começaram os testes de desenvolvimento da nova máquina no circuito do Estoril. Semana que vem, será a vez de Ferrari, McLaren e Williams apresentarem seus novos modelos. A Arrows adiou o lançamento de seu novo modelo, o chassi FA17, para o próximo dia 13. Enquanto isso, as equipes que já terminaram seus modelos 96, como Jordan e Ligier, seguem em frente com seus testes, visando já o desenvolvimento dos carros para o mundial que começa no dia 10 de março na Austrália.
            Com o pouco tempo disponível até lá, quem não terminou ainda a construção de seu novo carro terá pouco tempo para desenvolvê-lo. Mas tão logo todas as escuderias coloquem na pista os seus novos carros é que teremos uma comparação melhor dos desempenhos das equipes para o mundial de 96. Até agora, tudo o que tivemos foram indícios incertos, já que os testes estavam sendo feitos com os modelos 95 adaptados.
            É hora também de trabalhar pra valer. O tempo urge, e as escuderias não podem mais perder um segundo sequer. Em virtude disso, a Benetton já começou a testar o seu novo modelo no dia seguinte à sua apresentação. O teste, entretanto, não foi muito positivo, pois o tempo chuvoso no autódromo do Estoril, em Portugal, prejudicou a escuderia, que não conseguiu analisar a fundo o seu novo carro.
            Jordan e Ligier, que também enfrentaram mau tempo nos seus primeiros testes, começam a colher os frutos de seu esforço em ter estreado antes seus novos carros. Rubens Barrichello fez bons tempos em Paul Ricard, girando menos de 0s2 mais lento que a Ferrari de Michael Schumacher. Levando-se em conta que os carros de 96 devem ter cerca de 8% a menos de apoio aerodinâmico, o resultado pode ser considerado excelente. O motor Peugeot ganhou bastante potência e agora o objetivo é desenvolver a fiabilidade necessária para as corridas da temporada.
            Na Ligier, os pilotos Olivier Panis e Pedro Paulo Diniz também começam a apresentar bons resultados com o novo chassi JS43. Diferente do carro de 95, o modelo 96 foi concebido sob medida para o motor Mugen Honda, que foi muito mais desenvolvido para este ano. Segundo Diniz e Panis, o motor ganhou mais suavidade e elasticidade, melhorando a dirigibilidade do carro. E Diniz mostra a sua confiança em obter bons resultados já nos testes, quando foi apenas 0s2 mais lento que Panis, que já está há 3 anos na escuderia. O brasileiro tem planos de disputar alguns pódios na temporada, e mostra que fala sério.
            Das equipes, a mais atrasada até o momento é a Forti Corse, que já anunciou que só vai poder estrear o novo carro em abril. A equipe ainda não acertou seus pilotos para a temporada deste ano, e o projeto do novo carro ainda não ficou totalmente pronto.
            Se tudo correr bem, até o fim da semana que vem todas as demais escuderias estréiam seus novos carros, que em seguida irão direto para a pista testar. Aí sim é que será a hora da verdade e talvez possamos ter uma noção mais exata do desempenho de cada equipe para o mundial que se aproxima...

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Mika Hakkinem está de volta à F-1: o piloto finlandês, que se acidentou forte há quase 3 meses nos treinos para o GP da Austrália, em Adelaide, pilotou o carro da McLaren em Paul Ricard, durante 8 voltas, marcando 1min08s8 na sua melhor volta. E já disse que estará presente na apresentação do novo McLaren MP4/11 semana que vem em Londres.

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Taki Inoue fechou contrato com a Minardi para fazer companhia a Pedro Lamy na temporada 96 da F-1. Com isso, fecha-se a porta para Tarso Marques, que também disputava um lugar na escuderia italiana. Tarso chegou a fazer um teste com o carro da equipe semanas atrás e surpreendeu a escuderia. Infelizmente, os ienes trazidos pelo piloto japonês falaram mais alto, e ajudarão o pequeno time italiano a fechar o orçamento para este ano.

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Esta semana todos os pilotos da F-Indy estiveram no circuito de Homestead, na Flórida, para o Spring Training, uma seção coletiva de treinos com todas as escuderias da categoria, e que serviu também de apresentação oficial do campeonato para diversos órgãos de imprensa especializada. Paul Tracy destacou-se conseguindo os melhores tempos no traçado oval, mas os pilotos brasileiros também brilharam: Raul Boesel ficou com o 2º melhor tempo no oval, seguido de André Ribeiro. Já nos testes no traçado misto, Christian Fittipaldi foi o destaque, andando sempre na frente. Émerson Fittipaldi, com o novo Penske/Mercedes, também conseguiu bons tempos. A temporada começa no dia 3 de março, neste mesmo circuito.