Trazendo
a vocês mais uma de minhas antigas colunas, esta é de 14 de fevereiro de 1996,
e o assunto discutido era quem seria o favorito ao título naquele ano na
Fórmula Indy (a original, não a Indy Racing League). Como de costume, o alto
grau de competitividade e equilíbrio da categoria não permitiam apontar
favoritos destacados. A categoria vivia um excelente momento, com muitas
equipes, pilotos e várias corridas, uma pena que ela não exista mais, pois
chegou a ser quase uma alternativa válida para acompanhar no lugar da F-1, onde
as lutas pelo título quase sempre ficava restritas a 2 pilotos. Uma boa
leitura, e até breve com mais textos antigos por aqui..
QUEM É O FAVORITO?
Estamos
a apenas 2 semanas da estréia do campeonato de F-Indy de 1996, e como sempre
acontece nos dias que precedem à abertura do certame, todos perguntam quem será
o favorito ao título. Uma marca registrada da Indy costuma ser o equilíbrio que
sempre apresenta nas disputas. Isso ficou bem claro em 95, quando a luta pelo
título ficou indefinida durante muito tempo, e só nas provas finais delineou-se
o confronto entre Jacques Villeneuve e Al Unser Jr.
Semana
passada tivemos o Spring Training, uma semana de testes coletivos com a
presença de quase todos os pilotos e equipes, no circuito de Homestead, na
Flórida. Depois de vários dias de treinos, acertos, testes e cálculos por parte
das equipes, ficou ainda mais difícil apontar favoritos para o mundial. Todos
os pilotos viraram em tempos muito próximos. Só para se ter uma idéia do
equilíbrio, o mais rápido no cômputo geral de todos os tempos, Jimmy Vasser, da
equipe Ganassi, ao volante de um Reynard/Honda, marcou o tempo de 27s743 no
circuito oval. De seu tempo até o 16º colocado na classificação geral de
tempos, o tricampeão Bobby Rahal, que pilotava um Reynard/Mercedes, a diferença
foi de apenas 1s (28s743). E entre estes 16 pilotos encontramos vários
candidatos em potencial ao título, como Paul Tracy, Christian Fittipaldi, Al
Unser Jr., Gil de Ferran, Raul Boesel, etc, mas não é possível identificar
favoritos isolados, pois as performances estão muito próximas.
Há
ainda outro detalhe que ajuda a aumentar a lista de favoritos: alguns pilotos,
como Émerson Fittipaldi, não se preocuparam em treinar em ritmo de
classificação, mas em ritmo de corrida, procurando afinar o acerto do carro
para as provas. Émerson, por exemplo, marcou 28s852 ao volante de seu
Penske/Mercedes, ou seja, 1s109 mais lento apenas. Já Paul Tracy, também com um
Penske/Mercedes, marcou o tempo de 27s899, sendo o 2º mais rápido no balanço
geral, mas ficando de se realçar o fato de o piloto canadense ter encerrado os
treinos mais cedo, e já não estava mais treinando quando Vasser superou seu
tempo.
Se
ao nível de pilotos não é possível identificar nenhum favorito isolado, ao
nível técnico, só há alguns dados teóricos, mas que também não permitem
conclusão precisa no quesito favoritismo. Nos pneus, por exemplo, a Firestone
parece estar à frente da Goodyear. De fato, entre os 10 mais rápidos em
Homestead, 6 usavam pneus da Firestone, e apenas 4 da Goodyear. Apesar da leve
vantagem da Firestone, os dados indicam um equilíbrio próximo, impossibilitando
um cálculo preciso de qual o melhor pneu, apesar dos indícios da superioridade
dos Firestone.
Já
nos motores, a situação embolou: o Honda continua mostrando sua potência
impressionante, sendo que André Ribeiro foi o mais rápido na reta, alcançando
337 Km/h. Para desafiar a força dos V-8 japoneses, a Ford preparou uma versão
mais evoluída de seu motor XD. De fato, o novo propulsor apresentou um déficit
de apenas 5 Km/h em reta para o Honda, enquanto a versão antiga do XD ficou
distante 12 Km/h do mesmo motor Honda. Com relação ao motor Mercedes, os dados
ficaram mais incógnitos, mas as declarações de Émerson Fittipaldi garante que o
motor alemão ganhou muito mais potência em relação ao motor de 95 e conseguiu diminuir
bastante a performance que o separa dos Ford e Honda. Conclusão: todos parecem
estar bem equilibrados. A única dúvida é o novo motor Toyota. Jeff Krosnoff foi
o mais veloz com este motor, ficando com o 20º lugar geral, enquanto Juan
Manuel Fangio II, utilizando o mesmo propulsor, ficou em penúltimo lugar,
superando apenas o japonês Hiro Matsushita. A julgar pelos resultados, a Toyota
ainda precisa melhorar muito seu motor.
No
campo dos chassis, a dúvida permanece. A Penske parece ter novamente um carro
competitivo, e Paul Tracy chegou até a assustar a concorrência com seu
desempenho em Homestead, tanto no circuito oval quanto no misto, quando andou
sempre na frente. Raul Boesel, por sua vez, garante que o chassi Reynard tem
tudo para andar no mesmo nível pois, no seu caso, ainda não explorou toda a
potencialidade do carro. A Lola também mostrou força e competitividade,
conseguindo bons tempos e ficando entre os mais rápidos. A dúvida continua em
relação ao chassi Eagle, que faz sua estréia equipando a All American Racing.
Fangio II ficou em penúltimo lugar, mas o problema parece ser também do novo
motor Toyota. Jeff Krosnoff, que utilizou um carro Reynard/Toyota, foi cerca de
0s9 mais rápido que Fangio II ao volante do Eagle/Toyota. Parece que o carro,
como o motor, precisa de mais desenvolvimento...
Finalizando,
a F-Indy parece manter sua competitividade. Não há favoritos isolados, e a
disputa pelo título promete ser bem forte. E a maioria dos pilotos brasileiros
estão no meio desta briga em potencial. É só esperar a largada e vamos ver no
que vai dar...
A Indy Racing League (IRL) lança mais um novo pacote de regras para as
500 Milhas de Indianápolis: em 97, os carros deverão utilizar motores V-8
atmosféricos de 4 litros, derivados de carros esportivos de série. A medida
visa abaixar os custos e favorecer o acesso a novos competidores. As más
línguas dizem que é para dificultar uma possível participação de pilotos da
F-Indy, já que seus carros usam motores turbo de 2,65 litros.
O Brasil aumenta o seu esquadrão de pilotos na F-Indy: Marco Greco
acertou contrato para toda a temporada com a equipe Scandia, e Roberto Moreno
vai pilotar para a Payton/Coyne Racing. Junto com André Ribeiro, Émerson e
Christian Fittipaldi, Gil de Ferran, Maurício Gugelmim e Raul Boesel, teremos 8
pilotos brasileiros na categoria em 96.
Na F-1, as equipes correm para desenvolver seus novos carros. No último
sábado, a Sauber apresentou seu novo modelo C14; no domingo, foi a vez da
McLaren exibir seu novo MP4/11; na segunda, a Williams apresentou seu novo chassi
FW18; na terça, a Arrows mostrou seu novo FA17. A Ferrari está para apresentar
seu novo carro, assim como a Minardi. Já a Forti Corse só vai estrear o novo
carro mesmo em abril, e vai disputar as primeiras etapas com o carro de 95
adaptado.
Rubens Barrichello não vai poder curtir o carnaval brasileiro: a Jordan
está no autódromo do Estoril desde quarta-feira para fazer testes intensivos
com seu novo modelo EJ196 até o dia 23, e com seus dois pilotos, Barrichello e
Martin Brundle. O objetivo é comparar o desempenho com as demais equipes.
Benetton, McLaren e Williams também estarão presentes no circuito português
para testes com seus novos carros.
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