Aqui
estou hoje com mais um texto antigo da temporada de 1996. Nesta coluna, escrita
para publicação no dia 21 de fevereiro daquele ano, abordei sobre os novos
interessados que pretendiam entrar no campeonato mundial de F-1, que apesar das
notícias de crise econômica mundial (coincidência com o panorama atual?),
mostravam que a categoria TOP do automobilismo mundial continuava a se mostrar
financeiramente interessante, apesar das vozes que pregavam seu declínio.
Algumas, como o retorno oficial da Honda e da BMW, se confirmaram, ainda que
tenham demorado mais tempo do que o que se cogitava na época. Outros retornos,
como o da BRM, ou a entrada da Mazda, nunca se concretizaram. Fiquem agora com
o texto, e em breve, mais colunas antigas virão...
NOVOS HORIZONTES NA F-1
Nas
últimas temporadas, falou-se muito de que a F-1 estaria em crise, devido às
dificuldades financeiras, e principalmente, à falta de competitividade, o que
estaria tirando o interesse da principal categoria do automobilismo
internacional, sem falar que a politicagem dos cartolas estaria fazendo a
modalidade perder a sua essência esportiva.
Há
quem ainda apregoa estas idéias ultimamente, mas tudo indica que estão remando
contra a maré. Apesar do trágico ano de 1994, quando tivemos a perda de um dos
maiores ídolos da F-1, Ayrton Senna, e a morte de Roland Ratzemberger, sem
falar dos violentos acidentes de Karl Wedlinger, Andrea Montermini e Pedro
Lamy, em 1995 a
categoria deu a volta por cima. Tivemos inúmeras corridas cheias de disputas e
emoção, com vários pilotos dando shows de pilotagem e disputas como há muito
não se via na categoria. Embora o campeonato tenha ficado de forma patente e
notória para Michael Schumacher, as etapas do mundial mostraram inúmeras
disputas, tanto no pelotão da frente como no intermediário. E os indícios para
a temporada 96 são muito bons: espera-se uma forte disputa pelo título entre
Williams, Ferrari e a Benetton. Mas, com sorte, McLaren, Jordan, Sauber e Ligier
podem se intrometer nesta briga. Mas não é apenas no quesito de disputa que a
F-1 parece estar se recuperando. Mais do que nunca, a categoria passa a atrair
o interesse mundial de diversas empresas de porte, interessadas em investir no
automobilismo, e a F-1 é a categoria ideal na avaliação deles.
Todos
os indícios colhidos até agora indicam que a F-1 deverá ter, em 97, e para os
próximos anos, excelentes condições. Já para 97, tudo indica que a Honda, que
foi a maior vencedora dos anos 1980 como fornecedora de motores, vai retornar
oficialmente à F-1, e em grande estilo, construindo tanto carro quanto motor. E
há rumores de que a fábrica japonesa pretende ter um piloto brasileiro para
comandar na pista a sua nova investida. Os nomes prováveis são André Ribeiro e
Gil de Ferran, que já são pilotos oficiais da Honda na F-Indy. Como a Honda não
é de brincar em serviço, os japoneses não virão para serem figurantes, mas para
ficar entre as estrelas da categoria.
Há
ainda a estréia, já anunciada em Detroit em janeiro último, da equipe Stewart
Racing, que terá como chefe ninguém menos do que Jackie Stewart, tricampeão da
F-1. A
idéia já não era nova, e vinha sendo estudada há alguns anos, mas que só agora
está decolando. A nova equipe terá apoio oficial da Ford e deverá dividir com a
Sauber o status de equipe de fábrica. E como a Ford está investindo pesado no
seu programa de F-1, deverá ser mais um time para bagunçar a concorrência. Nada
ainda está bem definido, mas o primeiro piloto do time deverá ser Paul Stewart,
filho do tricampeão de F-1.
Ainda
no rastro de possíveis novas escuderias, temos a DAMS como provável novo time
da F-1. A
escuderia, que disputou a F-3000 até o ano passado, já tem pronto seu carro de
F-1 e tem feito vários testes com Erik Comas. A estréia estava prevista para
esta temporada, mas teve de ser adiada por problemas financeiros. Há ainda
especulações sobre um possível retorno da AGS à F-1. Fora da categoria há
algumas temporadas, a AGS estaria se reestruturando em categorias menores para conseguir
retornar à F-1 possivelmente em 97 ou 98.
Outra
fábrica com planos de retornar à F-1 é a Lola, que abandonou a categoria em 93
devido aos péssimos resultados obtidos. A fábrica inglesa pretende recuperar
sua reputação como construtor e o objetivo é ter na F-1 o mesmo sucesso que a
marca tem na F-Indy como construtor de carros de competição. Ainda não há data
certa para isso ocorrer, mas deve ser até 1999.
Outra
fofoca do gênero é que a BRM, sigla do grupo British Racing Motor, que já
competiu na F-1 nos anos 1970, estaria interessada em tentar novamente competir
na categoria, mas até o momento, não se tem notícias confirmadas disso. Há
também planos da Michelin regressar à F-1, sendo que a última participação dos
pneus franceses na categoria foi em 1984, quando foi campeã equipando os carros
da McLaren/TAG-Porshe. Comenta-se que a Firestone, tão logo consiga consolidar
seu domínio na F-Indy, também tentará vir para a F-1.
Quem
também pensa em retornar é a BMW, que foi a primeira campeã da Era Turbo, em
1983, com Nelson Piquet, na equipe Brabham. A BMW estaria preocupada com o
avanço da Mercedes na categoria, e em virtude do atual sucesso de Michael
Schumacher, a alternativa de voltar a fornecer motores para a F-1 não pode ser
descartada, visto que BMW e Mercedes disputam um vasto mercado na economia
alemã e européia. O interesse pela F-1 está em alta no país e um provável
sucesso da Mercedes poderia desequilibrar a disputa do mercado automobilístico
a seu favor.
Além
de todos estes possíveis retornos de todas estas empresas e grupos, há quem
ainda pretenda entrar na categoria pela primeira vez. Com o retorno da Honda, e
a participação firme da Yamaha, outros competidores japoneses podem tentar vir
para a F-1. Há algum tempo que a Toyota tem planos de ingressar na F-1, e está
estreando neste ano no campeonato da F-Indy. Caso tenha sucesso, a F-1 será o
próximo desafio. Outros possíveis novos grupos interessados poderiam ser a
Nissan e a Mazda, mas até o momento, não há dados certos de seus planos para a
F-1.
Se
todos estes boatos, além das notícias já confirmadas, virem a se concretizar, a
F-1 deverá experimentar um novo período de glória, tanto no campo esportivo
quanto no campo técnico. E fará juz, mais do que nunca, ao status de principal
categoria automobilística do planeta.
A IRL ganhou outra briga com a F-Indy. A Nissan emitiu um comunicado
informando que em 97 estréia na categoria. A Indycar esperava que a fábrica
japonesa seguisse o exemplo de sua conterrânea Toyota, que estréia este ano na categoria.
David Letterman, um dos mais populares apresentadores da TV americana,
acaba de entrar para o mundo do automobilismo. Letterman será sócio minoritário
na equipe do piloto Bobby Rahal. Além de Bobby, tricampeão da F-Indy, a equipe
também terá como piloto o americano Bryan Herta.
O autódromo de Jacarepaguá vai ganhar um novo nome. Ele será rebatizado
como Autódromo Émerson Fittipaldi. O tricampão Nélson Piquet, que dava nome ao
circuito desde 1988, foi consultado e não se opôs à mudança de nome do
circuito.
Alain Prost, que é consultor técnico da McLaren e também está fazendo
testes com o novo MP4/11, já declarou que o novo carro da equipe tem potencial,
e que o time deve voltar a disputar os primeiros lugares este ano. Tetracampeão
mundial, Prost tem extrema reputação na área técnica, e é considerado um dos
melhores acertadores de carros que a F-1 já teve.
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