sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

QUE VENHAM OS NOVOS CARROS


Novo carro da Sauber exibe uma bela pintura, mas patrocínios decentes são outra história...

            E a Fórmula 1 começa a mostrar os seus bólidos para a temporada de 2017. Depois de uma “espiada” promovida pela Williams na semana passada, mostrando as linhas gerais do seu novo modelo FW40, que será lançado oficialmente apenas amanhã, foi a vez de Sauber, Renault, Force India, e Mercedes, até ontem, exibirem suas armas para a nova temporada, cuja primeira sessão coletiva de testes se inicia nesta segunda-feira, no circuito de Barcelona, Espanha. Hoje, é a vez da Ferrari mostrar o seu novo bólido, em Fiorano, na Itália; e da McLaren, em Woking. Ficarão faltando, então, vermos como ficarão os carros de Red Bull, Toro Rosso, e da Hass, que o farão apenas no domingo, já na Catalunha, antes de iniciarem os testes da pré-temporada.
            O que dizer dos novos carros mostrados até agora? Todos parecem belos e elegantes, salvo um ou outro detalhe. As maiores dimensões dos monopostos fazem lembrar os velhos tempos, quando os carros eram mais “parrudos” e volumosos. Nos últimos tempos, procurando deixá-los mais lentos, a FIA procurou “podar” sua sustentação aerodinâmica, e para isso, valeu-se de diminuir a dimensão dos pneus, quando não diminuiu também as dimensões dos carros, e limitou o uso de certos apêndices aerodinâmicos. Dos carros apresentados, a Mercedes foi o que mostrou menos diferenças estéticas em relação ao visto no modelo do ano passado, confirmando a máxima de que em time que está ganhando não se mexe. Mas a escuderia garantiu que, visual à parte, o novo modelo W08 é quase inteiramente novo por dentro, indicando que o time campeão do mundo nas últimas temporadas não pretende dormir sobre os louros conquistados, e mesmo com as novas regras técnicas para este ano, pretende continuar dominando a competição.
            Entre os novos carros, a Sauber chama atenção pela beleza de sua pintura, mas que também denotou um problema que promete ser crucial para a escuderia, que por pouco não fechou as portas no ano passado, destino do qual a Manor não conseguiu escapar. O carro do time suíço estava quase virgem de patrocínios, o que demonstra que o time, comandado por Monisha Kaltelborn terá uma temporada com rédeas curtas no que tange à situação financeira, o que certamente comprometerá o desempenho do novo modelo C36. A escuderia também estará inferiorizada em termos de motor, por optar com competir com a unidade de potência da Ferrari do ano passado, a qual obviamente não sofrerá nenhum upgrade, já que o time de Maranello irá competir com uma unidade completamente nova, à qual devotará seus esforços de melhorias, agora que os fabricantes não terão mais o congelamento dos motores a obedecer.
Depois de um ano de transição em 2016 no retorno como time de fábrica, é hora da Renault começar a mostrar serviço com o novo modelo RS17.
            A Renault, por sua vez, mostrou um carro de belas linhas no modelo RS17, e deve melhorar significativamente este ano. Em 2016, eles competiram com o projeto adaptado da Lotus, quando reassumiram o time, e desde o início, sua prioridade sempre foi a temporada deste ano, já que não havia muito o que ganhar desenvolvendo o modelo do ano passado, projetado inicialmente para o motor Mercedes, e adaptado para usar a unidade da marca francesa. Fica a dúvida de quanto eles poderão avançar, mas mesmo a direção da equipe descarta vôos muito ousados nesta temporada, dizendo que a meta é voltar a vencer e disputar o título até 2020. Muito provavelmente ainda há muito a se trabalhar, e o projeto do RS17 é o primeiro de fato da fábrica francesa após retornar como time oficial à categoria, de modo que nem eles devem saber exatamente qual o seu grau de performance, em comparação com os demais times, algo que só passará a ser conhecido a partir de segunda-feira.
            Quem tem pretensões ousadas mesmo é a Force India. Após seu melhor campeonato na categoria, quando terminou o certame de 2016 na 4ª posição entre os construtores, a equipe do bilionário indiano Vijay Mallya quer nada menos do que a 3ª posição na temporada deste ano. E para isso, conta com seu modelo VJM10, além de seus pilotos, o talentoso Sérgio Perez, e a promessa Esteban Ocon, para levar o time a ficar atrás, teoricamente, apenas de Mercedes e Red Bull, superando a Ferrari, só para início de conversa. Quanto ao visual do novo carro, que comemora uma década do time na F-1, foi o único modelo até agora a adotar um “degrau” no bico, além de manter o mesmo com o visual “tomada” exibido no ano passado.
O modelo VJM10 marca a décima temporada da Force India na F-1.
            A Mercedes exibiu seu novo carro mostrando um modelo elegante e sóbrio, e até o presente momento, é o único modelo, ao lado da Williams, a não exibir a “barbatana” sobre a tampa do motor. Há uma aleta curta, mas nada comparável à “parede” exibida por Sauber, Renault e Force India. Foi um recurso já utilizado pela F-1 na década passada, e que retorna agora, pelas novas regras técnicas adotadas pela categoria, que prometem, mais uma vez, melhorar a competição.
            Se a disputa vai melhorar, só saberemos vendo na prática. Pela primeira vez na história, as mudanças implantadas visaram aumentar o downforce dos carros, tornando-os mais velozes. Estima-se que os bólidos possam ser pelo menos 5s mais velozes este ano em relação ao apresentado no ano passado. A esperança de todos é que, com as novas regras, a relação de forças mude na categoria, e a Mercedes perca sua posição de força dominante na categoria, permitindo a mais times disputarem as primeiras colocações. A chance existe, mas até vermos o resultado dos testes, por enquanto só temos mesmo são esperanças de que isso aconteça. Até prova em contrário, nada garante que o time alemão perca sua força. O que pode acontecer é pelo menos a Red Bull conseguir equilibrar a briga, e os demais, chegarem mais perto, a ponto de incomodar, mas nem tanto.
            Em relação às disputas na pista, as ultrapassagens deverão ficar mais complicadas neste ano. Mesmo com a asa móvel, o fato de os novos pneus da Pirelli serem mais resistentes indica que eles serão também mais duros, e isso significa menos aderência. E agora, com um ganho aerodinâmico em torno dos 30%, os novos carros poderão ficar ainda mais dependentes do fluxo de ar “limpo” para chegarem perto dos bólidos que vão à frente, requisito essencial para tentar a ultrapassagem. O novo tamanho dos pneus deve ajudar a dar maior sustentação, mas fica a dúvida do quanto eles poderão compensar a perda do fluxo aerodinâmico ideal. O que pode ajudar é o fato dos novos compostos serem mais resistentes ao superaquecimento, o que deve permitir-lhes manterem o monoposto mais próximo do carro imediatamente à frente, mesmo pegando o ar quente que este carro deixa para trás, o que até o ano passado, era uma dificuldade a mais para os compostos conseguirem manter a aderência ideal sem comprometer as diferentes taxas de desgaste com os variados compostos à disposição deveriam oferecer, para melhorar o show, dependendo das estratégias aplicadas por times e pilotos. Para tentar driblar isso, as medidas das asas foram modificadas. O spoiler ganhou maior largura e comprimento, e com maior área, sua função canalizadora de ar para o bólido deve ser otimizada, ajudando a manter a estabilidade, mesmo com um fluxo de ar mais “sujo”. Para isso também contribuirão as novas medidas do difusor, as laterais mais largas, e o assoalho igualmente maior.
Lewis Hamilton e o novo Mercedes W08. Meta é manter a hegemonia das últimas temporadas.
            Mesmo assim, como os pneus deverão durar mais, o número de paradas nos boxes deverá diminuir, e com isso, as estratégias tenderão a ficar mais homogêneas, diminuindo a possibilidade de algum time ou piloto surpreender o adversário. Por outro lado, posições precisam ser ganhas mesmo na pista, e não nos boxes, e com menos opções para tentar subir de posições com trocas mais rápidas no box, os pilotos terão de partir para o ataque com mais determinação e agressividade na pista mesmo, que é onde o público quer ver de fato a disputa por posições. E, para incentivar os pilotos a aumentarem suas disputas, a FIA confirmou no mês passado que os pilotos da F-1 não serão punidos por colisões nesta temporada, a menos que seja absolutamente claro e inegável saber quem foi o responsável de fato pelo acidente. Até o ano passado, os pilotos ficavam intimidados pelo fato de que qualquer atitude na pista, que gerasse qualquer esbarrão de um carro no outro, era imediatamente colocado “sob investigação”, podendo gerar uma punição ou não. Para ajudar a devolver o brilho das disputas, os pilotos estarão liberados para serem mais ousados a partir de agora. O que é ótimo, aliás. Ninguém que está na F-1 é exatamente um irresponsável ao volante, ainda que alguns pilotos sejam mais “barbeiros” do que outros.
            Mas sem a possibilidade de serem punido por coisas banais, os pilotos tenderão a partir para o ataque com maior decisão, contribuindo para deixar as corridas mais emocionantes, e não ficando a pensar se o risco de uma manobra seria compensador ou não pela possibilidade de tomar uma punição. A medida, contudo, também precisa que os pilotos deixem de ter a postura de ficarem reclamando de qualquer coisa na pista, como começou a ficar comum nos últimos tempos, quando vários pilotos começavam a chiar pelo rádio de manobras dos concorrentes na pista. Chega de frescura por nada. O piloto que quiser superar o adversário que parta para o ataque, simplesmente, e deixe de enrolar, mas também pare de reclamar se o adversário for duro na disputa de posição.
            Em relação aos motores, uma boa e uma má notícia. A boa notícia é que o congelamento do desenvolvimento das unidades, tal como foi adotado nos últimos anos, finalmente foi abolido. Os fabricantes poderão desenvolver suas unidades de potência à vontade, o que deve auxiliar quem tiver uma performance menor a conseguir tirar a diferença, buscando melhorar seu equipamento. Desde 2014, com as regras do congelamento, e depois das “fichas” de desenvolvimento, o que se viu foi que quem errou no projeto de seu motor praticamente ficava a temporada inteira marcando passo até o ano seguinte, quando poderia enfim revisar o seu projeto. Isso deixou a Ferrari sem condições de apresentar uma melhor performance em 2014, e em 2015, foi a vez da Renault e Honda serem as penalizadas, contribuindo, com isso, para a manutenção da hegemonia da Mercedes, cujo propulsor se tornou o melhor da categoria. Com essa liberação, Renault, e especialmente Honda, já fizeram novos projetos para melhorarem de forma substancial a performance de suas unidades, com vistas a enfrentarem melhor a toda-poderosa Mercedes, que obviamente não ficou parada também, assim como a Ferrari. E, se no ano passado estimava-se que a potência da unidade alemã já alcançava os 950 Hps, tudo indica que a marca de mil HPs será superada este ano, até com alguma folga, preveem alguns.
            Mas nem tudo é para se comemorar: continua valendo o limite ridículo de apenas 4 unidades por ano para cada piloto, o que significa que os pilotos ainda não poderão exigir tudo de seus equipamentos, e o desenvolvimento das unidades ficará restrito a este número. Se uma marca implantar um desenvolvimento que precise mudar algo no motor, só poderá disponibilizar isso quando uma nova unidade for usada, a menos é claro que este desenvolvimento possa ser empregado em um motor que já está sendo utilizado. Como cada unidade tendo de aguentar pelo menos 5 corridas, isso limitará um pouco a disponibilidade dos avanços, que terão de ser implementados em lotes, e não paulatinamente, dependendo do avanço a ser introduzido.
            Com relação à evolução da performance dos novos bólidos, ainda é incerto sobre qual será o ganho de velocidade. Os carros não apenas ficaram maiores este ano: eles ficaram também mais pesados. Houve um incremento de 26 quilos no peso dos monopostos, que passaram de 702 para 728 quilos de peso mínimo. Parte desse peso “extra” veio das novas dimensões dos pneus, que ficaram no seu conjunto 6 quilos mais pesados. Com um cálculo de perda de performance estimado em 0s3 por volta, em média, a cada 10 quilos a mais no monoposto, isso deve significar uma perda potencial de cerca de 0s8 na performance dos carros. Os bólidos, dada a maior dimensão, também se tornarão mais lentos na reta, sofrendo mais resistência do vento. Em contrapartida, o maior apoio aerodinâmico deverá permitir que eles ganhem imensa vantagem nas curvas, advindo daí o incremento de performance por volta que todos imaginam ocorrer. Obviamente isso variará de pista para pista, sendo que em algumas o incremento deverá ser mais significativo do que em outras. Se em uma pista cheia de curvas como Mônaco os carros deverão ser bem mais rápidos, por outro lado, em Monza, com suas longas retas e poucas curvas, os carros deste ano não deverão apresentar um desempenho tão melhor como se imaginam, tanto que alguns times estão planejando asas especiais para uso apenas na pista italiana, em virtude desse detalhe.
            Outro detalhe interessante que deverá ajudar a melhorar a performance é a nova dimensão dos tanques de combustível, que poderão ter 5 Kg a mais a partir deste ano. O que significa que todos os pilotos terão um pouco mais de combustível para utilizar por corrida. Pode parecer pouco, mas como as novas unidades híbridas conseguem fazer um GP com apenas um terço a menos do que as antigas unidades V-8 aspiradas utilizavam, estes 5 Kg a mais de capacidade nos tanques deverão ajudar os motores a roncarem ainda mais alto (força de expressão, já que o barulho deles é muito menor), podendo consumir um pouco mais de combustível, e consequentemente, gerando muito mais potência que poderá ser utilizada pelos pilotos.
            Tudo parece indicar que os novos bólidos deste ano serão bem interessantes em seu comportamento, que exigirão serem bem domados pelos pilotos, que certamente terão um belo desafio pela frente, tendo que conduzirem carros com muito mais downforce do que no ano passado. Até domingo, veremos todo os carros do novo grid serem mostrados, para segunda-feira entrarem logo na pista e mostrarem do que serão capazes de produzir. Que venham portanto os novos carros! Se a pré-temporada, com apenas 8 dias de testes, desaponta quem esperava mais ação, ver os novos bólidos pelo menos continua sendo tão legal quanto antes. É hora de pisar novamente no acelerador e mandar ver. Que venha a F-1 de 2017!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – JANEIRO/FEVEREIRO DE 2017



            Já estamos chegando ao final do mês de fevereiro, e vários campeonatos do mundo do esporte a motor começam a esquentar seus motores para suas estreias em março, e em alguns casos, em abril. E é chegada a hora de voltar com a Cotação Automobilística, fazendo uma avaliação do que de mais interessante aconteceu no mundo da velocidade nestes dois primeiros meses de 2017, com minhas impressões sobre os mesmos. Portanto, aproveitem bem o texto, no esquema tradicional de sempre das avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Espero que todos possam aproveitar minhas análises e comentários sobre o sobe e desce nas cotações de vários personagens do mundo da velocidade neste início de ano. Fiquem agora com as avaliações:



EM ALTA:

Stéphane Peterhansel: O piloto francês, apesar da idade, mostrou novamente a que veio, e venceu mais uma edição do rali Dakar, conquistando seu 13° título no mais famoso rali do mundo. Ao contrário de 2016, quando a batalha de Peterhansel foi facilitada pelos problemas que acometeram seus companheiros de competição na prova, Sébastien Loeb e Carlos Sainz, este ano a parada foi mais dura, especialmente contra Loeb, que deu luta a seu compatriota até os últimos metros da competição. Peterhansel já é uma lenda do Dakar, e com mais este triunfo, mostra que a experiência também conta muito nas provas do off-road pelo mundo. E, alvo qualquer imprevisto, ele estará novamente na competição no próximo ano, visando seu 14° triunfo. Exagero? No ano passado, ele já avisava que em 2017 vinha para querer vencer de novo, portanto, é bom não subestimar o sujeito... Os concorrentes que se preparem desde já...

Sébastien Ogier: O atual tetracampeão do Mundial de Rali terminou o campeonato de 2016 a pé, com a notícia da saída da Volkswagen da competição. Mas ele logo encontrou um novo time para competir em 2017, e logo na primeira corrida, já voltou novamente ao degrau mais alto do pódio, defendendo a equipe M-Sport, ao vencer a etapa inaugural do campeonato deste ano, em Monte Carlo. E, de quebra, ainda subiu ao pódio na etapa da Suécia, segunda etapa do campeonato. Com isso, ele já inicia sua luta por mais um título, estando no momento na 2ª posição do campeonato, estando apenas 4 pontos atrás do finlandês Jari-Matti Latvala, que venceu a etapa da Suécia, e foi segundo colocado em Monte Carlo. Tudo indica que a disputa pelo título deste ano será das mais intensas, mas Ogier ainda segue sendo o nome a ser batido, e ele mostra que, mesmo em um time novo, já está colocando suas manguinhas de fora. Latvala que se cuide, pois está na alça de mira do piloto francês...

Sébastien Buemi: O piloto suíço da equipe e.dams vem tendo uma atuação quase impecável na terceira temporada da F-E. Com três corridas disputadas até agora neste novo ano de competição da categoria dos carros monopostos elétricos, o atual campeão venceu todas as corridas, e dispara na liderança da competição. Se no ano passado o piloto suíço cometeu vários erros e permitiu que Lucas Di Grassi equilibrasse a disputa, este ano ele não está dando chances para o azar ou percalços ocasionais. Na etapa de Buenos Aires, ele partiu logo para o ataque, e em poucas voltas, assumiu a liderança para nela seguir firme até a bandeirada final, sem dar chances da Jean-Éric Vergne ou Di Grassi tentarem um bote inesperado. Poderia se dizer que ainda é cedo para comemorar, mas Buemi está com pinta de que vai lutar pelo bicampeonato até com certa folga, uma vez que seus principais adversários estão enfrentando alguns problemas ou seus carros não tem a mesma performance do monoposto da e.dams. Pelo que se viu até agora, Buemi pretende se manter cada vez mais na dianteira da competição, para azar de seus rivais...

Valtteri Bottas; O piloto finlandês acabou tendo a sorte grande de sua carreira, e acabou contratado pela Mercedes para substituir o recém-aposentado campeão Nico Rosberg, que deu adeus à sua carreira de piloto após conquistar o campeonato da F-1 no ano passado. Mas, mais do que uma oportunidade de ouro para enfim mostrar o que vale, Bottas terá pela frente a dura missão de encarar Lewis Hamilton no time prateado, e garantir não apenas que ele mereceu ser contratado pelo time campeão do mundo, mas já começar a lutar por sua permanência na escuderia em 2018, quando nomes importantes no mercado de pilotos, como Sebastian Vettel e Fernando Alonso, estarão disponíveis para serem negociados. Com um contrato de um ano, Bottas tem a grande chance de mostrar que pode ser um piloto vencedor, e precisará pilotar como nunca. Ele garante que está pronto para isso. Claro, falta combinar com Hamilton, mas quem quer ser campeão não pode temer nenhum piloto pela frente, muito menos o seu próprio companheiro de equipe, que vai vir com tudo nesta temporada, para mostrar que 2016 foi um ponto fora da curva...

Maverick Viñalez: O novo contratado da equipe Yamaha na MotoGP já começa a mostrar a que veio, dominando a segunda sessão de testes coletivos realizados pelas equipes na pista de Phillip Island, na Austrália, marcando sempre os melhores tempos, e mostrando que já está integrado a seu novo time, que é visto pelos rivais como os principais adversários na luta pelo título. Mas Maverick mantém os pés no chão, e por melhores que sejam seus resultados, testes são testes, e corridas são corridas. Ele recusa ser chamado de estrela, por dividir o box com ninguém menos do que Valentino Rossi, de quem declarou não poder ser subestimado, só por ter andando à sua frente nos dias de testes. Mas, mesmo com essa postura prudente, e até comedida, que ninguém se engane: Viñalez irá partir para cima nas corridas, seja qual for o adversário na pista, e tem tudo para traar um duelo acirrado com o “Doutor” durante o campeonato. O que não quer dizer que o ambiente nos boxes vá se tornar obrigatoriamente belicoso, como nos tempos em que Rossi dividiu o time com Jorge Lorenzo. Mas o novo piloto espanhol da casa dos três diapasões já está mostrando a que veio, e os concorrentes que se preparem...



NA MESMA:

Lucas Di Grassi: Vice-campeão da segunda temporada da F-E, o piloto brasileiro da equipe Audi ABT segue firme na vice-liderança do campeonato, após três etapas disputadas. Lucas conseguiu sua primeira pole na categoria em Buenos Aires, mas infelizmente não conseguiu defender sua liderança na corrida, e perdeu posições até a troca de carros obrigatória, quando retornou com uma performance melhor, mas sem conseguir descontar o tempo perdido na pista no início da prova, quando não tinha o mesmo desempenho. Nitidamente batido por Sébastien Buemi e Jean-Éric Vergne, Di Grassi pretende fazer da constância e regularidade suas principais armas na competição, tentando aproveitar todas as oportunidades que surgirem à sua frente. Resta saber se, a exemplo da temporada passada, ele conseguirá equilibrar a disputa. No momento, a dianteira para Buemi já é tanta que mesmo que Lucas vença e marque todos os pontos possíveis na próxima corrida, Buemi ainda continuará líder da competição. Impedir que o piloto suíço dispare ainda mais na frente promete ser uma tarefa bem árdua...

Equipe Sauber em 2017: Penúltima colocada no campeonato de 2016 da F-1, a Sauber escapou de fechar as portas, mas a situação da escuderia deve continuar complicada neste ano. O novo modelo C36 pode até ser um carro bem nascido, o que irá se verificar apenas nos testes da pré-temporada, mas o que chamou a atenção no visual do novo carro foram os vários espaços em branco na carenagem, que está praticamente virgem de patrocínios de monta, contando apenas com apoios menores, o que denota que o orçamento da escuderia suíça vai continuar apertado, se não aparecerem patrocinadores para ocupar os espaços em branco. E, sem uma folga financeira, o carro poderá não ser desenvolvido adequadamente. O modelo, aliás, já começa com uma defasagem, por usar a unidade de potência da Ferrari do ano passado, que não terá mais desenvolvimento. A idéia do time era economizar no motor para poder desenvolver melhor o carro como um todo. Resta saber se o planejado na teoria irá corresponder à realidade. A Sauber muito provavelmente terá de lutar para não ser a lanterna do grid em 2017.

Pilotos brasileiros na Indycar 2017: Hélio Castro Neves e Tony Kanaan continuarão sendo nossos representantes na categoria americana mais uma vez em 2017, mantendo-se firmes nas equipes Penske e Ganassi. A curto prazo, espera-se que alguns novos talentos brasileiros optem pelos Estados Unidos para seguirem carreira no automobilismo, como Matheus Leistm que após conquistar o título da F-3 Inglesa no ano passado, optou pela Indy Lights este ano, com vistas a disputar a Indycar em um futuro breve. E Pipo Derani, que está firme na endurance americana, deve testar um carro Indy em breve, e quem sabe, talvez até participar da Indy500 em breve. Mas, para o momento, os torcedores nacionais terão que se contentar com Helinho e Tony, e esperar que pelo menos este ano ambos acabem com o jejum de vitórias que já vivem há duas temporadas...

Pré-temporada da F-1 ínfima: Com novas regras técnicas para os carros em 2017, tudo deveria levar a crer que teríamos uma pré-temporada um pouco mais cheia, a fim de que os times pudessem testar e conhecer melhor o comportamento e os limites dos novos bólidos, que deverão ser muito mais velozes e exigirão muito mais dos pilotos para serem conduzidos, certo? Errado! Mais uma vez, a pré-temporada está reduzida a meras duas sessões de treinos coletivos, com 4 dias cada uma, e novamente na pista de Barcelona, que já virou lugar comum dos testes, mas acaba transformando a prova espanhola num marasmo sem fim, tamanho é o conhecimento que todos os times tem da pista da Catalunha. Contenção de gastos, OK. Mas, estão ficando ridículas essas últimas pré-temporadas magras assim. Pior é que, se por um lado os próprios times não querem votlar aos tempos de antigamente, onde se testava a torto e a direito, agora eles também são os maiores empecilhos para se termos uma pré-temporada um pouco mais razoável. E pensar que os testes eram tão interessantes antigamente... Hoje em dia até isso a F-1 atual conseguiu deixar insosso. Continua valendo pelos novos carros, mas de resto...

Duelo pelo título na MotoGP: Em que pesem os esforços de Suzuki e Ducati, pelos treinos da pré-temporada da classe rainha do motociclismo, tudo indica que a disputa pelo título este ano se dará novamente entre as poderosas equipes de fábrica da Honda e da Yamaha, com uma pequena vantagem técnica, até o presente momento, para o time dos três diapasões, que pode ter a dupla mais forte da competição. Valentino Rossi foi vice-campeão nas últimas três temporadas, e conta com a nova sensação Maverick Viñalez, enquanto na Honda, o tricampeão Marc Márquez é o homem a ser batido, mas seu parceiro Dani Pedrosa ainda não conseguiu sair da sombra de seu vitorioso companheiro de time, tendo apenas alguns brilhos ocasionais, e precisando de uma revigorada geral se quiser ainda mostrar que merece ser campeão da categoria. Fica a dúvida de até onde a Ducati, agora contando com Jorge Lorenzo, poderá se intrometer nessa luta. O time de Borgo Panigale reforçou sua estrutura, técnica e de pessoal, para mostrar que quer voltar a disputar o título, conseguindo voltar a vencer no ano passado. Mas será que conseguirá se intrometer no duelo que polariza a MotoGP nos últimos anos? A conferir no campeonato de 2017...



EM BAIXA:

Menos times na F-1: E o grid da F-1 voltou a encolher. A Manor, que até fez um campeonato mais razoável em 2016, em que pese ter disputado as últimas posições com a Sauber, jogou a tolha, e fechou as portas de vez, após conseguir, nos últimos anos, sobreviver aos trancos e barracos na competição desmensurada que a F-1 se tornou nos últimos anos. Com isso, teremos apenas 20 carros no grid na temporada 2017, e por pouco não seriam 18, se a Sauber não tivesse encontrado um novo comprador, e garantido sua sobrevida no grid, pelo menos para essa temporada. Resta agora a esperança de que o Liberty Media, novo “dono” da F-1, consiga implementar medidas que ajudem a diminuir os custos de competição, e permitir o ingresso de novos times para disputar a competição...

Menos times na Indycar: Um sinal de que a crise no esporte a motor não se resume apenas à F-1 foi o anúncio do fechamento da equipe KV no campeonato da Indycar, deixando o certame com apenas 21 carros confirmados para a temporada de 2017. Levando-se em conta os custos menores e mais acessíveis da competição, em relação a outras categorias, e tendo em consideração que a performance do time, se não era brilhante, também não era ruim, não ter conseguido arrumar patrocinadores que garantissem a permanência da escuderia na competição é algo preocupante, que denota não apenas o fracasso de seus proprietários em conseguir patrocinadores, mas da própria Indy em se mostrar atrativa para mais empresas. Nos últimos anos, vários times foram se despedindo da competição, num ritmo que chega a ser preocupante, ainda mais quando se vê que apenas 3 escuderias (Penske, Ganassi e Andretti) respondem hoje por metade dos carros do grid...

Bernie Ecclestone: O dirigente inglês, que comandava a F-1 com mão de ferro há quase 40 anos, acabou “aposentado” pelos novos donos da categoria máxima do automobilismo, o Liberty Media, que colocou no seu lugar três pessoas para tomar conta das decisões administrativas com vistas a recuperar e potencializar o interesse que a F-1 já teve um dia. Será um trabalho árduo e lento, uma vez que por força de vários acordos e contratos, muita coisa só poderá ser alterada a partir de 2020. Ecclestone fez muito pela F-1, transformando-a de uma categoria romântica e semiprofissional, em um monstro esportivo que gera uma verdadeira fortuna em negócios pelo mundo inteiro. Mas ele também tornou a categoria algo que a cada dia se mostra cada vez mais insustentável, pelos altos custos de competição, e pelas taxas exorbitantes que costumava cobrar para realização dos GPs mundo afora, que agora começam a não parecer mais tão atrativos para muitos. Ecclestone não soube, ou não quis, adaptar-se aos novos tempos e à postura atual do mundo, e com isso, perdeu o seu lugar por motivos mais do que justificáveis. A F-1 lhe deve reverência por tudo o que ele fez para o seu crescimento, em todos os sentidos. Mas ele certamente não deixará saudade em muitos outros que viram sua inflexibilidade e estilo ditatorial de gerir as coisas também contribuir para a perda da atratividade da categoria.

Campeonato nacional da F-Truck: Aquela que já foi a categoria automobilística mais forte do Brasil enfrenta um momento delicado, com a perda de equipes e patrocinadores, além de um rolo com a CBA que certamente não ajudará nem um pouco o certame a se reerguer tanto esportivamente como comercialmente. Como se não bastasse os erros de gestão da categoria por parte de Neusa Navarro, que comanda a F-Truck desde a morte de seu marido na década passada, a CBA ainda resolveu meter o dedo na situação, só ajudando a desacreditar ainda mais a entidade que comanda o que sobrou do automobilismo nacional. A esperança é que a nova presidência da CBA, o que não quer dizer muita coisa, se entenda com a direção da F-Truck, e ajude no que puder para que a categoria pelo menos possa realizar um campeonato adequado, já que o fim da competição seria catastrófico em termos de desemprego no meio automobilístico, além de enterrar um campeonato que já tem uma rica história em nosso país.

Mudança nas regras de pontuação da Nascar: O campeonato de Stock Car dos Estados Unidos resolveu bagunçar o coreto no seu sistema de pontuação nesta temporada, a fim de dar uma “apimentada” nas disputas de meio de corrida, com a introdução de uma pontuação para os pilotos em determinadas voltas, com toda uma sistemática que, na minha opinião, parece confusa e só aumentar ainda mais a sensação de que tem pontos demais para todos os pilotos. Confesso que nunca gostei do formado dos playoffs, ou chases, como são chamados atualmente. Para mim, um campeonato tem que ser construído pelos pilotos e times desde o início, e esse lance de pontuação diferenciada nas provas finais, e apenas para pilotos específicos, convenhamos, pode até ser interessante, mas para muitos fãs, a coisa não rola, e as novas regras estão criando um belo bate-boca na internet sobre sua viabilidade ou não, e como podem tornar a competição mais interessante e disputada. Mas muitos também estão criticando as novas regras, não gostando desse esquema de pontuação fracionada nas corridas. Se é para dar mais emoção às corridas, não seria melhor diminuir o tamanho das mesmas? Resta esperar para ver como as coisas ficarão nesta temporada, e se o novo sistema melhorará a disputa. Apesar das boas intenções, acho que ficou mesmo é muito confuso e complicado...