quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

ARQUIVO PISTA & BOX – DEZEMBRO DE 1997 – 19.12.1997



            Hora de trazer mais um de meus antigos textos, e esta coluna, lançada no dia 19 de dezembro de 1997, há quase 20 anos atrás, encerrava as colunas semanais daquele ano. Afinal, já estávamos na segunda metade de dezembro, e todo mundo precisa dar uma pausa nas tarefas, a fim de recarregar as baterias para o ano novo que começaria em breve. De quebra, vários tópicos rápidos com alguns comentários do que andava rolando no meio do esporte a motor naquele fim de ano. Fiquem com o texto, e em breve começo a trazer as colunas escritas na temporada de 1998...


FIM DE ANO

            Enfim, já estamos às vésperas do Natal e de 1998. O ano de 1997 aproxima-se de seu final. Foi um bom ano, especialmente no automobilismo, onde vimos, não só aqui no Brasil mas também nas pistas européias e norte-americanas, o despontar de uma nova geração de pilotos brasileiros decidida a continuar a tradição de vitórias dos pilotos brasileiros, iniciada por Émerson Fittipaldi.
            Uma nova geração que vai se juntar à atual, que ainda busca mostrar que pode ser campeã, lutando contra as adversidades que aparecem, seja como adversários, azar, etc. Brasileiro que se preze não esmorece sem lutar muito.
            Findo o ano, com praticamente todos os campeonatos concluídos, o mundo do automobilismo também pára por alguns dias. É chegada a hora de comemorar o Natal e descansar um pouco. Todos se reúnem com seus amigos e familiares, num clima de confraternização. O trabalho não pára, mas dá uma boa redução de ritmo. Especialmente na Europa, onde o inverno agora fica mais rigoroso, com as temperaturas baixando de zero grau em inúmeros lugares, sem falar na neve.
            Com estes rigores climáticos, nada melhor do que recolher-se em casa e aproveitar um descanso merecido, que tem hora pra acabar. Só na F-1 já há atividades previstas para a segunda semana de janeiro. E isso vale um pouco para algumas categorias, como a F-CART, que já programa testes para o início de janeiro também. A rigor, só mesmo o Rali Paris-Dakar, que tem início tradicionalmente na passagem de ano, para acelerar os motores.
            Mas isso é para depois. No momento, é curtir o clima natalino, e recarregar as baterias e forças para enfrentar mais um ano de emoção e velocidade no mundo do automobilismo.
            Feliz Natal, Boas Festas! E que venha 1998!


Terminou o julgamento que apurava quem seriam os responsáveis pela morte de Ayrton Senna. E o resultado foi que não houve culpados pela morte do piloto brasileiro. Depois de quase 4 anos, constata-se o óbvio. Todos os que estavam implicados na morte de Senna, como Frank Williams e os projetistas Patrick Head e Adrian Newey, respiraram aliviados. E os italianos também, pois não terão mais o risco de perder os GPs de F-1 em solo italiano.


Desde aquele dia fatídico em Ímola eu já dizia que o acidente de Senna foi uma fatalidade. Ninguém pode dizer que um carro de corrida é absolutamente seguro e indestrutível, capaz de sobreviver aos mais grotescos acidentes sem ferir a integridade física de seu ocupante. Mas a F-1 soube usar o acidente como lição, tomando inúmeras medidas para melhorar a segurança da categoria. Algumas medidas, porém, foram meio exageradas, pois eliminaram inúmeras curvas características de alguns autódromos, tornando-os insípidos. Segurança sim, mas com ponderação. Não adianta ficar bradando pela segurança e tomar medidas sem efeito prático. Para provar isso, Magny-Cours, um circuito de altíssima qualidade de segurança, também não ficou imune ao trauma dos acidentes, como o do brasileiro Marco Campos. Sem dúvida, o assunto merece muita consideração e estudo...


A França corre sério risco de não ter o seu GP em 1998. O calendário da FIA, divulgado semana passada, não menciona a França nos GPs de F-1 do ano que vem. O motivo é a legislação francesa, que deu liberdade para qualquer TV de seu país para televisionar o evento, o que fere os estatutos da FIA, na qual só as TVs que detém os direitos de transmissão é que podem transmitir o evento. Enquanto esta pendenga não se resolve, fica a dúvida sobre a realização ou não da prova francesa...


Mais um GP europeu na alça de mira da FIA. Agora é a Bélgica. O motivo: é o mais novo país europeu a banir totalmente a publicidade de cigarro de seu território, assim como é feito na Alemanha, França e Inglaterra. E a medida já entra em vigor em 98...


E isso ainda não é tudo: o Parlamento da Comunidade Econômica Européia sancionou uma restrição total da publicidade de cigarro em todos os países da comunidade. A medida terá implantação gradual, mas o recado já está dado: até 2006, a F-1 vai ter de aprender a se virar sem os patrocínios das indústrias tabaqueiras...


Bernie Ecclestone já prometeu muita coisa, caso essa proibição da publicidade de cigarro vingasse, como até tirar do calendário todos os GPs dos países europeus em que vigorasse a medida, transferindo-os para países mais tolerantes. Será que ele cumpre a ameaça? Como irão reagir os fãs da F-1 nestes países europeus? Os italianos irão tolerar ficar sem suas corridas e sem a oportunidade de ver nas pistas os carros da Ferrari? E Mercedes, Peugeot, BMW, se não puderem ver nas pistas de seus países as escuderias equipadas com seus motores? Há muitos interesses em jogo. É muito mais prático a F-1 procurar patrocinadores em outras áreas.


Jackie Stewart dá o exemplo: sua equipe de F-1, a Stewart Racing, não possui nenhum patrocínio de cigarro. Para se manter, a escuderia do tricampeão escocês, que é contra a publicidade de cigarro na F-1, tem o apoio do HSBC, um dos maiores bancos do mundo; e da Ford, da qual é a equipe oficial da fábrica na categoria. Falta agora Frank Williams, Eddie Jordan, Alain Prost e mais alguns outros donos de equipes aprenderem com o exemplo da Stewart...


E não posso deixar de mencionar e parabenizar Ingo Hoffman pela conquista de seu 10º título na Stock Car. Uma conquista que coloca Ingo como o maior piloto da história da categoria no Brasil. Mais uma vez, parabéns ao “Alemão”, apelido pelo qual Ingo é conhecido.
 


Nenhum comentário: