Hora
de trazer mais um de meus antigos textos, e esta coluna, lançada no dia 19 de
dezembro de 1997, há quase 20 anos atrás, encerrava as colunas semanais daquele
ano. Afinal, já estávamos na segunda metade de dezembro, e todo mundo precisa
dar uma pausa nas tarefas, a fim de recarregar as baterias para o ano novo que
começaria em breve. De quebra, vários tópicos rápidos com alguns comentários do
que andava rolando no meio do esporte a motor naquele fim de ano. Fiquem com o
texto, e em breve começo a trazer as colunas escritas na temporada de 1998...
FIM DE ANO
Enfim,
já estamos às vésperas do Natal e de 1998. O ano de 1997 aproxima-se de seu
final. Foi um bom ano, especialmente no automobilismo, onde vimos, não só aqui
no Brasil mas também nas pistas européias e norte-americanas, o despontar de
uma nova geração de pilotos brasileiros decidida a continuar a tradição de
vitórias dos pilotos brasileiros, iniciada por Émerson Fittipaldi.
Uma
nova geração que vai se juntar à atual, que ainda busca mostrar que pode ser
campeã, lutando contra as adversidades que aparecem, seja como adversários,
azar, etc. Brasileiro que se preze não esmorece sem lutar muito.
Findo
o ano, com praticamente todos os campeonatos concluídos, o mundo do
automobilismo também pára por alguns dias. É chegada a hora de comemorar o
Natal e descansar um pouco. Todos se reúnem com seus amigos e familiares, num
clima de confraternização. O trabalho não pára, mas dá uma boa redução de
ritmo. Especialmente na Europa, onde o inverno agora fica mais rigoroso, com as
temperaturas baixando de zero grau em inúmeros lugares, sem falar na neve.
Com
estes rigores climáticos, nada melhor do que recolher-se em casa e aproveitar
um descanso merecido, que tem hora pra acabar. Só na F-1 já há atividades
previstas para a segunda semana de janeiro. E isso vale um pouco para algumas
categorias, como a F-CART, que já programa testes para o início de janeiro
também. A rigor, só mesmo o Rali Paris-Dakar, que tem início tradicionalmente
na passagem de ano, para acelerar os motores.
Mas
isso é para depois. No momento, é curtir o clima natalino, e recarregar as
baterias e forças para enfrentar mais um ano de emoção e velocidade no mundo do
automobilismo.
Feliz
Natal, Boas Festas! E que venha 1998!
Terminou o julgamento que apurava quem seriam os responsáveis pela
morte de Ayrton Senna. E o resultado foi que não houve culpados pela morte do
piloto brasileiro. Depois de quase 4 anos, constata-se o óbvio. Todos os que
estavam implicados na morte de Senna, como Frank Williams e os projetistas
Patrick Head e Adrian Newey, respiraram aliviados. E os italianos também, pois
não terão mais o risco de perder os GPs de F-1 em solo italiano.
Desde aquele dia fatídico em Ímola eu já dizia que o acidente de Senna
foi uma fatalidade. Ninguém pode dizer que um carro de corrida é absolutamente
seguro e indestrutível, capaz de sobreviver aos mais grotescos acidentes sem
ferir a integridade física de seu ocupante. Mas a F-1 soube usar o acidente
como lição, tomando inúmeras medidas para melhorar a segurança da categoria. Algumas
medidas, porém, foram meio exageradas, pois eliminaram inúmeras curvas
características de alguns autódromos, tornando-os insípidos. Segurança sim, mas
com ponderação. Não adianta ficar bradando pela segurança e tomar medidas sem
efeito prático. Para provar isso, Magny-Cours, um circuito de altíssima
qualidade de segurança, também não ficou imune ao trauma dos acidentes, como o
do brasileiro Marco Campos. Sem dúvida, o assunto merece muita consideração e
estudo...
A França corre sério risco de não ter o seu GP em 1998. O calendário da
FIA, divulgado semana passada, não menciona a França nos GPs de F-1 do ano que
vem. O motivo é a legislação francesa, que deu liberdade para qualquer TV de
seu país para televisionar o evento, o que fere os estatutos da FIA, na qual só
as TVs que detém os direitos de transmissão é que podem transmitir o evento.
Enquanto esta pendenga não se resolve, fica a dúvida sobre a realização ou não
da prova francesa...
Mais um GP europeu na alça de mira da FIA. Agora é a Bélgica. O motivo:
é o mais novo país europeu a banir totalmente a publicidade de cigarro de seu
território, assim como é feito na Alemanha, França e Inglaterra. E a medida já
entra em vigor em 98...
E isso ainda não é tudo: o Parlamento da Comunidade Econômica Européia
sancionou uma restrição total da publicidade de cigarro em todos os países da
comunidade. A medida terá implantação gradual, mas o recado já está dado: até
2006, a F-1 vai ter de aprender a se virar sem os patrocínios das indústrias
tabaqueiras...
Bernie Ecclestone já prometeu muita coisa, caso essa proibição da
publicidade de cigarro vingasse, como até tirar do calendário todos os GPs dos
países europeus em que vigorasse a medida, transferindo-os para países mais
tolerantes. Será que ele cumpre a ameaça? Como irão reagir os fãs da F-1 nestes
países europeus? Os italianos irão tolerar ficar sem suas corridas e sem a
oportunidade de ver nas pistas os carros da Ferrari? E Mercedes, Peugeot, BMW,
se não puderem ver nas pistas de seus países as escuderias equipadas com seus
motores? Há muitos interesses em jogo. É muito mais prático a F-1 procurar
patrocinadores em outras áreas.
Jackie Stewart dá o exemplo: sua equipe de F-1, a Stewart Racing, não
possui nenhum patrocínio de cigarro. Para se manter, a escuderia do tricampeão
escocês, que é contra a publicidade de cigarro na F-1, tem o apoio do HSBC, um
dos maiores bancos do mundo; e da Ford, da qual é a equipe oficial da fábrica
na categoria. Falta agora Frank Williams, Eddie Jordan, Alain Prost e mais
alguns outros donos de equipes aprenderem com o exemplo da Stewart...
E não posso deixar de mencionar e parabenizar Ingo Hoffman pela
conquista de seu 10º título na Stock Car. Uma conquista que coloca Ingo como o
maior piloto da história da categoria no Brasil. Mais uma vez, parabéns ao
“Alemão”, apelido pelo qual Ingo é conhecido.
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