quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – JANEIRO/FEVEREIRO DE 2017



            Já estamos chegando ao final do mês de fevereiro, e vários campeonatos do mundo do esporte a motor começam a esquentar seus motores para suas estreias em março, e em alguns casos, em abril. E é chegada a hora de voltar com a Cotação Automobilística, fazendo uma avaliação do que de mais interessante aconteceu no mundo da velocidade nestes dois primeiros meses de 2017, com minhas impressões sobre os mesmos. Portanto, aproveitem bem o texto, no esquema tradicional de sempre das avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Espero que todos possam aproveitar minhas análises e comentários sobre o sobe e desce nas cotações de vários personagens do mundo da velocidade neste início de ano. Fiquem agora com as avaliações:



EM ALTA:

Stéphane Peterhansel: O piloto francês, apesar da idade, mostrou novamente a que veio, e venceu mais uma edição do rali Dakar, conquistando seu 13° título no mais famoso rali do mundo. Ao contrário de 2016, quando a batalha de Peterhansel foi facilitada pelos problemas que acometeram seus companheiros de competição na prova, Sébastien Loeb e Carlos Sainz, este ano a parada foi mais dura, especialmente contra Loeb, que deu luta a seu compatriota até os últimos metros da competição. Peterhansel já é uma lenda do Dakar, e com mais este triunfo, mostra que a experiência também conta muito nas provas do off-road pelo mundo. E, alvo qualquer imprevisto, ele estará novamente na competição no próximo ano, visando seu 14° triunfo. Exagero? No ano passado, ele já avisava que em 2017 vinha para querer vencer de novo, portanto, é bom não subestimar o sujeito... Os concorrentes que se preparem desde já...

Sébastien Ogier: O atual tetracampeão do Mundial de Rali terminou o campeonato de 2016 a pé, com a notícia da saída da Volkswagen da competição. Mas ele logo encontrou um novo time para competir em 2017, e logo na primeira corrida, já voltou novamente ao degrau mais alto do pódio, defendendo a equipe M-Sport, ao vencer a etapa inaugural do campeonato deste ano, em Monte Carlo. E, de quebra, ainda subiu ao pódio na etapa da Suécia, segunda etapa do campeonato. Com isso, ele já inicia sua luta por mais um título, estando no momento na 2ª posição do campeonato, estando apenas 4 pontos atrás do finlandês Jari-Matti Latvala, que venceu a etapa da Suécia, e foi segundo colocado em Monte Carlo. Tudo indica que a disputa pelo título deste ano será das mais intensas, mas Ogier ainda segue sendo o nome a ser batido, e ele mostra que, mesmo em um time novo, já está colocando suas manguinhas de fora. Latvala que se cuide, pois está na alça de mira do piloto francês...

Sébastien Buemi: O piloto suíço da equipe e.dams vem tendo uma atuação quase impecável na terceira temporada da F-E. Com três corridas disputadas até agora neste novo ano de competição da categoria dos carros monopostos elétricos, o atual campeão venceu todas as corridas, e dispara na liderança da competição. Se no ano passado o piloto suíço cometeu vários erros e permitiu que Lucas Di Grassi equilibrasse a disputa, este ano ele não está dando chances para o azar ou percalços ocasionais. Na etapa de Buenos Aires, ele partiu logo para o ataque, e em poucas voltas, assumiu a liderança para nela seguir firme até a bandeirada final, sem dar chances da Jean-Éric Vergne ou Di Grassi tentarem um bote inesperado. Poderia se dizer que ainda é cedo para comemorar, mas Buemi está com pinta de que vai lutar pelo bicampeonato até com certa folga, uma vez que seus principais adversários estão enfrentando alguns problemas ou seus carros não tem a mesma performance do monoposto da e.dams. Pelo que se viu até agora, Buemi pretende se manter cada vez mais na dianteira da competição, para azar de seus rivais...

Valtteri Bottas; O piloto finlandês acabou tendo a sorte grande de sua carreira, e acabou contratado pela Mercedes para substituir o recém-aposentado campeão Nico Rosberg, que deu adeus à sua carreira de piloto após conquistar o campeonato da F-1 no ano passado. Mas, mais do que uma oportunidade de ouro para enfim mostrar o que vale, Bottas terá pela frente a dura missão de encarar Lewis Hamilton no time prateado, e garantir não apenas que ele mereceu ser contratado pelo time campeão do mundo, mas já começar a lutar por sua permanência na escuderia em 2018, quando nomes importantes no mercado de pilotos, como Sebastian Vettel e Fernando Alonso, estarão disponíveis para serem negociados. Com um contrato de um ano, Bottas tem a grande chance de mostrar que pode ser um piloto vencedor, e precisará pilotar como nunca. Ele garante que está pronto para isso. Claro, falta combinar com Hamilton, mas quem quer ser campeão não pode temer nenhum piloto pela frente, muito menos o seu próprio companheiro de equipe, que vai vir com tudo nesta temporada, para mostrar que 2016 foi um ponto fora da curva...

Maverick Viñalez: O novo contratado da equipe Yamaha na MotoGP já começa a mostrar a que veio, dominando a segunda sessão de testes coletivos realizados pelas equipes na pista de Phillip Island, na Austrália, marcando sempre os melhores tempos, e mostrando que já está integrado a seu novo time, que é visto pelos rivais como os principais adversários na luta pelo título. Mas Maverick mantém os pés no chão, e por melhores que sejam seus resultados, testes são testes, e corridas são corridas. Ele recusa ser chamado de estrela, por dividir o box com ninguém menos do que Valentino Rossi, de quem declarou não poder ser subestimado, só por ter andando à sua frente nos dias de testes. Mas, mesmo com essa postura prudente, e até comedida, que ninguém se engane: Viñalez irá partir para cima nas corridas, seja qual for o adversário na pista, e tem tudo para traar um duelo acirrado com o “Doutor” durante o campeonato. O que não quer dizer que o ambiente nos boxes vá se tornar obrigatoriamente belicoso, como nos tempos em que Rossi dividiu o time com Jorge Lorenzo. Mas o novo piloto espanhol da casa dos três diapasões já está mostrando a que veio, e os concorrentes que se preparem...



NA MESMA:

Lucas Di Grassi: Vice-campeão da segunda temporada da F-E, o piloto brasileiro da equipe Audi ABT segue firme na vice-liderança do campeonato, após três etapas disputadas. Lucas conseguiu sua primeira pole na categoria em Buenos Aires, mas infelizmente não conseguiu defender sua liderança na corrida, e perdeu posições até a troca de carros obrigatória, quando retornou com uma performance melhor, mas sem conseguir descontar o tempo perdido na pista no início da prova, quando não tinha o mesmo desempenho. Nitidamente batido por Sébastien Buemi e Jean-Éric Vergne, Di Grassi pretende fazer da constância e regularidade suas principais armas na competição, tentando aproveitar todas as oportunidades que surgirem à sua frente. Resta saber se, a exemplo da temporada passada, ele conseguirá equilibrar a disputa. No momento, a dianteira para Buemi já é tanta que mesmo que Lucas vença e marque todos os pontos possíveis na próxima corrida, Buemi ainda continuará líder da competição. Impedir que o piloto suíço dispare ainda mais na frente promete ser uma tarefa bem árdua...

Equipe Sauber em 2017: Penúltima colocada no campeonato de 2016 da F-1, a Sauber escapou de fechar as portas, mas a situação da escuderia deve continuar complicada neste ano. O novo modelo C36 pode até ser um carro bem nascido, o que irá se verificar apenas nos testes da pré-temporada, mas o que chamou a atenção no visual do novo carro foram os vários espaços em branco na carenagem, que está praticamente virgem de patrocínios de monta, contando apenas com apoios menores, o que denota que o orçamento da escuderia suíça vai continuar apertado, se não aparecerem patrocinadores para ocupar os espaços em branco. E, sem uma folga financeira, o carro poderá não ser desenvolvido adequadamente. O modelo, aliás, já começa com uma defasagem, por usar a unidade de potência da Ferrari do ano passado, que não terá mais desenvolvimento. A idéia do time era economizar no motor para poder desenvolver melhor o carro como um todo. Resta saber se o planejado na teoria irá corresponder à realidade. A Sauber muito provavelmente terá de lutar para não ser a lanterna do grid em 2017.

Pilotos brasileiros na Indycar 2017: Hélio Castro Neves e Tony Kanaan continuarão sendo nossos representantes na categoria americana mais uma vez em 2017, mantendo-se firmes nas equipes Penske e Ganassi. A curto prazo, espera-se que alguns novos talentos brasileiros optem pelos Estados Unidos para seguirem carreira no automobilismo, como Matheus Leistm que após conquistar o título da F-3 Inglesa no ano passado, optou pela Indy Lights este ano, com vistas a disputar a Indycar em um futuro breve. E Pipo Derani, que está firme na endurance americana, deve testar um carro Indy em breve, e quem sabe, talvez até participar da Indy500 em breve. Mas, para o momento, os torcedores nacionais terão que se contentar com Helinho e Tony, e esperar que pelo menos este ano ambos acabem com o jejum de vitórias que já vivem há duas temporadas...

Pré-temporada da F-1 ínfima: Com novas regras técnicas para os carros em 2017, tudo deveria levar a crer que teríamos uma pré-temporada um pouco mais cheia, a fim de que os times pudessem testar e conhecer melhor o comportamento e os limites dos novos bólidos, que deverão ser muito mais velozes e exigirão muito mais dos pilotos para serem conduzidos, certo? Errado! Mais uma vez, a pré-temporada está reduzida a meras duas sessões de treinos coletivos, com 4 dias cada uma, e novamente na pista de Barcelona, que já virou lugar comum dos testes, mas acaba transformando a prova espanhola num marasmo sem fim, tamanho é o conhecimento que todos os times tem da pista da Catalunha. Contenção de gastos, OK. Mas, estão ficando ridículas essas últimas pré-temporadas magras assim. Pior é que, se por um lado os próprios times não querem votlar aos tempos de antigamente, onde se testava a torto e a direito, agora eles também são os maiores empecilhos para se termos uma pré-temporada um pouco mais razoável. E pensar que os testes eram tão interessantes antigamente... Hoje em dia até isso a F-1 atual conseguiu deixar insosso. Continua valendo pelos novos carros, mas de resto...

Duelo pelo título na MotoGP: Em que pesem os esforços de Suzuki e Ducati, pelos treinos da pré-temporada da classe rainha do motociclismo, tudo indica que a disputa pelo título este ano se dará novamente entre as poderosas equipes de fábrica da Honda e da Yamaha, com uma pequena vantagem técnica, até o presente momento, para o time dos três diapasões, que pode ter a dupla mais forte da competição. Valentino Rossi foi vice-campeão nas últimas três temporadas, e conta com a nova sensação Maverick Viñalez, enquanto na Honda, o tricampeão Marc Márquez é o homem a ser batido, mas seu parceiro Dani Pedrosa ainda não conseguiu sair da sombra de seu vitorioso companheiro de time, tendo apenas alguns brilhos ocasionais, e precisando de uma revigorada geral se quiser ainda mostrar que merece ser campeão da categoria. Fica a dúvida de até onde a Ducati, agora contando com Jorge Lorenzo, poderá se intrometer nessa luta. O time de Borgo Panigale reforçou sua estrutura, técnica e de pessoal, para mostrar que quer voltar a disputar o título, conseguindo voltar a vencer no ano passado. Mas será que conseguirá se intrometer no duelo que polariza a MotoGP nos últimos anos? A conferir no campeonato de 2017...



EM BAIXA:

Menos times na F-1: E o grid da F-1 voltou a encolher. A Manor, que até fez um campeonato mais razoável em 2016, em que pese ter disputado as últimas posições com a Sauber, jogou a tolha, e fechou as portas de vez, após conseguir, nos últimos anos, sobreviver aos trancos e barracos na competição desmensurada que a F-1 se tornou nos últimos anos. Com isso, teremos apenas 20 carros no grid na temporada 2017, e por pouco não seriam 18, se a Sauber não tivesse encontrado um novo comprador, e garantido sua sobrevida no grid, pelo menos para essa temporada. Resta agora a esperança de que o Liberty Media, novo “dono” da F-1, consiga implementar medidas que ajudem a diminuir os custos de competição, e permitir o ingresso de novos times para disputar a competição...

Menos times na Indycar: Um sinal de que a crise no esporte a motor não se resume apenas à F-1 foi o anúncio do fechamento da equipe KV no campeonato da Indycar, deixando o certame com apenas 21 carros confirmados para a temporada de 2017. Levando-se em conta os custos menores e mais acessíveis da competição, em relação a outras categorias, e tendo em consideração que a performance do time, se não era brilhante, também não era ruim, não ter conseguido arrumar patrocinadores que garantissem a permanência da escuderia na competição é algo preocupante, que denota não apenas o fracasso de seus proprietários em conseguir patrocinadores, mas da própria Indy em se mostrar atrativa para mais empresas. Nos últimos anos, vários times foram se despedindo da competição, num ritmo que chega a ser preocupante, ainda mais quando se vê que apenas 3 escuderias (Penske, Ganassi e Andretti) respondem hoje por metade dos carros do grid...

Bernie Ecclestone: O dirigente inglês, que comandava a F-1 com mão de ferro há quase 40 anos, acabou “aposentado” pelos novos donos da categoria máxima do automobilismo, o Liberty Media, que colocou no seu lugar três pessoas para tomar conta das decisões administrativas com vistas a recuperar e potencializar o interesse que a F-1 já teve um dia. Será um trabalho árduo e lento, uma vez que por força de vários acordos e contratos, muita coisa só poderá ser alterada a partir de 2020. Ecclestone fez muito pela F-1, transformando-a de uma categoria romântica e semiprofissional, em um monstro esportivo que gera uma verdadeira fortuna em negócios pelo mundo inteiro. Mas ele também tornou a categoria algo que a cada dia se mostra cada vez mais insustentável, pelos altos custos de competição, e pelas taxas exorbitantes que costumava cobrar para realização dos GPs mundo afora, que agora começam a não parecer mais tão atrativos para muitos. Ecclestone não soube, ou não quis, adaptar-se aos novos tempos e à postura atual do mundo, e com isso, perdeu o seu lugar por motivos mais do que justificáveis. A F-1 lhe deve reverência por tudo o que ele fez para o seu crescimento, em todos os sentidos. Mas ele certamente não deixará saudade em muitos outros que viram sua inflexibilidade e estilo ditatorial de gerir as coisas também contribuir para a perda da atratividade da categoria.

Campeonato nacional da F-Truck: Aquela que já foi a categoria automobilística mais forte do Brasil enfrenta um momento delicado, com a perda de equipes e patrocinadores, além de um rolo com a CBA que certamente não ajudará nem um pouco o certame a se reerguer tanto esportivamente como comercialmente. Como se não bastasse os erros de gestão da categoria por parte de Neusa Navarro, que comanda a F-Truck desde a morte de seu marido na década passada, a CBA ainda resolveu meter o dedo na situação, só ajudando a desacreditar ainda mais a entidade que comanda o que sobrou do automobilismo nacional. A esperança é que a nova presidência da CBA, o que não quer dizer muita coisa, se entenda com a direção da F-Truck, e ajude no que puder para que a categoria pelo menos possa realizar um campeonato adequado, já que o fim da competição seria catastrófico em termos de desemprego no meio automobilístico, além de enterrar um campeonato que já tem uma rica história em nosso país.

Mudança nas regras de pontuação da Nascar: O campeonato de Stock Car dos Estados Unidos resolveu bagunçar o coreto no seu sistema de pontuação nesta temporada, a fim de dar uma “apimentada” nas disputas de meio de corrida, com a introdução de uma pontuação para os pilotos em determinadas voltas, com toda uma sistemática que, na minha opinião, parece confusa e só aumentar ainda mais a sensação de que tem pontos demais para todos os pilotos. Confesso que nunca gostei do formado dos playoffs, ou chases, como são chamados atualmente. Para mim, um campeonato tem que ser construído pelos pilotos e times desde o início, e esse lance de pontuação diferenciada nas provas finais, e apenas para pilotos específicos, convenhamos, pode até ser interessante, mas para muitos fãs, a coisa não rola, e as novas regras estão criando um belo bate-boca na internet sobre sua viabilidade ou não, e como podem tornar a competição mais interessante e disputada. Mas muitos também estão criticando as novas regras, não gostando desse esquema de pontuação fracionada nas corridas. Se é para dar mais emoção às corridas, não seria melhor diminuir o tamanho das mesmas? Resta esperar para ver como as coisas ficarão nesta temporada, e se o novo sistema melhorará a disputa. Apesar das boas intenções, acho que ficou mesmo é muito confuso e complicado...

 

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