Já
estamos chegando ao final do mês de fevereiro, e vários campeonatos do mundo do
esporte a motor começam a esquentar seus motores para suas estreias em março, e
em alguns casos, em abril. E é chegada a hora de voltar com a Cotação Automobilística,
fazendo uma avaliação do que de mais interessante aconteceu no mundo da
velocidade nestes dois primeiros meses de 2017, com minhas impressões sobre os
mesmos. Portanto, aproveitem bem o texto, no esquema tradicional de sempre das
avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM
BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Espero que todos possam aproveitar minhas
análises e comentários sobre o sobe e desce nas cotações de vários personagens
do mundo da velocidade neste início de ano. Fiquem agora com as avaliações:
EM ALTA:
Stéphane
Peterhansel: O piloto francês, apesar da idade, mostrou novamente a que veio, e
venceu mais uma edição do rali Dakar, conquistando seu 13° título no mais
famoso rali do mundo. Ao contrário de 2016, quando a batalha de Peterhansel foi
facilitada pelos problemas que acometeram seus companheiros de competição na
prova, Sébastien Loeb e Carlos Sainz, este ano a parada foi mais dura,
especialmente contra Loeb, que deu luta a seu compatriota até os últimos metros
da competição. Peterhansel já é uma lenda do Dakar, e com mais este triunfo,
mostra que a experiência também conta muito nas provas do off-road pelo mundo.
E, alvo qualquer imprevisto, ele estará novamente na competição no próximo ano,
visando seu 14° triunfo. Exagero? No ano passado, ele já avisava que em 2017 vinha
para querer vencer de novo, portanto, é bom não subestimar o sujeito... Os
concorrentes que se preparem desde já...
Sébastien
Ogier: O atual tetracampeão do Mundial de Rali terminou o campeonato de 2016 a
pé, com a notícia da saída da Volkswagen da competição. Mas ele logo encontrou
um novo time para competir em 2017, e logo na primeira corrida, já voltou
novamente ao degrau mais alto do pódio, defendendo a equipe M-Sport, ao vencer
a etapa inaugural do campeonato deste ano, em Monte Carlo. E, de quebra, ainda
subiu ao pódio na etapa da Suécia, segunda etapa do campeonato. Com isso, ele
já inicia sua luta por mais um título, estando no momento na 2ª posição do
campeonato, estando apenas 4 pontos atrás do finlandês Jari-Matti Latvala, que
venceu a etapa da Suécia, e foi segundo colocado em Monte Carlo. Tudo indica
que a disputa pelo título deste ano será das mais intensas, mas Ogier ainda
segue sendo o nome a ser batido, e ele mostra que, mesmo em um time novo, já
está colocando suas manguinhas de fora. Latvala que se cuide, pois está na alça
de mira do piloto francês...
Sébastien
Buemi: O piloto suíço da equipe e.dams vem tendo uma atuação quase impecável na
terceira temporada da F-E. Com três corridas disputadas até agora neste novo
ano de competição da categoria dos carros monopostos elétricos, o atual campeão
venceu todas as corridas, e dispara na liderança da competição. Se no ano
passado o piloto suíço cometeu vários erros e permitiu que Lucas Di Grassi
equilibrasse a disputa, este ano ele não está dando chances para o azar ou
percalços ocasionais. Na etapa de Buenos Aires, ele partiu logo para o ataque,
e em poucas voltas, assumiu a liderança para nela seguir firme até a bandeirada
final, sem dar chances da Jean-Éric Vergne ou Di Grassi tentarem um bote
inesperado. Poderia se dizer que ainda é cedo para comemorar, mas Buemi está
com pinta de que vai lutar pelo bicampeonato até com certa folga, uma vez que
seus principais adversários estão enfrentando alguns problemas ou seus carros
não tem a mesma performance do monoposto da e.dams. Pelo que se viu até agora,
Buemi pretende se manter cada vez mais na dianteira da competição, para azar de
seus rivais...
Valtteri
Bottas; O piloto finlandês acabou tendo a sorte grande de sua carreira, e
acabou contratado pela Mercedes para substituir o recém-aposentado campeão Nico
Rosberg, que deu adeus à sua carreira de piloto após conquistar o campeonato da
F-1 no ano passado. Mas, mais do que uma oportunidade de ouro para enfim
mostrar o que vale, Bottas terá pela frente a dura missão de encarar Lewis
Hamilton no time prateado, e garantir não apenas que ele mereceu ser contratado
pelo time campeão do mundo, mas já começar a lutar por sua permanência na
escuderia em 2018, quando nomes importantes no mercado de pilotos, como
Sebastian Vettel e Fernando Alonso, estarão disponíveis para serem negociados.
Com um contrato de um ano, Bottas tem a grande chance de mostrar que pode ser
um piloto vencedor, e precisará pilotar como nunca. Ele garante que está pronto
para isso. Claro, falta combinar com Hamilton, mas quem quer ser campeão não
pode temer nenhum piloto pela frente, muito menos o seu próprio companheiro de
equipe, que vai vir com tudo nesta temporada, para mostrar que 2016 foi um
ponto fora da curva...
Maverick
Viñalez: O novo contratado da equipe Yamaha na MotoGP já começa a mostrar a que
veio, dominando a segunda sessão de testes coletivos realizados pelas equipes
na pista de Phillip Island, na Austrália, marcando sempre os melhores tempos, e
mostrando que já está integrado a seu novo time, que é visto pelos rivais como
os principais adversários na luta pelo título. Mas Maverick mantém os pés no
chão, e por melhores que sejam seus resultados, testes são testes, e corridas
são corridas. Ele recusa ser chamado de estrela, por dividir o box com ninguém
menos do que Valentino Rossi, de quem declarou não poder ser subestimado, só
por ter andando à sua frente nos dias de testes. Mas, mesmo com essa postura
prudente, e até comedida, que ninguém se engane: Viñalez irá partir para cima
nas corridas, seja qual for o adversário na pista, e tem tudo para traar um
duelo acirrado com o “Doutor” durante o campeonato. O que não quer dizer que o
ambiente nos boxes vá se tornar obrigatoriamente belicoso, como nos tempos em
que Rossi dividiu o time com Jorge Lorenzo. Mas o novo piloto espanhol da casa
dos três diapasões já está mostrando a que veio, e os concorrentes que se
preparem...
NA MESMA:
Lucas
Di Grassi: Vice-campeão da segunda temporada da F-E, o piloto brasileiro da
equipe Audi ABT segue firme na vice-liderança do campeonato, após três etapas
disputadas. Lucas conseguiu sua primeira pole na categoria em Buenos Aires, mas
infelizmente não conseguiu defender sua liderança na corrida, e perdeu posições
até a troca de carros obrigatória, quando retornou com uma performance melhor,
mas sem conseguir descontar o tempo perdido na pista no início da prova, quando
não tinha o mesmo desempenho. Nitidamente batido por Sébastien Buemi e
Jean-Éric Vergne, Di Grassi pretende fazer da constância e regularidade suas
principais armas na competição, tentando aproveitar todas as oportunidades que
surgirem à sua frente. Resta saber se, a exemplo da temporada passada, ele
conseguirá equilibrar a disputa. No momento, a dianteira para Buemi já é tanta
que mesmo que Lucas vença e marque todos os pontos possíveis na próxima
corrida, Buemi ainda continuará líder da competição. Impedir que o piloto suíço
dispare ainda mais na frente promete ser uma tarefa bem árdua...
Equipe
Sauber em 2017: Penúltima colocada no campeonato de 2016 da F-1, a Sauber
escapou de fechar as portas, mas a situação da escuderia deve continuar
complicada neste ano. O novo modelo C36 pode até ser um carro bem nascido, o
que irá se verificar apenas nos testes da pré-temporada, mas o que chamou a
atenção no visual do novo carro foram os vários espaços em branco na carenagem,
que está praticamente virgem de patrocínios de monta, contando apenas com
apoios menores, o que denota que o orçamento da escuderia suíça vai continuar
apertado, se não aparecerem patrocinadores para ocupar os espaços em branco. E,
sem uma folga financeira, o carro poderá não ser desenvolvido adequadamente. O
modelo, aliás, já começa com uma defasagem, por usar a unidade de potência da
Ferrari do ano passado, que não terá mais desenvolvimento. A idéia do time era economizar
no motor para poder desenvolver melhor o carro como um todo. Resta saber se o
planejado na teoria irá corresponder à realidade. A Sauber muito provavelmente terá
de lutar para não ser a lanterna do grid em 2017.
Pilotos
brasileiros na Indycar 2017: Hélio Castro Neves e Tony Kanaan continuarão sendo
nossos representantes na categoria americana mais uma vez em 2017, mantendo-se
firmes nas equipes Penske e Ganassi. A curto prazo, espera-se que alguns novos
talentos brasileiros optem pelos Estados Unidos para seguirem carreira no
automobilismo, como Matheus Leistm que após conquistar o título da F-3 Inglesa
no ano passado, optou pela Indy Lights este ano, com vistas a disputar a Indycar
em um futuro breve. E Pipo Derani, que está firme na endurance americana, deve
testar um carro Indy em breve, e quem sabe, talvez até participar da Indy500 em
breve. Mas, para o momento, os torcedores nacionais terão que se contentar com
Helinho e Tony, e esperar que pelo menos este ano ambos acabem com o jejum de
vitórias que já vivem há duas temporadas...
Pré-temporada
da F-1 ínfima: Com novas regras técnicas para os carros em 2017, tudo deveria
levar a crer que teríamos uma pré-temporada um pouco mais cheia, a fim de que
os times pudessem testar e conhecer melhor o comportamento e os limites dos
novos bólidos, que deverão ser muito mais velozes e exigirão muito mais dos
pilotos para serem conduzidos, certo? Errado! Mais uma vez, a pré-temporada
está reduzida a meras duas sessões de treinos coletivos, com 4 dias cada uma, e
novamente na pista de Barcelona, que já virou lugar comum dos testes, mas acaba
transformando a prova espanhola num marasmo sem fim, tamanho é o conhecimento que
todos os times tem da pista da Catalunha. Contenção de gastos, OK. Mas, estão
ficando ridículas essas últimas pré-temporadas magras assim. Pior é que, se por
um lado os próprios times não querem votlar aos tempos de antigamente, onde se
testava a torto e a direito, agora eles também são os maiores empecilhos para
se termos uma pré-temporada um pouco mais razoável. E pensar que os testes eram
tão interessantes antigamente... Hoje em dia até isso a F-1 atual conseguiu
deixar insosso. Continua valendo pelos novos carros, mas de resto...
Duelo
pelo título na MotoGP: Em que pesem os esforços de Suzuki e Ducati, pelos
treinos da pré-temporada da classe rainha do motociclismo, tudo indica que a
disputa pelo título este ano se dará novamente entre as poderosas equipes de
fábrica da Honda e da Yamaha, com uma pequena vantagem técnica, até o presente
momento, para o time dos três diapasões, que pode ter a dupla mais forte da
competição. Valentino Rossi foi vice-campeão nas últimas três temporadas, e
conta com a nova sensação Maverick Viñalez, enquanto na Honda, o tricampeão
Marc Márquez é o homem a ser batido, mas seu parceiro Dani Pedrosa ainda não
conseguiu sair da sombra de seu vitorioso companheiro de time, tendo apenas
alguns brilhos ocasionais, e precisando de uma revigorada geral se quiser ainda
mostrar que merece ser campeão da categoria. Fica a dúvida de até onde a
Ducati, agora contando com Jorge Lorenzo, poderá se intrometer nessa luta. O
time de Borgo Panigale reforçou sua estrutura, técnica e de pessoal, para
mostrar que quer voltar a disputar o título, conseguindo voltar a vencer no ano
passado. Mas será que conseguirá se intrometer no duelo que polariza a MotoGP
nos últimos anos? A conferir no campeonato de 2017...
EM BAIXA:
Menos
times na F-1: E o grid da F-1 voltou a encolher. A Manor, que até fez um
campeonato mais razoável em 2016, em que pese ter disputado as últimas posições
com a Sauber, jogou a tolha, e fechou as portas de vez, após conseguir, nos
últimos anos, sobreviver aos trancos e barracos na competição desmensurada que
a F-1 se tornou nos últimos anos. Com isso, teremos apenas 20 carros no grid na
temporada 2017, e por pouco não seriam 18, se a Sauber não tivesse encontrado um
novo comprador, e garantido sua sobrevida no grid, pelo menos para essa
temporada. Resta agora a esperança de que o Liberty Media, novo “dono” da F-1,
consiga implementar medidas que ajudem a diminuir os custos de competição, e
permitir o ingresso de novos times para disputar a competição...
Menos
times na Indycar: Um sinal de que a crise no esporte a motor não se resume
apenas à F-1 foi o anúncio do fechamento da equipe KV no campeonato da Indycar,
deixando o certame com apenas 21 carros confirmados para a temporada de 2017.
Levando-se em conta os custos menores e mais acessíveis da competição, em
relação a outras categorias, e tendo em consideração que a performance do time,
se não era brilhante, também não era ruim, não ter conseguido arrumar patrocinadores
que garantissem a permanência da escuderia na competição é algo preocupante,
que denota não apenas o fracasso de seus proprietários em conseguir
patrocinadores, mas da própria Indy em se mostrar atrativa para mais empresas.
Nos últimos anos, vários times foram se despedindo da competição, num ritmo que
chega a ser preocupante, ainda mais quando se vê que apenas 3 escuderias
(Penske, Ganassi e Andretti) respondem hoje por metade dos carros do grid...
Bernie
Ecclestone: O dirigente inglês, que comandava a F-1 com mão de ferro há quase
40 anos, acabou “aposentado” pelos novos donos da categoria máxima do
automobilismo, o Liberty Media, que colocou no seu lugar três pessoas para
tomar conta das decisões administrativas com vistas a recuperar e potencializar
o interesse que a F-1 já teve um dia. Será um trabalho árduo e lento, uma vez
que por força de vários acordos e contratos, muita coisa só poderá ser alterada
a partir de 2020. Ecclestone fez muito pela F-1, transformando-a de uma
categoria romântica e semiprofissional, em um monstro esportivo que gera uma
verdadeira fortuna em negócios pelo mundo inteiro. Mas ele também tornou a
categoria algo que a cada dia se mostra cada vez mais insustentável, pelos
altos custos de competição, e pelas taxas exorbitantes que costumava cobrar
para realização dos GPs mundo afora, que agora começam a não parecer mais tão
atrativos para muitos. Ecclestone não soube, ou não quis, adaptar-se aos novos
tempos e à postura atual do mundo, e com isso, perdeu o seu lugar por motivos
mais do que justificáveis. A F-1 lhe deve reverência por tudo o que ele fez
para o seu crescimento, em todos os sentidos. Mas ele certamente não deixará
saudade em muitos outros que viram sua inflexibilidade e estilo ditatorial de
gerir as coisas também contribuir para a perda da atratividade da categoria.
Campeonato
nacional da F-Truck: Aquela que já foi a categoria automobilística mais forte
do Brasil enfrenta um momento delicado, com a perda de equipes e
patrocinadores, além de um rolo com a CBA que certamente não ajudará nem um
pouco o certame a se reerguer tanto esportivamente como comercialmente. Como se
não bastasse os erros de gestão da categoria por parte de Neusa Navarro, que
comanda a F-Truck desde a morte de seu marido na década passada, a CBA ainda
resolveu meter o dedo na situação, só ajudando a desacreditar ainda mais a
entidade que comanda o que sobrou do automobilismo nacional. A esperança é que
a nova presidência da CBA, o que não quer dizer muita coisa, se entenda com a
direção da F-Truck, e ajude no que puder para que a categoria pelo menos possa
realizar um campeonato adequado, já que o fim da competição seria catastrófico
em termos de desemprego no meio automobilístico, além de enterrar um campeonato
que já tem uma rica história em nosso país.
Mudança
nas regras de pontuação da Nascar: O campeonato de Stock Car dos Estados Unidos
resolveu bagunçar o coreto no seu sistema de pontuação nesta temporada, a fim
de dar uma “apimentada” nas disputas de meio de corrida, com a introdução de
uma pontuação para os pilotos em determinadas voltas, com toda uma sistemática
que, na minha opinião, parece confusa e só aumentar ainda mais a sensação de que
tem pontos demais para todos os pilotos. Confesso que nunca gostei do formado
dos playoffs, ou chases, como são chamados atualmente. Para mim, um campeonato
tem que ser construído pelos pilotos e times desde o início, e esse lance de
pontuação diferenciada nas provas finais, e apenas para pilotos específicos,
convenhamos, pode até ser interessante, mas para muitos fãs, a coisa não rola,
e as novas regras estão criando um belo bate-boca na internet sobre sua
viabilidade ou não, e como podem tornar a competição mais interessante e
disputada. Mas muitos também estão criticando as novas regras, não gostando
desse esquema de pontuação fracionada nas corridas. Se é para dar mais emoção
às corridas, não seria melhor diminuir o tamanho das mesmas? Resta esperar para
ver como as coisas ficarão nesta temporada, e se o novo sistema melhorará a
disputa. Apesar das boas intenções, acho que ficou mesmo é muito confuso e
complicado...
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