sexta-feira, 30 de março de 2018

BALANÇO DA AUSTRÁLIA

A Ferrari aproveitou bem o momento do Safety Car e devolveu Sebastian Vettel à pista na frente de Lewis Hamilton, garantindo a vitória para o alemão e para o time de Maranello no Albert Park.

            E deu vitória da Ferrari e de Sebastian Vettel no Grande Prêmio da Austrália, na abertura do campeonato 2018 da Fórmula 1. E o time de Maranello mostrou força, com a presença de Kimi Raikkonen em 3º, em uma boa exibição do piloto finlandês. E, no meio da dupla ferrarista, talvez o maior derrotado do fim de semana: Lewis Hamilton, que de favorito quase disparado à vitória, viu o triunfo escapar de suas mãos em um golpe de sorte do time rosso, que aproveitou a oportunidade tão logo ela surgiu, e lançou mão de efetuar o pit stop de Vettel, e conseguir devolvê-lo à pista ainda na liderança. E, por mais que tenha sido um golpe de sorte da Ferrari, seria injusto desconsiderar a performance de Sebastian na liderança, não permitindo cometer nenhum erro que pudesse dar chance ao rival da Mercedes de retomar a liderança perdida da prova. Portanto, méritos também para ele, com muita justiça.
            À Mercedes, cabe agora simplesmente estudar o que aconteceu, e se precaver para tentar não ser pega novamente com a guarda baixa, em que pese o fato de que, quando houve a intervenção do regime do Safety Car Virtual, não havia praticamente o que fazer: obrigado a manter a velocidade na pista até certo limite, Hamilton não pode acelerar para tentar tirar a diferença que o separava de Vettel, enquanto este, ao entrar no box, pode acelerar fundo por um curto espaço, até atingir a área de limite dos boxes, e aí, com a velocidade reduzida, fazer sua parada e conseguir voltar ainda na frente na pista. E ponto final. Hamilton até tentou recuperar a liderança, mas o circuito do Albert Park não ajuda muito, e com a atual configuração aerodinâmica atual dos F-1, aumentada no ano passado, isso ficou quase impossível. Com 20 corridas pela frente, o inglês pesou os prós e contras, e sabia que era melhor garantir o 2º lugar, do que forçar a barra e, caso desse errado, ficasse sem nada. E ele sabe que em outras pistas, como no Bahrein, próxima etapa, as chances de disputa devem ficar mais a seu favor.
            Para a Ferrari, um grande alívio. Ciente de que, apesar deter feito um bom carro, a Mercedes ainda estaria à frente, o maior temor dos italianos era com o poderio da Red Bull, que traria muitos problemas se confirmasse de fato estar mais forte do que se imaginava. Mas, como os taurinos ficaram presos atrás dos carros da Hass, que fizeram uma largada primorosa depois de uma excelente classificação, os ferraristas puderam se focar unicamente em Lewis Hamilton. Daniel Ricciardo, punido com a perda de 3 posições no grid por não diminuir a velocidade em uma área de bandeira amarela nos treinos, só não infernizou a dupla ferrarista por ter perdido muito tempo para livrar-se dos concorrentes à sua frente. Assim que estabeleceu-se em 4º lugar, partiu à caça de Raikkonen, sendo uma ameaça real ao finlandês da Ferrari. Max Verstappen, que também ficou preso atrás de um carro da Hass, acabou rodando e danificando de leve o carro, e na parte final da prova, ficou “trancado” atrás de um inspirado Fernando Alonso e uma renovada McLaren.
            Só para constar, a corrida de 2017 também não foi lá nenhuma maravilha, sendo bem chata, e só se salvando pela Ferrari confirmando sua força e assumindo ares de favorita no campeonato, frente à poderosa Mercedes. E os italianos deram trabalho: Hamilton só foi assumir a liderança do campeonato na Itália, decorridos praticamente dois terços da competição. Será que vai rolar a mesma dificuldade este ano, todos perguntam?
            Pode até ser. Enquanto esteve na liderança, Hamilton não deu chances de ser ameaçado, mas também não despachou seus adversários como seria de se esperar. Kimi Raikkonen, que era o 2º colocado, nunca ficou a mais de 3s de diferença do inglês. E Lewis confirmou depois da corrida que não estava segurando seu ritmo. Então podemos deduzir que o trem de corrida de Kimi era pouca coisa mais lento que o de Lewis. O problema é que a pista australiana não pode ser levada como parâmetro para todo o campeonato. No Bahrein, um autódromo, poderemos ter uma idéia mais aproximada de como anda a relação de forças da F-1 este ano. E, quem sabe, ter a esperança de que a velocidade assombrosa com a que Hamilton marcou a pole não seja assim tão escancarada frente aos concorrentes.
A Hass foi uma grata surpresa em Melbourne. Pena que a equipe acabou se embananando nos pit stops e acabou com a bela prova de sua dupla de pilotos.
            Outra das expectativas era ver quem seria o melhor do resto do grid, e pelo menos na Austrália, a Hass fez um trabalho de encher os olhos, e poderia ter tido o seu melhor resultado na F-1, não fosse o desastre na hora dos pit stops de ambos os pilotos, que acabaram com a corrida de ambos, e fez cair sobre todos uma sensação de impotência raras vezes vista em um paddock da categoria nos últimos tempos. Impossível não se solidarizar com o desepero do time ao ver sua boa apresentação ir para o brejo. Por isso mesmo, fica ainda mais sem pé nem cabeça a “teoria da conspiração” que surgiu depois insinuando que a Hass forjou seu abandono para provocar o safety car e favorecer a Ferrari e Sebastian Vettel, que ainda não havia parado nos boxes para trocar seus pneus e estava liderando a corrida momentaneamente, uma vez que Hamilton e Raikkonen já haviam parado. Gene Hass é um sujeito extremamente bem-sucedido e rico nos Estados Unidos, e não precisa se submeter a patifarias combinadas deste tipo para ganhar “favores” na F-1. Gene também tem um time na Nascar, e poderia facilmente ter montado um time na Indycar, a exemplo dos rivais Ganassi e Penske, mas ele preferiu um desafio muito maior: competir na F-1. E uma maracutaia como que foi insinuada poderia colocar tudo a perder, se fosse descoberta, fora o estrago que Hass teria em sua reputação. E, por mais que falem que ricaços não estão nem aí para os outros, naquele preconceito doentio de luta de classes, Hass não jogaria sua reputação no lixo, mesmo que suas empresas faturem mais de um bilhão de dólares por ano. Muita gente leva a sério o papel da ética e da honestidade.
            O time oficial da Renault, candidato à 4ª força, até confirmou a sua evolução e boa forma, mas acabou atropelada pela Hass. Mesmo assim, Nico Hulkenberg fez uma corrida firme nos pontos, e Carlos Sainz Jr. só não foi melhor porque passou mal durante a corrida e se aguentou no carro do jeito que pôde. E a equipe de Enstone precisa ficar atenta, porque o perigo da concorrência está bem mais próximo do que se imagina. No grid, a diferença de tempo para a McLaren não foi muito folgada como se imaginava.
Mesmo enfrentando ainda alguns problemas e um ritmo fora do ideal, a McLaren teve um bom início de temporada na Austrália, com seus dois pilotos marcando pontos e dando esperanças de um ano bem mais positivo para a equipe.
            Aliás, na torcida “do contra”, era incrível a quantidade de haters que pregavam que a Toro Rosso iria andar na frente da McLaren, que a Honda iria se vingar, e principalmente, que Fernando Alonso iria se danar mais uma vez. Se rogaram alguma praga, o tirou saiu completamente pela culatra: a McLaren teve muitos problemas no primeiro treino livre de sexta-feira, andando muito pouco, e o desempenho, por isso mesmo, não era lá tão entusiasmante como seria de se esperar, mostrando que ainda teriam muito a fazer para solucionar os percalços exibidos na pré-temporada. Mas, apesar disso, eles quase chegaram ao Q3 logo na primeira corrida, mesmo sabendo que ainda têm muito o que trabalhar no novo MCL-33, e tanto Alonso quanto Stofell Vandoorne fizeram corridas honestas, aproveitando as oportunidades, e mostrando um desempenho promissor para uma corrida onde não esperavam ir tão bem. Lógico que Alonso se aproveitou também da situação do Safety Car provocada pela Hass, mas o espanhol conseguiu manter-se firme na frente de Max Verstappen durante muitas voltas, e mesmo que o holandês estivesse com o carro meio baqueado, Alonso não permitiu que ele vislumbrasse nenhuma brecha para tentar superá-lo na pista, que também ajudou o piloto da McLaren a se manter firme na posição. E com isso, a McLaren marcou pontos com seus dois pilotos, em 5º e 9º lugares, e largando na 4ª posição no Mundial de Construtores.
            Muitos dirão que foi apenas por sorte que Alonso e Vandoorne terminaram assim, e eles não estão errados: até a McLaren e seus pilotos sabem que tiveram sorte. Mas a questão é que, até o ano passado, mesmo alcançar o resultado visto na Austrália era praticamente a exceção, e largar a meio do grid era quase o limite máximo que o time poderia almejar. Agora, há toda uma expectativa de evolução. Eles sabem que tem muito trabalho pela frente, mas enxergam uma luz no fim do túnel, o que não estava acontecendo com a Honda. E, cientes do que tem de fazer, é aguardar para vermos a evolução que a McLaren poderá atingir. Na classificação, eles foram o pior time da Renault no grid, mas ao final da corrida, foram o 2º melhor time da marca francesa. Alcançar o nível da Red Bull será complicado, mas superar o time oficial da Renault não parece assim tão difícil. E eles estão motivados e determinados. Será algo interessante de acompanhar.
A "turma do fundão" em Melbourne teve Sauber, Williams, e Toro Rosso, com esta cruzando em último na bandeirada. Até a Sauber conseguiu andar melhor do que a Williams.
            Enquanto isso, a Honda... Bem, a Toro Rosso, depois de alegrar a todo mundo na pré-temporada, com performances constantes e encorajadoras, já teve em Melbourne sua primeira quebra de motor do ano, no carro de Pierre Gasly, com apenas 13 voltas. Mas não foi só isso: os dois carros do time de Faenza nem conseguiram passar para o Q2 na classificação, e Brendon Hartley foi o último colocado a cruzar a linha de chegada, em 15º. Se muitos condenaram a atitude da McLaren em rescindir sua associação com a Honda, se tomarmos apenas o exemplo da Austrália, nem há como discutir com o time de Woking, que sabe que nem todos os problemas que tinham era culpa da Honda, mas pelo menos livraram-se dos problemas “externos”... Todos torcem para que o visto em Melbourne tenha sido uma exceção, e o time melhore nas próximas corridas, mas já dá para ficar com o pé atrás novamente em relação às expectativas de melhora dos japoneses, que ao que parece, não conseguiram exorcizar todos os seus percalços como se imaginava...
            De quem não se esperava muita coisa, Sauber e Williams confirmaram que estão mal das pernas. No grid, se Lance Stroll ainda conseguiu largar em 13º, por outro lado Sergey Sirotkin foi o 19º, e a corrida do russo acabou cedo, por ter ficado sem freios, e o canadense só não terminou em último na linha de chegada porque a Toro Rosso/Honda de Hartley estava ainda pior. Só que o novato Charles LeClerc, da Sauber, terminou à frente do piloto da Williams, que saiu disparando contra o FW41 depois da prova, inconformado com a péssima performance do carro, que segundo ele, não rendia absolutamente nada. Para ele começar a dizer isso logo na primeira corrida... A Sauber também não passou do Q1, e parece que vai fazer figuração no grid mais uma vez, dependendo de um milagre para pontuar. A sorte do time suíço é que a Williams parece ter começado pior do que todos esperavam, e não há como negar o alívio por não ver Felipe Massa ao volante do atual carro de Grove. Seria vergonhoso ver o brasileiro se arrastar na pista daquele jeito. E olha que o time já pode estar com saudades dele. Mas agora é tarde, e eles que se virem com as escolhas feitas.
            Enquanto isso, a Force India realmente confirmou que está abaixo da posição demonstrada no ano passado, e que vai ter trabalho para recuperar o terreno perdido, uma vez que a concorrência está bem mais preparada e forte. O time indiano terá de mostrar mais capacidade do que nunca para ser eficiente com seus poucos recursos na evolução do seu carro. Pilotos e motor não lhes faltam. Só precisam mesmo é de um carro competitivo.
Com um carro pouco competitivo no presente momento, o ano da Force India promete ser complicado. Rosa mesmo, só na pintura dos carros...
            E carro competitivo não faltou a Valtteri Bottas, que infelizmente começou mal seu segundo ano como piloto titular da Mercedes. O finlandês bateu forte no Q3, e teve de largar em 15º por conta de trocar o câmbio. E acabou chegando em 8º lugar, mesmo tendo carro para muito mais do que demonstrou na pista. Mesmo ciente de que ultrapassar seria difícil, foram poucos os momentos onde Bottas realmente mostrou a performance que o modelo W09 é capaz de produzir. O pior de tudo é que a Ferrari subiu com seus dois pilotos ao pódio, largando já com uma boa vantagem na classificação de construtores (40 a 22, a favor dos italianos), um ponto que a Mercedes certamente não digeriu muito bem. Sabendo que precisa mostrar serviço, Bottas acabou sucumbindo à pressão, e não foi bem. Ele ainda terá tempo para se recuperar no campeonato, mas terá de correr atrás do prejuízo desde já, o que não é muito inspirador no que tange à confiança que a direção do time pode depositar nele.
            Em teoria, as disputas e duelos devem melhorar nas próximas etapas, em pistas que favorecem mais as disputas de posições. O caso da Austrália terá que ser repensado, pois nem com três zonas do DRS a corrida mostrou mais alternativas do que em 2017, e isso é preocupante. Como também preocupa o fato de todos terem necessitado novamente de apenas um pit stop para rodar a corrida inteira sem problemas de performance, quando muitos esperavam uma maior variação nas estratégias de equipes e pilotos, devido aos novos compostos da Pirelli, que nesta prova não fizeram nada de relevante para melhorar a disputa na pista.
            Para finalizar, todo mundo detestou o halo, ainda mais na transmissão da TV pelas câmeras onboard dos carros. Essa trapizonga que a FIA enfiou goela abaixo conseguiu quase unanimidade total no quesito feiura e falta de harmonia do visual dos carros. E podem apostar que a FIA vai bater o pé firme e manter essa geringonça nos carros, cuja eficácia na proteção dos pilotos é mais do que relativa. Deveriam ter sido feitos mais testes com outros sistemas, como o aeroscreen, mas a entidade que comanda o automobilismo, na pressa de querer dar satisfações em relação à segurança dos bólidos, parece ter metido novamente os pés pelas mãos, o que não seria novidade.
            Ah, e gostei muito da nova abertura das transmissões da categoria, que procura dar um tom épico e glorioso à F-1 e às disputas que se travam nela. Pena que, no atual momento, as disputas não são tão épicas, e a categoria ainda tem que mostrar em recuperar a glória de tempos passados. Quem sabe o Liberty Media ainda consiga fazer com que a F-1 volte a ser tudo isso...? Bom, Melbourne já ficou para trás. Agora é olhar para a próxima prova, e nos vemos no Bahrein na próxima semana. Até lá...

quarta-feira, 28 de março de 2018

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – MARÇO DE 2018


            Já estamos encerrando o mês de março, e começaram três importantes campeonatos, que foram a Indycar, a MotoGP, e a Fórmula 1, com a disputa de suas primeiras etapas. E todo final de mês é hora de colocarmos uma nova edição da Cotação Automobilística, fazendo uma avaliação de alguns dos acontecimentos do mundo do esporte a motor nestas últimas semanas. Espero que todos possam apreciar o texto, que segue abaixo no esquema tradicional de sempre das avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a próxima edição da Cotação Automobilística no mês que vem, já com algumas avaliações dos acontecimentos do mês de abril:



EM ALTA:

Sébastien Bourdais: O piloto francês da equipe Dale Coyne repetiu o triunfo inaugural na temporada 2018 da Indycar, a exemplo do que havia feito no ano passado, ao vencer a prova de São Petesburgo, mesmo com o carro da modesta Dale Coyne, um dos times de menos recursos do grid da categoria, e que terá somente o francês como piloto por toda a temporada, dividindo o segundo carro entre dois pilotos durante a competição. A exibição de Sébastien não foi tão primorosa quanto a de 2017, quando ele liderou boa parte da parte final da corrida, mas não se pode ignorar sua performance na corrida deste ano. Largando a meio do grid, Bourdais foi ganhando posições na pista e na estratégia, e era um 3º colocado firme, quando Alexander Rossi e Robert Wickens acabaram se enrolando a duas voltas do final, deixando o triunfo para o piloto francês. Sébastien começou a temporada do ano passado muito bem, e infelizmente, deu azar no acidente para a classificação na Indy500, que o deixou de fora da competição por vários meses. Agora recuperado, pode-se ver que ele ainda mantém sua capacidade de levar seu carro a boas posições. Espera-se que tenha sorte muito melhor neste ano.

Andrea Dovizioso: O piloto italiano da Ducati abriu a temporada da MotoGP na frente, ao vencer o GP do Qatar, depois de mais um duelo renhido com Marc Márquez, que tentou até a última curva da corrida superar o vice-campeão do ano passado. Dovizioso não largou tão à frente como pretendia, mas durante a corrida foi ganhando posições e travando duelos com os pilotos que estavam à sua frente, até chegar à liderança e de lá não mais sair, apesar da pressão dos concorrentes, que estavam sempre à espreita. Surpresa no campeonato da classe rainha do motociclismo no ano passado, Dovizioso mostra que já pode ser considerado um candidato real às vitórias e ao título, assim como o seu time, a Ducati, que parece finalmente de volta ao pelotão da frente em tempo integral, e não apenas esporádico. Podem esperar novas boas exibições de Andrea ao volante da Desmosédici na temporada deste ano. Marc Márquez que fique esperto com seu novo rival, que parece ter vindo definitivamente para ficar.

Jean-Éric Vergne: O piloto francês da equipe Techeetah caminha firme rumo ao título da atual temporada da Fórmula-E. Vergne venceu de ponta a ponta a etapa em Punta Del Este, no Uruguai, onde travou um duelo firme contra Lucas Di Grassi pela vitória desde a largada. Foi seu 3º triunfo nas 6 provas disputadas até aqui, e para sorte dele, seus rivais diretos na luta pelo campeonato não tiveram os resultados esperados na etapa uruguaia. Felix Rosenqvist foi o 5º colocado, e viu o francês disparar na classificação do campeonato, abrindo nada menos do que 30 pontos de vantagem, uma folga que só poderá ser descontada se Vergne sofrer percalços que o façam ficar sem pontuar em pelo menos uma etapa. Sam Bird, que também vinha na disputa, foi o 3º, e só encostou em Rosenqvist, que antes de pensar em “caçar” Vergne, precisa se preocupar em não ser superado na classificação. Com metade do campeonato já disputado, e com esta vantagem, Vergne só precisa se preocupar em manter a constância, e não se envolver em problemas potenciais que o façam perder opções de pontuar nas corridas. E, pelo que se viu até aqui, ele vem cumprindo o script com perfeição, pontuando em todas as provas.

Vitória da Ferrari na abertura da F-1 2018: Depois da performance arrasadora de Lewis Hamilton na classificação para o grid de largada na etapa inaugural, a única chance de uma vitória para a Ferrari era apostar no ritmo de corrida durante a prova, e de certa forma, tentar esperar pela sorte. Bem, o ritmo de corrida, apesar de satisfatório, não dava muitas esperanças de vitória, uma vez que o inglês da Mercedes se mantinha firme na liderança. Mas eis que os dois carros da equipe Hass tiveram problemas, e acabaram motivando a entrada do Safety Car. Foi a deixa que a Ferrari precisava para usar o incidente a seu favor, chamando Sebastian Vettel para os boxes em um momento onde Hamilton não podia acelerar, e conseguiu devolver o alemão na liderança da corrida. Em um circuito de ultrapassagens extremamente difíceis, Vettel teve alguma sorte em conseguir se manter à frente de Lewis, até porque o inglês começou a ter problemas de desgaste em seus pneus, e não conseguiu manter o ritmo para pressionar o piloto da Ferrari, que rumou para a vitória, e estréia liderando o campeonato de 2018, ajudando a derrubar um pouco a expectativa da invencibilidade da Mercedes na temporada. A Ferrari conseguiu ser bem mais inteligente do que a Mercedes para vencer a corrida, fazendo uso da oportunidade que se apresentou durante a prova. Resta à Mercedes aprender com o caso e ficar mais atenta nas próximas etapas.

Sébastien Ogier: O piloto francês da M-Sports Ford venceu a etapa do México, e com isso, já acumula 2 vitórias nas 3 provas disputadas no Mundial de Rali deste ano, reassumindo a liderança na classificação, que havia sido ocupada momentaneamente pelo belga Thierry Neuville, que havia vencido a etapa da Suécia, e dá pinta de que vai ser um páreo duro para o atual pentacampeão da categoria off-road, afinal, Ogier está apenas 4 pontos à frente na classificação. Por isso mesmo, Ogier não pode marcar bobeira nas próximas etapas da competição, se quiser garantir o seu sexto título consecutivo na categoria. As ferramentas estão na sua mão, resta apenas conduzir com sua costumeira competência e talento, ao lado de seu navegador, e torcer para não acontecer nenhum imprevisto, que pode arruinar com suas chances, algo muito fácil de acontecer nas provas de rali. Ainda é cedo para afirmar que Ogier caminha determinado rumo ao título de 2018, mas que ninguém marque bobeira com o piloto francês, lembrando-se de que ele venceu os últimos 5 campeonatos de forma consecutiva. Ou será preciso avisar mais?



NA MESMA:

Unidades de potência da Honda: Foi só uma corrida, a da Austrália, e tudo o que vimos foi mais do que já havíamos testemunhado em quase todos os três anos da associação da fábrica nipônica com a McLaren. A Toro Rosso, novo time oficial da Honda, acabou largando entre as últimas posições do grid em Melbourne, e teve um abandono por problema de motor logo na primeira corrida, enquanto seu outro piloto ainda cruzou a bandeirada, mas em último lugar na pista. É muito cedo para condenar novamente os esforços da Honda em tentar achar seu lugar nesta nova F-1 de unidades turbo híbridas, mas o desempenho foi decepcionante depois do que vimos nos testes da pré-temporada, em Barcelona, onde a Toro Rosso foi um dos times que mais andou, sem que as unidades de potência nipônicas tivessem sofrido qualquer problema de funcionamento. Depois de muitos até acharem e fazerem piadas de que a McLaren iria se arrepender de ter largado a Honda, a julgar pelo resultado da Austrália, onde o time inglês chegou em 5º e 9º, marcando de cara 12 pontos, acho que o pessoal de Woking neste momento não está sentindo muitas saudades dos japoneses não... Resta esperar para ver se Melbourne foi um acidente de percurso ou não...

Valentino Rossi: O “Doutor”, aos 39anos, segundo diziam, já poderia estar preparando a aposentadoria das pistas da MotoGP, uma vez que seu contrato ia somente até o fim desta temporada com a equipe oficial da Yamaha. O time, aliás, já havia renovado com Maverick Viñales, o que podia dar a impressão de que o piloto italiano estaria considerando o período de renovação de seu contrato, talvez por apenas mais um ano. Mas eis que, às vésperas da corrida de abertura da temporada 2018, no Qatar, tanto Rossi quanto a Yamaha anunciaram a renovação do contrato por mais dois anos. Em outras palavras, os fãs poderão torcer por Valentino por mais 3 temporadas, já que a atual acabou de começar, e teremos o privilégio de acompanhar as performances do “Doutor” por mais dois anos, sendo que ao final deste tempo, Rossi deverá estar com 41 anos. Mas o piloto italiano mostra que ainda tem lenha para queimar, e na prova de Losail, travou bons duelos com os outros pilotos, sempre no pelotão da frente, e subiu ao pódio na 3ª colocação, atrás de Marc Márquez e Andrea Dovizioso. Ao que parece, aqueles que torcem pela decadência do maior ídolo da MotoGP atual vão precisar ter muita paciência pelos próximos anos, porque Valentino, como afirmou, ainda tem muito o que oferecer, e ainda é capaz de se bater com os mais talentosos pilotos da nova geração que tem chegado na classe rainha do motociclismo. Vida longa ao “Doutor” na classe rainha do motociclismo mundial...

Equipe Sauber: Lanterna da competição no Mundial de F-1 em 2017, a Sauber vislumbrou novos horizontes com a parceria firmada com a Alfa Romeo através da Ferrari, que permitiu a volta de um nome icônico da história ao campeonato da F-1, e de quebra, aliviou bastante o orçamento do time, extremamente apertado nas últimas temporadas. Mas em termos de performance, o time ainda não tem do que se orgulhar. Se no ano passado resolveram competir com o motor Ferrari do ano anterior por questão de economia, o que diminuiu a competitividade do time, que já não era das melhores, este ano, mesmo utilizando a unidade de potência atual de Maranello, e com o reforço técnico da parceria com os italianos, o novo modelo C37 continuou deixando os pilotos da escuderia disputando as últimas posições no grid, ao menos na Austrália, mas de certa forma confirmando as suspeitas dos testes da pré-temporada, em Barcelona. Pelo visto, pontuar será possível apenas com um golpe de sorte tremendo, realidade já admitida até pela própria equipe, que prevê uma evolução digna do nome apenas para 2019. Então, o time suíço pode ao menos dizer que já está familiarizado com as últimas filas do grid. Em curiosamente, a Alfa Romeo, quando deixou a F-1 pela última vez, em meados dos anos 1980, também já estava andando nas últimas filas do grid. De início, nada mudou para ambos. Vejamos para o futuro, quando a parceria começar a render frutos mais vistosos...

Valtteri Bottas: O piloto finlandês sabe que esse ano é crucial para sua carreira na F-1. Sua temporada de estréia na Mercedes não foi ruim, mas também não foi espetacular, como seu currículo até então sugeria ser capaz. Sabendo disso, Bottas disse que se esforçaria para andar à altura de Lewis Hamilton e ser capaz de efetivamente disputar o título. E, acima de tudo, a própria Mercedes quer que o finlandês exerça pressão em Hamilton para que o inglês ande ainda mais forte. Só que o finlandês infelizmente já deu azar logo na primeira corrida, ao bater forte no Q3, danificando seu carro, e de quebra, já perdeu um cambio, e pode até ter perdido já um de seus poucos motores para toda a temporada. Na corrida, infelizmente Valtteri, apesar do carro que possuía, não foi capaz de efetuar uma recuperação como se esperava, e acabou em 8º lugar, sem conseguir ultrapassar carros teoricamente mais lentos. Tudo isso, e mais o baile que a Mercedes levou da Ferrari na estratégia que lhes garantiu a vitória pelo segundo ano consecutivo no Albert Park, com o time italiano acumulando 40 pontos ante os 22 da equipe alemã perfazem mais um final de semana onde Bottas ficou abaixo do rendimento esperado pelo time. É só a primeira corrida, é verdade, mas se o finlandês não reagir, não vai ser bom para seus planos de permanecer naF-1 em 2019...

Transmissões da F-1 e da Indycar em 2018: As transmissões das primeiras corridas dos campeonatos da Indycar e da F-1 mostraram mais do mesmo tanto na Bandeirantes quanto na Globo, mostrando o mesmo padrão básico que já vimos nas últimas temporadas. Na Bandeirantes, o agravante foi o novo narrador perder muitos lances na pista enquanto discutia outros assuntos com o comentarista, mostrando que deveria ter se preparado melhor para a função, e não precisar ser “socorrido” em vários momentos por Felipe Giaffone, este muito mais entendido e experiente no assunto. Na Globo, houve pelo menos a volta da transmissão do Q3 do treino de classificação, aproveitando a transmissão ao vivo que era feita pelo canal pago SporTV, o que foi um alento. Mas, para a primeira corrida da temporada, a emissora não mostrou quase nada de introdução à nova temporada, obrigando os fãs a aguentarem a transmissão do Lollapalooza até quase o início da largada da prova. E infelizmente, Galvão Bueno poderia ser mais sóbrio sem pilotos brasileiros na pista para tentar insuflar uma torcida, mas parece que isso seria pedir demais... Mas transmissão por transmissão, ambas ficaram meio que no empate, embora em termos técnicos a Globo ainda ganhe por ter mandado repórter para a corrida, o que a Bandeirantes não fez...



EM BAIXA:

Jorge Lorenzo: O piloto espanhol, tricampeão mundial da MotoGP com a Yamaha, mudou-se para a Ducati onde esperava superar novos desafios e continuar a batalhar por vitórias e pelo título da categoria. Mas Lorenzo teve um ano mais difícil do que esperava em 2017, tendo muitos problemas para se adaptar ao comportamento da moto italiana, bem diferente da qual estava acostumado na Yamaha. Como resultado, passou o ano em branco, mas o pior foi ver seu novo companheiro de equipe, Andrea Dovizioso, vencer corridas e disputar o título até a última corrida. Para 2018, a expectativa era de que o espanhol, mais aclimatado ao time de Borgo Panigale, mostrasse mais performance e estivesse mais adaptado ao equipamento. Mas o resultado da primeira corrida, no Qatar, foi um repeteco de 2017: enquanto Dovizioso escalava o primeiro pelotão e vencia a corrida, Lorenzo largou lá atrás, e mal conseguia sair do meio do pelotão, até que acabou caindo em uma das curvas, e deu adeus à corrida. Problemas à parte, o espanhol vai ter trabalho para recompor sua imagem de piloto campeão se não conseguir resultados que não sejam comparáveis ao de Dovizioso, que já largou na frente na competição pelo título da atual temporada...

Popularidade do halo na F-1: O novo dispositivo de segurança, enfiado goela abaixo pela FIA na categoria máxima do automobilismo para esta temporada, sem testar efetivamente outras alternativas de aumentar a segurança dos pilotos dentro do cockpit, foi malhado sem dó pelos torcedores da F-1, e por vários membros da imprensa especializada. Os motivos foram os mais óbvios possíveis: falta de harmonia com o visual do carro, impedimento de se ver direito os pilotos, dependendo do ângulo, bloqueio da visão de algumas das câmeras on-board dos carros, estragando o visual de transmissão, entre outras críticas mais ácidas e contundentes. Ruim é a passividade dos pilotos, que não fazem críticas em público, temendo represálias da FIA, que bateu o pé e resolveu por que os carros teriam sim este novo dispositivo para proteger os pilotos, cuja eficácia até agora ainda não foi comprovada em 100%, ou pelo menos, em índices altamente satisfatórios. Mas ruim é que não se pode querer testar a eficácia da peça na pista, pois um acidente, por mais simples que seja, pode ter consequências imprevisíveis. O maior aliado para condenar a peça deve ser o Liberty Media, que se ficar preocupado com o índice de rejeição dos fãs, pode pressionar a FIA para que reveja o uso do halo, ou até o substitua por outro dispositivo, que sofra menos rejeição. Resta esperar que a FIA seja razoável.

Ultrapassagens no Albert Park: Circuito costumeiramente complicado de se fazer ultrapassagens, mesmo com a introdução do DRS, a pista montada no Albert Park nos últimos anos não apresentou corridas muito agitadas ou emocionantes, tendo sempre um número bem reduzido de ultrapassagens. A direção da F-1 resolveu, então, introduzir uma terceira zona de uso do DRS na pista australiana, na tentativa de facilitar as trocas de posições, e dar mais emoção à corrida de F-1. O que se viu na pista, contudo, não foi o que se esperava: a corrida que abriu o campeonato 2018 da categoria máxima do automobilismo mostrou as poucas ultrapassagens de costume, com os pilotos tentando ganhar posições mais nos boxes do que na pista. Mesmo estando mais veloz, Daniel Ricciardo não conseguiu ultrapassar Kimi Raikkonen, e Max Verstappen ficou trancado atrás da Hass no início da corrida, e posteriormente atrás de Fernando Alonso. Está mais do que na hora da FIA rever certos aspectos técnicos dos carros da F-1, e torna-los mais estáveis mecanicamente, e não aerodinamicamente, como é a regra atual. Mas é difícil conseguir consenso nesse sentido. Enquanto isso, que ninguém espere shows nas etapas do Grande Prêmio da Austrália de F-1, a menos que chova durante a prova...

Equipe Williams: O time de Frank Williams, que já foi sinônimo de time campeão nos anos 1990, começou 2018 andando lá atrás, pelo menos em Melbourne. Mesmo dispondo do melhor motor da categoria, o novo FW41 não mostrou a que veio, e seus pilotos não conseguiram mostrar quase nada na corrida, com Sergei Sirotkin abandonando cedo, e Lance Stroll só não terminando em último porque teve uma Toro Rosso atrás dele. O time já vinha recebendo críticas pela escolha da dupla de pilotos, que garantiram suas vagas mais pela grana que trouxeram do que pelo talento propriamente dito. Mas o principal problema é que a reformulação da área técnica, que precisava de novas diretrizes para voltar a crescer, até o presente momento, ainda não rendeu resultados, e o problema não é paciência, não. O time foi o 5º colocado no Mundial de Construtores em 2017, e para voltar a crescer, devia pelo menos mostrar potencial para manter este ritmo, mas nem isso foi possível demonstrar na Austrália. Um pouco exagerado? Talvez, mas quando até Lance Stroll começa a criticar que o carro estava uma porcaria, é sinal de que a coisa começou mesmo muito mal. Felipe Massa, que acabou dispensado pela equipe, certamente está muito agradecido pelo favor que lhe fizeram... Ele não mereceria pilotar esse carro...

Force India: O time indiano, uma das sensações da temporada passada, infelizmente não conseguiu ter um bom início de temporada em 2018. Apesar da valentia e talento de sua dupla de pilotos, em nenhum momento eles conseguiram andar na zona de pontuação para conseguir marcar pontos na prova da Austrália. O ponto positivo é que a equipe já conseguiu se recuperar de inícios ruins e fazer um bom desenvolvimento de seu carro durante a competição. O problema é que os rivais estão muito mais bem preparados este ano, e uma possível recuperação será complicada porque a Force India precisará evoluir muito mais do que eles se quiser melhorar sua competitividade. O saldo só não é ainda pior porque Toro Rosso e Williams conseguiram ser ainda piores, o que não é exatamente algo a se vangloriar. Resta esperar que eles deem a volta por cima, ou na pior das hipóteses, não serem superados pela turma de trás...