O campeonato que a maior parte dos fãs
da velocidade esperavam iniciou sua contagem regressiva. A Fórmula 1 inicia sua
temporada de 2018 com a expectativa de muita briga no pelotão intermediário, e
um repeteco da disputa Lewis Hamilton X Sebastian Vettel. Hora de uma boa
matéria apresentando as linhas gerais do campeonato deste ano, com o que
podemos esperar dos times, seus pilotos, e tudo o mais. Uma boa leitura a
todos, e que venha o sinal verde no circuito do Albert Park, para o primeiro GP
do ano...
F-1 2018:
Teremos um novo pentacampeão?
Lewis Hamilton e Sebastian Vettel tem
tudo para repetirem o duelo de 2017 na temporada deste ano, com ambos a lutarem
para conquistar seu 5º título na F-1. Mas a concorrência pode querer jogar
areia nos planoso de ambos, enquanto no pelotão intermediário a luta deverá ser
das mais renhidas.
Adriano de Avance Moreno
A F-1 prepara-se para dar a largada para a temporada 2018. |
O
campeonato mundial de Fórmula 1 dá sua largada neste domingo com a expectativa
de um novo round no duelo entre os maiores campeões em atividade na categoria,
e a chance de coroarmos um novo pentacampeão mundial ao fim do ano. Lewis
Hamilton e Sebastian Vettel, os favoritos na disputa, possuem quatro títulos
cada um, e tem tudo para repetir o duelo visto em 2017 mais uma vez. Mas tem
mais gente querendo entrar na brincadeira, e fica a dúvida se isso ficará
apenas na ameaça, ou se de fato engrossarão a lista de postulantes ao título.
Pela
Mercedes, Valtteri Bottas fez um campeonato bem satisfatório em 2017, quando
acabou recrutado para o lugar do recém-aposentado Nico Rosberg, mas em algumas
corridas ficou bem abaixo do que poderia render. Para este ano, é hora de
mostrar mais performance, e se mostrar um parceiro de time bem mais à altura
para Hamilton, a fim de não apenas ser uma alternativa à Mercedes, mas
principalmente outro piloto a ser batido pela concorrência, que está com as
garras mais afiadas para este ano. Para 2019, o time prateado terá opções no
mercado de pilotos, e vai querer que sua dupla seja “matadora”, e não apenas
“harmoniosa”.
Na Ferrari,
teremos o tradicional esquema “dois carros, um piloto”, tão odiado por muitos
amantes do esporte, na medida em que Sebastian Vettel deve continuar
concentrando todas as atenções do time, e deixando Kimi Raikkonen como
escudeiro. O ideal seria que ambos lutassem efetivamente pelo título, ajudando
a dar mais emoção à competição, mas infelizmente a Ferrari não comunga pelos
ideais de competição, a não ser que lhes sejam convenientes, então, podemos
esquecer das possibilidades de vermos o finlandês duelar pelo título. Todas as
apostas continuarão focadas em Vettel, e mais ninguém, para azar dos torcedores
de Kimi, e da própria F-1.
Em
compensação, a Red Bull promete dar trabalho aos favoritos prateados. Tanto Max
Verstappen quanto Daniel Ricciardo, motivados pela boa pré-temporada, querem
mais do que nunca estragar a festa reservada apenas a dois nos últimos anos.
Ricciardo, se o carro permite, não desperdiça oportunidades na corrida,
enquanto Verstappen simplesmente acelera tudo a que tem direito, e mais um
pouco, e sem se importar com quem irá dividir freadas na luta por posições.
Lewis Hamilton e Sebastian Vettel: sorrisos, sorrisos... Só até entrarem na pista e na primeira dividida de curva... |
Na melhor
das hipóteses, podemos ter 5 pilotos na disputa pelo caneco. Na pior delas,
talvez mais um duelo a dois, resta saber de Hamilton contra quem. A Ferrari vem
forte, mas não tanto quanto em 2017, quando assumiu o favoritismo na primeira
metade do campeonato. Se a Red Bull comprovar que está bem mais forte como se
imagina, pode ser ela a principal desafiante da favorita Mercedes, e não os
italianos. E lembrando que na Red Bull ambos os pilotos irão para cima, e não
apenas um, como na Ferrari. O pior que pode ocorrer nesta situação é Red Bull e
Ferrari ficarem se pegando na pista, enquanto a Mercedes pode acabar correndo
solta na frente, facilitando as coisas para Hamilton, que então teria apenas
Bottas como adversário, precisando este comprovar que pode duelar efetivamente
com o inglês pelas vitórias.
Em
contrapartida, o duelo pelo pelotão do meio promete ser dos mais empolgantes e
aguerridos dos últimos tempos. Renault, McLaren, Toro Rosso, Hass e Force India
tem tudo para baterem rodas nas corridas, batalhando pela posição de melhor do
resto. Ainda que de início a Renault pareça favorita nesta disputa, não se pode
descartar totalmente as demais escuderias, que se solucionarem todos os seus
percalços e/ou desenvolverem adequadamente seus bólidos, prometem um duelo
pouco visto em tempos recentes na categoria. E, mais atrás, Williams e Alfa
Romeo Sauber certamente duelarão para ver quem irá ficar em último nos grids da
temporada. O time do velho Frank parece ter andado para trás, momentaneamente,
enquanto o ganho auferido pela Sauber, que agora tem a Alfa Romeo como
parceira, teria sido completamente anulado pela melhora dos concorrentes, que
estão mais velozes ainda.
A temporada
também marca o início do uso de um novo dispositivo de segurança, o halo,
instalado no cockpit, com o objetivo de proteger a cabeça dos pilotos de alguns
impactos que possam ocorrer e colocar a integridade do piloto em risco. A peça
ficou feia em relação ao design dos carros, mas os pilotos, apesar de algumas
queixas com relação à visibilidade, e às dificuldades adicionais para entrar e
sair do carro, apoiaram o uso do dispositivo justificando a necessidade de mais
segurança. Com relação à eficácia, muitos gostariam que a FIA tivesse feitos
estudos maiores para adoção de um para-brisa ao estilo do windscreen testado
por Scott Dixon na Indycar, como forma de apresentar alternativas de uso, ao
passo que a entidade que comanda o automobilismo mundial quis, mais uma vez,
dar uma resposta apressada às solicitações por mais segurança nos bólidos da
F-1 e outras categorias de monopostos, com a turma da GP2 a também estrear o
dispositivo este ano.
A eficácia
do novo dispositivo ainda está para provar o seu valor, mas obviamente ninguém
quer que isso aconteça, já que em um acidente não dá para prever as
consequências, e todos sabem que o halo não oferecerá proteção total a certos
tipos de objetos. Quanto à influência na pilotagem, os pilotos parecem já estar
totalmente habituados a ele, após os testes da pré-temporada. Resta ao público
torcedor se acostumar com o halo, quer queira, quer não.
Os novos pneus da Pirelli para a temporada 2018. |
O
campeonato será novamente bem longo, com nada menos do que 21 corridas. E o
pico será no mês de julho, com nada menos do que 4 corridas em pleno verão
europeu, e paralelo à disputa da Copa do Mundo da Rússia, que deverá dividir as
atenções dos amantes do esporte. Depois de ficar novamente de fora em 2017, a
Alemanha está de volta ao mundial. A Austrália continua abrindo a competição, e
Abu Dhabi fechando a contenda, em fins de novembro.
Em relação
aos pneus, depois de uma temporada onde a Pirelli optou pelo conservadorismo,
por questões de segurança, já que ninguém conhecia as reações e exigências dos
bólidos com toda a carga a mais de pressão aerodinâmica e potência liberados
para 2017, a fabricante italiana modificou seus compostos para este ano,
visando voltar a oferecer mais opções e surpresas de estratégia para os times,
com cada composto oferecendo uma performance mais diferenciada dos demais.
Agora serão 7 opções de pneus para pista seca, a saber: Hipermacio (novo -
faixa rosa), Ultramacio (faixa roxa), Supermacio (faixa vermelha), Macio (faixa
amarela), Médio (faixa branca), Duro (faixa azul), e o Superduro (novo - faixa
laranja). Por terem concebido pneus mais resistentes em 2017, várias corridas
tiveram muito menos paradas do que o público esperava, o que prejudicou um
pouco a disputa, por tornar as estratégias dos times bem mais previsíveis. Para
este ano, o número de paradas deve aumentar, e com isso, a variedade de
estratégias deve subir, oferecendo maior imprevisibilidade para o torcedor.
Isso também representará maior desafio para as equipes, no que tange a
encontrar a melhor performance a cada tipo de composto, levando em conta sua
resistência e desempenho, equação que pode não ser tão simples de ser
encontrada dependendo da pista.
O circuito de Paul Ricard está de volta à F-1, assim como o Grande Prêmio da França. |
Uma das
grandes atrações do calendário é o retorno do Grande Prêmio da França, ausente
desde 2008 na competição, e o outro motivo de comemoração, além da corrida
voltar ao certame, é o retorno do circuito de Paul Ricard como sede da prova
francesa, que havia sediado pela última vez uma corrida de F-1 em 1990. De 1991
em diante, o circuito sediado em Le Castellet acabou substituído pela pista de
Magny-Cours, que apesar das boas instalações do autódromo, tinha um traçado que
nunca foi muito atrativo para equipes e pilotos, para não mencionar que ficava
em meio ao nada, em uma região rural ou centros urbanos sem grandes atrativos,
inclusive até capacidade hoteleira, gerando transtornos para o pessoal na hora
de achar um hotel para ficar próximo ao circuito. Paul Ricard, próximo à
Riviera francesa, sempre foi a preferida das equipes e pilotos. Na época,
Magny-Cours acabou escolhida como nova sede do GP da França em um jogo de
interesses envolvendo Guy Ligier, proprietário da Ligier, que ergueu uma nova
fábrica nas cercanias da pista. Ligier era muito bem relacionado com o governo
francês, e usou de sua influência para apresentar a pista como ponto de partida
para gerar um pólo ligado ao automobilismo na região, e promover o seu
desenvolvimento. Mas a presença do GP de F-1 nunca promoveu desenvolvimento
algum na área, como o prometido. E a corrida foi ficando, até que após 2008, os
franceses não quiseram mais arcar com as altas taxas de administração da FOM,
sendo então excluídos do calendário, para retornarem somente agora.
Com relação
ao número de corridas, este será o maior campeonato da história da F-1, ao lado
da temporada de 2016, quando tivemos 21 corridas. As equipes não querem passar
disso, mas o Liberty Media quer ainda mais GPs. Com os custos de competição altos,
e a estrutura necessária para disputar as corridas, é complicado aumentar o
número de corridas, fora o risco de banalizar os Grandes Prêmios. Isso ainda
dará muito o que falar.
RESISTÊNCIA DOS
MOTORES
Uma das
situações mais ridículas da temporada deste ano, na opinião das equipes,
pilotos, imprensa especializada e torcedores, é a limitação de apenas 3
unidades motrizes e seus componentes para cada piloto nas 21 corridas da
competição. Em nome de uma duvidosa contenção de custos, os fabricantes de
motores até tentaram entrar em um acordo para rever o limite, e pelo menos
voltar a disponibilizar 4 unidades, como no ano passado, mas não houve
unanimidade entre as equipes, o que gorou a tentativa de mudança da regra.
Em tese, a
Mercedes é a grande beneficiada pela limitação mais restrita de unidades disponíveis.
Possui o propulsor mais potente, e com alguns ajustes, pode limitar parte da
performance para garantir maior durabilidade, sem comprometer o desempenho de
seus competidores. E, pelo que se viu na pré-temporada, onde o seu time de
fábrica rodou mais de mil voltas em Barcelona, ou o equivalente a quase 16 GPs
da Espanha, sem sofrer nenhum problema, seus adversários devem começar a se
preocupar. A esperança é que as corridas, a serem disputadas em um ambiente de
muito mais calor do que os da pré-temporada, possam complicar a situação dos
alemães, mas é bom não ficarem muito entusiasmados com isso. Para a
concorrência, o time oficial da Mercedes é a única preocupação: Force India e
Williams, que usam as unidades motrizes alemãs, não empolgaram nos testes de
Barcelona, com tempos acima dos esperados, e terão de trabalhar duro para
melhorarem sua performance.
A Ferrari,
única unidade motriz a aproximar-se da força da Mercedes, também rodou muito
bem em Barcelona, com uma confiabilidade expressiva, talvez tão boa quanto a da
unidade de potência alemã, o que em tese é muito bom não apenas para a
escuderia de Maranello quanto para seus times clientes, como a Hass, que poderá
fazer bonito neste ano, enquanto a Alfa Romeu Sauber precisará mostrar a que
veio para colher os frutos da unidade motriz italiana. Fica a dúvida, contudo,
a respeito da potência do novo propulsor 063, em comparação direta com o modelo
M09 dos alemães, que no ano passado já teriam ultrapassado a marca dos mil HPs
brutos. Objetivando aumentar a resistência, os italianos certamente devem ter
moderado o incremento de potência para este ano, a fim de não sacrificar a
confiabilidade. Mas quem teria sacrificado mais neste quesito? A teoria aponta
para a Mercedes, cuja unidade motriz, mais potente que as rivais, poderia ter
sua força mais reduzida sem afetar tanto o desempenho. A Ferrari, um pouco
menos potente, poderia reduzir talvez um pouco menos, até garantir a
resistência ideal, mas tudo fica no campo da teoria. Na prática, poderemos ver
um belo duelo entre os dois propulsores.
Quem vem
surpreendendo no quesito confiabilidade é a Honda, que permitiu à Toro Rosso
rodar mais de 800 voltas em Barcelona, sem apresentar um único problema, e até
permitindo ao time de Faenza alcançar boas marcas em termos de performance. Um
panorama extremamente diferente do visto no ano passado, quando os propulsores
nipônicos quebravam a torto e a direito e seus técnicos batiam cabeça sem
conseguirem dar um rumo no desenvolvimento das unidades tanto em performance
quanto em confiabilidade. Se a Honda finalmente alcançou confiabilidade, resta
conferir sua performance, e ver se a Toro Rosso poderá fazer bom uso das
unidades motrizes nipônicas, que estarão na mira da Red Bull para serem
eventualmente utilizadas em 2019, permitindo aos austríacos se livrarem da
Renault, marca a que dirigem críticas nos últimos anos, cobrando mais
confiabilidade e performance.
A Renault,
aliás, é a marca que mais se reforçou para este ano. Agregou outro time de alta
capacidade técnica a seu leque de usuários – a McLaren, conta com a poderosa
Red Bull, e vê seu time oficial de fábrica ganhar bastante performance neste
ano. Boa parte vem do novo modelo RS18, unidade de potência desenvolvida a
partir dos experimentos feitos no ano passado, quando conseguiram um enorme
incremento de potência, mas à custa da confiabilidade, sofrendo muitas quebras.
Com a resistência como foco principal para esta temporada, procurando manter a
nova potência alcançada, a meta da Renault é ter conseguido eliminar a maior
parte do déficit de performance para as rivais Mercedes e Ferrari, de modo a
permitir aos usuários de suas unidades motrizes enfrentarem-nos em melhores
condições. Um objetivo que parece ter sido alcançado, se não em sua totalidade,
em muito boa parte dele. Mesmo assim, a Renault é quem suscita as maiores
expectativas a respeito da durabilidade de seus propulsores. Em algum momento,
alguém irá extrapolar o limite de 3 unidades, e na bolsa de apostas, a Renault,
pelo que se viu ano passado, corre sério risco de ser a marca com potenciais
mais quebras ao longo do ano, ainda mais pelo surpreendente resultado de confiabilidade
demonstrada pela Honda na pré-temporada, que surpreendeu mais do que se
esperava. Será que os franceses pagarão o pato no novo limite de motores?
Impossível saber de fato até os carros largarem para as primeiras corridas.
Mas, mesmo confiáveis, Ferrari e Honda não estão a salvo de imprevistos em caso
de quebra, assim como a Mercedes. Vai ser difícil, mas não impossível eles
terem algum percalço nesta área.
Mas será um
campeonato bem longo, com 21 corridas, e quebras fatalmente ocorrerão em algum
momento. Pelo menos a FIA simplificou a regra de punições, e quem for
penalizado com a perda de 15 posições ou mais largará diretamente do fim do
grid, de modo a não confundir tanto o público com “X” punições de posições,
quando há apenas 20 carros no grid. Vejamos quanto essa limitação espartana de
unidades disponíveis para os pilotos irá prejudicar a competição de fato, e se
o pessoal da F-1 conseguirá se unir o suficiente para acabar com essa palhaçada
que em nada está servindo para conter os custos de competição da categoria.
AS ESCUDERIAS NA COMPETIÇÃO
MERCEDES – Objetivo é manter o domínio da competição
O novo modelo W09 rodou o equivalente a quase 16 GPs em Barcelona sem apresentar problemas. E não mostraram tudo o que o carro pode render, o que preocupa os concorrentes. |
O time
campeão mundial nas últimas temporadas pode não ter feito os tempos mais
rápidos na pré-temporada, mas deu um recado contundente aos rivais: eles
continuam a ser os favoritos na disputa, e não vão dar mole à concorrência este
ano. O time alemão foi o que mais rodou na pré-temporada, com mais de mil
voltas no circuito de Barcelona, sem enfrentarem nenhum problema, revelando que
o novo modelo W09 é mais do que confiável. E, ao contrário do ano passado, a
calmaria vista nos boxes da escuderia no circuito da Catalunha, e especialmente
o bom humor de Lewis Hamilton durante toda a pré-temporada evidenciam que o
time não mostrou toda a sua força nos dias de testes, não andando a maior parte
do tempo com os compostos mais rápidos, mas mostrando grande constância nos
long runs realizados.
O que deixa
uma ponta de esperança é que a vantagem da Mercedes não seja tão grande quanto
eles imaginam, mas só saberemos a dimensão dessa vantagem nos treinos da
Austrália. Mas o projetista James Allison aproveitou para deixar o carro bem
mais neutro com o trato com os pneus, um dos pontos fracos do carro no ano
passado, e que permitiu à Ferrari, cujo modelo SF70-H tratava muito bem os
compostos da Pirelli, dar um tremendo susto nos alemães e liderarem o
campeonato durante a maior parte do ano. Por isso mesmo, o humor nos boxes do time,
em especial com Hamilton, é significativo de problemas para os concorrentes: no
ano passado, o inglês já avisava que o carro prateado era meio indócil com os
pneus, o que muitos acharam que era jogar pressão de favoritismo na Ferrari,
que havia mostrado muita força nos testes. Só que não era, e a Mercedes só
começou a recuperar seu terreno após a corrida da Espanha, quando Allison
efetuou uma revisão no modelo W08, e ele passou a não ter tantas dores de
cabeça com o comportamento dos pneus. Desta vez, a Mercedes não tocou no
assunto além dos tradicionais comunicados de praxe. É verdade que com alguns
compostos, o carro parece ter consumido mais pneu do que o esperado, mas fica a
dúvida se esse consumo a mais dos pneus fará diferença substancial em relação
aos concorrentes.
Com relação
à dupla de pilotos, Hamilton está pronto para lutar pelo pentacampeonato. E
Valtteri Bottas, que tem contrato com o time só até o fim deste ano, precisará
mostrar que pode andar tão forte quanto Lewis, e entrar firme na luta pelo
título. Bottas até que fez um campeonato bem satisfatório no ano passado, mas
em muitas corridas acabou ficando muito atrás de Hamilton, permitindo que os
rivais passassem à sua frente. Valtteri foi 3º no campeonato, mas o time
certamente irá querer ver performances mais sólidas do finlandês, até porque
nomes de peso estarão disponíveis no mercado para 2019, como Daniel Ricciardo e
Fernando Alonso. Mas o fato de Bottas não ter tido atritos com Hamilton torna o
inglês um grande defensor de sua permanência na escuderia de Brackley.
Logicamente, os rivais torcem para esta relação azedar, de modo que enquanto
ambos duelam, eles podem se aproveitar da situação para andar à frente. O que
irá acontecer de fato? Lewis vai deitar e rolar em cima de Bottas, ou o
finlandês vai mostrar realmente a que veio? A conferir durante a competição.
FERRARI – A principal desafiante?
A Ferrari quer manter a alta performance exibida em 2017 e desafiar abertamente a Mercedes novamente este ano, mas os alemães parecem ter evoluído mais do que os italianos. |
A Ferrari
surgiu como grande força no início do campeonato de 2017, ao superar a Mercedes
na pista sem que os alemães tivessem algum fato inusitado para justificar tal
derrota. O projeto concebido inicialmente por James Allison antes de ser
dispensado pelo time de Maranello havia sido majestosamente finalizado pelo
novo corpo técnico da escuderia, apesar de sua pouca experiência no time de F-1.
E a Ferrari continuou forte durante quase todo o ano, perdendo os títulos de
pilotos e construtores por alguns incidentes e problemas de confiabilidade na
fase final do campeonato.
Para este
ano, a dúvida seria se o corpo técnico conseguiria promover o desenvolvimento
da excelente base do ano passado, e conceber um novo monoposto tão bom quanto o
de 2017. Pelo que se viu em Barcelona, eles conseguiram cumprir sua missão com
louvor: Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen rodaram nada menos do que 929 voltas,
terminando com os tempos mais rápidos da pré-temporada. Mesmo relativizando as
condições em que os tempos foram obtidos, é inegável que o novo modelo SF71-H é
bem forte, mas talvez não tanto quanto o do ano passado. O carro evoluiu bem,
mas o problema é que Mercedes, e principalmente a Red Bull, podem ter evoluído
ainda mais, e sair na frente do time italiano na disputa.
Um ponto
positivo é que o novo carro também mostrou confiabilidade, e isso sempre é um
bom indicativo da qualidade do projeto, mas sem se mostrar lento, muito pelo
contrário. Mas os italianos assumiram que, nos long runs, o ritmo de seus
pilotos ficou um pouco atrás das marcas exibidas pela Mercedes, e indicando que
a Red Bull também poderá ser uma dor de cabeça adicional na disputa. Resta saber
o quanto.
Em relação
aos pilotos, a Ferrari sabe que Vettel irá lutar como nunca pelo título, a fim
de ser o mais novo pentacampeão da história daF-1, e não se deixar ser superado
novamente por Lewis Hamilton. Se o desempenho do carro corresponder, e não
deixar a Mercedes escapar na frente, o alemão irá fazer pressão sobre os
concorrentes. Já Kimi é uma incógnita: com o contrato renovado por mais um ano,
o finlandês permanece em Maranello mais por não arrumar intrigas com Sebastian
do que pelo desempenho, que nos últimos tempos anda oscilando. O problema é que
piloto a Ferrari vai arrumar que se submeta à política do time, que vai
privilegiar Vettel, em detrimento do outro piloto do time? Mas seria bom que o
Kimi dos bons tempos se mostrasse mais frequente, a fim de oferecer mais luta
aos concorrentes, e não deixar que os rivais alcancem resultados que o segundo
piloto da esquadra rossa tem por obrigação conseguir. Último piloto campeão
pela Ferrari, Raikkonen, apesar de aceitar sua atual posição “secundária” como
piloto, poderia mostrar um pouco mais de gana e lembrar porque foi campeão, e
pelo menos ter um final de carreira mais digno...
RED BULL – Será que agora vai?
O novo modelo RB14 andou bem e não teve problemas mecânicos graves, permitindo à Red Bull ter uma pré-temporada decente e promissora. |
Pela
primeira vez em várias temporadas, a Red Bull fez uma pré-temporada com otimismo
e sem enfrentar problemas significativos. Adrian Newey assumiu o projeto do
novo RB14, e com 781 voltas, o que se pode deduzir é que o conjunto à
disposição de Daniel Ricciardo e Max Verstappen pode conseguir entrar na luta
pelas primeiras posições e até vitórias com uma frequência muito maior do que a
dos últimos anos. Além da qualidade do projeto comandado pessoalmente por
Newey, a evolução da unidade motriz da Renault, que parece ter conseguido
diminuir significativamente sua desvantagem para as rivais Mercedes e Ferrari
contribuiu para o incremento de performance do novo carro.
E, no que
tange a pilotos, a Red Bull tem a dupla mais equilibrada do grid: Verstappen é
arrojado e atrevido como poucos, não se intimidando na hora de partir para o
ataque na pista, enquanto Ricciardo consegue ter performances notáveis e uma
excelente visão de corrida. E ambos querem vencer com vontade. O maior motivo
de preocupação para os adversários é a capacidade de evolução que o time dos
energéticos tem durante a temporada: nos últimos anos, por pior performance que
mostrassem no início do campeonato, eles conseguiam evoluir seu carro de forma
impressionante, mas sempre tendo de correr atrás do prejuízo em relação aos
rivais mais preparados. Se agora eles começaram a disputa colados logo atrás de
Mercedes e Ferrari, ou até parelhos a eles, poderão dar muito trabalho assim
que conseguirem melhorar o carro, podendo até superar os rivais, na melhor das
hipóteses.
Por isso
mesmo, Lewis Hamilton chegou a afirmar que a Red Bull pode ser a maior
adversária da Mercedes, meio que desdenhando da Ferrari, como que provocando os
italianos com tal declaração. Certo mesmo é que podemos esperar ambos os
pilotos do time dos energéticos partindo para a disputa, sem floreios, enquanto
na Ferrari a preferência é para Vettel. Mas a Red Bull terá que tomar uma
decisão importante durante o campeonato visando 2019: manterá as unidades
motrizes da Renault, ou mudará para a Honda? O time austríaco vem criticando o
desempenho dos propulsores franceses desde o início da era turbo híbrida, em
2014, muito mais contundentes em certos momentos, sendo que até tiveram de
voltar atrás nas críticas pelo receio de ficarem se motor para competirem. Se a
Honda mostrar evolução, como a pré-temporada deu bons indícios, é bem capaz que
a Red Bull se torne o novo time de fábrica dos japoneses, e em tese, poderia
vir ainda mais forte no próximo ano. Mas, e o que acontece se as unidades da
Renault se mostrarem muito eficientes? Trocariam assim mesmo, ou permaneceriam
com os franceses? A Renault, que agora tem a McLaren usando seus propulsores,
já não tem mais a mesma paciência com as críticas dos austríacos, e já impôs
data para eles decidirem se ficam com eles ou dizem adeus. Se o RB14 mostrar
tudo o que se espera dele, em caso de não avançarem mais, obviamente deixarão a
conta das suas limitações para a Renault. E quanto à Honda, eles já conseguiram
se mostrar confiáveis, e agora lutarão pela melhoria de sua performance, e
adorariam ter outro time de ponta para trabalhar novamente em 2019...
FORCE INDIA – Desafio difícil de manter a posição
conquistada em 2017
Os recursos financeiros continuam curtos na Force India, apesar da boa temporada de 2017. A situação está rosa somente no visual da escuderia. |
A temporada
de 2017 foi a melhor do time de Vijay Mallya até hoje na F-1. Com a 4ª
colocação final na competição, além de ter bons patrocínios, a escuderia só não
marcou mais pontos porque sua talentosa dupla, o mexicano Sérgio Perez, e o
francês Esteban Ocon, andaram se estranhando em algumas corridas, tocando
rodas, e desperdiçando a chance de obterem melhores resultados, a ponto de a
direção do time ter de chamar ambos para uma “conversinha”, e acalmar os ânimos
que prometiam ficar bem acirrados entre os dois.
Mesmo com a
boa apresentação feita no ano passado, o orçamento sempre continuou curto no
time, e a introdução do halo como nova peça de segurança dos bólidos consumiu
recursos no projeto do novo VJM11 que o time não dispunha totalmente, o que
atrasou a finalização do novo carro, que pelo menos esteve pronto para entrar
na pista já no primeiro dia da pré-temporada. Com 711 voltas acumuladas, o novo
bólido também mostra boa resistência, mas ficou faltando um pouco mais de
velocidade para mostrar a que veio, já que sua dupla de pilotos em nenhum
momento marcou um tempo deveras significativo na Catalunha. Ciente de suas
limitações, o máximo que a Force India poderia almejar seria repetir novamente
a 4ª colocação no campeonato obtida em 2017, mas todos já viram que o desafio
será bem complicado este ano. Se no ano passado a Williams era a única
adversária, para 2018 o leque de concorrentes que estarão mais do que à altura
e provavelmente na frente, com melhor desempenho, aumentou significativamente.
A esperança é que o time, pródigo de aproveitar ao máximo os parcos recursos
que possui, consiga novamente fazer um desenvolvimento dos mais capazes do seu
novo carro para não apenas igualar como superar os concorrentes, e dar tudo de
si para fazer outra temporada de alto nível.
Ao menos a
nível de pilotos, Perez e Ocon são uma dupla forte e equilibrada, que saberá
tirar do carro tudo o que ele puder oferecer e mais um pouco, se possível.
Senão voltarem a se estranhar na pista, o que garantem ser um problema
superado, podem ir muito longe. Mas obviamente os concorrentes terão outras
idéias. Mais do que nunca, está na hora da Force India mostrar realmente do que
é capaz.
WILLIAMS – Perigo de cair para trás
A Williams vai ter de dar duro para não ficar no fim do grid. E os rivais parecem muito mais preparados do que o time de Grove. |
Em 2016, o
desempenho da Williams, que nos dois anos anteriores voltara a andar nas
primeiras colocações, voltando a frequentar o pódio com alguma regularidade,
havia decaído perigosamente, com o time a mostrar que o projeto de seu carro já
havia atingido o limite, e que era preciso buscar novas soluções. Pois, aviso
dado, e na pré-temporada de 2017, o carro parecia ao menos ter recuperado
parcialmente a competitividade perdida, de modo que era lógico sonhar com alguns
resultados melhores, em que pesasse o piloto novato Lance Stroll, cujo pai
pagou uma fortuna para garantir sua vaga no time de Grove.
Mas, não
foi preciso nem meia temporada para o FW40 decair de performance ainda mais
rápido do que nos anos anteriores, mostrando que a equipe não tinha aprendido
com a lição do ano anterior. Para piorar, Stroll se envolvia mais em confusões
(algumas sem culpa dele, é verdade) do que em terminar as corridas, situação
que não mudou tanto com o pódio inesperado do canadense em Baku. Com as
possibilidades de desenvolvimento do carro limitadas, e com a chegada de Paddy
Lowe, oriundo da Mercedes, o departamento técnico da Williams foi reformulado,
com vistas a produzir um carro completamente novo para este ano, visando fazer
o time retornar o crescimento na pista.
A escuderia
resolveu dispensar Felipe Massa pela segunda vez, e resolveu alinhar outro
piloto pagante, Sergey Sirotkin, ao lado do já contestado Lance Stroll, e
deixando Robert Kubica como piloto de testes e do simulador, para tentar achar
as melhores soluções de desenvolvimento do novo FW41, já que a dupla titular
ainda é muito inexperiente para isso. O resultado foi que o novo carro, embora
confiável, não demonstrou grande velocidade, com o melhor tempo alcançado ficando
a 2s de distância das melhores marcas obtidas na pista. Lowe afirma que ainda
não é o momento do novo carro mostrar sua força, mas afirma que agora há um
grande potencial de desenvolvimento, que deverá ser melhor observado no médio
prazo.
Pode até ser
verdade, mas com os rivais largando bem à frente, e trabalhando firme no
desenvolvimento de seus carros, a Williams terá de trabalhar muito mais para
reverter a desvantagem inicial, e recuperar o terreno perdido, e em um ano onde
muitos times podem embolar o meio de campo, o risco maior é da Williams passar
a disputar o fim do grid, ao invés de avançar para a frente. Se conseguir se
manter como 5ª força, já será um lucro imenso, pelo que demonstrou em
Barcelona, mas até isso já está sendo considerado pensar alto demais para a
atual forma da Williams, que há anos parece não ter mais aquela gana de time
vencedor, ainda mais quando faz uma defesa veemente de sua dupla de pilotos
justamente por serem “pagantes”, o que lembra que a escuderia já terá um revés
para 2019, com o comunicado de que não terá mais o polpudo patrocínio da
Martini no carro, o que obrigará a equipe a correr atrás de um substituto o
quanto antes, para garantir que seu fluxo de caixa não seja prejudicado.
Ganha força
a opinião de que Massa, ao ser dispensado pelo time, se livrou de um enorme
mico para este ano. Exagero ou realidade? Talvez um pouco de ambos. Caberá à
Williams provar o contrário...
RENAULT – A melhor do resto?
A Renault andou mais forte do que muitos esperavam na pré-temporada. Pode ser uma das surpresas do ano. |
Quando
recomprou seu time de volta, a Renault fez sua aposta em voltar a ser
protagonista na F-1, crescendo de forma sustentada e sem sobressaltos. No ano
passado, o time foi o 6º colocado, e teve como objetivo recompor seu staff na
fábrica em Enstone, que precisava ser reforçado para encarar o desafio de
voltar a ser um time de ponta. Ao mesmo tempo, o projeto das unidades motrizes,
após o período que tiveram de consultoria da Ilmor no ano anterior, motivou
novos investimentos para melhorar significativamente a performance, e eliminar
ou pelo menos diminuir sensivelmente seu déficit de potência para as rivais
Mercedes e Ferrari.
Pelo que o
time de fábrica demonstrou na pré-temporada, os objetivos de ganhos de
performance foram bem cumpridos. O ponto exato ainda precisa ser melhor
avaliado, mas a unidade motriz francesa parece bem mais possante do que até o
ano passado, e com boa confiabilidade, objetivo principal do desenvolvimento do
novo propulsor. Mas, melhor de tudo, é que o projeto do novo chassi RS18 parece
ter suplantado as expectativas mais otimistas, a ponto de o time de fábrica da
marca francesa se credenciar a ser o melhor do resto do grid, perdendo
logicamente apenas para a campeoníssima Mercedes, e as desafiantes Ferrari e
Red Bull. O carro conseguiu rodar 793 voltas, e seus pilotos conseguiram
alcançar marcas significativas na pré-temporada com tempos aparentemente bem
competitivos, sem apresentar problemas que preocupassem, mostrando muita
confiabilidade.
Um dos
pontos fracos do time em 2017, Jolyon Palmer, foi substituído pelo talentoso e
promissor Carlos Sainz Jr., que ao lado do também talentoso Nico Hulkenberg,
tem tudo para levar o time da marca francesa a vôos bem mais altos já nesta
temporada, antes do que todos esperavam. A certeza só não é maior porque a
Renault deve ter marcação cerrada de outros times, como a McLaren, que apesar
de alguns problemas de confiabilidade, tem potencial para desafiar o time de
fábrica de sua própria unidade motriz.
HASS – Marcar presença no pelotão intermediário de vez
A Hass quer continuar crescendo na F-1, mas a temporada 2018 vai ser de muita luta no meio do grid entre vários times. |
O time de
Gene Hass vai para sua terceira temporada completa na F-1 determinado a marcar
de vez sua posição no bloco intermediário. Nos dois primeiros anos, o time se
manteve firme com o objetivo de aprender os segredos de competição da categoria
máxima do automobilismo, e ir crescendo paulatinamente. Agora, é hora de
continuar avançando mais para a frente, e conseguir resultados melhores do que
os dos primeiros anos. Para isso, sua dupla de pilotos acumulou 695 voltas na
pré-temporada, e depois de alguns percalços, o modeloVF-18 até mostrou velocidade
nos últimos dias, dando amostras encorajadoras de que a performance evoluiu.
Parte dessa
boa performance deve-se à Ferrari, de onde o time norte-americano compra parte
dos sistemas de seu modelo, dentro dos limites permitidos pelo regulamento
técnico da F-1. E como o modelo SF70-H do ano passado foi muito eficiente, é
natural que as partes adquiridas pela Hass estejam demonstrando isso em seu
novo projeto, bem como a eficiência da unidade motriz de Maranello. E, ao
manter a mesma dupla de pilotos, a escuderia também tem um parâmetro confiável
para comparar o comportamento do bólido com o modelo de 2017. Romain Grosjean e
Kevin Magnussem já mostraram que podem dar resultados desde que o carro possa
render bem, ainda que ambos cometam algumas estripulias na pista em algumas
corridas. Um ponto importante é que o novo modelo também mostrou
confiabilidade, e isso é sempre bom.
O único
porém é que fica difícil saber se a Hass conseguirá ter um ano bem mais
positivo em termos de resultados. Os demais times também melhoraram seus
equipamentos, e tudo indica que a Hass vai se ver numa briga de foice entre os
times do meio do pelotão na temporada deste ano, de modo que mesmo estando bem
mais preparada e capaz de avançar à frente no grid, pode acabar até na mesma
posição de antes. E, outro dado complicador, é que todos os principais
concorrentes com que eles medirão forças também possuem carros potencialmente
rápidos, e comprovadamente confiáveis, assim como a Hass. Se isso se comprovar,
Grosjean e Magnussem terão de mostrar realmente o que valem para que possam
fazer a diferença neste momento.
MCLAREN – Ânimos renovados para tentar voltar a brilhar
A McLaren resgatou sua cor original para uma temporada em que visa renascer naF-1, depois de três anos fracos com a Honda. |
No ano
passado, quando entrava em sua terceira temporada de associação com a Honda, a
esperança do time de Woking era que os japoneses continuassem evoluindo e enfim
apresentassem uma unidade motriz mais competitiva, depois de dois anos marcando
passo. O que se viu foi o contrário, com o novo projeto dos japoneses
regredindo a ponto de a McLaren mal conseguir andar. A situação ficou tão
crítica que o time inglês preferiu romper a parceria, em um grande acordo
costurado com Toro Rosso, Honda, e Renault, de modo que o time inglês repassou
a unidade nipônica para o time de Faenza, e em troca, passaria a usar as
unidades motrizes francesas a partir deste ano. Considerando o bom projeto do
chassi MCL-32 do ano passado, as perspectivas eram de uma grande evolução por
parte da McLaren para 2018. Mas, como que ainda a lembrar as agruras do ano
passado, novamente a McLaren foi o time que menos andou na pré-temporada.
Foram 588
voltas, número bem superior ao realizado no ano passado, ao menos. Mas serviu
para mostrar que os problemas do time não se deviam apenas ao propulsor
japonês. O projeto do chassi também tinha lá sua parcela de culpa, e mais uma
vez a McLaren mostra que seu novo carro, o MCL-33, precisará de mudanças para
poder enfim levar o time a batalhar novamente na metade da frente do grid.
Ainda que tenha sofrido alguns problemas naturais de seu próprio projeto, a
unidade motriz da Renault também padeceu da falta de refrigeração adequada do
chassi McLaren, o que fezo time perder muitas horas preciosas durante os poucos
dias de testes. Reprojetar estes setores, e adequá-los às necessidades da nova
unidade de potência consumirá um tempo valioso que poderia estar sendo melhor
usado na evolução do carro. Mas há uma luz no fim do túnel: o carro mostra ter
potencial, algo que no ano passado não era possível mensurar, dada a falta de
confiabilidade do equipamento da Honda. E os problemas enfrentados pela
escuderia, apesar de darem trabalho para serem corrigidos, é algo que pode ser
feito sem maiores problemas. Todos no time ainda demonstram grande confiança no
projeto de 2018, mesmo com os problemas verificados, que segundo eles, testes
servem para isso mesmo: detectar eventuais percalços, e corrigi-los.
Mesmo
assim, as dificuldades levam certa incerteza com relação até onde a McLaren
evoluiu de fato, para poder realmente sonhar com os resultados que aspira e são
condizentes com sua história. Obviamente, todos no time estão empenhados e
esperançosos de dias muito melhores do que os vistos nos últimos três anos. A
escuderia possui uma dupla de pilotos talentosa, e Fernando Alonso está muito
mais animado do que nos últimos anos. Se o carro corresponder, o espanhol
certamente irá brigar na frente pelas primeiras colocações. Pontuar
regularmente deverá ser bem realista. Brigar por pódios talvez demande mais
tempo. Voltar a vencer pode ser pedir demais ainda. Um ponto positivo é que a
nova unidade motriz da Renault promete reduzir significativamente sua diferença
de performance para as unidades de Mercedes e Ferrari. Portanto, caberá agora
unicamente à McLaren provar que está de volta com tudo, já que a nível de motor
eles não terão mais desculpas...
TORO ROSSO – Surpresa com a Honda?
O novo STR13 impressionou pela confiabilidade dos propulsores da Honda. |
No ano
passado, ao sacramentarem, meio que à força, o uso das unidades motrizes da
Honda para esta temporada, falava-se abertamente que o time B dos energéticos
seria usado como “bucha de canhão” pela Red Bull para verificar se os japoneses
enfim acertariam a mão ou não no projeto de seus propulsores para a F-1. O time
principal analisaria o desempenho e, se os resultados fossem positivos, pegaria
para si as unidades, e encerraria seu contrato com a Renault, passando a usar
os novos propulsores na temporada de 2019. Caso contrário, a Toro Rosso poderia
amargar uma temporada pra lá de ruim, se a Honda continuasse mostrando os
mesmos problemas exibidos nos três anos que equiparam a McLaren desde 2015.
Pois eis que
a Toro Rosso e a Honda se mostraram as melhores surpresas da pré-temporada. A
unidade motriz nipônica não apresentou nenhum problema, e os carros de Faenza
rodaram impressionantes 820 voltas, sem maiores problemas. Não apenas isso: o
novo modelo STR13 mostrou-se também veloz, e sua dupla de pilotos completou boa
quilometragem tanto com Brendon Hartley quanto com Pierre Gasly, que deverão
ter motivos para sorrirem neste ano.
Entre os
motivos para o bom desempenho da Honda está o fato dos italianos não terem sido
radicais no projeto de seu carro como a McLaren, evitando causar problemas ao
funcionamento ideal da unidade motriz. Mas, outro motivo relevante é que a nova
unidade de potência teve colaboração da Ilmor no seu projeto e desenvolvimento,
algo que só começou a ser feito no ano passado, e após muita insistência por
parte da McLaren, uma vez que os japoneses não conseguiam resolver todos os
problemas sozinhos. Depois de vários fiascos, a Honda precisou engolir o seu
orgulho, e aceitar o auxílio da Ilmor no seu projeto, que agora está mostrando
seus frutos. Muitos até falam que a Toro Rosso colherá os frutos que a McLaren
não teve paciência para aguardar, dando até a entender que o time B dos
energéticos fará uma temporada melhor do que a escuderia de Woking, mas é bom
não exagerar: time por time, a McLaren ainda tem tudo para se sair melhor, mas
para alegria da F-1, ver a Honda encontrando seu caminho, e proporcionando à
Toro Rosso efetuar uma temporada mais do que decente, é algo extremamente
positivo, pois quanto mais times competitivos tivermos, melhores as corridas
deverão ser.
Ainda é
cedo para estimar a força da Toro Rosso para esta temporada, haja visto que o
pelotão intermediário da F-1 este ano parece muito equilibrado entre vários
times com potencial para fazer bonito, entre eles a escuderia de Faenza. Mas, o
melhor de tudo é que o receio de que a equipe ficaria na lanterna do grid não
parece mais que vai se concretizar. Se a Toro Rosso conseguir manter o
desenvolvimento de seu carro durante todo o ano, eles podem vir a ter sua
melhor temporada na categoria até hoje. Mas o duelo promete ser duro com os
outros times em busca destes bons resultados.
ALFA ROMEO SAUBER – O retorno de um nome icônico da história
da F-1
O novo Sauber com as cores da Alfa Romeo, que foi a primeira campeã da história da F-1. |
A Sauber
foi o primeiro time escolhido pela Honda no ano passado para receber suas
unidades de potência em caso de rompimento com a McLaren, na pior das
hipóteses. Mas o acordo foi rompido, e o time suíço buscou refúgio em paragens
mais “confiáveis”. Com a decisão da Ferrari de trazer o nome Alfa Romeo de
volta à F-1, após mais de 30 anos, a Sauber acabou agraciada com isso, e o time
ganhou novos recursos financeiros, e auxílio técnico para tentar dar a volta
por cima com um nome icônico da história da categoria máxima do automobilismo:
a Alfa Romeo foi a primeira campeã da história do mundial, em 1950, com o
italiano Giuseppe Farina.
Os novos
recursos técnicos e financeiros permitiram um investimento muito maior no
projeto do novo chassi C37, além do uso da atual unidade motriz da Ferrari, a
série 063, rebatizada com o logo Alfa Romeo. O time também ganhou um piloto em
que a Ferrari aposta ter bom potencial, Charles LeClerc. O carro ao menos
mostrou confiabilidade, com a escuderia rodando boas 785 voltas, sem enfrentar
problemas aparentes, mas também sem empolgar exatamente.
Apesar de
algumas boas marcas, o carro não se mostrou tão veloz como os principais
rivais, acendendo o aviso de que o time suíço poderá continuar na lanterna do
grid ainda nesta temporada. A longo prazo, com o desenvolvimento maior da
parceria, a performance pode melhorar, mas ao menos neste momento, todos os
demais times parecem ter conseguido avançar muito mais. Até mesmo a Williams,
que foi um time que não mostrou a que veio nos testes, ainda parece ter mais potencial
para este ano do que a Sauber. No que tange aos pilotos, Marcus Ericsson segue
no time, mas não é esperança de bons resultados, como ficou comprovado no
confronto do sueco com o brasileiro Felipe Nasr e o alemão Pascal Wherlein,
tendo ficado mais por conta de seus patrocinadores do que por qualquer outro
motivo. LeClerc pode ser um grande talento, mas é novato na categoria, e poderá
se ressentir disso nos primeiros GPs. Para um time, entretanto, que parecia o
mais próximo a engrossar a lista de escuderias falidas daF-1, ou na melhor das
hipóteses, apenas sobreviver no fundo do grid, a salvadora parceria com a Alfa
Romeo é mais do que festejada, mesmo que eles possam estar sentindo certo
arrependimento por ver a posição e força demonstrada pela Toro Rosso com a
Honda nos testes.
Não que a
associação com a Alfa Romeo seja ruim, mas se tivessem aceitado os propulsores
japoneses, o time teria muito mais liberdade e independência do que tem
atualmente, já que o acordo com a marca italiana na prática torna a Sauber um
time “B” da Ferrari, e portanto, tendo de se submeter a certas preferências e
decisões de Maranello, o que mina sua total independência, já que os italianos
terão suas prerrogativas, enquanto a Honda interferiria muito menos nos rumos
da escuderia suíça. Em todo caso, melhor não esperar muito deste primeiro ano
da “volta” da Alfa Romeo à F-1, preferindo concentrar suas expectativas para a
temporada de 2019...
EQUIPES E PILOTOS DA TEMPORADA 2018
EQUIPE
|
MODELO
|
MOTOR
|
PILOTOS
|
Mercedes
|
W09
|
Mercedes-Benz V-6 Turbo M09 EQ Power+
|
Lewis Hamilton (44)
Valtteri Bottas (77)
|
Ferrari
|
SF-71H
|
Ferrari V-6 063 Turbo Hybrid
|
Sebastian Vettel (5)
Kimi Raikkonen (7)
|
Red Bull
|
RB14
|
Renault Energy R18 V-6 Turbo (TAG HEUER)
|
Daniel Ricciardo (3)
Max Verstappen (33)
|
Force India
|
VJM11
|
Mercedes-Benz V-6 Turbo M09 EQ Power+
|
Sérgio Perez (11)
Esteban Ocon (31)
|
Williams
|
FW41
|
Mercedes-Benz V-6 Turbo M09 EQ Power+
|
Lance Stroll (18)
Sergey Sirotkin (35)
|
Renault
|
RS18
|
Renault Energy R18 V-6 Turbo
|
Nico Hulkenberg (27)
Carlos Sainz Jr. (55)
|
Toro Rosso
|
STR13
|
Honda RA618H Hybrid
|
Pierre Gasly (10)
Brendon Hartley (28)
|
McLaren
|
MCL33
|
Renault Energy R18 V-6 Turbo
|
Fernando Alonso (14)
Stoofel Vandoorne (2)
|
Hass
|
VF18
|
Ferrari V-6 063 Turbo Hybrid
|
Romain Grosjean (8)
Kevin Magnussen (20)
|
Alfa Romeo Sauber
|
C37
|
Alfa Romeo (Ferrari V-6 063 Turbo Hybrid)
|
Marcus Ericsson (9)
Charles LeClerc (16)
|
NOVOS HORÁRIOS DAS
CORRIDAS
O Liberty
Media, novo “dono” da Fórmula 1, resolveu mudar o horário de realização das
corridas para essa temporada. Várias corridas passarão a ser realizadas 1h10min
mais tarde. A entidade alega que pesquisas apontaram que ao serem realizadas
mais tarde, as possibilidades de audiência devem aumentar. O horário “quebrado”
dos 10 minutos seria também para facilitar às emissoras que transmitem as
corridas encaixarem as provas com mais facilidade em sua grade de programação,
já que para elas, iniciar a transmissão em horários “redondos” sempre é mais
fácil e conveniente.
A
programação dos treinos de sexta-feira continuam iguais, com dois treinos
livres de 1 hora e meia cada. Aos sábados, temos o terceiro treino livre, com
uma hora de duração, e o treino de classificação, dividido em 3 fases, com os
mais lentos sendo eliminados ao final de cada fase.
Confiram os
novos horários das corridas (fuso horário de Brasília), na tabela do calendário
das corridas que segue abaixo.
CALENDÁRIO DA FÓRMULA 1 2018
DATA
|
GRANDE
PRÊMIO
|
CIRCUITO
|
HORÁRIO
(*)
|
25.03
|
Grande Prêmio da Austrália
|
Albert Park (Melbourne)
|
2:10
|
08.04
|
Grande Prêmio do Bahrein
|
Sakhir
|
12:10
|
15.04
|
Grande Prêmio da China
|
Shangai
|
3:10
|
29.04
|
Grande Prêmio do Azerbaijão
|
Baku
|
10:10
|
13.05
|
Grande Prêmio da Espanha
|
Barcelona
|
10:10
|
27.05
|
Grande Prêmio de Mônaco
|
Monte Carlo
|
10:10
|
10.06
|
Grande Prêmio do Canadá
|
Montreal
|
15:10
|
24.06
|
Grande Prêmio da França
|
Paul Ricard
|
11:10
|
01.07
|
Grande Prêmio da Áustria
|
Zeltweg
|
10:10
|
08.07
|
Grande Prêmio da Inglaterra
|
Silverstone
|
10:10
|
22.07
|
Grande Prêmio da Alemanha
|
Hockenhein
|
10:10
|
29.07
|
Grande Prêmio da Hungria
|
Hungaroring
|
10:10
|
26.08
|
Grande Prêmio da Bélgica
|
Spa-Francorchamps
|
10:10
|
02.09
|
Grande Prêmio da Itália
|
Monza
|
10:10
|
16.09
|
Grande Prêmio de Cingapura
|
Marina Bay
|
9:10
|
30.09
|
Grande Prêmio da Rússia
|
Sochi
|
9:10
|
07.10
|
Grande Prêmio do Japão
|
Suzuka
|
2:10
|
21.10
|
Grande Prêmio dos Estados Unidos
|
Austin
|
17:10
|
28.10
|
Grande Prêmio do México
|
Hermanos Rodriguez
|
17:10
|
11.11
|
Grande Prêmio do Brasil
|
Interlagos
|
15:10
|
25.11
|
Grande Prêmio de Abu Dhabi
|
Yas Marina
|
11:10
|
(*) = Novos horários de realização dos GPs, pelo fuso
horário de Brasília.
PELA PRIMEIRA VEZ
DESDE 1969, CAMPEONATO NÃO TERÁ BRASILEIROS
O grid da
F-1 em 2018 traz como destaque a ausência de pilotos do Brasil, pela primeira
vez desde 1969. Desde a temporada de 1970, quando Émerson Fittipaldi estreou
(durante o campeonato, é importante frisar), sempre houve um piloto tupiniquim
na competição durante a temporada. Um panorama que já era esperado para 2017,
mas que devido à aposentadoria inesperada de Nico Rosberg, acabou adiada, já
que a Williams acabou perdendo Valtteri Bottas para a Mercedes, e precisou
chamar Felipe Massa, que já havia anunciado sua aposentadoria durante o GP da
Itália de 2016, de volta à competição, já que seu outro piloto, o canadense
Lance Stroll, era muito novo, e sem nenhuma experiência na F-1. Felipe até se animou
em querer continuar na competição também este ano, mas a atitude da Williams,
que depois de contar com a boa vontade de Massa em retornar à disputa na
temporada passada, mais uma vez não lhe deu o devido reconhecimento e valor,
preferiu se retirar novamente, desta vez em definitivo.
A boa
notícia é que o esquema de transmissão da categoria continua firme na TV Globo
e seu canal por assinatura, o SporTV, que transmitirá todos os treinos livres e
classificações na íntegra, e ao vivo, enquanto as corridas serão transmitidas
ao vivo no canal aberto, com exceção das provas que conflitarem com o horário
dos jogos de futebol, onde a Globo deverá fazer apenas a transmissão de um
compacto na noite de domingo/madrugada de segunda, cabendo ao SporTV transmitir
a corrida ao vivo, esquema que já vem realizando nos últimos anos. A
transmissão de todas as corridas, à exceção do Brasil, será feita em estúdio,
com o envio apenas de um repórter ao local dos GPs, como tem feito nos últimos
dois anos. A ausência de um piloto brasileiro no grid não teve impacto nas
vendas das cotas de patrocínio, e na opinião de Reginaldo Leme, comentarista da
emissora para a F-1, a audiência, apesar de não ser a mesma de antigamente,
estabilizou-se em um patamar aceitável, de modo que a emissora carioca deve
continuar transmitindo a F-1 ainda por um bom tempo, renovando o contrato de
transmissão em breve. Uma das razões é garantir que a F-1 continue na Globo, e
não acabe migrando para nenhum canal, onde poderia ser um trunfo para a emissora
concorrente. Outra razão é que todas as cotas de patrocínio das transmissões
costumam ser vendidas sem maiores problemas, garantindo à Globo um bom lucro na
relação custo-benefício.
Para os
torcedores que mantém esperanças na volta de um piloto brasileiro ao grid, isto
é completamente fora de expectativa na atual temporada. E, mesmo para 2019, as
possibilidades ainda são completamente incertas, uma vez que os nomes
disponíveis no mercado, que visam chegar à categoria máxima do automobilismo,
nenhum deles está altamente cotado para isso no momento.
A Ferrari deve ser a principal adversária da Mercedes, mas a Red Bull tem tudo para estragar a festa dos italianos (abaixo). |
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