quarta-feira, 21 de março de 2018

ESPECIAL FÓRMULA 1 2018


            O campeonato que a maior parte dos fãs da velocidade esperavam iniciou sua contagem regressiva. A Fórmula 1 inicia sua temporada de 2018 com a expectativa de muita briga no pelotão intermediário, e um repeteco da disputa Lewis Hamilton X Sebastian Vettel. Hora de uma boa matéria apresentando as linhas gerais do campeonato deste ano, com o que podemos esperar dos times, seus pilotos, e tudo o mais. Uma boa leitura a todos, e que venha o sinal verde no circuito do Albert Park, para o primeiro GP do ano...


F-1 2018: Teremos um novo pentacampeão?

Lewis Hamilton e Sebastian Vettel tem tudo para repetirem o duelo de 2017 na temporada deste ano, com ambos a lutarem para conquistar seu 5º título na F-1. Mas a concorrência pode querer jogar areia nos planoso de ambos, enquanto no pelotão intermediário a luta deverá ser das mais renhidas.

Adriano de Avance Moreno

A F-1 prepara-se para dar a largada para a temporada 2018.
            O campeonato mundial de Fórmula 1 dá sua largada neste domingo com a expectativa de um novo round no duelo entre os maiores campeões em atividade na categoria, e a chance de coroarmos um novo pentacampeão mundial ao fim do ano. Lewis Hamilton e Sebastian Vettel, os favoritos na disputa, possuem quatro títulos cada um, e tem tudo para repetir o duelo visto em 2017 mais uma vez. Mas tem mais gente querendo entrar na brincadeira, e fica a dúvida se isso ficará apenas na ameaça, ou se de fato engrossarão a lista de postulantes ao título.
            Pela Mercedes, Valtteri Bottas fez um campeonato bem satisfatório em 2017, quando acabou recrutado para o lugar do recém-aposentado Nico Rosberg, mas em algumas corridas ficou bem abaixo do que poderia render. Para este ano, é hora de mostrar mais performance, e se mostrar um parceiro de time bem mais à altura para Hamilton, a fim de não apenas ser uma alternativa à Mercedes, mas principalmente outro piloto a ser batido pela concorrência, que está com as garras mais afiadas para este ano. Para 2019, o time prateado terá opções no mercado de pilotos, e vai querer que sua dupla seja “matadora”, e não apenas “harmoniosa”.
            Na Ferrari, teremos o tradicional esquema “dois carros, um piloto”, tão odiado por muitos amantes do esporte, na medida em que Sebastian Vettel deve continuar concentrando todas as atenções do time, e deixando Kimi Raikkonen como escudeiro. O ideal seria que ambos lutassem efetivamente pelo título, ajudando a dar mais emoção à competição, mas infelizmente a Ferrari não comunga pelos ideais de competição, a não ser que lhes sejam convenientes, então, podemos esquecer das possibilidades de vermos o finlandês duelar pelo título. Todas as apostas continuarão focadas em Vettel, e mais ninguém, para azar dos torcedores de Kimi, e da própria F-1.
            Em compensação, a Red Bull promete dar trabalho aos favoritos prateados. Tanto Max Verstappen quanto Daniel Ricciardo, motivados pela boa pré-temporada, querem mais do que nunca estragar a festa reservada apenas a dois nos últimos anos. Ricciardo, se o carro permite, não desperdiça oportunidades na corrida, enquanto Verstappen simplesmente acelera tudo a que tem direito, e mais um pouco, e sem se importar com quem irá dividir freadas na luta por posições.
Lewis Hamilton e Sebastian Vettel: sorrisos, sorrisos... Só até entrarem na pista e na primeira dividida de curva...
            Na melhor das hipóteses, podemos ter 5 pilotos na disputa pelo caneco. Na pior delas, talvez mais um duelo a dois, resta saber de Hamilton contra quem. A Ferrari vem forte, mas não tanto quanto em 2017, quando assumiu o favoritismo na primeira metade do campeonato. Se a Red Bull comprovar que está bem mais forte como se imagina, pode ser ela a principal desafiante da favorita Mercedes, e não os italianos. E lembrando que na Red Bull ambos os pilotos irão para cima, e não apenas um, como na Ferrari. O pior que pode ocorrer nesta situação é Red Bull e Ferrari ficarem se pegando na pista, enquanto a Mercedes pode acabar correndo solta na frente, facilitando as coisas para Hamilton, que então teria apenas Bottas como adversário, precisando este comprovar que pode duelar efetivamente com o inglês pelas vitórias.
            Em contrapartida, o duelo pelo pelotão do meio promete ser dos mais empolgantes e aguerridos dos últimos tempos. Renault, McLaren, Toro Rosso, Hass e Force India tem tudo para baterem rodas nas corridas, batalhando pela posição de melhor do resto. Ainda que de início a Renault pareça favorita nesta disputa, não se pode descartar totalmente as demais escuderias, que se solucionarem todos os seus percalços e/ou desenvolverem adequadamente seus bólidos, prometem um duelo pouco visto em tempos recentes na categoria. E, mais atrás, Williams e Alfa Romeo Sauber certamente duelarão para ver quem irá ficar em último nos grids da temporada. O time do velho Frank parece ter andado para trás, momentaneamente, enquanto o ganho auferido pela Sauber, que agora tem a Alfa Romeo como parceira, teria sido completamente anulado pela melhora dos concorrentes, que estão mais velozes ainda.
            A temporada também marca o início do uso de um novo dispositivo de segurança, o halo, instalado no cockpit, com o objetivo de proteger a cabeça dos pilotos de alguns impactos que possam ocorrer e colocar a integridade do piloto em risco. A peça ficou feia em relação ao design dos carros, mas os pilotos, apesar de algumas queixas com relação à visibilidade, e às dificuldades adicionais para entrar e sair do carro, apoiaram o uso do dispositivo justificando a necessidade de mais segurança. Com relação à eficácia, muitos gostariam que a FIA tivesse feitos estudos maiores para adoção de um para-brisa ao estilo do windscreen testado por Scott Dixon na Indycar, como forma de apresentar alternativas de uso, ao passo que a entidade que comanda o automobilismo mundial quis, mais uma vez, dar uma resposta apressada às solicitações por mais segurança nos bólidos da F-1 e outras categorias de monopostos, com a turma da GP2 a também estrear o dispositivo este ano.
            A eficácia do novo dispositivo ainda está para provar o seu valor, mas obviamente ninguém quer que isso aconteça, já que em um acidente não dá para prever as consequências, e todos sabem que o halo não oferecerá proteção total a certos tipos de objetos. Quanto à influência na pilotagem, os pilotos parecem já estar totalmente habituados a ele, após os testes da pré-temporada. Resta ao público torcedor se acostumar com o halo, quer queira, quer não.
Os novos pneus da Pirelli para a temporada 2018.
            O campeonato será novamente bem longo, com nada menos do que 21 corridas. E o pico será no mês de julho, com nada menos do que 4 corridas em pleno verão europeu, e paralelo à disputa da Copa do Mundo da Rússia, que deverá dividir as atenções dos amantes do esporte. Depois de ficar novamente de fora em 2017, a Alemanha está de volta ao mundial. A Austrália continua abrindo a competição, e Abu Dhabi fechando a contenda, em fins de novembro.
            Em relação aos pneus, depois de uma temporada onde a Pirelli optou pelo conservadorismo, por questões de segurança, já que ninguém conhecia as reações e exigências dos bólidos com toda a carga a mais de pressão aerodinâmica e potência liberados para 2017, a fabricante italiana modificou seus compostos para este ano, visando voltar a oferecer mais opções e surpresas de estratégia para os times, com cada composto oferecendo uma performance mais diferenciada dos demais. Agora serão 7 opções de pneus para pista seca, a saber: Hipermacio (novo - faixa rosa), Ultramacio (faixa roxa), Supermacio (faixa vermelha), Macio (faixa amarela), Médio (faixa branca), Duro (faixa azul), e o Superduro (novo - faixa laranja). Por terem concebido pneus mais resistentes em 2017, várias corridas tiveram muito menos paradas do que o público esperava, o que prejudicou um pouco a disputa, por tornar as estratégias dos times bem mais previsíveis. Para este ano, o número de paradas deve aumentar, e com isso, a variedade de estratégias deve subir, oferecendo maior imprevisibilidade para o torcedor. Isso também representará maior desafio para as equipes, no que tange a encontrar a melhor performance a cada tipo de composto, levando em conta sua resistência e desempenho, equação que pode não ser tão simples de ser encontrada dependendo da pista.
O circuito de Paul Ricard está de volta à F-1, assim como o Grande Prêmio da França.
            Uma das grandes atrações do calendário é o retorno do Grande Prêmio da França, ausente desde 2008 na competição, e o outro motivo de comemoração, além da corrida voltar ao certame, é o retorno do circuito de Paul Ricard como sede da prova francesa, que havia sediado pela última vez uma corrida de F-1 em 1990. De 1991 em diante, o circuito sediado em Le Castellet acabou substituído pela pista de Magny-Cours, que apesar das boas instalações do autódromo, tinha um traçado que nunca foi muito atrativo para equipes e pilotos, para não mencionar que ficava em meio ao nada, em uma região rural ou centros urbanos sem grandes atrativos, inclusive até capacidade hoteleira, gerando transtornos para o pessoal na hora de achar um hotel para ficar próximo ao circuito. Paul Ricard, próximo à Riviera francesa, sempre foi a preferida das equipes e pilotos. Na época, Magny-Cours acabou escolhida como nova sede do GP da França em um jogo de interesses envolvendo Guy Ligier, proprietário da Ligier, que ergueu uma nova fábrica nas cercanias da pista. Ligier era muito bem relacionado com o governo francês, e usou de sua influência para apresentar a pista como ponto de partida para gerar um pólo ligado ao automobilismo na região, e promover o seu desenvolvimento. Mas a presença do GP de F-1 nunca promoveu desenvolvimento algum na área, como o prometido. E a corrida foi ficando, até que após 2008, os franceses não quiseram mais arcar com as altas taxas de administração da FOM, sendo então excluídos do calendário, para retornarem somente agora.
            Com relação ao número de corridas, este será o maior campeonato da história da F-1, ao lado da temporada de 2016, quando tivemos 21 corridas. As equipes não querem passar disso, mas o Liberty Media quer ainda mais GPs. Com os custos de competição altos, e a estrutura necessária para disputar as corridas, é complicado aumentar o número de corridas, fora o risco de banalizar os Grandes Prêmios. Isso ainda dará muito o que falar.

RESISTÊNCIA DOS MOTORES

            Uma das situações mais ridículas da temporada deste ano, na opinião das equipes, pilotos, imprensa especializada e torcedores, é a limitação de apenas 3 unidades motrizes e seus componentes para cada piloto nas 21 corridas da competição. Em nome de uma duvidosa contenção de custos, os fabricantes de motores até tentaram entrar em um acordo para rever o limite, e pelo menos voltar a disponibilizar 4 unidades, como no ano passado, mas não houve unanimidade entre as equipes, o que gorou a tentativa de mudança da regra.
            Em tese, a Mercedes é a grande beneficiada pela limitação mais restrita de unidades disponíveis. Possui o propulsor mais potente, e com alguns ajustes, pode limitar parte da performance para garantir maior durabilidade, sem comprometer o desempenho de seus competidores. E, pelo que se viu na pré-temporada, onde o seu time de fábrica rodou mais de mil voltas em Barcelona, ou o equivalente a quase 16 GPs da Espanha, sem sofrer nenhum problema, seus adversários devem começar a se preocupar. A esperança é que as corridas, a serem disputadas em um ambiente de muito mais calor do que os da pré-temporada, possam complicar a situação dos alemães, mas é bom não ficarem muito entusiasmados com isso. Para a concorrência, o time oficial da Mercedes é a única preocupação: Force India e Williams, que usam as unidades motrizes alemãs, não empolgaram nos testes de Barcelona, com tempos acima dos esperados, e terão de trabalhar duro para melhorarem sua performance.
            A Ferrari, única unidade motriz a aproximar-se da força da Mercedes, também rodou muito bem em Barcelona, com uma confiabilidade expressiva, talvez tão boa quanto a da unidade de potência alemã, o que em tese é muito bom não apenas para a escuderia de Maranello quanto para seus times clientes, como a Hass, que poderá fazer bonito neste ano, enquanto a Alfa Romeu Sauber precisará mostrar a que veio para colher os frutos da unidade motriz italiana. Fica a dúvida, contudo, a respeito da potência do novo propulsor 063, em comparação direta com o modelo M09 dos alemães, que no ano passado já teriam ultrapassado a marca dos mil HPs brutos. Objetivando aumentar a resistência, os italianos certamente devem ter moderado o incremento de potência para este ano, a fim de não sacrificar a confiabilidade. Mas quem teria sacrificado mais neste quesito? A teoria aponta para a Mercedes, cuja unidade motriz, mais potente que as rivais, poderia ter sua força mais reduzida sem afetar tanto o desempenho. A Ferrari, um pouco menos potente, poderia reduzir talvez um pouco menos, até garantir a resistência ideal, mas tudo fica no campo da teoria. Na prática, poderemos ver um belo duelo entre os dois propulsores.
            Quem vem surpreendendo no quesito confiabilidade é a Honda, que permitiu à Toro Rosso rodar mais de 800 voltas em Barcelona, sem apresentar um único problema, e até permitindo ao time de Faenza alcançar boas marcas em termos de performance. Um panorama extremamente diferente do visto no ano passado, quando os propulsores nipônicos quebravam a torto e a direito e seus técnicos batiam cabeça sem conseguirem dar um rumo no desenvolvimento das unidades tanto em performance quanto em confiabilidade. Se a Honda finalmente alcançou confiabilidade, resta conferir sua performance, e ver se a Toro Rosso poderá fazer bom uso das unidades motrizes nipônicas, que estarão na mira da Red Bull para serem eventualmente utilizadas em 2019, permitindo aos austríacos se livrarem da Renault, marca a que dirigem críticas nos últimos anos, cobrando mais confiabilidade e performance.
            A Renault, aliás, é a marca que mais se reforçou para este ano. Agregou outro time de alta capacidade técnica a seu leque de usuários – a McLaren, conta com a poderosa Red Bull, e vê seu time oficial de fábrica ganhar bastante performance neste ano. Boa parte vem do novo modelo RS18, unidade de potência desenvolvida a partir dos experimentos feitos no ano passado, quando conseguiram um enorme incremento de potência, mas à custa da confiabilidade, sofrendo muitas quebras. Com a resistência como foco principal para esta temporada, procurando manter a nova potência alcançada, a meta da Renault é ter conseguido eliminar a maior parte do déficit de performance para as rivais Mercedes e Ferrari, de modo a permitir aos usuários de suas unidades motrizes enfrentarem-nos em melhores condições. Um objetivo que parece ter sido alcançado, se não em sua totalidade, em muito boa parte dele. Mesmo assim, a Renault é quem suscita as maiores expectativas a respeito da durabilidade de seus propulsores. Em algum momento, alguém irá extrapolar o limite de 3 unidades, e na bolsa de apostas, a Renault, pelo que se viu ano passado, corre sério risco de ser a marca com potenciais mais quebras ao longo do ano, ainda mais pelo surpreendente resultado de confiabilidade demonstrada pela Honda na pré-temporada, que surpreendeu mais do que se esperava. Será que os franceses pagarão o pato no novo limite de motores? Impossível saber de fato até os carros largarem para as primeiras corridas. Mas, mesmo confiáveis, Ferrari e Honda não estão a salvo de imprevistos em caso de quebra, assim como a Mercedes. Vai ser difícil, mas não impossível eles terem algum percalço nesta área.
            Mas será um campeonato bem longo, com 21 corridas, e quebras fatalmente ocorrerão em algum momento. Pelo menos a FIA simplificou a regra de punições, e quem for penalizado com a perda de 15 posições ou mais largará diretamente do fim do grid, de modo a não confundir tanto o público com “X” punições de posições, quando há apenas 20 carros no grid. Vejamos quanto essa limitação espartana de unidades disponíveis para os pilotos irá prejudicar a competição de fato, e se o pessoal da F-1 conseguirá se unir o suficiente para acabar com essa palhaçada que em nada está servindo para conter os custos de competição da categoria.

AS ESCUDERIAS NA COMPETIÇÃO

MERCEDES – Objetivo é manter o domínio da competição

O novo modelo W09 rodou o equivalente a quase 16 GPs em Barcelona sem apresentar problemas. E não mostraram tudo o que o carro pode render, o que preocupa os concorrentes.
            O time campeão mundial nas últimas temporadas pode não ter feito os tempos mais rápidos na pré-temporada, mas deu um recado contundente aos rivais: eles continuam a ser os favoritos na disputa, e não vão dar mole à concorrência este ano. O time alemão foi o que mais rodou na pré-temporada, com mais de mil voltas no circuito de Barcelona, sem enfrentarem nenhum problema, revelando que o novo modelo W09 é mais do que confiável. E, ao contrário do ano passado, a calmaria vista nos boxes da escuderia no circuito da Catalunha, e especialmente o bom humor de Lewis Hamilton durante toda a pré-temporada evidenciam que o time não mostrou toda a sua força nos dias de testes, não andando a maior parte do tempo com os compostos mais rápidos, mas mostrando grande constância nos long runs realizados.
            O que deixa uma ponta de esperança é que a vantagem da Mercedes não seja tão grande quanto eles imaginam, mas só saberemos a dimensão dessa vantagem nos treinos da Austrália. Mas o projetista James Allison aproveitou para deixar o carro bem mais neutro com o trato com os pneus, um dos pontos fracos do carro no ano passado, e que permitiu à Ferrari, cujo modelo SF70-H tratava muito bem os compostos da Pirelli, dar um tremendo susto nos alemães e liderarem o campeonato durante a maior parte do ano. Por isso mesmo, o humor nos boxes do time, em especial com Hamilton, é significativo de problemas para os concorrentes: no ano passado, o inglês já avisava que o carro prateado era meio indócil com os pneus, o que muitos acharam que era jogar pressão de favoritismo na Ferrari, que havia mostrado muita força nos testes. Só que não era, e a Mercedes só começou a recuperar seu terreno após a corrida da Espanha, quando Allison efetuou uma revisão no modelo W08, e ele passou a não ter tantas dores de cabeça com o comportamento dos pneus. Desta vez, a Mercedes não tocou no assunto além dos tradicionais comunicados de praxe. É verdade que com alguns compostos, o carro parece ter consumido mais pneu do que o esperado, mas fica a dúvida se esse consumo a mais dos pneus fará diferença substancial em relação aos concorrentes.
            Com relação à dupla de pilotos, Hamilton está pronto para lutar pelo pentacampeonato. E Valtteri Bottas, que tem contrato com o time só até o fim deste ano, precisará mostrar que pode andar tão forte quanto Lewis, e entrar firme na luta pelo título. Bottas até que fez um campeonato bem satisfatório no ano passado, mas em muitas corridas acabou ficando muito atrás de Hamilton, permitindo que os rivais passassem à sua frente. Valtteri foi 3º no campeonato, mas o time certamente irá querer ver performances mais sólidas do finlandês, até porque nomes de peso estarão disponíveis no mercado para 2019, como Daniel Ricciardo e Fernando Alonso. Mas o fato de Bottas não ter tido atritos com Hamilton torna o inglês um grande defensor de sua permanência na escuderia de Brackley. Logicamente, os rivais torcem para esta relação azedar, de modo que enquanto ambos duelam, eles podem se aproveitar da situação para andar à frente. O que irá acontecer de fato? Lewis vai deitar e rolar em cima de Bottas, ou o finlandês vai mostrar realmente a que veio? A conferir durante a competição.

FERRARI – A principal desafiante?

A Ferrari quer manter a alta performance exibida em 2017 e desafiar abertamente a Mercedes novamente este ano, mas os alemães parecem ter evoluído mais do que os italianos.
            A Ferrari surgiu como grande força no início do campeonato de 2017, ao superar a Mercedes na pista sem que os alemães tivessem algum fato inusitado para justificar tal derrota. O projeto concebido inicialmente por James Allison antes de ser dispensado pelo time de Maranello havia sido majestosamente finalizado pelo novo corpo técnico da escuderia, apesar de sua pouca experiência no time de F-1. E a Ferrari continuou forte durante quase todo o ano, perdendo os títulos de pilotos e construtores por alguns incidentes e problemas de confiabilidade na fase final do campeonato.
            Para este ano, a dúvida seria se o corpo técnico conseguiria promover o desenvolvimento da excelente base do ano passado, e conceber um novo monoposto tão bom quanto o de 2017. Pelo que se viu em Barcelona, eles conseguiram cumprir sua missão com louvor: Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen rodaram nada menos do que 929 voltas, terminando com os tempos mais rápidos da pré-temporada. Mesmo relativizando as condições em que os tempos foram obtidos, é inegável que o novo modelo SF71-H é bem forte, mas talvez não tanto quanto o do ano passado. O carro evoluiu bem, mas o problema é que Mercedes, e principalmente a Red Bull, podem ter evoluído ainda mais, e sair na frente do time italiano na disputa.
            Um ponto positivo é que o novo carro também mostrou confiabilidade, e isso sempre é um bom indicativo da qualidade do projeto, mas sem se mostrar lento, muito pelo contrário. Mas os italianos assumiram que, nos long runs, o ritmo de seus pilotos ficou um pouco atrás das marcas exibidas pela Mercedes, e indicando que a Red Bull também poderá ser uma dor de cabeça adicional na disputa. Resta saber o quanto.
            Em relação aos pilotos, a Ferrari sabe que Vettel irá lutar como nunca pelo título, a fim de ser o mais novo pentacampeão da história daF-1, e não se deixar ser superado novamente por Lewis Hamilton. Se o desempenho do carro corresponder, e não deixar a Mercedes escapar na frente, o alemão irá fazer pressão sobre os concorrentes. Já Kimi é uma incógnita: com o contrato renovado por mais um ano, o finlandês permanece em Maranello mais por não arrumar intrigas com Sebastian do que pelo desempenho, que nos últimos tempos anda oscilando. O problema é que piloto a Ferrari vai arrumar que se submeta à política do time, que vai privilegiar Vettel, em detrimento do outro piloto do time? Mas seria bom que o Kimi dos bons tempos se mostrasse mais frequente, a fim de oferecer mais luta aos concorrentes, e não deixar que os rivais alcancem resultados que o segundo piloto da esquadra rossa tem por obrigação conseguir. Último piloto campeão pela Ferrari, Raikkonen, apesar de aceitar sua atual posição “secundária” como piloto, poderia mostrar um pouco mais de gana e lembrar porque foi campeão, e pelo menos ter um final de carreira mais digno...

RED BULL – Será que agora vai?

O novo modelo RB14 andou bem e não teve problemas mecânicos graves, permitindo à Red Bull ter uma pré-temporada decente e promissora.
            Pela primeira vez em várias temporadas, a Red Bull fez uma pré-temporada com otimismo e sem enfrentar problemas significativos. Adrian Newey assumiu o projeto do novo RB14, e com 781 voltas, o que se pode deduzir é que o conjunto à disposição de Daniel Ricciardo e Max Verstappen pode conseguir entrar na luta pelas primeiras posições e até vitórias com uma frequência muito maior do que a dos últimos anos. Além da qualidade do projeto comandado pessoalmente por Newey, a evolução da unidade motriz da Renault, que parece ter conseguido diminuir significativamente sua desvantagem para as rivais Mercedes e Ferrari contribuiu para o incremento de performance do novo carro.
            E, no que tange a pilotos, a Red Bull tem a dupla mais equilibrada do grid: Verstappen é arrojado e atrevido como poucos, não se intimidando na hora de partir para o ataque na pista, enquanto Ricciardo consegue ter performances notáveis e uma excelente visão de corrida. E ambos querem vencer com vontade. O maior motivo de preocupação para os adversários é a capacidade de evolução que o time dos energéticos tem durante a temporada: nos últimos anos, por pior performance que mostrassem no início do campeonato, eles conseguiam evoluir seu carro de forma impressionante, mas sempre tendo de correr atrás do prejuízo em relação aos rivais mais preparados. Se agora eles começaram a disputa colados logo atrás de Mercedes e Ferrari, ou até parelhos a eles, poderão dar muito trabalho assim que conseguirem melhorar o carro, podendo até superar os rivais, na melhor das hipóteses.
            Por isso mesmo, Lewis Hamilton chegou a afirmar que a Red Bull pode ser a maior adversária da Mercedes, meio que desdenhando da Ferrari, como que provocando os italianos com tal declaração. Certo mesmo é que podemos esperar ambos os pilotos do time dos energéticos partindo para a disputa, sem floreios, enquanto na Ferrari a preferência é para Vettel. Mas a Red Bull terá que tomar uma decisão importante durante o campeonato visando 2019: manterá as unidades motrizes da Renault, ou mudará para a Honda? O time austríaco vem criticando o desempenho dos propulsores franceses desde o início da era turbo híbrida, em 2014, muito mais contundentes em certos momentos, sendo que até tiveram de voltar atrás nas críticas pelo receio de ficarem se motor para competirem. Se a Honda mostrar evolução, como a pré-temporada deu bons indícios, é bem capaz que a Red Bull se torne o novo time de fábrica dos japoneses, e em tese, poderia vir ainda mais forte no próximo ano. Mas, e o que acontece se as unidades da Renault se mostrarem muito eficientes? Trocariam assim mesmo, ou permaneceriam com os franceses? A Renault, que agora tem a McLaren usando seus propulsores, já não tem mais a mesma paciência com as críticas dos austríacos, e já impôs data para eles decidirem se ficam com eles ou dizem adeus. Se o RB14 mostrar tudo o que se espera dele, em caso de não avançarem mais, obviamente deixarão a conta das suas limitações para a Renault. E quanto à Honda, eles já conseguiram se mostrar confiáveis, e agora lutarão pela melhoria de sua performance, e adorariam ter outro time de ponta para trabalhar novamente em 2019...

FORCE INDIA – Desafio difícil de manter a posição conquistada em 2017

Os recursos financeiros continuam curtos na Force India, apesar da boa temporada de 2017. A situação está rosa somente no visual da escuderia.
            A temporada de 2017 foi a melhor do time de Vijay Mallya até hoje na F-1. Com a 4ª colocação final na competição, além de ter bons patrocínios, a escuderia só não marcou mais pontos porque sua talentosa dupla, o mexicano Sérgio Perez, e o francês Esteban Ocon, andaram se estranhando em algumas corridas, tocando rodas, e desperdiçando a chance de obterem melhores resultados, a ponto de a direção do time ter de chamar ambos para uma “conversinha”, e acalmar os ânimos que prometiam ficar bem acirrados entre os dois.
            Mesmo com a boa apresentação feita no ano passado, o orçamento sempre continuou curto no time, e a introdução do halo como nova peça de segurança dos bólidos consumiu recursos no projeto do novo VJM11 que o time não dispunha totalmente, o que atrasou a finalização do novo carro, que pelo menos esteve pronto para entrar na pista já no primeiro dia da pré-temporada. Com 711 voltas acumuladas, o novo bólido também mostra boa resistência, mas ficou faltando um pouco mais de velocidade para mostrar a que veio, já que sua dupla de pilotos em nenhum momento marcou um tempo deveras significativo na Catalunha. Ciente de suas limitações, o máximo que a Force India poderia almejar seria repetir novamente a 4ª colocação no campeonato obtida em 2017, mas todos já viram que o desafio será bem complicado este ano. Se no ano passado a Williams era a única adversária, para 2018 o leque de concorrentes que estarão mais do que à altura e provavelmente na frente, com melhor desempenho, aumentou significativamente. A esperança é que o time, pródigo de aproveitar ao máximo os parcos recursos que possui, consiga novamente fazer um desenvolvimento dos mais capazes do seu novo carro para não apenas igualar como superar os concorrentes, e dar tudo de si para fazer outra temporada de alto nível.
            Ao menos a nível de pilotos, Perez e Ocon são uma dupla forte e equilibrada, que saberá tirar do carro tudo o que ele puder oferecer e mais um pouco, se possível. Senão voltarem a se estranhar na pista, o que garantem ser um problema superado, podem ir muito longe. Mas obviamente os concorrentes terão outras idéias. Mais do que nunca, está na hora da Force India mostrar realmente do que é capaz.

WILLIAMS – Perigo de cair para trás

A Williams vai ter de dar duro para não ficar no fim do grid. E os rivais parecem muito mais preparados do que o time de Grove.
            Em 2016, o desempenho da Williams, que nos dois anos anteriores voltara a andar nas primeiras colocações, voltando a frequentar o pódio com alguma regularidade, havia decaído perigosamente, com o time a mostrar que o projeto de seu carro já havia atingido o limite, e que era preciso buscar novas soluções. Pois, aviso dado, e na pré-temporada de 2017, o carro parecia ao menos ter recuperado parcialmente a competitividade perdida, de modo que era lógico sonhar com alguns resultados melhores, em que pesasse o piloto novato Lance Stroll, cujo pai pagou uma fortuna para garantir sua vaga no time de Grove.
            Mas, não foi preciso nem meia temporada para o FW40 decair de performance ainda mais rápido do que nos anos anteriores, mostrando que a equipe não tinha aprendido com a lição do ano anterior. Para piorar, Stroll se envolvia mais em confusões (algumas sem culpa dele, é verdade) do que em terminar as corridas, situação que não mudou tanto com o pódio inesperado do canadense em Baku. Com as possibilidades de desenvolvimento do carro limitadas, e com a chegada de Paddy Lowe, oriundo da Mercedes, o departamento técnico da Williams foi reformulado, com vistas a produzir um carro completamente novo para este ano, visando fazer o time retornar o crescimento na pista.
            A escuderia resolveu dispensar Felipe Massa pela segunda vez, e resolveu alinhar outro piloto pagante, Sergey Sirotkin, ao lado do já contestado Lance Stroll, e deixando Robert Kubica como piloto de testes e do simulador, para tentar achar as melhores soluções de desenvolvimento do novo FW41, já que a dupla titular ainda é muito inexperiente para isso. O resultado foi que o novo carro, embora confiável, não demonstrou grande velocidade, com o melhor tempo alcançado ficando a 2s de distância das melhores marcas obtidas na pista. Lowe afirma que ainda não é o momento do novo carro mostrar sua força, mas afirma que agora há um grande potencial de desenvolvimento, que deverá ser melhor observado no médio prazo.
            Pode até ser verdade, mas com os rivais largando bem à frente, e trabalhando firme no desenvolvimento de seus carros, a Williams terá de trabalhar muito mais para reverter a desvantagem inicial, e recuperar o terreno perdido, e em um ano onde muitos times podem embolar o meio de campo, o risco maior é da Williams passar a disputar o fim do grid, ao invés de avançar para a frente. Se conseguir se manter como 5ª força, já será um lucro imenso, pelo que demonstrou em Barcelona, mas até isso já está sendo considerado pensar alto demais para a atual forma da Williams, que há anos parece não ter mais aquela gana de time vencedor, ainda mais quando faz uma defesa veemente de sua dupla de pilotos justamente por serem “pagantes”, o que lembra que a escuderia já terá um revés para 2019, com o comunicado de que não terá mais o polpudo patrocínio da Martini no carro, o que obrigará a equipe a correr atrás de um substituto o quanto antes, para garantir que seu fluxo de caixa não seja prejudicado.
            Ganha força a opinião de que Massa, ao ser dispensado pelo time, se livrou de um enorme mico para este ano. Exagero ou realidade? Talvez um pouco de ambos. Caberá à Williams provar o contrário...

RENAULT – A melhor do resto?

A Renault andou mais forte do que muitos esperavam na pré-temporada. Pode ser uma das surpresas do ano.
            Quando recomprou seu time de volta, a Renault fez sua aposta em voltar a ser protagonista na F-1, crescendo de forma sustentada e sem sobressaltos. No ano passado, o time foi o 6º colocado, e teve como objetivo recompor seu staff na fábrica em Enstone, que precisava ser reforçado para encarar o desafio de voltar a ser um time de ponta. Ao mesmo tempo, o projeto das unidades motrizes, após o período que tiveram de consultoria da Ilmor no ano anterior, motivou novos investimentos para melhorar significativamente a performance, e eliminar ou pelo menos diminuir sensivelmente seu déficit de potência para as rivais Mercedes e Ferrari.
            Pelo que o time de fábrica demonstrou na pré-temporada, os objetivos de ganhos de performance foram bem cumpridos. O ponto exato ainda precisa ser melhor avaliado, mas a unidade motriz francesa parece bem mais possante do que até o ano passado, e com boa confiabilidade, objetivo principal do desenvolvimento do novo propulsor. Mas, melhor de tudo, é que o projeto do novo chassi RS18 parece ter suplantado as expectativas mais otimistas, a ponto de o time de fábrica da marca francesa se credenciar a ser o melhor do resto do grid, perdendo logicamente apenas para a campeoníssima Mercedes, e as desafiantes Ferrari e Red Bull. O carro conseguiu rodar 793 voltas, e seus pilotos conseguiram alcançar marcas significativas na pré-temporada com tempos aparentemente bem competitivos, sem apresentar problemas que preocupassem, mostrando muita confiabilidade.
            Um dos pontos fracos do time em 2017, Jolyon Palmer, foi substituído pelo talentoso e promissor Carlos Sainz Jr., que ao lado do também talentoso Nico Hulkenberg, tem tudo para levar o time da marca francesa a vôos bem mais altos já nesta temporada, antes do que todos esperavam. A certeza só não é maior porque a Renault deve ter marcação cerrada de outros times, como a McLaren, que apesar de alguns problemas de confiabilidade, tem potencial para desafiar o time de fábrica de sua própria unidade motriz.

HASS – Marcar presença no pelotão intermediário de vez

A Hass quer continuar crescendo na F-1, mas a temporada 2018 vai ser de muita luta no meio do grid entre vários times.
            O time de Gene Hass vai para sua terceira temporada completa na F-1 determinado a marcar de vez sua posição no bloco intermediário. Nos dois primeiros anos, o time se manteve firme com o objetivo de aprender os segredos de competição da categoria máxima do automobilismo, e ir crescendo paulatinamente. Agora, é hora de continuar avançando mais para a frente, e conseguir resultados melhores do que os dos primeiros anos. Para isso, sua dupla de pilotos acumulou 695 voltas na pré-temporada, e depois de alguns percalços, o modeloVF-18 até mostrou velocidade nos últimos dias, dando amostras encorajadoras de que a performance evoluiu.
            Parte dessa boa performance deve-se à Ferrari, de onde o time norte-americano compra parte dos sistemas de seu modelo, dentro dos limites permitidos pelo regulamento técnico da F-1. E como o modelo SF70-H do ano passado foi muito eficiente, é natural que as partes adquiridas pela Hass estejam demonstrando isso em seu novo projeto, bem como a eficiência da unidade motriz de Maranello. E, ao manter a mesma dupla de pilotos, a escuderia também tem um parâmetro confiável para comparar o comportamento do bólido com o modelo de 2017. Romain Grosjean e Kevin Magnussem já mostraram que podem dar resultados desde que o carro possa render bem, ainda que ambos cometam algumas estripulias na pista em algumas corridas. Um ponto importante é que o novo modelo também mostrou confiabilidade, e isso é sempre bom.
            O único porém é que fica difícil saber se a Hass conseguirá ter um ano bem mais positivo em termos de resultados. Os demais times também melhoraram seus equipamentos, e tudo indica que a Hass vai se ver numa briga de foice entre os times do meio do pelotão na temporada deste ano, de modo que mesmo estando bem mais preparada e capaz de avançar à frente no grid, pode acabar até na mesma posição de antes. E, outro dado complicador, é que todos os principais concorrentes com que eles medirão forças também possuem carros potencialmente rápidos, e comprovadamente confiáveis, assim como a Hass. Se isso se comprovar, Grosjean e Magnussem terão de mostrar realmente o que valem para que possam fazer a diferença neste momento.

MCLAREN – Ânimos renovados para tentar voltar a brilhar

A McLaren resgatou sua cor original para uma temporada em que visa renascer naF-1, depois de três anos fracos com a Honda.
            No ano passado, quando entrava em sua terceira temporada de associação com a Honda, a esperança do time de Woking era que os japoneses continuassem evoluindo e enfim apresentassem uma unidade motriz mais competitiva, depois de dois anos marcando passo. O que se viu foi o contrário, com o novo projeto dos japoneses regredindo a ponto de a McLaren mal conseguir andar. A situação ficou tão crítica que o time inglês preferiu romper a parceria, em um grande acordo costurado com Toro Rosso, Honda, e Renault, de modo que o time inglês repassou a unidade nipônica para o time de Faenza, e em troca, passaria a usar as unidades motrizes francesas a partir deste ano. Considerando o bom projeto do chassi MCL-32 do ano passado, as perspectivas eram de uma grande evolução por parte da McLaren para 2018. Mas, como que ainda a lembrar as agruras do ano passado, novamente a McLaren foi o time que menos andou na pré-temporada.
            Foram 588 voltas, número bem superior ao realizado no ano passado, ao menos. Mas serviu para mostrar que os problemas do time não se deviam apenas ao propulsor japonês. O projeto do chassi também tinha lá sua parcela de culpa, e mais uma vez a McLaren mostra que seu novo carro, o MCL-33, precisará de mudanças para poder enfim levar o time a batalhar novamente na metade da frente do grid. Ainda que tenha sofrido alguns problemas naturais de seu próprio projeto, a unidade motriz da Renault também padeceu da falta de refrigeração adequada do chassi McLaren, o que fezo time perder muitas horas preciosas durante os poucos dias de testes. Reprojetar estes setores, e adequá-los às necessidades da nova unidade de potência consumirá um tempo valioso que poderia estar sendo melhor usado na evolução do carro. Mas há uma luz no fim do túnel: o carro mostra ter potencial, algo que no ano passado não era possível mensurar, dada a falta de confiabilidade do equipamento da Honda. E os problemas enfrentados pela escuderia, apesar de darem trabalho para serem corrigidos, é algo que pode ser feito sem maiores problemas. Todos no time ainda demonstram grande confiança no projeto de 2018, mesmo com os problemas verificados, que segundo eles, testes servem para isso mesmo: detectar eventuais percalços, e corrigi-los.
            Mesmo assim, as dificuldades levam certa incerteza com relação até onde a McLaren evoluiu de fato, para poder realmente sonhar com os resultados que aspira e são condizentes com sua história. Obviamente, todos no time estão empenhados e esperançosos de dias muito melhores do que os vistos nos últimos três anos. A escuderia possui uma dupla de pilotos talentosa, e Fernando Alonso está muito mais animado do que nos últimos anos. Se o carro corresponder, o espanhol certamente irá brigar na frente pelas primeiras colocações. Pontuar regularmente deverá ser bem realista. Brigar por pódios talvez demande mais tempo. Voltar a vencer pode ser pedir demais ainda. Um ponto positivo é que a nova unidade motriz da Renault promete reduzir significativamente sua diferença de performance para as unidades de Mercedes e Ferrari. Portanto, caberá agora unicamente à McLaren provar que está de volta com tudo, já que a nível de motor eles não terão mais desculpas...

TORO ROSSO – Surpresa com a Honda?

O novo STR13 impressionou pela confiabilidade dos propulsores da Honda.
            No ano passado, ao sacramentarem, meio que à força, o uso das unidades motrizes da Honda para esta temporada, falava-se abertamente que o time B dos energéticos seria usado como “bucha de canhão” pela Red Bull para verificar se os japoneses enfim acertariam a mão ou não no projeto de seus propulsores para a F-1. O time principal analisaria o desempenho e, se os resultados fossem positivos, pegaria para si as unidades, e encerraria seu contrato com a Renault, passando a usar os novos propulsores na temporada de 2019. Caso contrário, a Toro Rosso poderia amargar uma temporada pra lá de ruim, se a Honda continuasse mostrando os mesmos problemas exibidos nos três anos que equiparam a McLaren desde 2015.
            Pois eis que a Toro Rosso e a Honda se mostraram as melhores surpresas da pré-temporada. A unidade motriz nipônica não apresentou nenhum problema, e os carros de Faenza rodaram impressionantes 820 voltas, sem maiores problemas. Não apenas isso: o novo modelo STR13 mostrou-se também veloz, e sua dupla de pilotos completou boa quilometragem tanto com Brendon Hartley quanto com Pierre Gasly, que deverão ter motivos para sorrirem neste ano.
            Entre os motivos para o bom desempenho da Honda está o fato dos italianos não terem sido radicais no projeto de seu carro como a McLaren, evitando causar problemas ao funcionamento ideal da unidade motriz. Mas, outro motivo relevante é que a nova unidade de potência teve colaboração da Ilmor no seu projeto e desenvolvimento, algo que só começou a ser feito no ano passado, e após muita insistência por parte da McLaren, uma vez que os japoneses não conseguiam resolver todos os problemas sozinhos. Depois de vários fiascos, a Honda precisou engolir o seu orgulho, e aceitar o auxílio da Ilmor no seu projeto, que agora está mostrando seus frutos. Muitos até falam que a Toro Rosso colherá os frutos que a McLaren não teve paciência para aguardar, dando até a entender que o time B dos energéticos fará uma temporada melhor do que a escuderia de Woking, mas é bom não exagerar: time por time, a McLaren ainda tem tudo para se sair melhor, mas para alegria da F-1, ver a Honda encontrando seu caminho, e proporcionando à Toro Rosso efetuar uma temporada mais do que decente, é algo extremamente positivo, pois quanto mais times competitivos tivermos, melhores as corridas deverão ser.
            Ainda é cedo para estimar a força da Toro Rosso para esta temporada, haja visto que o pelotão intermediário da F-1 este ano parece muito equilibrado entre vários times com potencial para fazer bonito, entre eles a escuderia de Faenza. Mas, o melhor de tudo é que o receio de que a equipe ficaria na lanterna do grid não parece mais que vai se concretizar. Se a Toro Rosso conseguir manter o desenvolvimento de seu carro durante todo o ano, eles podem vir a ter sua melhor temporada na categoria até hoje. Mas o duelo promete ser duro com os outros times em busca destes bons resultados.

ALFA ROMEO SAUBER – O retorno de um nome icônico da história da F-1

O novo Sauber com as cores da Alfa Romeo, que foi a primeira campeã da história da F-1.
            A Sauber foi o primeiro time escolhido pela Honda no ano passado para receber suas unidades de potência em caso de rompimento com a McLaren, na pior das hipóteses. Mas o acordo foi rompido, e o time suíço buscou refúgio em paragens mais “confiáveis”. Com a decisão da Ferrari de trazer o nome Alfa Romeo de volta à F-1, após mais de 30 anos, a Sauber acabou agraciada com isso, e o time ganhou novos recursos financeiros, e auxílio técnico para tentar dar a volta por cima com um nome icônico da história da categoria máxima do automobilismo: a Alfa Romeo foi a primeira campeã da história do mundial, em 1950, com o italiano Giuseppe Farina.
            Os novos recursos técnicos e financeiros permitiram um investimento muito maior no projeto do novo chassi C37, além do uso da atual unidade motriz da Ferrari, a série 063, rebatizada com o logo Alfa Romeo. O time também ganhou um piloto em que a Ferrari aposta ter bom potencial, Charles LeClerc. O carro ao menos mostrou confiabilidade, com a escuderia rodando boas 785 voltas, sem enfrentar problemas aparentes, mas também sem empolgar exatamente.
            Apesar de algumas boas marcas, o carro não se mostrou tão veloz como os principais rivais, acendendo o aviso de que o time suíço poderá continuar na lanterna do grid ainda nesta temporada. A longo prazo, com o desenvolvimento maior da parceria, a performance pode melhorar, mas ao menos neste momento, todos os demais times parecem ter conseguido avançar muito mais. Até mesmo a Williams, que foi um time que não mostrou a que veio nos testes, ainda parece ter mais potencial para este ano do que a Sauber. No que tange aos pilotos, Marcus Ericsson segue no time, mas não é esperança de bons resultados, como ficou comprovado no confronto do sueco com o brasileiro Felipe Nasr e o alemão Pascal Wherlein, tendo ficado mais por conta de seus patrocinadores do que por qualquer outro motivo. LeClerc pode ser um grande talento, mas é novato na categoria, e poderá se ressentir disso nos primeiros GPs. Para um time, entretanto, que parecia o mais próximo a engrossar a lista de escuderias falidas daF-1, ou na melhor das hipóteses, apenas sobreviver no fundo do grid, a salvadora parceria com a Alfa Romeo é mais do que festejada, mesmo que eles possam estar sentindo certo arrependimento por ver a posição e força demonstrada pela Toro Rosso com a Honda nos testes.
            Não que a associação com a Alfa Romeo seja ruim, mas se tivessem aceitado os propulsores japoneses, o time teria muito mais liberdade e independência do que tem atualmente, já que o acordo com a marca italiana na prática torna a Sauber um time “B” da Ferrari, e portanto, tendo de se submeter a certas preferências e decisões de Maranello, o que mina sua total independência, já que os italianos terão suas prerrogativas, enquanto a Honda interferiria muito menos nos rumos da escuderia suíça. Em todo caso, melhor não esperar muito deste primeiro ano da “volta” da Alfa Romeo à F-1, preferindo concentrar suas expectativas para a temporada de 2019...

EQUIPES E PILOTOS DA TEMPORADA 2018

EQUIPE
MODELO
MOTOR
PILOTOS
Mercedes
W09
Mercedes-Benz V-6 Turbo M09 EQ Power+
Lewis Hamilton (44)
Valtteri Bottas (77)
Ferrari
SF-71H
Ferrari V-6 063 Turbo Hybrid
Sebastian Vettel (5)
Kimi Raikkonen (7)
Red Bull
RB14
Renault Energy R18 V-6 Turbo (TAG HEUER)
Daniel Ricciardo (3)
Max Verstappen (33)
Force India
VJM11
Mercedes-Benz V-6 Turbo M09 EQ Power+
Sérgio Perez (11)
Esteban Ocon (31)
Williams
FW41
Mercedes-Benz V-6 Turbo M09 EQ Power+
Lance Stroll (18)
Sergey Sirotkin (35)
Renault
RS18
Renault Energy R18 V-6 Turbo
Nico Hulkenberg (27)
Carlos Sainz Jr. (55)
Toro Rosso
STR13
Honda RA618H Hybrid
Pierre Gasly (10)
Brendon Hartley (28)
McLaren
MCL33
Renault Energy R18 V-6 Turbo
Fernando Alonso (14)
Stoofel Vandoorne (2)
Hass
VF18
Ferrari V-6 063 Turbo Hybrid
Romain Grosjean (8)
Kevin Magnussen (20)
Alfa Romeo Sauber
C37
Alfa Romeo (Ferrari V-6 063 Turbo Hybrid)
Marcus Ericsson (9)
Charles LeClerc (16)

NOVOS HORÁRIOS DAS CORRIDAS

            O Liberty Media, novo “dono” da Fórmula 1, resolveu mudar o horário de realização das corridas para essa temporada. Várias corridas passarão a ser realizadas 1h10min mais tarde. A entidade alega que pesquisas apontaram que ao serem realizadas mais tarde, as possibilidades de audiência devem aumentar. O horário “quebrado” dos 10 minutos seria também para facilitar às emissoras que transmitem as corridas encaixarem as provas com mais facilidade em sua grade de programação, já que para elas, iniciar a transmissão em horários “redondos” sempre é mais fácil e conveniente.
            A programação dos treinos de sexta-feira continuam iguais, com dois treinos livres de 1 hora e meia cada. Aos sábados, temos o terceiro treino livre, com uma hora de duração, e o treino de classificação, dividido em 3 fases, com os mais lentos sendo eliminados ao final de cada fase.
            Confiram os novos horários das corridas (fuso horário de Brasília), na tabela do calendário das corridas que segue abaixo.

CALENDÁRIO DA FÓRMULA 1 2018

DATA
GRANDE PRÊMIO
CIRCUITO
HORÁRIO (*)
25.03
Grande Prêmio da Austrália
Albert Park (Melbourne)
2:10
08.04
Grande Prêmio do Bahrein
Sakhir
12:10
15.04
Grande Prêmio da China
Shangai
3:10
29.04
Grande Prêmio do Azerbaijão
Baku
10:10
13.05
Grande Prêmio da Espanha
Barcelona
10:10
27.05
Grande Prêmio de Mônaco
Monte Carlo
10:10
10.06
Grande Prêmio do Canadá
Montreal
15:10
24.06
Grande Prêmio da França
Paul Ricard
11:10
01.07
Grande Prêmio da Áustria
Zeltweg
10:10
08.07
Grande Prêmio da Inglaterra
Silverstone
10:10
22.07
Grande Prêmio da Alemanha
Hockenhein
10:10
29.07
Grande Prêmio da Hungria
Hungaroring
10:10
26.08
Grande Prêmio da Bélgica
Spa-Francorchamps
10:10
02.09
Grande Prêmio da Itália
Monza
10:10
16.09
Grande Prêmio de Cingapura
Marina Bay
9:10
30.09
Grande Prêmio da Rússia
Sochi
9:10
07.10
Grande Prêmio do Japão
Suzuka
2:10
21.10
Grande Prêmio dos Estados Unidos
Austin
17:10
28.10
Grande Prêmio do México
Hermanos Rodriguez
17:10
11.11
Grande Prêmio do Brasil
Interlagos
15:10
25.11
Grande Prêmio de Abu Dhabi
Yas Marina
11:10

(*) = Novos horários de realização dos GPs, pelo fuso horário de Brasília.

PELA PRIMEIRA VEZ DESDE 1969, CAMPEONATO NÃO TERÁ BRASILEIROS

            O grid da F-1 em 2018 traz como destaque a ausência de pilotos do Brasil, pela primeira vez desde 1969. Desde a temporada de 1970, quando Émerson Fittipaldi estreou (durante o campeonato, é importante frisar), sempre houve um piloto tupiniquim na competição durante a temporada. Um panorama que já era esperado para 2017, mas que devido à aposentadoria inesperada de Nico Rosberg, acabou adiada, já que a Williams acabou perdendo Valtteri Bottas para a Mercedes, e precisou chamar Felipe Massa, que já havia anunciado sua aposentadoria durante o GP da Itália de 2016, de volta à competição, já que seu outro piloto, o canadense Lance Stroll, era muito novo, e sem nenhuma experiência na F-1. Felipe até se animou em querer continuar na competição também este ano, mas a atitude da Williams, que depois de contar com a boa vontade de Massa em retornar à disputa na temporada passada, mais uma vez não lhe deu o devido reconhecimento e valor, preferiu se retirar novamente, desta vez em definitivo.
            A boa notícia é que o esquema de transmissão da categoria continua firme na TV Globo e seu canal por assinatura, o SporTV, que transmitirá todos os treinos livres e classificações na íntegra, e ao vivo, enquanto as corridas serão transmitidas ao vivo no canal aberto, com exceção das provas que conflitarem com o horário dos jogos de futebol, onde a Globo deverá fazer apenas a transmissão de um compacto na noite de domingo/madrugada de segunda, cabendo ao SporTV transmitir a corrida ao vivo, esquema que já vem realizando nos últimos anos. A transmissão de todas as corridas, à exceção do Brasil, será feita em estúdio, com o envio apenas de um repórter ao local dos GPs, como tem feito nos últimos dois anos. A ausência de um piloto brasileiro no grid não teve impacto nas vendas das cotas de patrocínio, e na opinião de Reginaldo Leme, comentarista da emissora para a F-1, a audiência, apesar de não ser a mesma de antigamente, estabilizou-se em um patamar aceitável, de modo que a emissora carioca deve continuar transmitindo a F-1 ainda por um bom tempo, renovando o contrato de transmissão em breve. Uma das razões é garantir que a F-1 continue na Globo, e não acabe migrando para nenhum canal, onde poderia ser um trunfo para a emissora concorrente. Outra razão é que todas as cotas de patrocínio das transmissões costumam ser vendidas sem maiores problemas, garantindo à Globo um bom lucro na relação custo-benefício.
            Para os torcedores que mantém esperanças na volta de um piloto brasileiro ao grid, isto é completamente fora de expectativa na atual temporada. E, mesmo para 2019, as possibilidades ainda são completamente incertas, uma vez que os nomes disponíveis no mercado, que visam chegar à categoria máxima do automobilismo, nenhum deles está altamente cotado para isso no momento.
A McLaren usará as unidades motrizes da Renault nesta temporada, visando retornar às primeiras posições. Todo o time e a própria F-1 está na expectativa. Mas ver a Toro Rosso andando tão bem com a Honda (abaixo) gerou inevitáveis piadas a respeito da ruptura dos ingleses com os japoneses, ocorrida em 2017.

A Ferrari deve ser a principal adversária da Mercedes, mas a Red Bull tem tudo para estragar a festa dos italianos (abaixo).
 



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