Melbourne recebe os carros da F-1 para o primeiro Grande Prêmio da temporada. |
Enfim, chegou a hora.
Hoje a Fórmula 1 dá a largada para o campeonato de 2018. Serão nada menos do
que 21 corridas, o mais extenso da história da categoria, ao lado da temporada
de 2016, que também contou com 21 provas. A única mudança de corridas daquele
ano para este é a substituição da prova da Malásia, que pediu arrego de
participar, devido aos altos custos e pouca disputa, pela etapa da França, que
volta à competição após uma década de ausência, e naquele que é considerado o
melhor palco de todos do GP francês, o circuito de Paul Ricard.
Mas o começo da
temporada é sempre muito festivo e descontraído, afinal, é a Austrália, e os
australianos sabem promover e dar um clima de festa ao seu GP como poucos
promotores conseguem fazer. E depois de vermos um campeonato onde tivemos um
duelo real entre dois pilotos de times diferentes, a expectativa aqui no Albert
Park é vermos mais gente entrando nessa brincadeira, a se confirmarem as
melhores expectativas que puderam ser geradas a partir da pré-temporada deste
ano, que correu sérios riscos devido ao inverno europeu não ter dado folga na
primeira sessão de treinos na Espanha.
O grande duelo do ano
passado, entre o inglês Lewis Hamilton e o alemão Sebastian Vettel tem tudo
para ganhar um repeteco. E fica a expectativa se veremos um novo pentacampeão
mundial de F-1 ao fim do ano, já que ambos são tetracampeões. Mordido pela
derrota de 2017, Vettel deve vir alucinado para dar o troco em Hamilton. Resta saber
se o novo modelo SF71-H proporcionará ao alemão as mesmas possibilidades que o
carro do ano passado. Não que o modelo ferrarista desta temporada seja ruim,
muito pelo contrário: tudo indica que o novo corpo técnico de Maranello
conseguiu desenvolver a contento o chassi de 2017, um temor que muitos tinham
pelo fato de a base do projeto ser do inglês James Allison, que havia sido
demitido do time italiano em meados de 2016. A escuderia rossa reformulou
completamente seu staff técnico, e foi uma grata surpresa ver que eles haviam
finalizado o projeto iniciado por Allison com todo o louvor, a ponto de a
Ferrari realmente ser uma ameaça real à Mercedes, com Vettel a surpreender e
liderar o campeonato até o GP da Itália, quando Hamilton conseguiu inverter a situação.
E foi igualmente gratificante ver que o novo carro mantém o time italiano
competitivo e forte, pronto para tentar novamente duelar pelo título deste ano.
Os italianos ousaram mais no carro 2018, enquanto os alemães apenas melhoraram
o que já era bom. Será um confronto de forças muito interessante.
Vettel e Hamilton: dois tetracampeões em disputa. Quem será pentacampeão primeiro? |
Como em 2017, a
Ferrari acabou a pré-temporada com as melhores marcas em Barcelona, e a
confiança de que estarão na briga. O novo carro mostrou confiabilidade, e a
equipe italiana só rodou menos que sua arquirrival Mercedes. Bons sinais, não
é? Bom, precisa combinar com os concorrentes. Embora não tenha feito tempos
avassaladores na Catalunha, a Mercedes assustou pela fiabilidade e constância,
sendo que suas simulações de corrida e long runs mostraram um carro muito
estável e firme. E um dado preocupante é a empolgação de Hamilton, sinal de que
o novo W09 muito provavelmente será o carro a ser batido. Ficamos apenas na
dúvida de quão tamanha é sua provável vantagem. Até os rivais mais diretos
concordam que o time alemão é o favorito na competição, e torcem para que a
diferença que os separa dos carros prateados não seja significativa, a fim de
poderem medir forças no ritmo de corrida.
Se no ano passado todo
mundo apostava em estratégias mais similares, este ano as opções serão mais
variadas. A Pirelli alterou seus compostos, fazendo com que cada um deles
apresentem performances diferenciadas de forma mais pronunciada, e um pouco
menos duráveis, o que deve incentivar as escuderias a variarem mais suas estratégias
de corrida com os pneus a serem disponibilizados. No ano passado, com carros
mais potentes e muito mais downforce, e as dimensões maiores dos pneus, a
Pirelli adotou uma postura mais conservadora, por segurança, e como
consequência, as trocas de pneus foram bastante reduzidas, com vários GPs tendo
apenas um pit stop por piloto. Esse número deve crescer mais este ano, e
dependendo de como cada carro interagir com os pneus, podemos ter algumas
surpresas nas disputas de pista.
Se todos já esperam o
embate Mercedes VS Ferrari, a Red Bull tem tudo para se intrometer nessa
brincadeira. O novo modelo RB14, concebido pelo mago das pranchetas Adrian
Newey, finalmente permitiu ao time dos energéticos fazer a pré-temporada sem
problemas, proporcionando à escuderia austríaca a chance de começar o
campeonato com força total, e não atrás dos favoritos, tendo de correr atrás do
tempo perdido. E, se confirmarem as expectativas, a Red Bull pode estar tão ou
até mais forte do que a Ferrari, e poderia ser mais um fator a complicar os
planos da Mercedes na luta pelo título. Só que os prateados já estão de
sobreaviso, e um andamento forte dos carros dos energéticos não deverá
surpreender Toto Wolf & Cia. Mais gente na luta pelo título seria mais do
que bem-vindo, para ajudar a tornar a disputa ainda mais emocionante e
imprevisível. Mas, assim como a Ferrari, a Red Bull ainda precisa conhecer o
real potencial da Mercedes, para saber qual o seu déficit de performance – se
existir, para o modelo W09. Se o carro prateado for tão bom quanto alguns
especulam, o risco é que vejamos a Ferrari se atracando com a Red Bull nas
corridas, e com isso fazendo com que ambas acabem deixando a Mercedes disparar
na frente. É um risco que não pode ser ignorado, e todos torcem para que não
aconteça, do contrário parte do interesse dos fãs pelo campeonato pode ir para
o brejo.
A nova Toro Rosso/Honda foi uma grata surpresa nos testes pela confiabilidade mostrada pela Honda. Vai confirmar as impressões nas corridas? |
Mas, se a disputa na
frente pode reservar surpresas agradáveis ou não, no pelotão intermediário a
perspectiva é de uma verdadeira guerra entre quase todos os outros times, alguns
mais cotados que outros, mas todos eles com potencial para serem os líderes do
“resto” do grid, posição que no ano passado foi ocupada pela Force India.
Infelizmente, as dificuldades financeiras continuam a atrapalhar a escuderia
sediada ao lado da pista de Silverstone, que se especializou em fazer o máximo
com o mínimo de recursos possível. Infelizmente, de início, o novo carro do
time de Vijay Mallya ainda não mostrou toda a velocidade esperada, o que indica
que poderá ter problemas em tentar manter-se como a quarta força da competição.
E, com o orçamento curto, o desenvolvimento do novo modelo 2018 também pode
ficar prejudicado, se os rivais se mostrarem muito à frente. Vai ser mais um
ano de superação para a escuderia, como tem sido regra em quase todos os anos
que o time enfrentou desde que estreou na F-1.
Quem parece mais
propenso a isso é a Renault, cujo time de fábrica mostrou uma boa
pré-temporada, talvez até melhor do que todos imaginavam, com o time de Enstone
podendo sonhar mais alto já neste ano. Contando agora com uma dupla de pilotos
igualmente forte, a equipe oficial da fábrica francesa possui recursos para
desenvolver seu equipamento ao longo do ano, e só precisa mesmo garantir a
fiabilidade de sua unidade motriz, que evoluiu muito em performance do ano
passado para cá, mas teve sua confiabilidade como meta principal, o que
significa que nem toda a potência esperada já está à mão dos pilotos. Mesmo
assim, com a performance limitada, o desempenho da nova unidade motriz está
mais próximo das rivais Mercedes e Ferrari, e dependendo dos pilotos e da
qualidade do projeto do carro, eles poderão dar muito trabalho.
E, falando em
trabalho, quem teve muito a fazer foi a McLaren. O time inglês novamente foi o
que menos andou na pré-temporada, e mais uma vez, parece que o projeto arrojado
do modelo MCL-33 atrapalhou a fiabilidade do monoposto, em especial com a nova
unidade motriz da Renault. Foi uma semana de muito trabalho em Woking para
corrigir os problemas e defeitos apresentados no carro, mas Eric Bouiller
garante que o time conseguiu superar as falhas e estará enfim pronto para dar o
seu melhor já a partir dos treinos livres aqui no Albert Park, o que seria
muito bom para a competição, pois apesar dos problemas, o carro mostrou
potencial, algo que não pôde ser visto nos anos anteriores, devido às más
performances das unidades motrizes da Honda. E Fernando Alonso está empolgado
como há tempos não se via. E o espanhol não costuma ficar alegre exatamente à
toa. Mesmo assim, ninguém sabe realmente em que posição de força a McLaren está
no momento. Só nos primeiros treinos livres teremos uma idéia, já que esta
coluna foi fechada antes dos carros irem para a pista no primeiro treino. Mas,
pelo histórico da McLaren, todos querem ver a escuderia de volta à sua melhor
forma, e na melhor das hipóteses, ela pode ter tudo para andar no nível do time
oficial da Renault, senão até mais.
Quem andou
surpreendendo foi a Honda, que nesta pré-temporada mostrou uma confiabilidade
que não foi vista nos últimos três anos na McLaren. Sua nova parceira, a Toro
Rosso, foi o time que mais andou depois de Mercedes e Ferrari, e com uma
performance relativamente boa e inspirada. E claro, eles aproveitaram para
alfinetar a McLaren indiretamente, alegando que a Toro Rosso dá muito mais
liberdade aos japoneses para trabalharem, e com isso, eles enfim estão
mostrando progressos. É claro que a McLaren teve parte da culpa no insucesso da
Honda nos últimos três anos, mas ninguém pode negar também que a fábrica
nipônica teveum desempenho muito abaixo da crítica, e se parte do bom
desempenho atual se deve à Toro Rosso respeitar melhor as exigências do
propulsor nipônico, este também foi concebido agora com auxílio da Ilmor, algo
que a Honda sempre recusou fazer até meados do ano passado, quando finamente
cedeu às pressões para aceitar ajuda externa.
A Alfa Romeo volta à F-1 depois de mais de 30 anos, agora em parceria com a Sauber. |
Com relação à
performance, eu não diria que a Toro Rosso tenha maior potencial do que a
McLaren, mas que eles vão andar melhor do que muitos imaginavam, isso já parece
um fato mais do que inquestionável. Há quem ache que o time de Faenza pode até
ser a quarta força do campeonato, mas só saberemos de fato após as primeiras
corridas.
E quem quer medir
forças é a Hass, cujo novo carro 2018 mostrou velocidade nos últimos dias da
pré-temporada. A ordem no time norte-americano é evoluir sempre, e a escuderia
tentou cumprir com esse objetivo em suas duas primeiras temporadas na
competição, apesar de alguns problemas e inconstâncias, que esperam que não se
repita este ano. Mas a luta será árdua no meio do pelotão, e se a Hass também
revela potencial para ser a quarta força, ela também pode acabar superada pelos
rivais na disputa de pista, que se for tão renhida e acirrada quanto se espera,
as mínimas diferenças poderão significar muitas posições amais ou a menos nos
resultados alcançados. A meta de Gene Hass é ficar seu time definitivamente no
rol dos times médios da F-1, e bem ou mal, vem conseguindo crescer desde que
estreou na categoria, mesmo que devagar, talvez mais do que seria aconselhável.
Quem já parece sentir
que o ano vai ser complicado, apesar dos novos ares no time, é a Sauber Alfa
Romeo. Apesar de modelo C37 ser bem concebido, e significar um bom avanço em
relação ao que o time suíço dispunha para a temporada passada, infelizmente a
concorrência parece ter feito um trabalho melhor ainda, e a escuderia fundada
por Peter Sauber pode amargar mais um ano apenas fechado o grid, e pontuando
com muuita sorte. Até eles já admitem isso, e que se pontuarem, vai ser algo
excepcional durante o ano. Tomara que não seja ruim assim, até porque o retorno
da Alfa Romeo, uma marca que fez história por ser a primeira vencedora e campeã
da categoria máxima do automobilismo, merece melhor sorte.
E a Williams, então?
Difícil dizer onde a escuderia de Grove vai parar nesta temporada. Se no ano
passado o time ainda parecia que teria um carro melhor que o do ano anterior, e
tudo andou para trás, o que dizer do novo FW41? Paddy Lowe, que coordenou a
reestruturação técnica do time em 2017 e estabeleceu as novas diretrizes do
projeto do carro deste ano, é enfático em afirmar que o potencial do novo carro
só será visto mais à frente, o que definitivamente não ajuda a criar melhores
expectativas sobre as chances do time. Some-se a isso ao fato do time ter
optado por uma dupla de pilotos “pagantes”, o que vem sendo encarado como
decadência para um dos times mais tradicionais da F-1, e que já foi também um
dos mais vitoriosos, e a evolução dos concorrentes, como a Hass e a Toro Rosso,
e o esperado renascimento da McLaren, e realmente a Williams vai ter muita
coisa para provar neste ano, e precisando começar já para ontem. A constatação
de que Felipe Massa se livrou de uma bomba é enorme. Robert Kubica vai testar
nos simuladores e um treino livre ou outro, e vai ter de fazer milagres para
ajudar o time a ir para a frente. Pessimismo exagerado? Preconceito com o time
que “enterrou” vários pilotos brasileiros na F-1? Não, apenas um pouco de
realismo, até porque a escuderia inglesa vem marcando bobeira em evoluir seus
carros nos últimos anos, e para 2018, infelizmente a perspectiva não ajuda nem
um pouco. Vai ter de se esforçar para não cair para trás, e vai ter de ser um
belo esforço...
Mas, chega de
especulações, teorias e expectativas. É hora de conferirmos a realidade que a F-1
irá apresentar para este ano. Portanto, vamos à luta na pista pra valer, e que
vença o melhor! Está na hora da largada para a Fórmula 2018!
Desde que o halo foi visto pela
primeira vez nos carros da atual temporada, piadas relativas aos carros com chinelos
não faltaram. E não é que a McLaren levou isso a sério? O time laranja terá
durante o GP da Austrália, na nova peça de segurança dos pilotos o patrocínio
da empresa Gandys, que fabrica... chinelos! E que irá lançar uma série
“exclusiva” inspirada no visual da McLaren chamada “Edição Halo”, cujos lucros
da venda serão revertidos para uma instituição de caridade mantida pelos
fundadores da empresa. Será que a Alpargatas pegaria a deixa com as famosas
“havaianas”, se perguntavam... E não é que a famosa marca de chinelos também
resolveu realmente entrar nessa? A marca das Havaianas poderá ser vista no halo
dos carros da Force India. Será que veremos outras marcas de chinelos pintando
no pedaço...?
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