quarta-feira, 30 de outubro de 2013

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - OUTUBRO DE 2013



            E o ano de 2013 já vai quase indo embora, restando apenas 2 meses para chegarmos a 2014. E fim de mês é sempre o momento de uma nova edição da COTAÇÃO AUTOBILÍSTICA, fazendo um pequeno balanço de alguns dos acontecimentos deste mês no mundo das corridas mundo afora, com apresentação no tradicional esquema de sempre: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura para todos, e espero estar de volta no mês que vem, com mais uma edição da Cotação. E até a próxima postagem...



EM ALTA:

Sebastian Vettel: Exibindo um domínio patente desde o GP da Bélgica, a conquista do título de 2013 da Fórmula 1 era mera questão de tempo, e o jovem alemão da equipe Red Bull fechou a fatura no Grande Prêmio da Índia com todos os méritos, após 6 vitórias consecutivas onde seus potenciais adversários ficaram pelo caminho, impotentes. Com a conquista, Vettel torna-se o 4° piloto na história da F-1 a alcançar a marca de 4 títulos, e o 3° piloto a conseguir um tetracampeonato consecutivo. Apenas Michael Schumacher e Juan Manuel Fangio venceram 4 campeonatos seguidos. Mas Sebastian impressiona pela precocidade: é o mais jovem tetracampeão de todos os tempos na F-1, com apenas 26 anos. Colecionando títulos desde 2010, quem achava que o heptacampeonato de Schumacher seria inigualável pode começar a rever seus conceitos. Com muito tempo de carreira ainda pela frente, Vettel pode pulverizar os recordes conquistados por seu ídolo Michael Schumacher, e tornar-se o maior piloto da história da F-1. O tempo dirá...

Scott Dixon: O neozelandês da equipe Chip Ganassi chegou ao tricampeonato da Indy Racing League com todos os méritos. Depois de uma primeira metade de campeonato apenas mediana, Dixon fez uma arrancada demolidora após a prova de Pocono, conquistando 3 vitórias consecutivas e lançando-se como candidato ao título. E apesar dos percalços em algumas corridas, continuou escalando a classificação, acabando por inverter as expectativas na rodada dupla de Houston, onde de desafiante passou a favorito ao título, e não deixando escapar o caneco. Dixon agora empata em títulos com Sam Hornish Jr., e com certeza vai em busca de igualar o número de títulos de Dario Franchiti, que foi campeão em 4 temporadas da IRL.

Jorge Lorenzo: O atual bicampeão da MotoGP tem feito tudo ao seu alcance para se manter na luta pelo título da atual temporada, que vem sendo dominada pelo novato sensação Marc Márquez, e tem sido um rival duro na queda. Após a prova do Japão, em Motegi, apenas Márquez e Lorenzo agora podem conquistar o título, e o atual campeão da categoria é quem mais venceu no ano, com 7 vitórias. Um dado expressivo, se levarmos em conta que a Honda possui um equipamento levemente superior à Yamaha, time de Lorenzo, o que só mostra ainda mais que Jorge tem dado tudo de si e mais um pouco nas corridas. E não vai baixar os braços na etapa final, em Valência.

Nico Hulkenberg: O piloto alemão da Sauber se tornou o principal atrativo das especulações de contratação de pilotos para 2014. Com a melhora do carro do time suíço, Nico fez corridas de encher os olhos nas etapas da Itália, Coréia do Sul e Japão, onde duelou com pilotos de carros muito superiores, e valorizando ainda mais o seu passe nas negociações de um lugar mais competitivo para a próxima temporada. No auge das fofocas, já teria assinado com pelo menos 4 escuderias para 2014, mas até o presente momento, ainda não tem nada certo efetivamente. Não fosse a F-1 atual comandada mais pelo dinheiro do que pelo talento, com certeza já teria sua vaga garantida em 2014, mas a questão orçamentária ainda é o seu maior obstáculo para obter um bom cockpit no próximo ano. Mas Hulkenberg já mostrou seu cartão de visitas, e isso não costuma ser esquecido pelos chefes das escuderias da categoria máxima do automobilismo.

Romain Grossjean: De batedor com fama de maluco em 2012, o piloto franco-suíço melhorou muito nesta temporada, e nas últimas corridas, tem andado muito forte e conquistado 3 pódios consecutivos nas provas da Coréia do Sul, Japão e Índia, mostrando que tem condições de liderar o time, que vai perder sua maior estrela, Kimi Raikkonen, já de malas prontas para a Ferrari em 2014. Sem dúvida um panorama bem mais animador, e muito bem-vindo para Romain em um momento crucial do campeonato, quando estão sendo escolhidos os pilotos de vários times para a próxima temporada. Se antes sua presença na Lotus em 2014 era mais devida a Eric Bouiller, que além de seu empresário é chefe da escuderia inglesa, agora Grossjean mostra mais credenciais para permanecer no time por méritos próprios, e com possibilidade de conquistar resultados muito mais expressivos.



NA MESMA:

Equipe Penske: Pelo quarto ano consecutivo, o time de Roger Penske amarga o vice-campeonato na Indy Racing League. Nos últimos 3 anos o título foi perdido por Will Power na prova final, e este ano o derrotado foi Hélio Castro Neves, que fez da constância e regularidade suas principais armas no campeonato. Mas a falta de alguns resultados mais vistosos tornou o brasileiro presa fácil para a eventualidade de tudo dar errado em algum momento, e se algum adversário poder capitalizar com isso na luta pelo campeonato. E infelizmente esse adversário surgiu, Scott Dixon, e a etapa azarada, em Houston, quando foram disputadas não apenas uma, mas duas provas, com Helinho a ter quebra de cãmbio nas duas corridas, se mostraram fatais para as ambições de título, e nem a reação em Fontana foi suficiente para reverter as expectativas. O jejum de títulos é incômodo para Roger Penske: seu time contabiliza até hoje apenas um campeonato na IRL, em 2006, obtido por Sam Horsnish Jr. Melhor sorte em 2014, quando sua escuderia terá o reforço de ninguém menos do que Juan Pablo Montoya...

Fernando Alonso: Mais um ano, mais promessas de disputar o título, e mais um ano na fila, esse é o panorama para o bicampeão espanhol, que desde que chegou à Ferrari, não conseguiu acabar com o seu jejum de títulos. Além de ver Sebastian Vettel conquistar seu 4° título consecutivo, Alonso ainda tem que se preocupar em garantir o vice-campeonato, pois com 3 corridas ainda para fechar o campeonato, o espanhol tem que se preocupar com a performance superior de Mercedes e Lotus, que nas últimas corridas têm superado o time italiano com certa facilidade, colocando a Ferrari em posição perigosa tanto na classificação de construtores como de pilotos. Se Alonso não tomar cuidado, pode ainda terminar superado por Kimi Raikkonen e Lewis Hamilton na classificação, apesar de ainda ter uma vantagem razoável para seus perseguidores mais diretos.

Dani Pedrosa: Quem também vai precisar esperar outro campeonato para ver se consegue ser campeão é Dani Pedrosa. Justo no ano em que seu time, a Honda, possui a melhor moto do campeonato da MotoGP, Pedrosa ganhou um companheiro de equipe com performance arrasadora, Marc Márquez, deixando o veterano do time na sombra. Com o resultado da corrida do Japão, Pedrosa já ficou sem chances de disputar o título, e até mesmo de ficar com o vice-campeonato, pois agora pode apenas empatar em pontos com Jorge Lorenzo, mas perderia a posição por ter menos vitórias do que seu conterrâneo e atual bicampeão da categoria. A situação só não é ruim para os espanhóis porque tanto Lorenzo quanto Márquez e Pedrosa são conterrâneos, então um espanhol vai vencer o campeonato de qualquer maneira...

Transmissão da Indy Racing League no Brasil: Pelas declarações dos narradores durante a transmissão da etapa de encerramento do campeonato de 2013, em Fontana, a Bandeirantes deve continuar transmitindo as corridas da IRL no Brasil na próxima temporada. Agora, se vai melhorar o seu esquema de transmissão, isso são outros quinhentos. Para quem já estava na expectativa de ficar sem as corridas da categoria americana, saber que ainda poderão acompanhar as provas na TV brasileira, seja no canal pago ou no canal aberto, já é algo positivo. E, lembrando que no ano que vem teremos tanto Hélio Castro Neves quanto Tony Kanaan em equipes de ponta e provavelmente lutando pelo título, já dá um bom incentivo para o torcedor "comum" acompanhar as corridas com um pouco mais de atenção.

Chatice dos comissários da F-1: Vettel venceu o GP da Índia e comemorou a conquista do tetracampeonato dando zerinhos na reta dos boxes, e ainda foi para o alambrado jogar as lugas para a torcida, num gesto efusivo de comemoração como há muito tempo não se via na F-1. E o que os comissários fizeram: tacaram uma multa na Red Bull por seu piloto ter "violado" a regra de se dirigir ao parque fechado após a corrida, e com isso atrasar a cerimônia do pódio. Depois, quando se fala que a categoria máxima do automobilismo anda intragável, é graças a gestos como esse, onde a organização da categoria não parece compreender o que está acontecendo. Fosse um piloto mais "sincero", como Nélson Piquet em seus bons tempos, Vettel teria soltado palavrões para cima de todos na sala da organização da corrida. E com certeza, acabaria tomando outra multa por isso, o que valeria outra rodada de palavrões para um grupo de chatos que mereceria tudo com a mais justa causa. Definitivamente, a categoria máxima do automobilismo precisa se uma sessão de descarrego para se livrar destas imbecilidades...



EM BAIXA:

Felipe Massa: O piloto brasileiro ainda tem seu futuro indefinido na F-1 em 2014. Apesar de manter conversas com vários times, o passe do brasileiro já foi mais valorizado, e nas últimas corridas, o brasileiro teve a infelicidade de sofrer e/ou cometer vários erros, que arruinaram suas chances de obter melhores resultados e valorizar sua posição na mesa de negociações. Apenas na Índia Felipe conseguiu de fato fazer uma prova combativa, estando perto de terminar no pódio, mas as negociações ainda seguem se desenvolvendo, com algumas especulações já dando conta de que Massa teria assinado com a Williams, algo que ainda precisa ser confirmado. Para complicar, Massa até o momento não parece trazer patrocinadores de vulto, algo que anda contando muito para a maioria dos times da categoria atualmente, e que certamente seria um grande trunfo na mesa de negociações, onde só sua experiência de quase uma década como piloto da Ferrari parece não ser tão decisivo como o fator financeiro, infelizmente.

Ferrari: O time italiano vive uma temporada inferior à de 2012, quando mesmo tendo começado o ano de forma risível, ainda conseguiu colocar as coisas nos eixos e disputar o título com Fernando Alonso. Este ano, começando o campeonato de forma muito mais animadora, se esperava um melhor desempenho, mas o time de Maranello se perdeu no desenvolvimento do carro deste ano, e nas últimas provas, tem sido superada por Lotus, Mercedes, e até pela Sauber. E para piorar, tanto Alonso quanto Massa tem alternado performances médias com ruins, o que só complica a situação da escuderia italiana, que está numa luta renhida com a Mercedes pelo vice-campeonato de construtores, e ainda está na possibilidade de ser alcançada pela Lotus, se não se cuidar. Com o time já voltado para o mundial de 2014, a Ferrari tem que torcer para não ser superada pelos adversários nas corridas que faltam, mas a parada promete ser complicada.

Mark Webber: O piloto australiano tem vivido um inferno astral nas últimas corridas, em que pese ter feito algumas boas performances. Com sua aposentadoria da F-1 já anunciada, Webber merecia pelo menos vencer pela última vez na categoria, mas no Japão, a estratégia de pneus não funcionou, e Mark ainda ficou "trancado" atrás de Grossjean; e na Índia, o carro quebrou. E como desgraça pouca é bobagem, ainda viu seu carro pegar fogo na Coréia do Sul, após ser abalroado por outro competidor durante a corrida. Certamente não é a final de campeonato que o australiano esperava. Para piorar, Helmut Marko, que nunca morreu de amores por Webber, anda rindo à toa com mais um título de seu protegido Vettel, e não vê a hora de Webber nunca mais dar as caras na escuderia...

Pastor Maldonado: A lua de mel entre o piloto venezuelano e a Williams azedou de vez, e Pastor não cansa de reclamar que o carro é ruim, fato mais do que óbvio. Agora ele tenta arrumar lugar em outra escuderia, mas o patrocínio da PDVSA, seu grande trunfo, tem um contrato muito bem amarrado com a Williams, e o velho Frank não vai largar esse osso tão facilmente, ainda mais que o contrato prevê as temporadas de 2014 e 2015 ao time inglês, que não exigem necessariamente a presença de Maldonado na escuderia. Sem a verba da PDVSA, dificilmente Maldonado arrume lugar em outro time, e o venezuelano já chegou a falar que, para ter um carro ruim prefere ficar em casa. Se não conseguir levar consigo o polpudo patrocínio da petrlífera venezuelana, é bem capaz mesmo de acabar ficando em casa...Ainda tem a hipótese de a PDVSA ir com Maldonado e continuar patrocinando a Williams, mas com o sucateamento da empresa, em virtude da administração perpetrada por Hugo Chávez na última década, resta saber se a empresa teria interesse em dispender verba para manter dois patrocínios de vulto na F-1...

GP da Índia: Apesar de possuir uma pista interessate, o GP da Índia é mais uma prova que dá adeus ao calendário da categoria, após apenas 3 edições realizadas. A prova indiana nunca conseguiu ter um público satisfatório, e a categoria máxima do automobilismo também não chegou a encantar os torcedores do país. E como Bernie Ecclestone tem outros interessados na fila de espera para terem um GP, a Índia fica a ver navios. Uma pena que seja assim com as pistas mais interessantes que Hermann Tilke andou criando, como a da Turquia, que também muito cedo perdeu seus deslumbre com a F-1 e foi rifada do calendário sem maiores lamentações por parte do chefão da FOM. De positivo, ficará apenas a decisão do título de 2013, com mais uma vitória de Sebastian Vettel, que se tornou o único piloto a vencer na pista indiana. De ponto negativo, tem a poluição da cidade de Nova Delhi, que em todas as ocasiões sempre deixou a pista com um nevoeiro incômodo, e que também sempre pegou mal nas transmissões...

 



sexta-feira, 25 de outubro de 2013

DIXON TRICAMPEÃO


Com as vitórias nas duas corridas de Toronto, Dixon mostrou que o triunfo em Pocono não era circunstancial, e iniciou uma escalada meteórica rumo ao título da IRL 2013, conquistando seu tricampeonato.

            Terminou o campeonato da Indy Racing League 2013, e o melhor piloto venceu: Scott Dixon sagrou-se tricampeão da categoria com todos os méritos, derrotando o brasileiro Hélio Castro Neves, que durante boa parte da temporada foi visto como o principal favorito ao título, apostando numa campanha regular e constante. Mas, com apenas 1 vitória na temporada, e com um desempenho tido por muitos como abaixo do necessário para reforçar sua posição na luta pelo título, um único fim de semana negativo, nas duas provas disputadas em Houston, foram suficientes para implodir as esperanças do piloto brasileiro, que fez sua melhor temporada na categoria, em termos de posição de campeonato, desde 2008, coincidentemente, quando também foi vice-campeão, perdendo o título daquele ano para o mesmo rival, Scott Dixon, e a Ganassi.
            O campeonato de 2008, aliás, guarda algumas semelhanças com o deste ano: naquela temporada, Hélio também foi um piloto extremamente regular, marcando pontos em praticamente todas as corridas. Como neste ano, o brasileiro não foi um vencedor contumaz, tendo triunfado apenas em duas provas, em Sonoma e Chicago. Dixon, por outro lado, a exemplo do que vimos neste ano, foi o piloto que mais venceu no ano, com nada menos do que 6 vitórias. Mas se Hélio não venceu tanto, foi muito constante, com nada menos do que mais 9 pódios na temporada, ao passo que o neozelandês também foi muito regular, com 7 pódios. No fim, vitória para Dixon, que chegou ao bicampeonato com 646 pontos, contra Hélio Castro Neves, que conquistava seu segundo vice-campeonato, com 629 pontos. De quebra, Dixon ainda faturou as 500 Milhas de Indianápolis de 2008. Hélio, contudo, foi mais incisivo na sua regularidade em 2008, colecionado um bom número de presenças no pódio, o que não foi o caso deste ano, onde terminou bem várias provas, mas várias delas fora do pódio, cujos lugares oferecem pontuações mais generosas. Em algumas corridas, é verdade, teve problemas, mas estava de certa forma no lugar errado na hora errada, consequência de algumas classificações de grid malsucedidas, obrigando-o a tentar minimizar os estragos com estratégias de corrida para avançar à frente.
            Foi preciso o desastre de Houston para Helinho e a Penske ficarem com os brios em ponto de bala, e em Fontana, o brasileiro andou muito bem, só tendo o azar de trocar sua asa logo antes de surgir uma bandeira amarela. Mas mesmo que isso não ocorresse, já não adiantaria: mesmo que o brasileiro vencesse a corrida, ainda assim Dixon terminaria em 6°, posição mais do que suficiente para lhe garantir o título. Dixon foi ousado em várias corridas desde Pocono, e sua escalada deveria ter motivado a Penske e Hélio a cerrarem a marcação para garantir o título. Não que o time de Roger Penske tenha exatamente dormido no ponto, mas certamente poderia ter conseguido muito mais se não tivessem sido tão prudentes e conservadores, por assim dizer. Melhor para o piloto da Ganassi, que mesmo quando parecia ter perdido o páreo, continuou vindo para cima com tudo. E colheu os louros da vitória, mais do que merecidos. Foi uma recompensa à sua bravura e tenacidade, e também à sua determinação impetuosa em algumas provas.
            Com esta conquista, Dixon empata com Sam Hornish Jr. em número de títulos da IRL, ficando atrás apenas do escocês Dario Franchiti, que é o único tetracampeão da categoria. Desconsidero a Fórmula Indy porque a IRL é uma categoria que nasceu em 1996, e para mim, trata-se de outro campeonato, em que pese a chamada "reunificação" propalada em 2008, que a rigor nada mais foi do que o fechamento do campeonato da Indy original, tendo sobrado apenas a Indy Racing League.
            Aliás, Dixon estreou na F-Indy em 2001, correndo pela equipe PacWest, tendo como companheiro naquele ano o brasileiro Maurício Gugelmim. Para um ano de estréia, o neozelandês foi bem, conseguindo até uma vitória. No ano seguinte, com o fim da PacWest, ele migraria para a equipe Ganassi, iniciando uma relação que dura até hoje. Não foi uma caminhada tranquila: houve vários percalços, mas também momentos gloriosos. Ao fim de 2002, Chip Ganassi debandaria para a IRL, e as estruturas de um time da F-Indy, claramente reconhecidos como superiores aos da IRL, fez a concorrência sentir o impacto: Dixon foi campeão em seu ano de estréia na categoria, derrotando outro time que havia migrado da F-Indy para a IRL: a Penske, com sua dupla brasileira, Gil de Ferran e Hélio Castro Neves. Juntos de Tony Kanaan, liderando a equipe Andretti-Green, as equipes do certame de Tony George comeram poeira naquele ano.
            Na primeira competição travada no novo campeonato, era a primeira derrota da Penske para a Ganassi, e não seria a primeira. Para Dixon, entretanto, os dois anos seguintes foram complicados, devido a inferioridade técnica do equipamento adotado. Apenas em 2006 o time voltaria a mostrar sua força, e como piloto que não desperdiça oportunidades, Dixon entrou na luta pelo campeonato novamente, ficando em 4° lugar. Em 2007, ele travou uma luta titânica contra Dario Franchiti, perdendo o título por apenas 13 pontos, mas mostrava que a Ganassi estava de volta com tudo, o que confirmaria no ano seguinte, com a conquista do bicampeonato, na segunda vez em que a Ganassi novamente derrotava a poderosa equipe de Roger Penske.
            A partir de 2009, as maiores dores de cabeça do neozelandês não vieram da concorrência, mas dentro de sua própria equipe: tendo contratado o escocês Dario Franchiti para ser um de seus pilotos após uma passagem frustrada deste pela Nascar, Dixon precisou de muita determinação e cabeça fria para não sucumbir à avalanche de títulos enfileirada pelo novo companheiro de time, que conquistou nada menos do que 3 campeonatos seguidos, em 2009, 2010, e 2011. No primeiro ano da parceira, o título acabou decidido entre os dois pilotos da Chip Ganassi, e Franchiti venceu Dixon por apenas 11 pontos, mesmo com o neozelandês tendo 1 vitória a mais no campeonato.
            Nos dois anos seguintes, Dixon ficou um pouco à sombra de Franchiti na Ganassi. O principal rival agora era Will Power, da Penske, que depois de luta ferrenha durante todo o campeonato de 2010 e 2011, acabou ficando com o vice-campeonato, contabilizando mais derrotas da Penske frente à Ganassi. Logo atrás de ambos vinha Dixon, numa demonstração clara de que a luta dentro do time do velho Chip foi bem dura: tanto ele quanto Franchiti poderiam muito bem terem sido campeões. Faltou apenas um pouco de sorte, mas não dá para ganhar sempre.
            No ano passado, a Ganassi perdeu um pouco o ímpeto. A adoção dos novos chassis DW12 da Dallara custou um tempo de adaptação mais longo do que se imaginava, e pela primeira vez desde 2005, a Chip Ganassi não demonstrava ter força para impressionar os adversários na pista. Mas isso não foi suficiente para abater Scott, que numa campanha bem regular, salvou a honra do time, ficando em 3° lugar na competição. Foi a primeira temporada em que o neozelandês superou seu companheiro de equipe escocês: Franchiti ficou em 7° no campeonato.
            Neste ano, a Ganassi fez uma primeira metade de temporada desconexa, e Dixon tinha como melhor resultado apenas um pódio, na etapa do Alabama. Mas a partir de Pocono, a escuderia conseguiu maravilhas no acerto de seus carros, e Scott conseguiu uma segunda metade de temporada arrasadora, conquistando 4 vitórias. Desde a corrida em Pocono, também foi nítida a perda de rendimento de Helinho, tendo apenas 1 pódio no mesmo período. Dixon terminou o ano como o piloto com o maior número de vitórias: 4, contra 3 de Will Power e James Hinchcliffe. Descontando o infortúnio de Dario Franchitti na segunda prova de Houston, Dixon teve um ano muito superior ao escocês, agora superado ainda mais do que no ano anterior, tendo ficado apenas em 10° na classificação do campeonato, tendo apenas 4 pódios e nenhuma vitória. E, claro, mais uma derrota da Penske para a Ganassi, que aliás tem tudo para repetir a disputa em 2014. E a Ganassi ainda contabilizou a vitória de Charlie Kimball em Mid-Ohio, empatando com a Andretti Autosport em número de vitórias no ano: 5. Para a Penske, com apenas 4 triunfos, foi uma derrota dupla, não apenas perdeu o campeonato pelo 4° ano consecutivo, como não conseguiu vencer mais que os concorrentes.
            E a disputa entre as equipes Penske e Ganassi será ainda maior em 2014. Se por um lado a Penske contratou o colombiano Juan Pablo Montoya para reforçar seu time, que continuará contando com o brasileiro Hélio Castro Neves e o australiano Will Power, por seu lado, Chip Ganassi terá o reforço do brasileiro Tony Kanaan em sua escuderia, um reforço considerável, e talvez muito mais efetivo do que a estréia do piloto colombiano na Penske. Montoya andou nos últimos anos na Nascar, e nunca conseguiu o mesmo destaque que teve na F-Indy. Ainda por cima, ele ficou um pouco gordinho para os monopostos, mas já iniciou uma preparação ferrenha para colocar-se de novo em forma para estar em ponto de bala quando se sentar novamente em um monoposto, para o campeonato do ano que vem. Mesmo assim, fica a dúvida do que Montoya poderá render na categoria. Uma dúvida que praticamente inexiste no caso de Kanaan, que nas últimas 3 temporadas, deu mostras de andar mais do que sua equipe KV o permitia, mostrando sua grande capacidade como piloto. Será um duelo de titãs, com a Penske buscando o primeiro campeonato de seus pilotos, enquanto no time de Chip Ganassi haverá 3 campeões: Dixon buscando o tetracampeonato; Franchiti buscando o pentacampeonato, e Kanaan buscando o bicampeonato. Falta Charlie Kimball desencantar, mas vai ser complicado tendo estes companheiros de equipe, mas não quer dizer que seja impossível.
            Sem dúvida alguma, é um grande atrativo para o campeonato da IRL no próximo ano. Fica a esperança de que a prometida transmissão da Bandeirantes para o campeonato de 2014, ventilada pelos narradores durante a prova de Fontana, não tenha sido apenas para "inglês ver", e as provas do campeonato americano continuem a ser transmitidas para o Brasil. Infelizmente, a corrida em São Paulo já era, não constando do calendário divulgado pela direção da Indycar para o ano que vem. Espero que pelo menos a transmissão se mantenha, e com um esquema mais coerente por parte da Bandeirantes, que tem um produto bom nas mãos, mas precisa decidir fazer um melhor uso com ele do que anda fazendo nos últimos tempos.


E a F-1 disputa neste fim de semana o Grande Prêmio da Índia de F-1, que é sua despedida do calendário da categoria, já não constando mais na relação de provas do ano que vem. Dizem que volta em 2015, mas duvido. Mais uma corrida que não conseguiu cativar o público, em um local para onde foi levada motivada apenas pela gânancia de Bernie Ecclestone. Devemos ver a conquista antecipada do título por Sebastian Vettel, que salvo um desastre completo para o tricampeão alemão, deve ser decidido matematicamente neste domingo...

terça-feira, 22 de outubro de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX - SETEMBRO DE 1996 - 20.09.1996



            Continuando a trazer minhas antigas colunas de automobilismo, eis aqui a que foi publicada em 20 de setembro de 1996, que tinha como tema o destino do piloto inglês Damon Hill. Provável campeão àquela altura do campeonato, Frank Williams, seguindo seu costume de dispensar seus campeões, simplesmente resolveu não renovar o contrato do filho de Graham Hill, que seria de fato campeão naquele ano, derrotando seu companheiro de equipe, o canadense Jacques Villeneuve. Para o lugar do inglês, a Williams contrataria o alemão Heinz-Harald Frentzen.
            Nem é preciso dizer que o alemão rendeu menos do que era esperado no time, enquanto Hill teve uma temporada de calvário em 1997, tendo assinado com a equipe Arrows, à época comandada por Tom Walkinshaw, que tinha planos ambiciosos para sua escuderia na F-1. De resto, mais alguns comentários rápidos sobre alguns outros acontecimentos no mundo da velocidade. Uma boa leitura a todos, e em breve tem mais textos antigos...


PARA ONDE VAI DAMON HILL?

            A temporada da Fórmula 1 em 1996 vai chegando à sua reta final, e o campeonato muito provavelmente será decidido na etapa deste fim de semana, em Portugal. Como é de praxe, a tensão nos bastidores da categoria está em alta, apesar de um pouco mais relaxado do que há duas semanas atrás, em Monza. O principal atrativo é o mercado de pilotos para o próximo ano, e embora as opções estejam ficando reduzidas, o ponto central continua sendo um só: qual será o destino de Damon Hill em 1997?
            Dispensado pela Williams, a melhor equipe da F-1 atual, apesar do bom desempenho neste ano, Hill pode até mesmo ficar desempregado em 97. As opções estão muito escassas, e o piloto inglês deverá mesmo acabar parando em um time médio da F-1.
            A primeira opção, a McLaren, que manifestava interesse em ter Hill para poder novamente usar o número 1 em seus carros, voltou atrás e já renovou o contrato com Mika Hakkinen. David Couthard e o piloto finlandês repetirão em 97 a parceria deste ano no time de Ron Dennis. O maior empecilho à renovação de Hakkinen era o valor do contrato, considerado muito alto pela direção da McLaren. A West, nova patrocinadora do time no próximo ano, resolveu bancar a operação, e tudo se resolveu.
            Na Benetton, as chances de Hill também são muito reduzidas. O dirigente do time, Flavio Briatore, não tem muita fé no piloto inglês, e seus atuais pilotos, Jean Alesi e Gehrard Berger, têm muito mais a oferecer do que o filho de Graham Hill. Isso sem falar que tanto Alesi quanto Berger estão determinados a continuar no time em 97.
            Outra opção, talvez a mais possível, seja a Jordan. O time tem interesse em contar com o provável campeão mundial de 96. Seria também um golpe de marketing perfeito da Peugeot, que usaria o nº 1 em seus carros ganho às custas da principal rival, a Renault. Eddie Jordan, porém, tem uma escolha difícil: manter Rubens Barrichello, um piloto de comprovado talento, apesar das circunstâncias vividas pelo brasileiro no time atualmente, ou contratar Hill, um piloto de talento duvidoso em algumas situações?
            Até Jackie Stewart já manifestou interesse em ter Hill como piloto. O principal problema é financeiro: Stewart já declarou não ter como pagar o valor pedido por Hill. Como a equipe do tricampeão escocês irá estrear em 97 na F-1, Hill seria muito indicado por sua experiência como piloto de testes da Williams. De fato, Damon Hill é um excelente piloto de testes: é mepnhado e trabalha como poucos no ramo.
            A opção da Ferrari é totalmente descartada. Michael Schumacher e Eddie Irvinne deverão fazer dupla novamente em 1997, apesar do descontentamento do irlandês, que está ficando chateado por ser piloto “de reserva”: entenda-se que o time italiano só tem olhos para Schumacher.
            Há também a opção da Arrows, que agora associada à TWR de Tom Walkinshaw, deve ter uma grande evolução para 97. No mesmo nível está a Sauber, onde há uma vaga em potencial para Damon. Qualquer que seja a equipe, dentre estas últimas, o nível técnico fica a desejar.
            Seja lá para onde Damon Hill for, a verdade é uma só: ele já pode ir se despedindo da condição de piloto de pona da F-1. No atual estágio da categoria, vitórias de times médios só acontecem por pura sorte, como foi o caso de Olivier Panis este ano, na prova de Mônaco.


A F-1 chega à sua última prova da fase européia: o Grande Prêmio de Portugal, a ser disputado neste domingo no Autódromo Fernanda Pires da Silva, no Estoril. O circuito, de 4,36 Km de extensão, é o mais conhecido pelas equipes, que aqui testam intensamente durante a pré-temporada, quando os principais circuitos do continente europeu estão cobertos de neve. O GP é disputado em 71 voltas, totalizando 309,56 Km de percurso. Em 1995, David Couthard foi o pole-position, e venceu a corrida quase de ponta a ponta. O maior lance, entretanto, foi o “vôo” de Ukyo Katayama, que decolou com seu Tyrrel na largada. Felizmente, ninguém saiu ferido, mas o susto foi grande.


Para aqueles que gostam de detalhes da história da F-1, o GP de Portugal estreou na categoria em 1958, sendo disputado em 1959 e 1960. Seguiu-se uma longa ausência, e o GP lusitano só retornou ao calendário em 1984, sendo disputado ininterruptamente desde então. Dois pilotos aparecem como os maiores vencedores desta corrida: Nigel Mansell, que venceu em 1986, 1990 e 1992; e Alain Prost, vencedor em 1984, 1987 e 1988. Stirling Moss venceu as provas de 1958 e 1959. Depois deles, os demais só venceram uma única vez: Ayrton Senna em 1985, Jack Brabham em 1960, Gerhard Berger em 1989, Riccardo Patrese em 1991, Michael Schumacher em 1993, Damon Hill em 1994, e David Couthard em 1995.


Jackie Stewart anunciou esta semana que seu principal patrocinador para 1997 será a instituição financeira Hong Kong and Shanghai Bank. O valor do patrocínio é calculado em cerca de US$ 40 milhões.


No último domingo, a Indy Racing League (IRL) disputou sua segunda etapa do campeonato 96/97. Estreando o circuito de Lãs Vegas Motor Speedway, que custou cerca de US$ 80 milhões para ser construído, e tendo capacidade para mais de 100 mil pessoas, o que se viu foi uma corrida cheia de acidentes. Arie Luyendick conquistou a pole-position e era o piloto mais rápido da prova, e acabou acertando o muro. O “holandês voador” anda mesmo azarado: já são 3 corridas seguidas com abandono. A corrida acabou sendo vencida por Richie Hern. Os pilotos brasileiros Marco Greco e Affonso Giaffone largaram em 23º e 24º respectivamente, e terminaram em 9º e 10º. Outros pilotos acidentados foram Tony Stewart, Stephan Gregoire, Eddie Cheever, Mark Dismore, entre outros. Só para frisar, mais dois detalhes da corrida: houve até uma capotagem durante a prova, e o público que compareceu ao autódromo não foi dos melhores...


Ainda sobre a IRL: Robby Gordon disputou a corrida de Las Vegas e chgou até a liderar a prova, mas acabou abandonando. Assim como Scott Sharp, que venceu a etapa de New England, semanas atrás.


Christian Fittipaldi inicia já na semana que vem os testes visando a temporada de 1997 da F-Indy. Como o novo chassi Swift ainda não está pronto, serão utilizados sistemas novos visando à utilização no projeto do novo carro da Newmann-Hass para 97.


Rubens Barrichello, assim como Damon Hill, está ficando sem ter para onde ir na F-1. A Jordan já confirmou a contratação de Ralf Schumacher, o irmão caçula de Michael Schumacher. E é bem provável que Eddie Jordan traga para a equipe o provável campeão de 1996, Damon Hill. A única saída de Rubinho parece ser mesmo a Arrows. Não está descartada a hipótese de o brasileiro ir para a F-Indy, a exemplo do que fez Christian Fittipaldi...


A F-1 já tem uma certeza para 1997: ficam mantidos os treinos livres das sextas-feiras de GP. Pelo projeto original de novas regras apresentado semanas atrás, os treinos ficariam restritos aos sábados dos Grandes Prêmios.
 


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

DUELO EM FONTANA


Na última decisão de título da Indy Racing League que protagonizaram, em 2008, Scott Dixon levou a melhor sobre Hélio Castro Neves. Conseguirá o brasileiro dar o troco agora em 2013?

            A temporada 2013 da Indy Racing League chega ao California Speedway, em Fontana, Califórnia, Estados Unidos, para a derradeira etapa da competição. Como nos anos anteriores, a disputa está entre dois pilotos: de um lado, Scott Dixon, bicampeão da categoria, defendendo a Ganassi Racing; do outro lado, Hélio Castro Neves, competindo pela poderosa Penske Racing Team. É emblemático: Penske e Ganassi são as mais poderosas equipes da categoria, e possuem uma longa história de triunfos nas últimas décadas.
            O panorama dos candidatos ao título sofreu uma reviravolta na rodada dupla de Houston, na semana retrasada: de líder do certame com quase 50 pontos de vantagem, Helinho viu tudo dar errado nas provas disputadas na maior metrópole do Texas, vendo Dixon sair na dianteira com 25 pontos de vantagem. Estarão em jogo 53 pontos em Fontana para ambos os candidatos ao título, e a tarefa do piloto brasileiro, que nunca conseguiu um título na competição, é complicada. Se até Houston ele podia se dar ao luxo de correr com a cabeça, tentando marcar os adversários, agora ele terá de partir para o tudo ou nada. E ele já prometeu que vai partir para o ataque, mas ao mesmo tempo garante que não pretende perder a cabeça nas disputas de posição da corrida, preferindo manter-se calmo e centrado na tarefa que lhe cabe, procurando chegar bem ao final da corrida.
            Hélio procura minimizar as críticas que recebeu pela sua postura "conservadora" em várias das últimas corridas, enquanto o rival Dixon revertia uma desvantagem de praticamente 100 pontos a favor do piloto da Penske desde a etapa de Pocono, e já acumula 4 vitórias no ano, contra apenas 1 do brasileiro. Alega que se fosse mais agressivo, talvez já tivesse perdido as esperanças de ainda disputar o título, e que em anos anteriores, a falta de regularidade sempre foi um de seus maiores pontos fracos, comprometendo melhores resultados em alguns campeonatos. A postura de Hélio, em si, não está errada: sua constância esse ano, em que até as provas de Houston era praticamente o campeão da regularidade na competição, tendo terminado todas as voltas de todas as corridas, mostram que o brasileiro realmente teve méritos de conseguir pontuar com boa regularidade em praticamente todas as corridas, e algumas delas, como as etapas de São Paulo, Sonoma, e Baltimore, onde teve de enfrentar vários percalços durante a corrida, ainda conseguiu resultados a serem valorizados enquanto rivais tiveram muito menos sorte em outras ocasiões.
            Só que em alguns momentos, Hélio contou mais com a sorte do que deveria. E alguma hora ela iria acabar. E aconteceu justo na etapa de Houston, onde teve duas quebras de câmbio que arruinaram completamente suas esperanças de um bom resultado. Mesmo o tremendo esforço feito pelos mecânicos da Penske para recolocar o brasileiro na pista e tentar minimizar o prejuízo não surtiram muito efeito, mas não se pode negar que eles fizeram o que podiam diante da adversidade. E Hélio lutou o quanto pôde, não desistindo nunca, mas...
            A rigor, em termos de performance, a Penske andou falhando um pouco na preparação do carro do brasileiro nas últimas corridas. Tirando acidentes e esbarrões de percurso durante as provas, nas últimas etapas o comportamento do carro de Hélio Castro Neves estava inferior ao de seu companheiro de equipe, Will Power. Nas corridas de Houston, era nítido que o australiano tinha muito mais rendimento que seu colega de time brasileiro. Com quebra ou não de câmbio, Dixon muito provavelmente embolaria a luta pelo título, se ainda não saísse novamente na frente. Com os carros de seus pilotos apresentando performances diferenciadas, os engenheiros deveriam ter tido mais sintonia no ajuste do acerto dos carros, afinal, Power venceu uma das corridas, e andou muito forte na outra, ainda que não tenha tido um resultado tão bom. Hélio, ao contrário, não parecia ter carro para discutir as primeiras posições tanto em uma quanto na outra corrida. E nas provas anteriores, o brasileiro também carecia de um carro com melhor performance como a de Power, que sempre mostrou um ritmo mais contundente.
            Não é orquestrar nenhuma teoria da conspiração contra o brasileiro, com alguma afirmação imbecil do tipo "a Penske está favorecendo Power contra o Hélio, etc e tal". Ao contrário do que ocorre na F-1, jogos de equipe na Indy Racing League, quando ocorrem, são raros e não tão descarados. Eventualmente, até pode acontecer, mas não é o que temos aqui. O que me refiro é que a Penske, agindo com equipe, teria a obrigação de equalizar melhor as performances dos dois carros a fim de maximizar os resultados. Nada contra Power fazer sua corrida, mas se seu carro possuía um melhor acerto, estes dados deveriam ser compartilhados para melhorar o acerto do monoposto de Hélio, assim como o reverso também deve ser feito se a situação exigir. Aí, na pista, é cada um por si, sem ordens de troca de posição ou coisas do tipo, que fazem a F-1 perder a credibilidade. Agora, se mesmo com a troca de dados, o comportamento dos carros continuou diferente, infelizmente neste caso a Penske não conseguiu fazer um bom acerto, e isso se torna um revés desagradável.
            Em contrapartida, a Ganassi, ainda que tenha tido o mesmo problema da Penske em dar um acerto funcional para todos os seus carros, especialmente na primeira metade do campeonato, ao menos conseguiu que pelo menos um deles tivesse desempenho constante na segunda metade do certame. Desde a prova de Pocono, Dixon, que até então vinha fazendo um campeonato apenas mediano, venceu pela primeira vez, e engatou uma sequência de excelentes resultados que foi melhor do que a de todos os outros pilotos da competição. Apesar de um ou outro momento menos brilhante, e dos azares enfrentados em Sonoma e Baltimore, o neozelandês mostrou uma performance muito superior à maioria dos demais pilotos no grid, e com isso, foi escalando a tabela de classificação do campeonato. Em Houston, o piloto da Ganassi estava imparável na pista, e só não ganhou as duas corridas porque na prova de domingo, ao ser superado por Will Power, e vendo Hélio com suas chances de um resultado comprometidas, preferiu se manter atrás do australiano, em virtude de seus percalços com Power nas duas etapas anteriores.
            Agora em Fontana, em uma corrida longa e em um circuito oval da categoria superspeedway, o neozelandês pode simplesmente fazer uma corrida tática visando conquistar o título, enquanto Hélio tem de partir para o tudo ou nada. O brasileiro precisa marcar pelo menos 26 pontos a mais que o piloto da Ganassi para levar o campeonato, e isso sem contar os pontos de bonificação. É uma tarefa complicada: embora a vitória valha 50 pontos, isso é o dobro da vantagem atual de Dixon, e para anulá-la, a melhor opção seria o brasileiro vencer a corrida e torcer para Dixon chegar no máximo em 8° lugar, e reafirmando: sem contar os pontos extras.
            Certamente a prova de Fontana, pela sua longa duração, de 500 milhas, já impõe mais respeito do que as demais corridas em ovais, e ainda mais em um superoval, não é difícil a corrida tornar-se imprevisível e talvez até uma loteria. No ano passado, a vitória nesta pista ficou com Ed Carpenter. Hélio Castro Neves foi o 5° colocado. Só que Dixon, em 2012, foi 3° nesta mesma corrida. Se formos levar pela teoria e retrospecto, esquecendo as variáveis que podem acontecer neste tipo de corrida, onde sempre há algo inesperado podendo acontecer, podemos dizer que Hélio vai passar mais um ano na fila de espera para ser campeão.
            O brasileiro costuma andar bem em ovais, tipo de pista que ainda causa certo frisson em Will Power, que perdeu os últimos campeonatos justamente em pistas ovais, onde nunca rendeu com toda a desenvoltura que exibiu nos circuitos mistos e de rua. Mas a Ganassi vem tendo uma melhor performance com Dixon, e não é demais lembrar que o bicampeão iniciou sua escalada ao título justamente em uma prova de longa duração disputada em outro circuito superoval: Fontana. Aliás, foi o maior sucesso do time de Chip Ganassi no ano, com seus 3 pilotos chegando nas 3 primeiras posições. Certamente, não dá para afirmar que a Ganassi vai conseguir tal domínio em Fontana: os dois circuitos são bem diferentes, com Fontana a ser quase um círculo, apenas levemente achatado, e Pocono tendo o formato trioval, com praticamente 3 longas retas formando a figura geométrica do triângulo. As duas pistas exigem acertos diferentes, apresentando desafios também diferentes.
            Difícil imaginar que a Ganassi não consiga ter um bom acerto para a prova, depois de ter conseguido uma evolução notável no carro de Dixon desde Pocono. Mas mesmo que eles não tenham um ajuste que permita performance para lutar pela vitória, a necessidade maior de chegar nas primeiras posições ainda é de Hélio, e só a vitória interessa, pois as posições de pontuação vão decrescendo progressivamente. Na melhor das hipóteses para Helinho, que seria o abandono de Dixon na corrida, de preferência que ele fosse classificado em último, ainda assim o brasileiro precisaria de um 4° lugar no mínimo para ser campeão, onde se ganha 32 pontos, sem contar com pontos extras. E porquê pelo menos 32 pontos? Simplesmente porque pelo sistema de pontuação da categoria, apenas por largar, mesmo que abandone logo a seguir, Dixon já marcaria mais 5 pontos. Assim, Hélio precisa descontar não apenas os 25 pontos de desvantagem para o neozelandês, mas ainda marcar pelo menos mais 6 pontos para se garantir. E isso, conforme falei, absolutamente sem contar com os pontos de bonificação, para quem faz a pole ou lidera o maior número de voltas da corrida.
            Para o melhor panorama possível para Hélio, que é vencer a prova, é preciso que a Penske consiga um acerto exemplar no carro do brasileiro, uma impecável estratégia de corrida, e ainda contar com os demais pilotos na prova para se intrometerem entre Hélio e Dixon. Roger Penske contará com um 3° carro na prova deste sábado, pilotado por A. J. Allmendinger, que terá a clara missão de ajudar o brasileiro a vencer o campeonato, assim como Power. Mas só a ajuda deles não bastará. E se a Ganassi manter a sua competência no ajuste de seus carros, seus pilotos virão para cima com tudo. Dixon ainda terá a opção de preferir marcar posição para garantir o campeonato, procurando evitar se envolver em situações de maior risco durante a prova, enquanto Charlie Kimball e Alex Tagliani, que substitui nesta corrida o lesionado Dario Franchiti, poderão tentar a vitória e atrapalhar os planos da Penske na melhor das hipóteses.
            Em um teste realizado há várias semanas, Hélio Castro Neves saiu de Fontana com o melhor tempo de todos, enquanto Dixon foi apenas o 5° mais rápido. Se esse retrospecto de performance do teste continuar valendo, o brasileiro pode lutar pela vitória no superoval da Califórnia. Mas Dixon também estará ali logo atrás, em uma posição mais do que confortável para ser campeão. Se o piloto da Ganassi chegar entre os 7 primeiros colocados, ele liquida a fatura matematicamente, mas ainda sem considerar os pontos de bonificação. Mas tanto Hélio quanto Scott já começarão a prova com um revés: ambos trocaram seus motores para a prova, e como já haviam atingido o limite da cota de motores para o campeonato, ambos perderão 10 posições no grid de largada, o que só aumenta a dramaticidade da disputa. Largando mais atrás, o risco de se envolver em confusões é maior, e por consequência, sofrer um abandono da corrida e dar adeus às chances de título, se Hélio for o azarado do momento. Se Dixon tiver o infortúnio, ainda assim o piloto brasileiro terá de se superar para chegar entre os primeiros, como já foi explicado acima.
            Mas nada garante que a teoria se concretize na prática. Corridas de 500 milhas sempre podem ser uma caixa de surpresas, e mesmo os times mais bem preparados e com a melhor estratégia de todas pode sofrer uma derrota retumbante mesmo tendo feito tudo conforme o figurino. Por isso, apesar das chances de Helinho de sagrar campeão terem diminuído sobremaneira, não se pode afirmar que Dixon já faturou seu tricampeonato. Will Power que o diga: nos últimos anos, sempre chegou como favorito no momento final do campeonato, e o que vimos foi o australiano da Penske ficar com o vice-campeonato nas últimas 3 temporadas. Será que Hélio, o azarão, vai manter a escrita de vencer o favorito Dixon? Na última vez em que decidiram o título, em 2008, deu o neozelandês, superando o brasileiro, que era o azarão. Só poderemos saber mesmo na bandeirada de chegada deste sábado à noite...


Pelo fato da corrida estar sendo realizada neste sábado, ao menos a Bandeirantes anunciou que transmitirá a corrida ao vivo. E os telespectadores brasileiros que aproveitem, pois pode ser a última exibição da categoria na TV nacional. A IRL ainda não tem emissora definida para ser exibida no Brasil em 2014...

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E Sebastian Vettel ganhou sua 5ª corrida consecutiva, ao vencer o GP do Japão domingo passado. Mas a conquista do tetracampeonato ficou para a prova da Índia, no próximo final de semana, graças ao 4° lugar de Fernando Alonso. Apenas adiou-se o inevitável...

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX - SETEMBRO DE 1996 - 13.09.1996



            Aqui estou com mais um texto da temporada de 1996, que foi lançado no dia 13 de setembro daquele ano. O assunto da coluna era o mercado de pilotos e as possibilidades de troca de titulares entre as escuderias de F-1 daquele campeonato, em um apanhado geral do que se poderia esperar para o próximo ano. E de quebra, alguns tópicos rápidos sobre outros acontecimentos de corridas da semana, com destaque para a conquista de Jimmy Vasser pelo seu único título na Fórmula Indy, entre outros assuntos. Uma boa leitura para todos, e em breve tem mais colunas antigas por aqui...


TROCA-TROCA

            O último fim de semana, em Monza, foi bem agitado para a Fórmula 1, tanto na pista, quanto nos bastidores da corrida. A maior vedete do momento, como não poderia deixar de ser, é o mercado de pilotos para a próxima temporada, que de um dia para o outro, começou a se mostrar mais quente do que todo mundo imaginava.
            Era unanimidade geral de que, ao contrário de 1995, este ano as trocas de pilotos entre as escuderias seria menos frenética. A única peça importante seria a McLaren, onde Mika Hakkinen estava em situação delicada para renovar devido a questões financeiras. Tudo parecia se resumir a isso, enquanto todas as equipes de ponta e as principais médias estavam propensas a manter suas duplas de 96 para 97.
            Então, veio a demissão de Damon Hill pela Williams, e a contratação de Heinz-Harald Frentzen para seu lugar em 97. Concluída a principal operação do mercado, surgiram inúmeras outras, algumas fantasiosas, outras bem possíveis. O certo é que, durante o Grande Prêmio da Itália, o paddock ficou fervendo de conversas. Todo mundo praticamente conversava com todo mundo. Em qualquer lugar estava havendo alguma reunião, ou parecia estar havendo. Numa hora dessas, até quem não tinha nada a dizer também mostrava estar em reunião, provavelmente para dar algo que pensar a qualquer rival que estivesse passando por perto.
            Rubens Barrichello, que estava sendo descartado até pela Jordan, voltou a ser a principal opção da equipe para 97. Ninguém confirma, mas a Peugeot, receosa de perder um excelente piloto, estaria pressionando Eddie Jordan a manter o brasileiro, dando um crédito ao talento de Rubinho, que levou um golpe muito baixo de Bernie Ecclestone, que declarou em uma entrevista recente que o piloto brasileiro “não tem condições de ser um campeão.” Ralf Schumacher era outro forte candidato à Jordan, assim como Mika Hakkinen.
            Na McLaren, o clima ficou complicado, assim como na Ferrari. David Couthard, que estaria assegurado por Ron Dennis para 97, pode acabar dançando, assim como Eddie Irvinne na Ferrari. A McLaren demonstra muito interesse em Damon Hill, principalmente se ele for campeão, para ter o direito de usar o nº 1 em seus carros em 97. A Ferrari, por sua vez, demonstra um certo interesse em Mika Hakkinen, que pode sair da McLaren.
            Na Benetton, o ambiente também virou novamente. Gerhard Berger parece ser o favorito por Flavio Briatore para continuar na equipe, mas Jean Alesi promete mostrar sua força no campeonato e continuar na escuderia. E quem acabar saindo poderia até ser substituído por Damon Hill, já que a Renault tem receio de que Hill acabe levando o nº 1 do seu carro para a principal concorrente, a Peugeot, no caso de ir para a Jordan em 97. Antes, Alesi era o favorito a ficar, mas nas últimas corridas, o piloto austríaco vem subindo de produção e só não conseguiu melhores resultados porque o carro sempre o deixou na mão.
            A Ligier garante que continua com Olivier Panis, mas Pedro Paulo Diniz vem surpreendendo a escuderia em suas últimas performances. E com o bom resultado de Monza, o time deve mantê-lo para 97. Já a Arrows tem planos de poder contar com Rubens Barrichello, caso o brasileiro não renove com a Jordan. A Sauber é outra equipe que anda à caça de pilotos, mas o problema mais urgente é a adoção de um motor confiável para 97. A Arrows saiu na frente para garantir o uso dos motores Ford V-10, e a Sauber deve tentar usar os Hart. Johnny Herbert é um forte candidato a manter sua atual vaga na equipe suíça.
            Na Tyrrel, a situação é parecida: Mika Salo e Ukyo Katayama estão na corda bamba e tentam garantir lugar no time, que por sua vez, luta para conseguir manter os motores Yamaha. Ricardo Rosset é uma opção, assim como Jos Verstappen. A nova equipe de Jackie Stewart também está na parada como opção para o piloto brasileiro. Outro brasileiro, Tarso Marques, também pleiteia a vaga, depois de causar excelente impressão nas duas corridas que disputou pela Minardi este ano.
            Para onde vai todo mundo? Ao que parece, uma coisa ficou decidida em Monza semana passada: nada está decidido! Como já é tradicional na categoria, a poeira costuma estar assentada até o último Grande Prêmio da temporada européia. E esta data é semana que vem, quando as equipes aportam no circuito de Estoril para o GP de Portugal, penúltima etapa do campeonato. A hora das decisões aproxima-se. Até lá, então...


Jimmy Vasser faturou o título da F-Indy com uma corrida comedida e segura em Laguna Seca. Além disso, teve também a sorte de ver seus rivais na luta pelo título terem inúmeros problemas durante a corrida. Michael Andretti se enroscou em um acidente com Bobby Rahal, e Al Unser Jr. perdeu inúmeras posições por problemas nos pneus. Para completar sua comemoração, Vasser faturou também uma Mercedes 0Km, sorteada no sábado, entre todos os pilotos que conquistaram pole-positions este ano. Completando a conquista, a vitória de Alessandro Zanardi garantiu ao italiano a 3ª posição no campeonato, por pouco não conquistando o vice-campeonato.


Na provada Indy Lights, decidido o título em Vancouver, assistiu-se em Laguna Seca à guerra pela vice-liderança do campeonato. E deu Brasil: Tony Kanaan venceu a prova de maneira exemplar e assegurou o vice-campeonato. Hélio Castro Neves garantiu a dobradinha brasileira no pódio. Guálter Salles, favorito ao vice, acabou tendo problemas mecânicos e abandonou a corrida, ficando em 3º lugar no campeonato. Seu nome, contudo, é o mais cotado para subir para a Indy em 1997, estando na mira de pelo menos 4 equipes.


Stefan Johnsson despediu-se das pistas como piloto em Laguna Seca. O piloto sueco, que correu na F-1 até 1991, estreou na F-Indy em 1992 pela equipe Bettenhausen, onde correu até sua prova de despedida. A corrida, entretanto, não foi das melhores: Johnsson bateu forte na curva após a reta dos boxes depois que sua asa traseira quebrou, tirando-lhe o equilíbrio do carro. Para 97, irá comandar uma equipe própria na Indy Lights.


Duas escuderias da Indy trocam de propulsores em 97: a Rahal, que este ano usou motores Mercedes, usará os novos Ford no próximo ano; na PacWest, o caminho é inverso: deixará os Ford e apostará nos Mercedes. Apesar dos problemas enfrentados pelas equipes com motores Ford, o propulsor obteve 5 vitórias este ano, contra 11 dos Honda. Já os Mercedes não venceram nenhuma corrida, assim como os Toyota.


O calendário 97 da F-Indy ainda não foi divulgado com exatidão. A única certeza é que a primeira corrida do próximo campeonato será no dia 2 de março, em Miami. O GP do Brasil deve ser realizado no dia 11 de maio.


Com o movimento Rio 400, a cidade do Rio de Janeiro prepara-se para recuperar o Grande Prêmio do Brasil de F-1, possivelmente já em 97. O circuito de Jacarrepaguá já foi vistoriado e aprovado pela FIA. Interlagos, palco do GP desde 1990, ainda é o local prioritário, mas as coisas podem mudar...


Émerson Fittipaldi só deve comunicar o seu futuro para 97 no próximo mês, depois de avaliar sua recuperação e consultar médicos. Até lá, continua o suspense dos fãs e jornalistas especializados...