sexta-feira, 11 de outubro de 2013

HOUSTON, TEMOS PROBLEMAS


O pavoroso acidente de Dario Franchiti visto da arquibancada logo em frente, com pedaços do carro voando para todos os lados. Felizmente ninguém se feriu gravemente por ali. E o escocês, pela violência da pancada, que praticamente destroçou seu carro, também deu sorte de sofrer poucos ferimentos...

            Os circuitos de rua utilizados no campeonato da Indy Racing League parecem estar em uma competição esquisita nos últimos tempos. Quem havia achado a corrida em Baltimore caótica pelo excesso de rodadas e trombadas que os pilotos andaram dando uns nos outros, além de ver uma ridícula chicane no meio da reta dos boxes por causa de trilhos de trem que existem por ali, nem imaginava que a rodada dupla disputada em Houston, no fim de semana passado, pudesse ser tão ou até mais complicada, a ponto de promover até uma reviravolta na luta pelo título da temporada.
            Reviravolta mesmo: quem esperava ver o brasileiro Hélio Castro Neves conseguir liquidar a fatura e comemorar a conquista do caneco de campeão, levou uma ducha de água fria tão grande quanto o próprio piloto e a equipe Penske. Todo o azar que o brasileiro conseguiu evitar durante todo o ano, apesar de ter encarado várias adversidades em várias corridas, atingiu Hélio de forma contundente nas duas corridas do fim de semana. O resultado foi desastroso: de uma liderança com folga de 49 pontos sobre Scott Dixon, Helinho agora vai para Fontana, etapa final da competição, com 25 pontos de desvantagem para o neozelandês, que passou de desafiante a favorito para a conquista do título.
            Pior de tudo, é que mesmo que não tivesse problemas mecânicos, dificilmente o brasileiro deixaria de perder boa parte de sua vantagem. Em nenhum momento do fim de semana seu carro esteve com desempenho comparável ao de Dixon. O piloto da Ganassi só não venceu as duas corridas porque no domingo, com Will Power à sua frente, e lembrando-se dos incidentes que teve com o australiano nas últimas corridas, passou a jogar pela segurança de terminar em 2° lugar do que arriscar uma ultrapassagem e acabar se enrolando novamente com o piloto da Penske. Aliás, o desempenho dos carros do time de Roger Penske foi inverso durante o fim de semana: enquanto Power teve sempre um dos carros mais rápidos, o mesmo não se deu com Hélio, que fez bobeada no treino de classificação e largou entre os últimos colocados, o que por sí só já complicava toda a estratégia de corrida. No domingo, mesmo largando na frente por ser o líder do campeonato, nunca mostrou ter ritmo para competir com Dixon, que mostrava desempenho ímpar nas duas provas.
            Mérito para Dixon e a Ganassi, que chegaram como azarões, mas fizeram seu trabalho como se devia, e o neozelandês teve um carro redondo durante ambas as corridas, que parecia imune aos percalços que o piso ruim da pista infligiu a diversos competidores. Sim, e bote piso ruim nisso. O calçamento irregular da pista montada na maior cidade do Texas fez os carros pularem como nunca, e a consequência foram vários deles apresentando problemas mecânicos devido a tanta pancada sofrida. Hélio que o diga, com 2 câmbios partidos nas duas provas, e não foi o único a precisar de consertos nos boxes. Por outro lado, o fato de alguns carros terem passado incólumes a tantas irregularidades de piso também demonstra que o problema podia ser minimizado com um bom acerto do monoposto.
            O único ponto positivo da nova pista urbana de Houston é que não foi tão travada como se imaginava, oferecendo boas ultrapassagens. E, claro, alguns pilotos resolveram conhecer as proteções de pneus de perto, com erros de freada e outros equívocos que normalmente ocorrem em pistas de rua, onde as áreas de escape são sempre escassas.
            Mas o que deixou um ponto extremamente negativo sobre a corrida, no domingo, foi o pavoroso acidente envolvendo Takuma Sato, Ernesto Viso, e Dario Franchiti. Ao tentar superar o piloto japonês da Foyt, Dario acabou fechado e seu carro catapultado sobre o alambrado, logo ao lado. O impacto foi impressionante, com o alambrado praticamente destruído, e o carro do escocês desmanchando-se e voltando a pista, onde foi parar dezenas de metros adiante. Viso, chegando logo a seguir, não conseguiu frear tudo e ainda acertou o carro de Sato, felizmente sem consequências para ambos, além de danificarem mais ainda os carros. Franchiti não teve a mesma sorte, mas levando-se em conta a violência da pancada, e o que aconteceu com seu carro, teve muita sorte: sofreu uma concussão, fratura em duas vértebras e no tornozelo, e vários hematomas, mas sem risco de vida, felizmente.
            Foi mais um acidente provocado pelo piso irregular, uma vez que Takuma afirmou que seu carro deu um pequeno salto, o que o jogou de leve contra o carro de Franchiti, que tentava a ultrapassagem, por azar, do mesmo lado da pista. E mais um acidente no currículo de Sato, que em que pese seu talento, ainda parece carregar o estigma de azar que seus compatriotas fizeram surgir nas categorias TOP de monopostos, de pilotos batedores, sempre se metendo em alguma confusão. Mas também um aviso para se levar em consideração: ninguém olha pelos espelhos retrovisores dos carros? Em Baltimore, Power fechou a porta em cima de Dixon, fazendo ambos irem parar junto ao muro, e acabando com a corrida do piloto neozelandês, felizmente sem nada além do carro avariado. E agora, Sato ainda estava, de certa forma, fechando Franchiti tentando evitar uma ultrapassagem, ou não viu o escocês ali ao lado? Certo, a irregularidade da pista fez o carro saltar um pouco justo no ponto de se engancharem as rodas dianteiras de ambos os carros, o que provocou o lançamento do escocês no alambrado, e é algo a ser discutido na melhoria de segurança dos monopostos, que no ano passado, com a adoção do novo modelo DW12, já havia adotado uma proteção traseira justamente para prevenir alavancagens deste tipo. O piloto japonês ainda acrescentou que sujou os pneus numa leve saída de pista em uma curva, e que isso fez o carro escorregar um pouco nas curvas seguintes, o que só ajudou a complicar manter o carro no traçado certo com o piso irregular.
            O público na arquibancada logo em frente ao acidente também teve sorte: apesar de várias pessoas terem se ferido com os estilhaços do carro de Franchiti, nenhuma teve ferimentos graves, mas o incidente deve motivar estudos para se aumentar a segurança que os alambrados possam fornecer nas corridas em pistas de rua. Foi também na base da sorte que o alambrado arrancado pelo impacto não voou sobre os torcedores, assim como estilhaços mais volumosos do carro do escocês. Deve-se aproveitar a experiência do infeliz momento para estudar como reforçar a segurança, de forma que tais acidentes não possam infligir riscos ao público, e também aos pilotos.
            A direção da Indycar tem que rever seus conceitos sobre os circuitos de rua, e exigir melhores condições de estrutura para as corridas. Por apresentar poucas áreas de escape, e muros muito próximos, as chances de acidentes sempre são maiores do que em pistas de autódromos, e mesmo em ovais. Direta ou indiretamente, as ondulações de piso foram responsáveis pela maioria das interrupções de ambas as etapas do fim de semana, e apesar de alguns times e pilotos terem sofrido menos do que outros, as chances de um acidente forte com um carro em alta velocidade não podem ser desprezadas. Corridas sempre são um esporte de risco, mas com alguns cuidados, e critérios de segurança mais rigorosos, é possível minimizar alguns riscos e evitar certos problemas que podem acontecer. Como foi a última corrida neste tipo de pista em 2013, a direção da categoria tem agora um bom tempo para analisar e estudar com calma a situação, a tempo de promover mudanças e exigir condições melhores nas provas deste tipo de circuito em 2014. Felizmente para equipes e pilotos, pelo menos no próximo ano Baltimore está fora do calendário da IRL, o que já deixa alguns mais tranquilos. Restarão os demais circuitos urbanos para serem trabalhados na busca por maior segurança.
            Mas, claro, esperando-se que a direção da Indycar faça sua lição de casa, tirando lições importantes do que se viu em Houston, e saiba fazer as mudanças necessárias para que tanto pilotos quanto público possam desfrutar de maior segurança nas etapas de pistas urbanas.


A Fórmula 1 iniciou hoje os treinos para a etapa de Suzuka, no Japão. Apesar de pequena, Sebastian Vettel tem a oportunidade de fechar aqui a conquista do título de 2013, e ser tetracampeão. Para isto, entretanto, é preciso que Fernando Alonso não termine acima de 9° lugar, o que é um pouco difícil, e Vettel vença a corrida, o que é muito fácil de acontecer. Pelo andar da situação, todo mundo preferiria que a fatura fosse liquidada em Suzuka, pois a pista da Índia, próxima corrida, não oferece clima nem carisma para uma decisão de título. Suzuka, por outro lado, já viu 11 decisões de título. Se Vettel faturar o título no Japão, a pista de Suzuka irá se igualar a Monza como o circuito que mais sediou decisões de título: a pista italiana tem 12 decisões de campeonato em sua história. E que venha logo 2014...

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