quarta-feira, 16 de outubro de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX - SETEMBRO DE 1996 - 13.09.1996



            Aqui estou com mais um texto da temporada de 1996, que foi lançado no dia 13 de setembro daquele ano. O assunto da coluna era o mercado de pilotos e as possibilidades de troca de titulares entre as escuderias de F-1 daquele campeonato, em um apanhado geral do que se poderia esperar para o próximo ano. E de quebra, alguns tópicos rápidos sobre outros acontecimentos de corridas da semana, com destaque para a conquista de Jimmy Vasser pelo seu único título na Fórmula Indy, entre outros assuntos. Uma boa leitura para todos, e em breve tem mais colunas antigas por aqui...


TROCA-TROCA

            O último fim de semana, em Monza, foi bem agitado para a Fórmula 1, tanto na pista, quanto nos bastidores da corrida. A maior vedete do momento, como não poderia deixar de ser, é o mercado de pilotos para a próxima temporada, que de um dia para o outro, começou a se mostrar mais quente do que todo mundo imaginava.
            Era unanimidade geral de que, ao contrário de 1995, este ano as trocas de pilotos entre as escuderias seria menos frenética. A única peça importante seria a McLaren, onde Mika Hakkinen estava em situação delicada para renovar devido a questões financeiras. Tudo parecia se resumir a isso, enquanto todas as equipes de ponta e as principais médias estavam propensas a manter suas duplas de 96 para 97.
            Então, veio a demissão de Damon Hill pela Williams, e a contratação de Heinz-Harald Frentzen para seu lugar em 97. Concluída a principal operação do mercado, surgiram inúmeras outras, algumas fantasiosas, outras bem possíveis. O certo é que, durante o Grande Prêmio da Itália, o paddock ficou fervendo de conversas. Todo mundo praticamente conversava com todo mundo. Em qualquer lugar estava havendo alguma reunião, ou parecia estar havendo. Numa hora dessas, até quem não tinha nada a dizer também mostrava estar em reunião, provavelmente para dar algo que pensar a qualquer rival que estivesse passando por perto.
            Rubens Barrichello, que estava sendo descartado até pela Jordan, voltou a ser a principal opção da equipe para 97. Ninguém confirma, mas a Peugeot, receosa de perder um excelente piloto, estaria pressionando Eddie Jordan a manter o brasileiro, dando um crédito ao talento de Rubinho, que levou um golpe muito baixo de Bernie Ecclestone, que declarou em uma entrevista recente que o piloto brasileiro “não tem condições de ser um campeão.” Ralf Schumacher era outro forte candidato à Jordan, assim como Mika Hakkinen.
            Na McLaren, o clima ficou complicado, assim como na Ferrari. David Couthard, que estaria assegurado por Ron Dennis para 97, pode acabar dançando, assim como Eddie Irvinne na Ferrari. A McLaren demonstra muito interesse em Damon Hill, principalmente se ele for campeão, para ter o direito de usar o nº 1 em seus carros em 97. A Ferrari, por sua vez, demonstra um certo interesse em Mika Hakkinen, que pode sair da McLaren.
            Na Benetton, o ambiente também virou novamente. Gerhard Berger parece ser o favorito por Flavio Briatore para continuar na equipe, mas Jean Alesi promete mostrar sua força no campeonato e continuar na escuderia. E quem acabar saindo poderia até ser substituído por Damon Hill, já que a Renault tem receio de que Hill acabe levando o nº 1 do seu carro para a principal concorrente, a Peugeot, no caso de ir para a Jordan em 97. Antes, Alesi era o favorito a ficar, mas nas últimas corridas, o piloto austríaco vem subindo de produção e só não conseguiu melhores resultados porque o carro sempre o deixou na mão.
            A Ligier garante que continua com Olivier Panis, mas Pedro Paulo Diniz vem surpreendendo a escuderia em suas últimas performances. E com o bom resultado de Monza, o time deve mantê-lo para 97. Já a Arrows tem planos de poder contar com Rubens Barrichello, caso o brasileiro não renove com a Jordan. A Sauber é outra equipe que anda à caça de pilotos, mas o problema mais urgente é a adoção de um motor confiável para 97. A Arrows saiu na frente para garantir o uso dos motores Ford V-10, e a Sauber deve tentar usar os Hart. Johnny Herbert é um forte candidato a manter sua atual vaga na equipe suíça.
            Na Tyrrel, a situação é parecida: Mika Salo e Ukyo Katayama estão na corda bamba e tentam garantir lugar no time, que por sua vez, luta para conseguir manter os motores Yamaha. Ricardo Rosset é uma opção, assim como Jos Verstappen. A nova equipe de Jackie Stewart também está na parada como opção para o piloto brasileiro. Outro brasileiro, Tarso Marques, também pleiteia a vaga, depois de causar excelente impressão nas duas corridas que disputou pela Minardi este ano.
            Para onde vai todo mundo? Ao que parece, uma coisa ficou decidida em Monza semana passada: nada está decidido! Como já é tradicional na categoria, a poeira costuma estar assentada até o último Grande Prêmio da temporada européia. E esta data é semana que vem, quando as equipes aportam no circuito de Estoril para o GP de Portugal, penúltima etapa do campeonato. A hora das decisões aproxima-se. Até lá, então...


Jimmy Vasser faturou o título da F-Indy com uma corrida comedida e segura em Laguna Seca. Além disso, teve também a sorte de ver seus rivais na luta pelo título terem inúmeros problemas durante a corrida. Michael Andretti se enroscou em um acidente com Bobby Rahal, e Al Unser Jr. perdeu inúmeras posições por problemas nos pneus. Para completar sua comemoração, Vasser faturou também uma Mercedes 0Km, sorteada no sábado, entre todos os pilotos que conquistaram pole-positions este ano. Completando a conquista, a vitória de Alessandro Zanardi garantiu ao italiano a 3ª posição no campeonato, por pouco não conquistando o vice-campeonato.


Na provada Indy Lights, decidido o título em Vancouver, assistiu-se em Laguna Seca à guerra pela vice-liderança do campeonato. E deu Brasil: Tony Kanaan venceu a prova de maneira exemplar e assegurou o vice-campeonato. Hélio Castro Neves garantiu a dobradinha brasileira no pódio. Guálter Salles, favorito ao vice, acabou tendo problemas mecânicos e abandonou a corrida, ficando em 3º lugar no campeonato. Seu nome, contudo, é o mais cotado para subir para a Indy em 1997, estando na mira de pelo menos 4 equipes.


Stefan Johnsson despediu-se das pistas como piloto em Laguna Seca. O piloto sueco, que correu na F-1 até 1991, estreou na F-Indy em 1992 pela equipe Bettenhausen, onde correu até sua prova de despedida. A corrida, entretanto, não foi das melhores: Johnsson bateu forte na curva após a reta dos boxes depois que sua asa traseira quebrou, tirando-lhe o equilíbrio do carro. Para 97, irá comandar uma equipe própria na Indy Lights.


Duas escuderias da Indy trocam de propulsores em 97: a Rahal, que este ano usou motores Mercedes, usará os novos Ford no próximo ano; na PacWest, o caminho é inverso: deixará os Ford e apostará nos Mercedes. Apesar dos problemas enfrentados pelas equipes com motores Ford, o propulsor obteve 5 vitórias este ano, contra 11 dos Honda. Já os Mercedes não venceram nenhuma corrida, assim como os Toyota.


O calendário 97 da F-Indy ainda não foi divulgado com exatidão. A única certeza é que a primeira corrida do próximo campeonato será no dia 2 de março, em Miami. O GP do Brasil deve ser realizado no dia 11 de maio.


Com o movimento Rio 400, a cidade do Rio de Janeiro prepara-se para recuperar o Grande Prêmio do Brasil de F-1, possivelmente já em 97. O circuito de Jacarrepaguá já foi vistoriado e aprovado pela FIA. Interlagos, palco do GP desde 1990, ainda é o local prioritário, mas as coisas podem mudar...


Émerson Fittipaldi só deve comunicar o seu futuro para 97 no próximo mês, depois de avaliar sua recuperação e consultar médicos. Até lá, continua o suspense dos fãs e jornalistas especializados...
 


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