quarta-feira, 9 de outubro de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX - SETEMBRO DE 1996 - 06.09.1996



            De volta com a seção Arquivo, eis minha coluna do dia 06 de setembro de 1996. Era o fim de semana do Grande Prêmio da Itália, um dos meus favoritos de sempre na Fórmula 1, na mítica pista de Monza, que graças aos deuses do automobilismo continua firme e forte no calendário, apesar da ameaça dos "tilkódromos" que vivem empesteando a categoria máxima do automobilismo mundial. Ao contrário de hoje, quando o GP da Itália marca a despedida da Europa no calendário da F-1, naquele ano ainda teríamos o GP de Portugual, no saudoso circuito do Estoril. Só aí a F-1 embarcava para o Oriente, que naqueles tempos tinha apenas a prova do Japão e da Austrália. Mas a partir de 1996, o país da Oceania passou a ter o seu GP abrindo o campeonato, e não mais fechando-o, então, a prova final seria em Suzuka, outra pista que, felizmente, continua firme até hoje no calendário.
            De resto, algumas notas rápidas sobre outros acontecimentos do mundo da velocidade. Fiquem agora com o texto e boa leitura a todos, e em breve trarei mais alguns textos antigos por aqui...


MONZA

            Aproxima-se o encerramento da temporada 1996 da Fórmula 1. Depois de passar pela bela pista de Spa-Francorchamps, a categoria chega a um circuito sagrado do automobilismo mundial: Monza, na Itália.

            Junto com Silverstone e Mônaco, este circuito compõe a “Tríplice Coroa” dos circuitos da F-1, e esteve presente em todas as temporadas até hoje da categoria, como sede do Grande Prêmio da Itália, à exceção de 1980, quando a prova italiana foi disputada no circuito de Ímola.

            O circuito de Monza conta com uma extensão atual de 5,8 Km, e o GP é disputado em 53 voltas, totalizando um percurso total de 307,4 Km. Depois das reformas de Silverstone, Monza passou a ser o circuito mais veloz da F-1. Aqui as médias horárias passam dos 250 Km/h. Há grandes espaços de retas, entremeadas por poucas curvas. A reta dos boxes é o principal ponto para ultrapassagens. As curvas do circuito são conhecidas por todos que amam o automobilismo: temos as curvas Di Lesmo, a Variante Ascari, a Curva Grande, e claro, a mais famosa curva do autódromo, a famosa Parabólica, que liga a reta oposta à reta dos boxes.

            O Grande Prêmio da Itália tem como maior vencedor até hoje um piloto brasileiro: Nélson Piquet. Piquet, venceu a corrida de 1980, disputada em Ímola, ao volante de um Brabham/Ford. Repetiu a dose em 1983, agora ao volante de um Brabham/BMW turbo, já em Monza. E venceu novamente em 1986 e 1987, pilotando uma Williams/Honda turbo. Dos demais brasileiros, Émerson Fittipaldi venceu em 1972 com a Lótus, conquistando seu primeiro título; e Ayrton Senna venceu a prova em 1990 e 1992, com McLaren. Para a torcida local, Monza é um lugar sagrado, tal como o Vaticano para os religiosos. O motivo não poderia ser outro: Ferrari. Só que nos últimos anos os torcedores italianos não têm podido comemorar de forma como gostariam. Sempre acontece alguma coisa que impossibilita a vitória de um carro da Ferrari. A última vitória “rossa” em casa aconteceu em 1988, com Gerhard Berger. Foi uma vitória em dobradinha, pois Michele Alboreto, também da Ferrari, ficou em 2º lugar. E, antes disso, os italianos só puderam comemorar em 1979, quando Jody Schekter venceu a corrida, naquela que foi a última temporada a ver um campeão pela Ferrari na F-1.

            Nos últimos dois anos, a Ferrari chegou ao cúmulo de perder a prova em Monza pelo mais puro azar. Jean Alesi arrancou na pole em 1994, e fazia uma corrida impecável até a parada nos boxes, quando o câmbio de seu carro literalmente engripou, deixando o jovem francês fora da corrida. Alesi ficou tão furioso que deixou o autódromo sem falar com ninguém e sem tirar até o macacão. Gerhard Berger, por sua vez, teve um forte acidente no sábado e correu no domingo na base da força de vontade. Ficou em 2º lugar. Já em 1995, o azar voltou a bater à porta da equipe italiana. Desta vez, Berger teve sua suspensão avariada pela queda da, imaginem só, minicâmera do carro que ia à sua frente. Alesi estava com a vitória à vista quando seu carro também apresentou problemas e o deixou novamente a pé. Para a torcida mais fanática do planeta, não houve quem não sentisse que seu santuário automobilístico parecia estar amaldiçoado.

            Agora, o clima continua otimista este ano. Principalmente depois da excepcional vitória de Michael Schumacher na Bélgica na última etapa.Os “tiffosi” estão animados como nunca. Só para se ter uma idéia do otimismo, cerca de 8 mil torcedores estiveram presentes no circuito semana passada, só para ver Schumacher testar novidades no carro visando a prova deste fim de seman. Os resultados não foram lá essas coisas, mas o torcedor italiano não desiste tão fácil. Hoje, quando os carros entrarem na pista, vai se poder comprovar novamente a fundo a sua devoção àquela que é, sem dúvida alguma, a mais carismática equipe do automobilismo mundial.





Gil de Ferran anuncia este fim de semana, em Laguna Seca, seu contrato para correr na equipe Walker em 1997, no campeonato da F-Indy. O pacote técnico do time será a combinação Reynard/Honda/Goodyear. Além do motor Honda, Gil leva para a nova escuderia seu engenheiro de pista, Bil Pappas. Segundo alguns dados, o valor do contrato do piloto brasileiro é de cerca de US$ 1,5 milhões.





Este é o fim de semana decisivo da F-Indy: disputa-se o Grande Prêmio de Laguna Seca, prova de encerramento do campeonato. Jimmy Vasser lidera o certame, à frente de Michael Andretti e Al Unser Jr., que ainda disputam o título. Vasser tem 142 pontos, contra 128 de Andretti e 125 de “Little” Al, e depende apenas de seus próprios resultados para levar o título. Michael e Al, entretanto, costumam derrubar adversários na base da pressão psicológica, e o ambiente em torno de Jimmy Vasser anda carregado nas últimas corridas. Simplificando, tudo pode acontecer no domingo.





Robby Gordon disputa em Laguna Seca seu último GP pela F-Indy. Em 97, o piloto americano disputará a Nascar, a stock car americana, cujo prestígio e público são, indiscutivelmente, maiores que os da F-Indy. É bom que Gordon aprenda a dosar o acelerador, pois na Nascar é muito fácil se envolver em acidentes e quem acompanha a Indy conhece a fama de Gordon na categoria. Só para exemplificar, na prova de Vancouver, o americano acabou tocando rodas com Jan Magnussen em uma tentativa atrapalhada de ultrapassar o dinamarquês, que acabou levando a pior e saiu para a área de escape.





Depois de demitir sumariamente Damon Hill, a Williams anuncia que a partir de 1998 usará motores BMW. A fábrica alemã, que competiu pela última vez em 1987, está preparando seu retorno à F-1.





As equipes impulsionadas pelo motor Ford na F-1 vivem um impasse: a nova escuderia de Jackie Stewart será o time oficial da fábrica. A Sauber, atual escuderia oficial, quer continuar usando os motores da Ford, mas um novo contrato exige resultados da escuderia. Já Minardi e Forti Corse também pleiteiam os motores, mas o novo V-10, pois os atuais V-8 usados este ano não deram nenhum resultado em termos de performance. Outro time na parada pelos propulsores Ford é a Arrows, que está reformulando completamente sua escuderia para 97.





Na queda de braço que alguns países travam para integrar o calendário da F-1, eis uma complicação para o retorno do GP da Áustria: o país também proíbe a propaganda de cigarro, assim como ocorre na França, Inglaterra e Alemanha. Os patrocinadores do ramo não andam muito contentes com isso. Já a Hungria, que vive sob a constante ameaça de perder seu GP, não tem essa restrição.





A Indy Lights já definiu seu campeão da temporada 1996 em Vancouver. David Empringham faturou o título com um 5º lugar. Depois de 5 etapas vencidas por pilotos brasileiros, Claude Borbonais venceu a etapa canadense. Mas não faltou brasileiro no pódio: Tony Kanaan garantiu o 2º lugar na corrida.





A equipe Green da F-Indy perdeu o patrocínio da Brahma e o piloto Raul Boesel. Ambos devem integrar a nova equipe que está sendo montada por Gerald Davis, atualmente na Hall Racing, que está montando um novo time para o ano que vem. Além disso, a Green deve perder o patrocínio da Kool, que iria garantir o lugar de Robby Gordon na equipe em 97, antes que o americano resolvesse ir para a Nascar...
 


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