De
volta com a seção Arquivo, eis minha coluna do dia 06 de setembro de 1996. Era
o fim de semana do Grande Prêmio da Itália, um dos meus favoritos de sempre na
Fórmula 1, na mítica pista de Monza, que graças aos deuses do automobilismo
continua firme e forte no calendário, apesar da ameaça dos "tilkódromos"
que vivem empesteando a categoria máxima do automobilismo mundial. Ao contrário
de hoje, quando o GP da Itália marca a despedida da Europa no calendário da
F-1, naquele ano ainda teríamos o GP de Portugual, no saudoso circuito do
Estoril. Só aí a F-1 embarcava para o Oriente, que naqueles tempos tinha apenas
a prova do Japão e da Austrália. Mas a partir de 1996, o país da Oceania passou
a ter o seu GP abrindo o campeonato, e não mais fechando-o, então, a prova
final seria em Suzuka, outra pista que, felizmente, continua firme até hoje no
calendário.
De
resto, algumas notas rápidas sobre outros acontecimentos do mundo da
velocidade. Fiquem agora com o texto e boa leitura a todos, e em breve trarei
mais alguns textos antigos por aqui...
MONZA
Aproxima-se
o encerramento da temporada 1996 da Fórmula 1. Depois de passar pela bela pista
de Spa-Francorchamps, a categoria chega a um circuito sagrado do automobilismo
mundial: Monza, na Itália.
Junto
com Silverstone e Mônaco, este circuito compõe a “Tríplice Coroa” dos circuitos
da F-1, e esteve presente em todas as temporadas até hoje da categoria, como
sede do Grande Prêmio da Itália, à exceção de 1980, quando a prova italiana foi
disputada no circuito de Ímola.
O
circuito de Monza conta com uma extensão atual de 5,8 Km, e o GP é disputado em
53 voltas, totalizando um percurso total de 307,4 Km. Depois das reformas de
Silverstone, Monza passou a ser o circuito mais veloz da F-1. Aqui as médias
horárias passam dos 250 Km/h. Há grandes espaços de retas, entremeadas por
poucas curvas. A reta dos boxes é o principal ponto para ultrapassagens. As
curvas do circuito são conhecidas por todos que amam o automobilismo: temos as
curvas Di Lesmo, a Variante Ascari, a Curva Grande, e claro, a mais famosa
curva do autódromo, a famosa Parabólica, que liga a reta oposta à reta dos
boxes.
O
Grande Prêmio da Itália tem como maior vencedor até hoje um piloto brasileiro:
Nélson Piquet. Piquet, venceu a corrida de 1980, disputada em Ímola, ao volante
de um Brabham/Ford. Repetiu a dose em 1983, agora ao volante de um Brabham/BMW
turbo, já em Monza. E
venceu novamente em 1986 e 1987, pilotando uma Williams/Honda turbo. Dos demais
brasileiros, Émerson Fittipaldi venceu em 1972 com a Lótus, conquistando seu
primeiro título; e Ayrton Senna venceu a prova em 1990 e 1992, com McLaren.
Para a torcida local, Monza é um lugar sagrado, tal como o Vaticano para os
religiosos. O motivo não poderia ser outro: Ferrari. Só que nos últimos anos os
torcedores italianos não têm podido comemorar de forma como gostariam. Sempre
acontece alguma coisa que impossibilita a vitória de um carro da Ferrari. A
última vitória “rossa” em casa aconteceu em 1988, com Gerhard Berger. Foi uma
vitória em dobradinha, pois Michele Alboreto, também da Ferrari, ficou em 2º
lugar. E, antes disso, os italianos só puderam comemorar em 1979, quando Jody
Schekter venceu a corrida, naquela que foi a última temporada a ver um campeão
pela Ferrari na F-1.
Nos
últimos dois anos, a Ferrari chegou ao cúmulo de perder a prova em Monza pelo
mais puro azar. Jean Alesi arrancou na pole em 1994, e fazia uma corrida
impecável até a parada nos boxes, quando o câmbio de seu carro literalmente
engripou, deixando o jovem francês fora da corrida. Alesi ficou tão furioso que
deixou o autódromo sem falar com ninguém e sem tirar até o macacão. Gerhard
Berger, por sua vez, teve um forte acidente no sábado e correu no domingo na
base da força de vontade. Ficou em 2º lugar. Já em 1995, o azar voltou a bater
à porta da equipe italiana. Desta vez, Berger teve sua suspensão avariada pela
queda da, imaginem só, minicâmera do carro que ia à sua frente. Alesi estava
com a vitória à vista quando seu carro também apresentou problemas e o deixou
novamente a pé. Para a torcida mais fanática do planeta, não houve quem não
sentisse que seu santuário automobilístico parecia estar amaldiçoado.
Agora,
o clima continua otimista este ano. Principalmente depois da excepcional
vitória de Michael Schumacher na Bélgica na última etapa.Os “tiffosi” estão
animados como nunca. Só para se ter uma idéia do otimismo, cerca de 8 mil
torcedores estiveram presentes no circuito semana passada, só para ver
Schumacher testar novidades no carro visando a prova deste fim de seman. Os
resultados não foram lá essas coisas, mas o torcedor italiano não desiste tão
fácil. Hoje, quando os carros entrarem na pista, vai se poder comprovar
novamente a fundo a sua devoção àquela que é, sem dúvida alguma, a mais
carismática equipe do automobilismo mundial.
Gil de Ferran anuncia este fim de semana, em Laguna Seca, seu
contrato para correr na equipe Walker em 1997, no campeonato da F-Indy. O
pacote técnico do time será a combinação Reynard/Honda/Goodyear. Além do motor
Honda, Gil leva para a nova escuderia seu engenheiro de pista, Bil Pappas.
Segundo alguns dados, o valor do contrato do piloto brasileiro é de cerca de
US$ 1,5 milhões.
Este é o fim de semana decisivo da F-Indy: disputa-se o Grande Prêmio
de Laguna Seca, prova de encerramento do campeonato. Jimmy Vasser lidera o
certame, à frente de Michael Andretti e Al Unser Jr., que ainda disputam o
título. Vasser tem 142 pontos, contra 128 de Andretti e 125 de “Little” Al, e
depende apenas de seus próprios resultados para levar o título. Michael e Al,
entretanto, costumam derrubar adversários na base da pressão psicológica, e o
ambiente em torno de Jimmy Vasser anda carregado nas últimas corridas.
Simplificando, tudo pode acontecer no domingo.
Robby Gordon disputa em
Laguna Seca seu último GP pela F-Indy. Em 97, o piloto
americano disputará a Nascar, a stock car americana, cujo prestígio e público
são, indiscutivelmente, maiores que os da F-Indy. É bom que Gordon aprenda a
dosar o acelerador, pois na Nascar é muito fácil se envolver em acidentes e
quem acompanha a Indy conhece a fama de Gordon na categoria. Só para
exemplificar, na prova de Vancouver, o americano acabou tocando rodas com Jan
Magnussen em uma tentativa atrapalhada de ultrapassar o dinamarquês, que acabou
levando a pior e saiu para a área de escape.
Depois de demitir sumariamente Damon Hill, a Williams anuncia que a
partir de 1998 usará motores BMW. A fábrica alemã, que competiu pela última vez
em 1987, está preparando seu retorno à F-1.
As equipes impulsionadas pelo motor Ford na F-1 vivem um impasse: a
nova escuderia de Jackie Stewart será o time oficial da fábrica. A Sauber,
atual escuderia oficial, quer continuar usando os motores da Ford, mas um novo
contrato exige resultados da escuderia. Já Minardi e Forti Corse também
pleiteiam os motores, mas o novo V-10, pois os atuais V-8 usados este ano não
deram nenhum resultado em termos de performance. Outro time na parada pelos
propulsores Ford é a Arrows, que está reformulando completamente sua escuderia
para 97.
Na queda de braço que alguns países travam para integrar o calendário
da F-1, eis uma complicação para o retorno do GP da Áustria: o país também
proíbe a propaganda de cigarro, assim como ocorre na França, Inglaterra e
Alemanha. Os patrocinadores do ramo não andam muito contentes com isso. Já a
Hungria, que vive sob a constante ameaça de perder seu GP, não tem essa
restrição.
A Indy Lights já definiu seu campeão da temporada 1996 em Vancouver. David
Empringham faturou o título com um 5º lugar. Depois de 5
etapas vencidas por pilotos brasileiros, Claude Borbonais venceu a etapa
canadense. Mas não faltou brasileiro no pódio: Tony Kanaan garantiu o 2º lugar
na corrida.
A equipe Green da F-Indy perdeu o patrocínio da Brahma e o piloto Raul
Boesel. Ambos devem integrar a nova equipe que está sendo montada por Gerald
Davis, atualmente na Hall Racing, que está montando um novo time para o ano que
vem. Além disso, a Green deve perder o patrocínio da Kool, que iria garantir o
lugar de Robby Gordon na equipe em 97, antes que o americano resolvesse ir para
a Nascar...
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