Finalizando
mais um mês, eis novamente a hora de dar uma avaliada em alguns personagens do
mundo da velocidade depois dos acontecimentos das últimas semanas. Então,
fiquem agora com mais uma edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, no tradicional
esquema: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA
(caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a cotação do mês
de maio...
EM ALTA:
Sebastian
Vettel: o atual tricampeão mundial conseguiu sua 2ª vitória na temporada, e
pelo domínio imposto no GP do Bahrein, pode até dar a impressão de que vai
caminhar firme rumo ao tetracampeonato. Pelo menos, na prova barenita, Vettel
venceu sem nada a ser contestado, ao contrário da primeira vitória do ano, na
Malásia, onde o jovem piloto desobedeceu as ordens de seu time e partiu para a
vitória, em um momento de leve inferioridade de seu companheiro Mark Webber. Por
mais que Fernando Alonso exalte Lewis Hamilton como adversário mais perigoso no
grid, é bom abrir os olhos para a performance de Sebastian, que pode muito bem
tornar-se o segundo piloto alemão a conquistar 4 títulos consecutivos, embora
ainda seja muito cedo para dizer isso...
Takuma
Sato: o intrépido piloto japonês da Foyt Enterprises vem crescendo de produção
no campeonato da Indy Racing League, e averbou nas ruas de Long Beach o seu
primeiro triunfo na categoria americana. Muito rápido, Takuma ainda tinha, em
tempos recentes, o velho estigma dos pilotos de seu país, de baterem em
demasia. No ano passado, Sato colaborou para este estigma, ao dividir freada
com Dario Franchiti na última volta da Indy500 e acabar indo direto para o
muro. Mas Takuma vem aprendendo a domar seus ímpetos, e neste início de
temporada, vem fazendo uma campanha consistente, que com a vitória nas ruas de
Long Beach, o lançou para a vice-liderança do campeonato, atrás apenas do
brasileiro Hélio Castro Neves. E, mais importante: numa corrida onde vários
pilotos se estranharam na pista e andaram batendo e perdendo partes dos carros
em roçadas no muro, pneus ou em outros carros, Sato não apenas não se envolveu
em nenhum incidente como chegou ileso ao fim da prova, e andando muito, muito
forte. Se conseguir se manter livre de confusões, poderá ser um nome a se
considerar ao título da categoria, mas precisará que seu time, que há anos
nunca consegue sair das posições intermediárias no campeonato, se acerte como
nunca fez nas últimas décadas.
Marc
Márquez: O arrojado piloto espanhol de 20 anos, campeão da Moto2 no ano passado,
prometia chegar “chegando” na categoria principal, a MotoGP, ao ser contratado
pela Honda. E o garoto mostrou a que veio: protagonizou um belo duelo com um
renascido Valentino Rossi em Losail, na abertura do campeonato, e na segunda
corrida do campeonato 2013, já chegou à vitória na corrida disputada em Austin,
no Texas, onde largou na pole-position, e travou um duelo renhido com seu
companheiro de equipe Dani Pedrosa. Novato na categoria, mas mostrando muita
personalidade, talento, e já dispondo de uma moto vencedora, Márquez tem tudo
para ser o mais precoce dos campeões da categoria, desde que não se perca ao
longo do campeonato, onde os demais concorrentes, mais experientes, podem
surpreendê-lo por conhecerem melhor os macetes das corridas. Mas, eles vão ter
que suar o macacão. Pior para Dani Pedrosa, que sentiu que esta era sua melhor
chance de chegar ao título, e vai ter de aturar um companheiro duro na queda.
Equipe
Audi no Mundial de Endurance: Campeã em 2012 na primeira edição do WEC – World
Endurance Campionship, a Audi levou um susto no fim do ano passado, quando a
Toyota começou a se impor com força nas provas finais do campeonato, e
prometendo dar muito mais trabalho neste ano. Nos treinos da etapa inaugural do
certame 2013, em Silverstone, o time japonês realmente preocupou os alemães, ao
conquistarem toda a primeira fila do grid de largada. Mas na corrida, os carros
alemães mostraram porque na Endurance a constância de performance é muito mais
importante do que apenas ser rápido em apenas uma volta. Durante a longa
duração da corrida, os japoneses acabaram superados pelos rivais alemães, que
não apenas venceram a primeira corrida do ano, como ainda fizeram dobradinha no
pódio, deixando a Toyota apenas em 3º lugar, e com uma volta de desvantagem. Os
japoneses prometem reagir, mas pelo visto, o alerta do final de 2012 serviu
para que a Audi se mantivesse firme na preparação e desenvolvimento de seus
carros, e terão de redobrar esforços se quiserem destronar o time alemão na
luta pelo título.
Bruno
Senna: sem lugar na F-1, o sobrinho do tricampeão Ayrton Senna fez sua estréia
como piloto da equipe Aston Martin no WEC, em Silverstone, e logo de cara já
ajudou seu time a vencer na categoria GTE Pro. Muito mais animado e
descontraído do que nunca esteve em seus anos na F-1, Bruno avisa que ainda não
pode prometer vôos mais altos, mas estreou com pé direito (e acelerando) na
nova categoria, onde certamente terá muito mais condições de mostrar o que sabe
do que se tivesse ficado na F-1. Aliás, é só ver que o brasileiro se livrou de
uma boa fria, vendo as performances de seu ex-time, a Williams, neste início de
campeonato, sem conseguir sequer pontuar, tendo produzido novamente um carro
pouco competitivo. Dispondo de um conjunto vencedor na Endurance, Bruno tem
tudo para fazer seu nome brilhar no novo campeonato, e mostrar que pode não ser
um superpiloto como seu tio foi, mas que nem por isso deixa de ser um
profissional talentoso e competente. Só precisa ter um carro, e uma estrutura e
apoio decente...
NA MESMA:
Jorge
Lorenzo: atual bicampeão da MotoGP, o piloto espanhol mostra que está mais
completo do que nunca. Venceu com competência a corrida inicial do campeonato
2013, no Qatar, e na segunda corrida, em Austin, nos Estados Unidos, foi um
competente 3º lugar, uma vez que viu não ter condições de desafiar a dupla da
Honda na prova americana. E, ao mesmo tempo, venceu os primeiros duelos
internos na Yamaha contra Valentino Rossi, que mostrou que ainda tem muito gás
para dar e vender, agora de volta a um equipamento competitivo. Correndo com a
cabeça, e sabendo acelerar nos momentos certos, sem desperdiçar as
oportunidades, Lorenzo tem boas chances de conquistar o tricampeonato, mas o
espanhol sabe que a parada promete ser dura neste ano, não apenas dentro do
próprio time, mas também contra os pilotos da Honda, que possuem o melhor
equipamento do momento na categoria.
Equipe
Mercedes: O time oficial da montadora alemã confirmou que evoluiu mesmo nesta
temporada, estando pronta para novamente vencer corridas, e não ser vista mais
como promessa que nunca emplacava. Mas o carro deste ano ainda herdou o péssimo
modo de não conseguir tratar os pneus da melhor forma exibido pelos projetos
anteriores. Nico Rosberg e Lewis Hamilton conquistaram as poles na China e no
Bahrein, mas na corrida acabaram superados com relativa facilidade por carros
menos velozes em volta lançada, mas muito mais equilibrados no trato com os
compostos da Pirelli, que são a chave principal para um bom resultado nas
corridas. É verdade que não é apenas a Mercedes que anda enfrentando alguns
problemas com os pneus da fábrica italiana, mas é o time grande onde estes
problemas são mais pronunciados. Se não conseguir resolver o problema e saber
otimizar o uso dos compostos, a Mercedes corre o risco de repetir o campeonato
do ano passado, quando começou também prometendo entrar firme na briga pelas
vitórias e depois foi despencando ao longo do ano, sendo superados por outros
times. Na briga dos times equipados pelo motor alemão, a Mercedes ainda é o
time com melhor apresentação até agora, mas a Force Índia parece pronta para
dar alguns sustos, e a McLaren nunca pode ser descartada...
Equipe
Lótus: O time de Enstone segue na tocada regular e constante de Kimmi
Raikkonen, que vem pontuando em todas as etapas do ano, e em Sakhir obteve dois
lugares no pódio com seus pilotos, com Romain Grossjean finalmente
desencantando em 2013. Mas o andamento do modelo E21 precisa melhorar,
principalmente nas classificações, onde não tem rendido tanto quanto os
adversários. O carro já mostrou ter bom comportamento em corrida, mostrando um
excelente trato com os pneus da Pirelli, tendo se constituído num trunfo
valioso para o time e seus pilotos. Mas, mesmo assim, o carro ainda precisa
ganhar um pouco mais de performance em corrida, para permitir que tanto
Raikkonen quanto Grossjean possam efetivamente desafiar a fundo os concorrentes
mais fortes, em especial os carros da Ferrari e Red Bull. Raikkonen já falou
que apenas na regularidade não dá para pensar em título, e ele quer mais
velocidade do carro. Enquanto o time não tira essa diferença, a constância do
finlandês vai tentando dar conta do recado, o que tem funcionado até aqui...
McLaren:
O time de Woking continua tendo seu pior início de temporada desde muitos anos,
a ponto de Jenson Button e Sérgio Pérez terem se mostrado até agora incapazes
sequer de chegar perto do pódio, e sofrendo para conseguir entrar no Q3 nas
classificações para o grid. O time tenta reagir, e pelo menos no Bahrein
conseguiu seu maior número de pontos em um GP este ano, mas ainda é muito pouco
para a tradição da segunda escuderia mais vitoriosa da história da F-1. Se
Button tentava andar o máximo que podia, apelando para estratégias
diferenciadas na tentativa de dar o pulo do gato, Pérez parecia não ter mais
aquele brilho que encantou a categoria no ano passado. Uma boa chacoalhada no
piloto mexicano o fez recuperar os brios e fazer uma corrida combativa em
Sakhir, mas o time inglês ainda está longe de escapar de ser uma das grandes
decepções da temporada. As esperanças são de que as coisas melhorem ao iniciar
a fase européia...
Equipe
Williams: O time de Frank Williams pode ter pesadelos pela frente. Após 4
corridas, nenhum ponto, e em nenhum momento os pilotos do time mostraram
velocidade com o FW35, que tem tudo para ser um carro até pior do que o FW33 de
2011, quando o time fechou o ano com apenas 5 pontos. Depender de pontuar
apostando na quebra ou azar dos rivais não tem nenhuma garantia, e o time vai
precisar promover uma revolução no carro desta temporada se não quiser ser
novamente a “lanterna” na classificação de construtores. E poderia ser ainda
pior, pois nas primeiras corridas, seus pilotos tiveram até disputas com
pilotos da Marussia e Caterham. E Maldonado voltou a mostrar seu lado
“Maldanado”, colaborando para complicar a situação com abandonos evitáveis nas
provas.
EM BAIXA:
Caterham:
O time de Tony Fernandes começou 2013 levando tempo de sua principal adversária
no fim dos grids da F-1, a
Marussia, e resolveu apelar a ninguém menos do que Heikki Kovalainen, a quem
despediu no início do ano, preferindo pilotos que trouxessem patrocínio para a
escuderia. Mas, diante dos fracos resultados obtidos nas 3 primeiras corridas,
mais fracos ainda do que o normal, a direção do time resolveu pedir ajuda ao
finlandês, que irá correr como piloto reserva alguns dos próximos treinos
livres de sexta-feira, como já fizeram em Sakhir. Com muito mais experiência e
conhecimento, Heikki deverá ajudar o time malaio a encontrar um rumo para
desenvolver seu carro, o CT04. Pelo que se viu em Sakhir, a estratégia
funcionou, pois a Marussia ficou sempre atrás durante todo o fim de semana.
Apelar para pilotos unicamente pelo patrocínio que trouxeram para o time parece
ter sido uma estratégia furada para a escuderia, que vendo o erro cometido,
tratou de remediá-lo, ainda que parcialmente. Os dois pilotos titulares agora
que tratem de mostrar mais serviço, do contrário, poderão até ser substituídos
em pleno campeonato.
Mark
Webber: o piloto australiano não vem tendo um bom início de campeonato. Perdeu
uma vitória que era até merecida na Malásia, por uma ordem não cumprida de seu
companheiro Sebastian Vettel, e depois do mal-estar provocado pela discussão
sobre a maneira como o companheiro agiu e como ele é “protegido” dentro do
time, pode estar tendo mesmo seu último ano na categoria. Mas, pior, é ter tido
azares nas provas seguintes, como ter ficado sem combustível e sem um dos pneus
traseiros no treino e na prova chinesa, e ter sido punido por acertar um carro
da Toro Rosso, o que valeu uma punição que ajudou a complicar sua corrida no
Bahrein. Além de ter caído na classificação com um abandono e um resultado
ruim, Webber ainda teve de ver Vettel vencer sua segunda corrida na temporada,
além de quase chegar ao pódio na China, o que o levou para a liderança do
campeonato, e enfraquecendo sobremaneira a posição de Mark no time, que nunca
foi das melhores. Webber precisa reagir se não quiser talvez sair da F-1 pela
porta dos fundos ao fim do ano.
Equipe
Sauber: Depois de um ano bem-sucedido como 2012, com alguns pódios e
apresentações sólidas em algumas corridas, o time de Peter Sauber, assim como a
Williams, andou para trás neste ano. O novo modelo C32 não tem proporcionado
aos pilotos bom desempenho, e para piorar a situação, o novato Estéban
Gutiérrez até agora não se mostrou uma aposta confiável, obrigando Nico
Hulkenberg a dar um duro danado para conseguir elevar a moral do time, tendo
conquistado já alguns pontos nestas primeiras provas. Mas, diferente do ano
passado, quando pontuar era algo plausível, este ano a situação está
complicada, e a sorte do time suíço é que a Williams iniciou 2013 muito mal das
pernas, do contrário, estaria ainda pior na classificação do campeonato.
Will
Power: o piloto australiano da equipe Penske faz este ano seu pior início de
campeonato desde que passou a competir em tempo integral no time de Roger
Penske no campeonato da Indy Racing League. Nas 3 corridas disputadas até
agora, Power conseguiu apenas um 5° lugar no Alabama como melhor resultado,
tendo amargado dois pífios 16°s lugares nas etapas de São Petesburgo e Long
Beach, corridas que venceu com autoridade ímpar no ano passado, despontando,
então, como favorito destacado ao título da competição. Power ainda tem
brilhado nas classificações, onde sempre larga entre os primeiros, mas ao
contrário do que vinha fazendo nos últimos 3 anos, não está conseguindo
converter suas boas posições de largada em resultados à altura. Com isso, Will
ocupa apenas a 9ª posição no campeonato, com apenas 62 pontos. E certamente
deve ficar incomodado vendo o companheiro de equipe Hélio Castro Neves liderar
o campeonato, com 93 pontos, tendo já duas colocações no pódio até aqui em 3
provas...
James
Hinchcliffe: o piloto canadense iniciou o certame 2013 da IRL obtendo uma bela
vitória na etapa inicial, em São Petesburgo, e dava pinta de que o time de
Michael Andretti poderia engrossar a disputa do título com mais um de seus
pilotos, além de contar com o atual campeão da categoria, Ryan Hunter-Reay.
Ledo engano: Hinchcliffe teve atuações desastrosas nas corridas do Alabama e
Long Beach, saindo de ambas as corridas logo no início, e ficando a ver navios
em suas pretensões de disparar no campeonato. De líder ao fim da primeira
prova, o canadense despencou para a 10ª posição, e vai ter muito trabalho para
descontar a diferença e vendo os companheiros Marco Andretti e Ryan Hunter-Reay
passarem à sua frente na classificação. E, ainda estar na frente do outro
companheiro de time, o venezuelano Ernesto Viso, não serve para compensar a
frustração...
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