quarta-feira, 19 de setembro de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – FEVEREIRO DE 1996 – 02.02.1996



            Um bom dia a todos, e eis mais uma antiga coluna, a primeira que escrevi em fevereiro de 1996, abordando o início do campeonato daquele ano da Indy Racing League, que começava ali o seu primeiro campeonato, início de uma briga promovida por Tony George contra a CART por discordar dos rumos da categoria e, também, para querer maiores poderes dentro da organização. Com isso, ele tirou a Indy500, prova de seu autódromo, Indianápolis, do campeonato, utilizando como trunfo para alavancar a IRL. Nem é preciso dizer que, pelo menos por uns 6 anos, a ameaça dele foi pífia, pois a CART seguiu firme e forte, mesmo sem as 500 milhas mais famosas de sua história. Uma pena que, na década seguinte, as conseqüências do racha promovido pela birra de George tenham finamente frutificado e a F-Indy tenha realmente acabado. O bom nessa história é que George perdeu a direção da Indy500 e seu próprio campeonato, pois a direção da IRL o destituiu do comando.
            Mas o estrago maior já tinha sido feito, e hoje, a IRL não consegue chegar aos pés do que a F-Indy um dia foi. Uma boa leitura, e relembrem um pouco como tudo começou...



INDY VS INDY

Adriano de Avance Moreno

            No último fim de semana, teve início o campeonato paralelo da Indy, chamado de Indy Racing League, a IRL, ou Liga de Corridas Indy, em português, criada por Tony George em 95. A corrida, que foi disputada em um circuito oval montado no parque da Disney, na Flórida, teve um bom público, de cerca de 50 mil pessoas, e uma corrida emocionante, vencida por Buzz Culkins, depois de um renhido duelo com Tony Stewart. A 3ª posição ficou com Robbie Buhl, enquanto Michele Alboreto, ex-piloto de F-1, terminou em 4º. Apenas 20 carros largaram, e só 9 receberam a bandeirada. Apesar da emoção da corrida, a organização estava péssima, e com lances perigosos. Um exemplo foi a forte batida entre Eddie Cheever e Scott Sharp: o carro de socorro entrou na pista e, por pouco, não colidiu com outros carros em alta velocidade, o que teria resultado em um seríssimo acidente. Os pit stops foram lentos demais, e o nível técnico dos carros também deixou a desejar.
            A partir de março, a IRL irá disputar o espaço com o tradicional campeonato da F-Indy. A CART, organizadora do campeonato da Indy, manteve firme sua opção de continuar com seu calendário e organização nos moldes atuais. A crescente internacionalização da Indy há algum tempo já vinha desagradando o proprietário do Indianápolis Motor Speedway, que queria mais poder nas decisões da CART, e barrar a internacionalização da categoria, alegando que o campeonato da Indy deveria ficar restrito somente aos EUA, e aos circuitos ovais, ao contrário do que acontece atualmente. Descontente com a posição da CART de manter os padrões atuais do campeonato, Tony George resolveu criar sua própria liga e campeonato, que chamou de IRL, utilizando como principal trunfo as 500 Milhas de Indianápolis, única prova do campeonato que não pertence à CART. E, para mostrar que não era uma mera ameaça, o que começou no último domingo irá terminar só daqui a alguns meses, e depois de mais ou menos 5 ou 6 provas, todas em circuitos ovais, tendo como grande atração as 500 Milhas de Indinápolis. George quer esvaziar o campeonato da Indy, alegando que ele não tem a mesma força sem sua mais tradicional corrida. E já tem mais um trunfo a comemorar: a audiência registrada na corrida de estréia, na Flórida, teve uma participação maior na TV do que a F-Indy tradicional.
            Pelo seu lado, a CART diz que não vai sentir a perda da Indy500, e a internacionalização da categoria segue adiante, com a primeira corrida da Indy no Brasil. E, para aumentar a disputa com a IRL, programou a corrida de Michigan, também de 500 milhas, para o mesmo dia de Indianápolis. A CART também tem como trunfo a presença de estrelas tradicionais da Indy: Michael Andretti, Émerson Fittipaldi, Bobby Rahal, Al Unser Jr., Paul Tracy, etc. A mudança de ares já começa a surtir efeitos financeiros: grandes patrocinadores da Indy, sem a possibilidade de correr em Indianápolis, estão transferindo suas atividades promocionais para a corrida de Michigan. Os hotéis de Indianápolis já contabilizam prejuízos de mais de US$ 100 mil para o mês de maio em reservas. Todos os convidados dos patrocinadores, que iriam ficar nos hospitality centers de Indianápolis, irão para a corrida de Michigan.
            Mas há alguns patrocinadores que ainda preferem Indianápolis. Robby Gordon terá de disputar a Indy500 por exigência da Valvoline, que o patrocina. Das 33 vagas no grid, 25 serão exclusivas da IRL, ficando as 8 restantes para pretensos concorrentes da CART. E para mostrar que está falando grosso, Tony George já avisa que a partir de 97 a marca “Indy” será exclusiva da IRL, e que a CART vai ter de escolher outro nome para seu campeonato. O desempenho da primeira etapa da IRL, fora os deslizes da organização, foi bom, mas como irá ficar no confronto direto com uma etapa da F-Indy tradicional? Quem irá ganhar esta briga política? George aposta que a CART vai sair perdendo, em prestígio e credibilidade publicitária. Já a CART assumiu o desafio de não depender de sua prova mais importante para conseguir manter o interesse do público.
            Só o tempo dirá quem vai ganhar esta briga...


A Ligier apresentou na última segunda-feira, em Mônaco, o seu novo modelo JS43, com o qual vai disputar o campeonato de 96 da F-1. Diferente do modelo 95, originalmente concebido para o motor Renault, desta vez o carro foi feito sob medida para o motor Honda V-10. Pedro Paulo Diniz e Olivier Panis foram apresentados oficialmente como pilotos da escuderia.


A Arrows é o próximo time de F-1 a prometer a apresentação de seu novo carro. A data é 5 de fevereiro. Já na última terça-feira, foi a vez da Tyrrel apresentar seu modelo 96. A maior vedete é o novo motor V-10 da Yamaha, 28 Kg mais leve que a versão 95, e bem mais potente.


Rubens Barrichello confessou esta semana que quase ficou a pé para esta temporada. A Jordan só renovou o seu contrato depois que fracassaram as negociações com Heinz-Harald Frentzen, da Sauber.


Tony Kanaan e Hélio Castro Neves barbarizaram em seu primeiro treino efetivo como pilotos da equipe Tasman da Indy Lights. No circuito oval de Phoenix, Tony cravou 23s73, contra 23s78 de Helinho. O terceiro piloto da Tasman, José Luis de Palma, marcou 23s85. As marcas dos pilotos brasileiros são o novo recorde extra-oficial do circuito oval de Phoenix. Em Firebird, ambos também pulverizaram os recordes do circuito. E isso sem conhecer direito a pista. Já Helinho treinou ainda sem se recuperar totalmente de uma costela quebrada, resultado de um acidente recente.
 

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