A
Fórmula 1 já anunciou seu pré-calendário para o campeonato de 2013. A intenção é contar
com 20 corridas, tal qual este ano. Mas um ponto que coloca o calendário em
dúvida é o número de corridas que ainda precisam de confirmação. Das 20 provas
anunciadas, nada menos do que 4 podiam não acontecer. E isso pode ser apenas o
princípio...
A
novidade do novo calendário é a nova prova “Leste” dos Estados Unidos, marcada
para ser disputada nas ruas de Nova Jérsei, ao lado de Nova Iorque. A prova tem
data para o dia 16 de junho, uma semana após o GP do Canadá, bem ali pelas
imediações, o que ajudaria a cortar custos de transporte. Mas nestes últimos
dias, Bernie Ecclestone andou divulgando que os promotores da corrida não
conseguiram cumprir com todos os requisitos solicitados, e a prova está
oficialmente sem contrato. Pode ser verdade, ou na prática, o velho Bernie está
botando pressão para que as coisas andem mais rápido. Basta lembrar que a
corrida em Austin estava a perigo meses atrás, e hoje, olhando o estágio das
obras do circuito no Texas, praticamente em fase final de conclusão, depois de
enfrentar rolos relacionados ao financiamento da construção do novo circuito,
os riscos da outra corrida americana darem zebra são menores. Austin,
inclusive, já foi aprovado por Charlie Whiting, e está pronto para receber a
categoria máxima do automobilismo em novembro, uma semana antes do GP do
Brasil.
A
prova seguinte na berlinda é nada menos que a da Alemanha. O grupo
administrador de Nurburgring faliu há poucos meses, e apesar do governo alemão
ter conseguido aprovar um aporte de recursos para manter a corrida de F-1,
ninguém sabe se isso será o bastante para garantir a corrida. Hockenhein já foi
sondado, e os administradores do circuito dizem que, nas taxas cobradas
atualmente, não dá para agüentar o tranco todos os anos. Só de dois em dois
anos, e olhem lá. E ficar sem sua corrida no calendário pegaria mal para o país
que tem vários pilotos no grid, uma escuderia e, estatisticamente, ser onde mais
se investe na categoria atualmente. Mas as chances de a Alemanha seguir o
destino da França, que já perdeu sua prova, mesmo sendo o país que tinha um
time e um grande fabricante de motores (Renault) são grandes.
Cingapura
estava a perigo, mas neste último final de semana, chegaram a um acordo, e
Marina Bay está garantida no calendário por pelo menos mais 5 temporadas. Mas a
renovação veio quase na “prorrogação” das negociações, e quando todo o circo da
F-1 chegou a Cingapura na semana passada, já era quase consenso que estávamos
para ver a prova pela última vez na cidade-Estado do sudeste asiático. Quando o
pré-calendário foi divulgado, na semana passada, Cingapura estava mesmo sem
confirmação.
A
Coréia do Sul também pode ficar sem sua corrida. O circuito de Yeongam até
agora não conseguiu cumprir o seu papel, de fomentar o desenvolvimento da
região onde foi construído, e estar longe do principal centro urbano do país
(Seul) também não ajudou a incrementar o público na pista em suas duas edições
disputadas até agora. Isso sem falar que os sul-coreanos começam a reclamar das
altas taxas para sediar a prova. Aliás, o valor das taxas também complica as
coisas na Austrália. Os organizadores querem pagar menos, e já se queixaram
também da mudança no horário da corrida, promovida por Ecclestone para ficar
mais acessível na transmissão de TV para a Europa. Bernie, contudo, quer mais,
como tornar a corrida noturna, o que é rechaçado pelos organizadores. A corrida
australiana abre o campeonato e está garantida, mas entra ano, sai ano, e a
queda de braço entra FOM e organização da prova segue com novas discussões. O
clima já foi mais ameno entre ambos. E a Ministra do Turismo australiano, Louise
Asher, já falou que a corrida está cara demais, e só este ano, o governo
australiano gastou cerca de US$ 56 milhões com a prova. Se os valores das taxas
não caírem, o que vai subir será o preço dos ingressos, para tentar compensar
parte do gasto, que na opinião da ministra, está lesando os contribuintes do
país.
E
falando em clima ameno, os indianos também já se deram conta de que a
brincadeira de Ecclestone está sendo mais cara do que pensavam. A corrida da
Índia, assim como a da Austrália, está firme no calendário do ano que vem, mas
os promotores já querem discutir as taxas de manutenção da prova, e olhe que a
corrida estreou no ano passado. E o calendário mostra que Valência dançou
mesmo, dando lugar para a nova corrida americana.
Ecclestone
parece não estar muito preocupado com estas corridas que podem cair fora. Na
sua lista de “espera”, a Rússia quer o seu GP, e conversas de bastidores dizem
que o México está querendo voltar ao calendário o quanto antes. A França quer
voltar, mas o governo francês já bateu o pé dizendo que não haverá verba
pública para a realização da corrida. Ainda assim, há dois potenciais
candidatos a novas corridas, que aparentemente não estão muito preocupados,
pelo menos por agora, com a viabilidade de se alocar recursos para garantir as
provas, o que indica que a FOM pode até ter facilidades se alguma das provas em
dúvida pedir baixa do calendário. E nem mencionei na conta a Tailândia, que
também quer realizar uma corrida noturna nos moldes do que é feito em
Cingapura...
Mas
Ecclestone precisa começar a tomar cuidado. O estado da economia mundial não é
mais o mesmo, e está cada vez mais raro encontrar quem queira ter uma corrida
de F-1 bancando o valor pedido pela FOM. Não foi por acaso que Ecclestone bateu
o pé para ter o Bahrein de volta no calendário, mesmo com o clima de agitação
popular vivido pelo pequeno país no Oriente Médio. A família real barenita
sempre pagou sem pestanejar todos os valores exigidos pelo chefão da F-1, assim
como o pessoal dos Emirados Árabes. Portanto, no que depender de Bernie, a F-1
correrá por lá todo ano, até mais de uma vez, se eles quiserem – e continuarem
pagando sem pensar duas vezes.
Das
novas provas, contudo, o índice já indica problemas: a Turquia já caiu fora;
Valência se despediu este ano. Em 2013, pode ser a vez da Coréia do Sul.
Cingapura escapou por pouco, mas ninguém pode garantir sua renovação depois
destes próximos 5 anos. Índia e China não estão empolgados com suas corridas.
As provas americanas, até prova em contrário, ainda não dão garantias: Austin
estréia este ano, mas e Nova Jérsei? E, mesmo depois de estrearem, vão vingar?
Os norte-americanos curtem muito mais suas categorias, como a Nascar, e a F-1
por lá, pelo menos depois de meados dos anos 1980, nunca despertaram muita
paixão no publico estadunidense, mesmo aquele fanático por corridas.
E,
dentre as provas ditas “garantidas”, ainda não podemos esquecer que a Espanha
enfrenta grave crise econômica. Valência pulou fora, mas isso não significa que
Barcelona, sede do GP espanhol desde 1991, continue firme no calendário. Não
fosse a “Alonsomania”, muito provavelmente os espanhóis já teriam dado olé à
F-1, pois a manutenção da prova está pesando no bolso do público, que está
fazendo protestos por várias cidades devido à crise da economia. Se Fernando
Alonso não estivesse em seu melhor momento, seria simples acabar com a corrida.
Até porque o circuito da Catalunha mais do que cumpriu seu objetivo:
desenvolveu toda a área das imediações, que até a criação da pista, nada tinha
de relevante, e hoje é uma zona desenvolvida, graças à presença do autódromo.
Todos
na F-1 concordam que é preciso diminuir os gastos. Equipes e dirigentes
concordam nisso. Mas daí a partir para alguma atitude, bem, é mais complicado.
Bernie Ecclestone, por sua vez, pode até admitir que seus preços são fora da
realidade. Mas, enquanto alguém estiver disposto a pagar seu preço, o cartola
não terá motivos para dar o braço a torcer. E, infelizmente, ainda tem gente
suficiente para embarcar nessa sem pestanejar...
Michael Schumacher vai perder 10 posições no grid do GP do Japão pelo acidente
que provocou em Cingapura, quando atropelou Jean-Éric Vergne, tirando ambos da
corrida, mas felizmente sem ferimentos para os dois pilotos. No ano passado,
Schumacher também bateu forte durante a corrida de Cingapura, quando colidiu
com Sérgio Perez. Dizem que o heptacampeão deve parar de vez no fim do ano, mas
ainda não há nada definido...
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