quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

FLYING LAPS – FEVEREIRO DE 2018



            E o ano de 2018 mal começou, o carnaval já foi embora, e estamos para entrar em março, mês onde tradicionalmente tem início alguns dos mais importantes campeonatos do mundo do esporte a motor, entre eles a Fórmula 1, que finalmente entrou na pista esta semana para a primeira sessão de testes da pré-temporada. Mas, enquanto estes campeonatos não começam, é hora de trazer hoje a tradicional sessão de notas rápidas falando de alguns acontecimentos ocorridos neste mês de fevereiro que agitaram o mundo da competição em alta velocidade, sempre com alguns comentários rápidos a respeito, em mais uma edição da Flying Laps. Então, uma boa leitura a todos, e até a sessão Flying Laps do mês que vem...


Depois de triunfar na etapa inicial da temporada 2018 do Mundial de Rali, a prova de Monte Carlo, o francês Sébastien Ogier não teve muito o que comemorar na segunda etapa do calendário, o Rali da Suécia. O francês foi apenas o 11º colocado, resultado pouco comum no currículo do atual campeão da categoria, que só exibia resultados ruins quando abandonava uma etapa. A vitória acabou com o belga Thierry Neuville, com Craig Breen (Citroen) na 2ª posição, e Andreas Mikkelsen fechando o pódio, e garantindo a maioria da Hyundai, que festejou o triunfo com Neuville. Com o resultado, Neuville assumiu a liderança da competição, com 41 pontos. Apesar do resultado magro na segunda etapa, Ogier ainda mantém a vice-liderança do campeonato, com 31 pontos, uma vez que o restante da concorrência não conseguiu ser constante nos resultados das duas provas disputadas até aqui. O terceiro colocado na classificação, o finlandês Esapekka Lappi, tem apenas 23 pontos, empatado com o compatriota Jari-Matti Latvala. Logo atrás, também empatados com 21 pontos cada um, vem Ott Tanak e Andreas Mikkelsen. Entre os construtores, a parada está bem mais acirrada, com a Hyundai na liderança, com 54 pontos, com a Toyota encostada logo atrás, com 53 pontos. A Citroen ocupa a 3ª posição, com 46 pontos, enquanto a M-Sport Ford tem 43 pontos. O campeonato parece que terá um maior equilíbrio este ano, e pelo menos no que tange à disputa entre construtores, tudo parece realmente caminhar nesse sentido. Já na disputa entre os pilotos, ainda é cedo para afirmar que o domínio de Ogier está chegando ao fim. Thierry Neuville tem seus méritos por liderar a competição neste momento, mas resta saber se ele conseguirá manter a dianteira até o final da competição, uma vez que ainda temos 11 etapas a serem disputadas.


A contratação de Fernando Alonso pela equipe Toyota para disputar o Mundial de Endurance na classe LMP1 já provocou suas primeiras consequências. Com datas coincidentes, a 6 Horas de Fuji não poderiam contar com a presença do asturiano, que no mesmo final de semana, em 21 de outubro, estará disputando o Grande Prêmio dos Estados Unidos, em Austin, Texas. Mas eis que a direção da categoria mudou a data da corrida para uma semana antes, no dia 14, tudo para que Alonso possa estar na pista. A alteração de data atende principalmente aos interesses da Toyota, o único time de fábrica na classe LMP1 que sobrou na competição, e que por tabela também é proprietária do circuito de Fuji, no Japão, onde a corrida será disputada, além de ser também um, senão o principal patrocinador da etapa. Se por um lado isso foi bom, permitindo que a Toyota conte com Fernando Alonso, por outro lado, vários outros pilotos acabaram prejudicados com a mudança de data, que se por um lado, deixa de coincidir com a data da prova de F-1, agora irá bater de frente com a etapa da Petit Le Mans, etapa que fechará o calendário do IMSA Weather Tech Sportscar, competição na qual vários pilotos que também competem no WEC participam. Obviamente, choveram críticas à atitude da direção do WEC, que ao privilegiar a participação de Alonso, prejudicaram muitos outros pilotos, que agora terão de escolher em qual prova estarão presentes. A IMSA já adiantou que não terá como mudar a data de sua prova, pelos inúmeros contratos firmados. E, por seu lado, a direção do WEC já deu uma bofetada nos críticos, afirmando que sua decisão não será revista, e dizendo sem floreios nas entrelinhas que o que importa é ter Alonso presente na sua etapa, permitindo que ele dispute o título da competição com mais chances. Fernando Alonso já tem certa antipatia por muitos fãs do esporte a motor, pelas estripulias que perpetrou durante sua carreira, sendo um piloto de difícil convivência dentro de um time, e com privilégios desproporcionais em virtude dos problemas internos que já causou nos times por onde passou, e que agora ganha mais um motivo de fúria por parte de muitos fãs pela manobra realizada pela direção do WEC. E não é só Alonso que sai chamuscado, mesmo que indiretamente, do episódio, mas o próprio WEC, que até o ano passado via seu campeonato para 2018 bem enfraquecido, com a saída da Porsche, e a iminência de perder também a Toyota, o que deixaria a classe LMP1 esvaziada de competidores. Se o pior acabou sendo evitado, a categoria de corridas de endurance podia passar sem esse desgaste, completamente inútil e desnecessário...


A imagem da endurance também teve outra polêmica desnecessária neste mês de fevereiro, quando a organização da categoria anunciou que irá punir incisivamente qualquer time privado que “ouse” andar à frente da Toyota na classe LMP1. Explica-se: os times de fábrica possuem regras técnicas que lhes conferem maior possibilidade de performance, pelo uso de sistemas de potência híbridos. Já os times “privados”, que não são de fábricas, tem motorização com propulsores convencionais, menos potentes do que os sistemas híbridos. Como a Toyota é a única equipe de fábrica que sobrou, em tese, ela tem os protótipos mais rápidos na pista, e isso nunca foi novidade na classe LMP1, onde os times particulares nunca tinham o mesmo nível de performance dos times de fábrica. Mas, até o ano passado, os times de fábrica não corriam sozinhos, tendo sempre algum concorrente no mesmo nível, que no caso, eram Audi, e Porsche. Como única equipe de fábrica, a Toyota é a favorita disparada na competição, sem rivais. A direção do WEC baixou normas para tentar diminuir o déficit de performance entre os times de fábrica e os privados, como por exemplo, pesos menores para os protótipos dos times privados, fluxo de combustível no consumo de motor, entre outros detalhes. Mas, como a Toyota, mesmo com estas regras, deve ser a franca favorita, se algum outro carro na LMP1 andar melhor que eles, a direção do WEC já assume que tal situação só poderia ser obtida com um carro ilegal, ou fora do regulamento, daí o motivo do anúncio da punição. Mas, e se alguém produzir um excelente carro, e que possa dar trabalho aos Toyotas? Como é que fica? Por mais que a regra de punição tenha um embasamento técnico justificado, o modo como foi anunciada pegou muito mal, como um sinal claro de favorecimento à Toyota, e um recado para ninguém atrapalhar a corrida dos japoneses, como se fosse uma verdade inconstestável que o carro nipônico não pode ser mais lento do que os dos times privados. Então, se é assim, para quê tanto esforço em conseguir novos times para a classe LMP1, se eles poderão ser castigados se fizerem o seu trabalho direito? Isso ainda vai dar muito o que falar...


Rubens Barrichello tranquilizou seus fãs ao anunciar que foi liberado pelos médicos para disputar a etapa inaugural do campeonato da Stock Car, agora no mês de março. O piloto, recordista de participações na F-1, e campeão da Stock Car, passou mal no início deste mês de fevereiro, precisando ser internado em um hospital, onde foi constatado que havia sofrido um princípio de AVC. Felizmente, tudo não passou de um grande susto, e Rubinho, por recomendação de Dino Altman, médico da Stock Car, submeteu-se a uma bateria de exames para comprovar sua saúde, tendo obtido aprovação dos médicos que o examinaram. Menos mal, enfim, e Barrichello poderá voltar a acelerar com tudo na temporada da Stock, onde terá a forte concorrência de Nelsinho Piquet como companheiro na equipe Fulltime.


Atual campeão da MotoGP, o espanhol Marc Márquez já garantiu a renovação de seu contrato com a equipe de fábrica da Honda na classe rainha do motociclismo, que terminava ao fim deste ano. Cobiçado pelos outros times, Márquez não vê motivos para trocar de equipe no momento, e estará defendendo as cores da Honda nas temporadas de 2019 e 2020. Desde que estreou na principal categoria da MotoGP, Marc já conquistou o título 4 vezes, e a Honda, mesmo nos momentos mais complicados, sempre foi competitiva. A “Formiga Atômica” comprova que faz a diferença no time, se for comparado o desempenho de seu companheiro de equipe Dani Pedrosa, que apesar de vencer algumas corridas nos últimos anos, nunca conseguiu disputar efetivamente o título da categoria, ficando à sombra de Márquez no time, que sempre esteve na luta firme pelo campeonato desde que estreou como titular na equipe de fábrica da Honda, vindo da Moto2, em 2013.


A Honda não foi o primeiro time de fábrica da MotoGP a confirmar piloto para as próximas temporadas. A Yamaha, em fins de janeiro, já havia anunciado a renovação do contrato de Maverick Viñales por mais dois anos, também para as temporadas de 2019 e 2020. Viñales estreou na equipe dos três diapasões no ano passado, após uma brilhante temporada em 2016 defendendo outro time de fábrica, a Suzuki. Quanto a Valentino Rossi, cujo contrato também se encerra no fim deste ano, ainda não há nada acertado, mas comenta-se que o “Doutor” deverá renovar seu contrato novamente. A dúvida é quanto ao período do novo contrato, já que Rossi é o piloto mais velho do grid, o que aumenta as especulações sobre quanto o italiano irá pendurar o capacete. Um novo contrato de dois anos garantiria Rossi na MotoGP até 2020, quando estará completando 40 anos de idade. Valentino tem surpreendido todos com sua vitalidade e dedicação na carreira, em um momento da vida onde muitos profissionais na MotoGP já estão pendurando o capacete ou já o fizeram antes. Mas Rossi mostra que, com um equipamento competitivo, ele ainda tem muita lenha para queimar, como confirmam as temporadas de 2014, 2015 e 2016, quando ele foi vice-campeão, perdendo apenas para Marc Márquez e Jorge Lorenzo. No ano passado, Rossi acabou ficando de fora da disputa do título na parte final da temporada, devido à queda de performance da Yamaha, o que também tirou seu companheiro de equipe, Maverick Viñales, do páreo.


Outro time da MotoGp que também deverá ter atenção à sua dupla de pilotos é a Ducati, onde os contratos dos atuais titulares se encerram ao final deste ano. Depois da excelente temporada de 2017, Andrea Dovizioso está em alta no time italiano, e certamente está merecendo ter mais atenção por parte da direção da equipe de Borgo Panigale. Aliás, Dovizioso passou a merecer muito mais atenção também dos times concorrentes, o que pode significar uma possível troca de ares no próximo ano, mas só se a Ducati marcar bobeira e não valorizar o seu piloto, ainda mais depois de quase ser campeão no ano passado, encarando Marc Márquez de frente em várias provas, e obtendo vitórias memoráveis, levando o time italiano até à última prova disputando o título da temporada. Em contrapartida, ninguém esperava um ano de resultados tão medianos de Jorge Lorenzo, que não conseguiu se adaptar com tanta facilidade à desmosedici como imaginava, e passou o ano sem vencer nenhuma corrida ou sequer entrar na disputa pelo título. Isso motivou a direção do time a declarar que se quiser ter o contrato renovado, Lorenzo terá de aceitar um salário menor do que o atual, acertado quando acabara de se tornar tricampeão mundial pela Yamaha, em 2016. Se o piloto espanhol não desencantar nesta temporada, a Ducati certamente vai rever o salário do piloto para 2019, isso se Lorenzo não resolver mudar de time...
 

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