Apresentado hoje, o novo McLaren MCL33 Renault traz enormes expectativas de retorno do time às primeiras colocações. |
Depois de praticamente
três meses, eis que os carros da F-1 entrarão de novo na pista. Começa nesta
segunda-feira a primeira parte da ridícula pré-temporada 2018, novamente com
pífios 8 dias de testes, divididos em duas sessões de 4 dias. O local, mais
manjado do que nunca, é a pista de Barcelona, na Catalunha, Espanha. O primeiro
período é do dia 26 de fevereiro ao dia 1º de março, e uma semana depois, do
dia 6 ao dia 9 de março. Depois disso, todo mundo volta para suas fábricas,
para os preparativos finais para o início da temporada, marcada para o dia 23
de março, com o primeiro treino livre oficial no Albert Park, em Melbourne,
Austrália.
Havia a possibilidade
de a pista de Paul Ricard, na França, ser escolhida para sediar os testes da
pré-temporada, mas as escuderias preferiram mais uma vez Barcelona, pela
variedade de trechos que o circuito da Catalunha dispõe, para eles muito melhor
para se analisar os dados de performance dos novos bólidos. Mas, sinceramente,
apenas 8 dias de testes? Começo a ficar com saudade da pré-temporada ridícula
de alguns anos atrás, em que ainda havia 12 dias de testes divididos em 3
sessões de 4 dias cada. Mas, os times decidiram isso em consenso, então,
infelizmente, é um problema que eles criaram. A pré-temporada já foi muito mais
animada, e não tinha tanta frescura com relação a testes como há hoje.
Outro problema crasso
é com relação à regra de ter apenas um carro na pista, o que na minha opinião é
um contrassenso: deveriam permitir logo os dois carros, ou o uso de mais de um
chassi no mesmo dia. Nem é preciso pensar muito nas desvantagens da regra
atual: qualquer erro e/ou problema com o carro, e o time perde um tempo
precioso de pista, que já não é muito atualmente, o que pode comprometer seu
trabalho de desenvolvimento do carro. Basta lembrar do ano passado, quando
Lance Stroll, novato que estreava na Williams, bateu com o carro, e fez o time
inglês perder muito mais do que um único dia com isso, causando vários
problemas ao time. E o que dizer da McLaren, cuja unidade de potência da Honda
quebrava a torto e a direito, impedindo a escuderia de conseguir avaliar o real
estado de seu projeto? A F-1 tem muitas frescuras atualmente, e essa
pré-temporada ínfima que se estabeleceu nos últimos anos é uma delas. É verdade
que, em virtude do inverno no hemisfério norte, as opções de pistas para os
testes são limitadas aos autódromos mais ao sul do continente, mas bem que
poderiam fazer um esforço para variar um pouco os lugares, aumentar o número de
dias de testes, e propiciar a opção de se testar em tipos diferentes de
circuitos.
Poderia voltar a ter
12 dias de testes, e fazer cada sessão em uma pista diferente. Minhas opções
favoritas seriam ir a Paul Ricard, Jerez de La Fronteira, ou quem sabe,
Portimão, em Portugal, que há muito já mereceria poder sediar testes da F-1. E
poderiam continuar com a sessão de Barcelona. Essa preferência pela pista da
Catalunha tem um efeito colateral que é gerar corridas chatas no GP da Espanha,
pelo fato de os times conhecerem tanto a pista, que as possibilidades de
surpresas se tornam praticamente nulas, e a menos que alguma escuderia
apresente novidades muito substanciais, o panorama dificilmente é inspirador
para uma corrida que levante o público na arquibancada, para não mencionar o
número pífio de ultrapassagens que vemos no circuito no GP realizado em maio.
O novo modelo RB14 (acima) terá uma pintura provisória nos testes da pré-temporada. Na Renault (abaixo), a meta é continuar crescendo com o novo modelo RS18. |
Ainda teremos mais
duas sessões de testes no meio da temporada, novamente, muito pouco para o que
poderiam fazer. Serão após as corridas da Espanha e da Hungria, respectivamente
Barcelona e Budapeste. Aqui ao menos temos pistas diferentes, mas bem que
podiam elencar Silverstone ou Monza alguma temporada destas. Tenho muitas
saudades de quando as escuderias treinavam nestes circuitos, e até quando
vinham testar aqui no Brasil. Alguém lembra de quando as escuderias ocupavam os
boxes de Jacarepaguá no mês de janeiro, testando seus carros por aqui? Bons
tempos... Infelizmente, cartolas e políticos cretinos da pior espécie acabaram
com o autódromo carioca, enquanto a FIA deu e cagou para a proibição de testes
quase total em 2009, e assim ficou... E parece que só tende a piorar...
O jeito é ficar
empolgado com os novos modelos dos carros da temporada de 2018. Hoje, com o
lançamento do novo McLaren MCL33, já temos os novos carros de 8 das 10
escuderias, ficando somente a Toro Rosso e a Force India restando apresentarem
seus carros, o que farão na manhã de segunda-feira, em Barcelona, logo antes de
abrirem a pista para os testes. Tudo bem, a Toro Rosso já soltou uma foto de
seu novo carro, mas lançamento oficial mesmo, e com uma boa visão do bólido, só
segunda feira. E aí, o pessoal pode começar as apostas de qual carro é o mais
bonito, o mais feio, ou o mais “alguma coisa” qualquer. Com o regulamento técnico
quase inalterado em relação a 2017, a mudança visual destacada é o halo, novo
dispositivo de segurança introduzido nos carros para esta temporada. Não gosto
dessa coisa, e acho que a FIA podia ter feito coisa melhor, mas se é o que
temos, viremo-nos com ela, e pelo menos, alguns times conseguiram dar uma
mexida no design de forma a não parecer uma trapizonga que destoa do visual do
monoposto. A Ferrari até fez a sua versão com função aerodinâmica, com uma
pequena asa superior (lógico que o design de todos os times dá um desenho ao
dispositivo de forma a incrementar a aerodinâmica, mas a Ferrari dotou a peça
de uma pequena asa superior), assim como a Alfa Romeo Sauber (o que não deveria
ser surpresa, já que o time suíço virou praticamente uma filial de Maranello,
ainda que use o nome tradicional de outra marca), e até onde deu para ver,
também na Toro Rosso, na foto anunciada.
E expectativa é o que
não falta em relação aos novos bólidos: a Mercedes vai continuar dominando as
corridas e o campeonato? A Ferrari vai conseguir superar o time alemão este
ano, como fez em vários momentos de 2017? A Red Bull volta com tudo à briga
pelo título? Vamos ver o renascimento da McLaren? A Williams vai engrenar ou
vai desengrenar novamente? Quem vai ser a lanterna do grid em 2018? Será que o
motor Honda desencanta este ano, ou os japoneses vão ter uma crise potencial de
candidatos a haraquiri novamente? A Force India continuará mostrando como fazer
o máximo com o que dispõe? As perguntas nem são originais assim: já as fizemos
no ano passado, e vimos o que ocorreu, mas a esperança é a última que morre,
portanto, a torcida sempre é alta para que desta vez vejamos novidades nas
respostas.
O novo Mercedes W09 (acima) será o carro a ser batido? O novo Ferrari SF71-H (abaixo) deverá ser o principal adversário na luta pelo campeonato. |
Podemos começar a ver
algumas delas já a partir de segunda-feira, e mesmo sabendo que testes são
testes, e tudo pode mudar para as corridas, estamos todos ansiosos para vermos
os primeiros prognósticos iniciais. E alguns times já estão programando seus
pacotes de mudanças: a McLaren já anunciou que seu carro já terá modificações
para o primeiro treino em Melbourne, e que tem o objetivo de rodar pelo menos
500 Km por dia de testes, no mínimo. Depois de penar com a Honda nas
pré-temporadas dos últimos três anos, o time de Woking quer descontar todo o
tempo perdido para voltar a andar na frente. Dependerá da performance da nova
unidade de potência da Renault, que segundo divulgaram, já rende mais de 950
HPs brutos de força. É bastante coisa, mas devemos lembrar que a Mercedes já
atingiu os mil HPs no ano passado, e que a Ferrari está atingindo e superando
esta marca com seu novo propulsor 063 híbrido, portanto, ainda há algum déficit
a ser encarado pelos times equipados com a unidade francesa. E, com relação à
Honda, todo mundo quer saber o que eles poderão desenvolver nessa temporada,
equipando a Toro Rosso. Curiosamente, Helmut Marko deu declaração recente
elogiando a evolução da unidade nipônica, afirmando até que eles poderiam
igualar os da Renault a meio desta temporada.
Blefe ou ameaça séria?
Depois do que vimos no ano passado, quando a Honda deveria evoluir, e o que
vimos foi um retrocesso brutal, como se os nipônicos tivessem esquecido
completamente o que aprenderam nos dois anos anteriores de competição, é bom
ficar com o pé atrás um pouco. Seria ótimo para a competição que tivéssemos mais
um propulsor competitivo na F-1, e é muito desencorajador vermos uma marca que
fez tanto sucesso com seus motores de 1985 a 1991 pagar mico como tem
acontecido nestes últimos três anos. De concreto mesmo é que a performance e
desenvolvimento do projeto nipônico, com a ajuda da Ilmor, será acompanhado de
perto pelo time principal da Red Bull, que poderá não ter motor para competir
em 2019, já que a Renault avisou que não iria mais fornecer ao time dos
energéticos o seu propulsor, depois de tantas críticas e declarações mau
educadas por parte da cúpula do time austríaco. Portanto, a temporada da Toro
Rosso será um enorme teste para ver se a Honda será a salvação da Red Bull no
ano que vem, e não um prego no caixão da escuderia. Na pior das hipóteses, a Toro
Rosso terá um ano complicado pela frente, se a Honda continuar devendo
resultados, apesar da menor pressão que um time de menor expressão lhes fará.
Mercedes e Ferrari
deverão monopolizar o duelo das unidades de potência mais uma vez. No ano
passado, a unidade híbrida alemã ainda foi a mais potente e eficiente, mas o
modelo W08 demorou a se aprumar, enquanto o chassi SF-70H concebido pelo time
de Maranello, se não contava com um propulsor tão forte, pelo menos a diferença
de potência não era tão pronunciada, e com um equilíbrio e performance
surpreendentes, permitiu a Sebastian Vettel ser um rival à altura de Lewis
Hamilton por boa parte da temporada, na primeira chance real do time italiano
ganhar o título desde a temporada de 2012, não fossem alguns percalços em
algumas corridas que acabaram fulminando as chances do tetracampeão alemão
chegar ao seu 5º título. A unidade de potência da Ferrari parece ter conseguido
uma boa evolução para este ano, mas que ninguém espere que a Mercedes tenha
dormido no ponto. No ano passado, a Ferrari não escondeu muito o jogo nos
testes de Barcelona, partindo direto para o ataque, mostrando ter um carro
eficiente e confiável, o que se confirmou quando a temporada começou, enquanto
a Mercedes tinha um carro mais temperamental e arisco. É de se presumir que os
italianos pretendam mostrar as garras em Barcelona, se tiverem condições, para
deixar os rivais nervosos e tirar-lhes a concentração.
Em tese, a Renault
deve vir bem forte, no que tange às suas novas unidades de potência. No ano
passado, eles até exageraram nos aprimoramentos nas etapas finais,
comprometendo a fiabilidade, que já havia dado diversos problemas durante a
temporada, para ver o que resultava, e o incremento de potência foi
significativo. Se o déficit para Mercedes e Ferrari cair bastante, as chances
de Red Bull e McLaren fazerem um campeonato competitivo devem ser boas. A
McLaren afirmou que só a troca da unidade Honda pela Renault já lhes
proporcionou um ganho de 1s no mínimo. Comparando este dado com os tempos
obtidos por eles no ano passado, em diversas corridas o time de Woking estaria
em pé de igualdade com a Red Bull, pelo menos nas classificações do grid. Mas
da teoria à pratica tem uma boa diferença, e poderemos comprovar essa medição
de forças em Barcelona a partir de segunda-feira. Depois de começar os últimos
campeonatos não tão bem como gostariam de estar, os austríacos certamente
deverão mostrar do que são capazes para confirmarem que estão prontos para a
briga direta, sem firulas. E a McLaren também vai querer dar uma prova cabal de
que seus dias de parcos resultados ficaram para trás. Já o time de fábrica da
Renault tem o seu próprio cronograma de evolução, mas irá colher muitos
benefícios dos desempenhos que forem obtidos por Red Bull e McLaren, para
aprimorar suas unidades de potência. A Renault passou boa parte do ano passado
recompondo seu quadro de pessoal na fábrica em Enstone, Inglaterra, e agora
chegou o momento de potencializar a sinergia de seus novos funcionários junto a
todo o staff para incrementar ainda mais o desenvolvimento da escuderia. E a
adição da McLaren como novo time cliente deverá propiciar troca de informações
técnicas de alto nível, algo que eles só tinham na sua parceria com a Red Bull,
que tantas farpas dirigiu à marca francesa em tempos recentes, esquecendo os
bons tempos que viveram entre 2009 e 2013, quando conquistaram quatro títulos
consecutivos na F-1.
Melhor equipe do
“resto” do grid no ano passado, a Force India vai querer manter sua 4ª
colocação. Vijay Mallya sabe que é quase impossível seu time se intrometer no
meio do trio Mercedes/Ferrari/Red Bull, mas terá de se precaver contra o
esperado ressurgimento da McLaren, e não ser surpreendido por um eventual bom
projeto da Williams, em que pese a dúvida da capacidade de sua dupla de
pilotos. Os maiores trunfos do time indiano são sua dupla de pilotos, eficiente
e equilibrada, e saber utilizar bem seus recursos, tendo produzido um ótimo
carro no ano passado, mesmo com um orçamento limitado. E o time ainda tem à sua
disposição o excelente propulsor da Mercedes. Só precisa tomar cuidado para não
ter errado no projeto de seu novo VJM11, e que Sérgio Perez e Esteban Ocon não
voltem a bater cabeça (e os carros) entre eles na pista...
De volta oficialmente à F-1, a Alfa Romeo terá muito trabalho para fazer juz à fama da primeira campeã da história da categoria. |
Lanterna no campeonato
passado, ninguém sabe exatamente quanto a Sauber pode melhorar este ano. Com a
parceria com a Ferrari, através da marca da Alfa Romeo, que volta oficialmente
ao grid após mais de 30 anos, a expectativa é tentar escalar o pelotão, agora
que há mais recursos técnicos e financeiros. Mas o time terá muito espaço para
recuperar, reduzindo não apenas o atraso do ano passado, como tentar evoluir
rapidamente para melhorar sua performance e buscar melhores resultados.
Então, é hora de todo
mundo ir para a pista e ver o que cada um pode fazer. Até agora, foram
promessas e muito otimismo. Está na hora de encararem a realidade, e vermos
quais destas promessas realmente se tornarão realidade, e quem precisará de
mais trabalho para cumprir o que prometeu de fato...
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