Trazendo
mais uma coluna antiga na seção Arquivo, está aqui a do dia 4 de outubro de
1996, tendo como assunto principal a contratação de Damon Hill, até então
provável campeão de F-1 daquela temporada, competindo pela quase imbatível Williams,
pela escuderia de Tom Walkinshaw, a Arrows, que a partir da temporada de 1997
passaria a se chamar TWR-Arrows, e prometia mundos e fundos para breve na
categoria. A contratação de Hill era apenas o primeiro passo, segundo o
dirigente, para reestruturar todo o time e torná-lo uma escuderia de ponta.
Para tanto, já tinha até feito um acordo para receber os motores V-10 da
Yamaha. De fato, os planos eram ousados. Uma pena que nada funcionou como o planejado,
em que pese Hill ter assombrado todo mundo na prova da Hungria no ano seguinte,
por pouco não vencendo a corrida.
Walkinshaw
falou de mais e fez de menos. A Arrows continuou sendo um time médio/pequeno, e
foi ficando cada vez pior, até desaparecer alguns anos depois, tragado pelos
custos crescentes de uma F-1 que, intoxicada pela entrada de recursos quase
ilimitados proporcionados pelas grandes montadoras mundiais, foi perdendo cada
vez mais contato com a realidade econômica, estando hoje em uma encruzilhada na
relação custo/benefício de suas condições de competição. Aproveitem o texto,
que em breve tem mais...
UM TIRO NO ESCURO
Enfim,
Damon Hill correrá mesmo na Fórmula 1 em 1997. A escuderia que acolherá o
provável campeão de 1996 será a Arrows/TWR, agora de propriedade de Tom
Walkinshaw, ex-sócio da Benetton e da Ligier. O anúncio foi feito na
sexta-feira passada, e pegou boa parte da imprensa de surpresa. Quando todos já
esperavam que Hill acertasse com a Jordan ou então parasse de correr, hipótese
esta bem provável, veio o anúncio do acordo do filho de Graham Hill com a
escuderia.
A
última vez que houve uma surpresa deste tipo foi em 1995, quando Christian
Fittipaldi, quando todos esperavam que o piloto brasileiro acertasse com a
Tyrrel ou Sauber, anunciou seu acordo com a equipe Walker para passar a correr
na F-Indy. Até certo ponto, foi uma surpresa. Desta vez, o caso foi parecido,
pegando muita gente de surpresa mesmo.
De
todas as equipes disponíveis, a Arrows talvez fosse a pior hipótese possível
para Damon, com exceção da Minardi ou da Forti Corse, que planeja retornar à
F-1 em 97. A Jordan era a melhor opção, pelo equipamento e estrutura
oferecidas.
Mas
Tom Walkinshaw, novo proprietário da equipe, que agora está associada à TWR,
não é de brincar em serviço, e tem grandes planos para o futuro. A TWR tem uma
tradição vitoriosa em todas as categorias que disputou, com exceção da F-1.
Walkinshaw entrou para a F-1 em 1991, numa associação com a Benetton.
Coincidência ou não, de lá para cá o time multicolorido cresceu de performance,
ano após ano, culminando no bicampeonato de Michael Schuamcher em 1994 e 1995.
Paralelamente,
Walkinshaw também comandou a reestruturação da equipe Ligier, que foi comprada
por Flavio Briatore. O resultado também se nota, pois a Ligier conseguiu alguns
bons resultados nos últimos 3 anos. Só que Walkinshaw queria liberdade total
para fazer o que bem entendesse, por isso, resolveu sair da parceria
Benetton/Ligier, e agora pretende dar um vôo solo com a Arrows, que a partir de
97 passará a se chamar TWR/Arrows. A compra da equipe saiu a meio da temporada
e os resultados de tal parceria ainda não surtiram efeito: a escuderia ocupa o
último lugar na tabela de construtores com apenas 1 ponto. Mas para o próximo
ano, as metas são mais ousadas.
De
início, tudo indica que o motor será o Yamaha, que deve encerrar sua parceria
com a Tyrrel. Trata-se de um motor potente e confiável. Bastará um chassi à
altura para mostrar todo o seu potencial. Mas neste campo é que as coisas
precisarão evoluir muito. Tome por exemplo o carro deste ano. Jos Verstappen e
Ricardo Rosset são dois pilotos de talento comprovado, mas o carro é tão ruim
que ambos estão limitados a disputar as últimas posições do grid. No início do
ano, o carro ainda possuía alguma competitividade, tanto que em algumas
corridas Verstappen chegou a enfrentar até os pilotos da McLaren. Agora, a
escuderia ficou para trás, e só consegue ganhar da Minardi.
Na
entrevista coletiva do acordo, Damon Hill estava otimista, e falava que, a
partir de agora, terá um novo desafio, crescer com a nova equipe, e já fala até
em vencer corridas com a Arrows. E já provavelmente em 97. Se Damon acredita
nisso realmente, eu chego a dizer que o inglês está realmente pensando muito
alto. Transformar a Arrows em um time capaz de vencer corridas é possível, mas
não sei dizer quantas temporadas serão necessárias para que isso seja uma
realidade. No momento, Hill está prometendo milagres. A única coisa concreta
parece ser o salário que o piloto vai receber: cerca de US$ 9 milhões segundo
algumas fontes. Sem dúvida, vai ser mesmo um desafio e tanto para Damon Hill e
para Tom Walkinshaw erguer a Arrows de seu patamar atual para o de um time
potencialmente vencedor, mas para o bem da F-1, sinceramente espero que tenham
sucesso. Quanto mais vencedores na categoria, melhor a disputa.
Para quem gosta de números, eis os da equipe Arrows: fundada em 1978, a
escuderia disputou ao todo 287 GPs, conquistou uma pole-position e marcou um
total de 152 pontos. Os melhores resultados da escuderia, que nunca venceu uma
só corrida, foram 3 2ºs lugares de Riccardo Patrese nos GPs da Suécia, em
Anderstop (1978); EUA-Oeste, em Long-Beach (1980); e San Marino, em Ímola
(1981); e mais 1 2º lugar de Thierry Boutsen em San Marino (1985). O
último pódio da equipe foi no GP da Austrália de 1995, quando Gianni Morbidelli
conquistou o 3º lugar, em uma prova de muitos abandonos. A seguir, a pontuação
da equipe desde 1978, e os respectivos motores usados: 1978) Arrows/Ford: 11
pontos; 1979) Arrows/Ford: 5 pontos; 1980) Arrows’Ford: 11 pontos; 1981) Arrows/Ford:
10 pontos; 1982) Arrows/Ford: 5 pontos; 1983) Arrows/Ford: 4 pontos; 1984)
Arrows/BMW: 6 pontos; 1985) Arrows/BMW: 14 pontos; 1986) Arrows/BMW: 1 ponto;
1987) Arrows/Megatron: 11 pontos; 1988) Arrows/Megatron: 23 pontos; 1989)
Arrows/Ford: 13 pontos; 1990) Arrows/Ford: 13 pontos; 1991) Arrows/Porshe/Ford:
sem pontos; 1992) Arrows/Mugen-Honda: 6 pontos; 1993) Arrows/Mugen-Honda: 4
pontos; 1994) Arrows/Ford: 9 pontos; 1995) Arrows/Hart: 5 pontos; e 1996)
Arrows/Hart: 1 ponto até o momento.
Disputa-se neste domingo o Grande Prêmio do Brasil de Motovelocidade,
no traçado misto do autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. É a 14º etapa
do mundial de motociclismo, e nas 500cc, o título já foi decidido
antecipadamente em favor de Michael Dohan. Alexandre Barros, único piloto
brasileiro na competição, ocupa a 4ª posição no campeonato, mas tem planos de
terminar o certame em 3º lugar. Para a prova brasileira, ele admite não estar
entre os favoritos, mas promete dar tudo o que pode na pista para obter um bom
resultado.
Se os europeus acham que os pilotos brasileiros não têm mais o talento
que consagrou nossos grandes campeões na F-1, Émerson Fittipaldi, Nélson Piquet
e Ayrton Senna, a nova geração brazuca de craques trata de mostrar que não se
deve subestimar os brasileiros. E, só para provar, o campeão da F-Renault, uma
categoria de acesso às principais modalidades e que vem crescendo bastante, é o
brasileiro Enrique Bernoldi, que pulverizou a oposição no campeonato deste ano.
Por coincidência, o vice-campeão é, até o momento, Mário Haberfeld. Bernoldi já
garantiu o título por antecipação, mas Haberfeld garante que o vice-campeonato
não vai escapar. E, na Inglaterra, berço mundial do automobilismo de
competição, a categoria F-Ford 1600 tem como campeão ninguém menos do que Paulo
Rizzi Isper. Paranaense de apenas 20 anos, Paulo Rizzi massacrou a
concorrência, vencendo 4 das 6 etapas disputadas. Para completar, a F-3000
européia já está praticamente nas mãos de Jorg Muller o título internacional da
categoria, mas as duas últimas etapas, disputadas nos circuitos de Estoril e
Mugello, foram vencidas por Ricardo Zonta, que também começa a ser disputado
pelos chefes de equipe para a próxima temporada, provavelmente para mais um ano
na F-3000. Todos eles, muito cotados para chegar em breve à F-1.
Pelo lado de cá do Atlântico, em terras do Tio Sam, os americanos
começam a ficar arrepiados com nossos pilotos. Só na Indy Lights, foram 6
vitórias em nossas mãos, mais da metade do campeonato, divididas entre Tony
Kanaan, Hélio Castro Neves, e Guálter Salles. E foi consenso geral de que
Affonso, Felipe e Zequinha Giaffone só não foram mais longe por pura falta de
equipamento. Tem muito americano queixando-se de que não tem mais carro para
competir, mas na verdade parece estar faltando mesmo é talento para enfrentar
nossos craques da velocidade.
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