Fatura
liquidada: Sebastian Vettel é o campeão de 2013, como muita gente já esperava,
e não menos importante, é o fato de ser o mais jovem tetracampeão de todos os
tempos. O jovem piloto, aos 26 anos, já igualou a marca de títulos do francês
Alain Prost, e agora tem apenas dois pilotos com mais títulos do que ele, o
argentino Juan Manuel Fangio, 5 vezes campeão, e Michael Schumacher, o maior
vencedor da história da F-1, com nada menos do que 7 títulos no currículo. E
acreditem, Vettel vai buscar este número de títulos, se não os superar.
Quando
Michael Schumacher anunciou sua aposentadoria pela primeira vez, em 2006, todos
achavam que seus números seriam inatingíveis. Sua era de domínio com a Ferrari,
onde esmagou a oposição de 2000
a 2004, e obteve números expressivos em vários
campeonatos, dificilmente seriam repetidos. E não é que todo mundo estava
errado? Não dá para ignorar a feliz coincidência que Sebastian teve de chegar à
Red Bull no momento exato de a escuderia elevar seu status de competição,
quando teve seu primeiro carro vencedor de fato, capaz não apenas de ganhar
corridas como de disputar o título.
E,
como já aconteceu em outras ocasiões na história da categoria, os carros da Red
Bull, concebidos por Adrian Newey, mago da aerodinâmica e um dos mais capazes
projetistas que a F-1 já viu, encontraram no jovem Vettel seu piloto ideal. Não
foram campeões em 2009 por pouco, mas de 2010 em diante, desembestaram a ganhar
corridas, e têm sido campeões desde então, com todos os méritos. E, para
aqueles que falam que Vettel só ganha porque tem um bom carro, o que é verdade,
também não se pode ignorar o fato de que seu companheiro de equipe, Mark
Webber, com o mesmo carro, não conseguir sequer se impôr como candidato na luta
pelo título, à exceção de 2010, quando fez sua melhor temporada na escuderia.
Todos
os grandes campeões pilotaram grandes carros, que em determinados momentos eram
os melhores do grid. Jim Clark teve à sua disposição o maravilhoso Lotus 25; Alain
Prost contou com o espetacular McLaren MP4/2B quando foi finalmente campeão;
Ayrton Senna guiou o fabuloso McLaren MP4/4; Michael Schumacher teve a Ferrari
F2004 quando conquistou seu 7° e último título, só para citar alguns casos. E
Sebastian Vettel teve o eficiente modelo RB07 quando foi bicampeão em 2011. E,
se todos eles tiveram grandes carros, tiveram também o mérito de tirar deles
tudo o que era possível, conquistando o único resultado aceitável: o título da
categoria.
Se
Vettel está arrasando com a concorrência, o problema não é dele: Sebastian está
apenas fazendo seu trabalho, e fazendo-o muito bem. Verdade que seu talento só
será realmente mesmo posto à prova quando estiver em situação inferior e assim
mesmo for campeão, como alguns afirmam. E ele vem dando mostras de cada vez
mais será capaz de fazer isso mesmo sem dispor do melhor carro. Isso não é
desmerecer sua vitória com a Toro Rosso em Monza em 2008, quando não tinha um
carro vencedor. Foi um feito único, e de inegável mérito. Mas seria
interessante ver o jovem tetracampeão vencer as adversidades e ser de fato
campeão quando não dispor do melhor carro, para engrandecer ainda mais seu
enorme talento, para que não restem mais nenhuma dúvida sobre suas qualidades.
E
o que o jovem Vettel pode esperar do futuro? Com apenas 26 anos, ele ainda tem
potencialmente mais uma década de carreira pela frente, podendo alcançar ainda
mais glórias e superar todos os recordes existentes, até mesmo o número de
vitórias de Michael Schumacher, 91. Difícil, mas não impossível. Só este ano
ele já venceu 10 provas, e com 3 corridas ainda pela frente, tem plenas
condições de vencer 13 corridas no ano. Em 117 corridas, já acumula 36
vitórias, 43 pole-positions, e 59 pódios. Antes de Vettel, o piloto mais vitorioso
em tão pouco número de corridas havia sido Fangio, pentacampeão com apenas 51
corridas, com 24 vitórias, 29 poles e 35 pódios, além de 5 títulos, mas eram
outros tempos, com menos corridas por temporada, ao contrário de hoje. Jackie
Stewart também acumulou números impressionantes para "apenas" 99 GPs:
27 vitórias, 17 poles, 43 pódios, e 3 títulos mundiais. Com seu 4° título,
Vettel já supera qualitativamente estes dois grandes nomes da velocidade. Nem
mesmo seu grande ídolo, Michael Schumacher, tinha números tão vultosos quando
atingiu 117 corridas, mas já era bicampeão mundial, e assombrava a F-1 com tais
atos. Se Michael assombrava, Vettel então barbariza, e com grande merecimento.
Não
fosse a mudança radical que a F-1 passará na próxima temporada, poderia afirmar
que nem o céu seria o limite para Vettel e a Red Bull. A mudança de motores e
as novas regras técnicas que passarão a vigorar em 2014 são profundas, e não dá
para saber quem vai sair na frente com os novos motores e carros. Com certeza, haverão
quem terão maiores facilidades e quem acabará enfrentando dificuldades. Dos
times com estrutura de ponta, McLaren, Ferrari, Mercedes, e a Red Bull, não dá
para especular quem terá ou não um bom ano. Todos têm condições de produzir um
bom carro, em que pese o retrospecto recente dos times que tiveram resultados
ruins. Mas na última sacudida técnica que a categoria enfrentou, em 2009, como
fim dos pneus raiados e a proibição dos apêndices aerodinâmicos que pulavam por
toda a carenagem, foi a Red Bull a produzir o melhor carro depois do Brawn
BGP01, e se tornou o melhor monoposto no fim da temporada, após incorporar com
perfeição o sistema do difusor duplo. As chances de Adrian Newey conseguir
superar as adversidades técnicas que se apresentam são boas, e se isso
acontecer, Vettel tem tudo para continuar aumentando seus números.
Para
os concorrentes, passa a ser questão de honra barrar a hegemonia do jovem
piloto alemão. Se eles vão conseguir, só o futuro dirá. Se conseguirem
endurecer a disputa, melhor para o público que gosta de corridas, pois poderá
assistir a belos duelos pelas vitórias nas corridas. Se fracassarem, que não
fiquem reclamando de assistirem a escuderia dos energéticos passeando por sobre
suas cabeças por mais uma temporada, e talvez coroando em 2014 o mais jovem
pentacampeão mundial de F-1...
Conquistado
o título, hoje Vettel volta à pista, no circuito de Yas Marina, em Abu Dhabi. E, para desespero
dos rivais, não é porque já venceu o campeonato que Sebastian vai desperdiçar
as chances de vencer mais uma corrida e levar mais um troféu para casa.
Concorrentes, estejam avisados...
Nada mais imbecil no Grande Prêmio da Índia do que os comissários
multarem Sebastian Vettel e a Red Bull em 25 mil euros pelo fato de Vettel, ao
ir comemorar dando seus cavalos-de-pau, fazendo zerinhos no asfalto diante da
torcida e ainda arremessar suas luvas para o público, ter desrespeitado a regra
que diz que após a bandeirada os pilotos têm de se dirigir ao parque fechado e
irem para seus devidos lugares - ao pódio, se tanto, ou ao
"cercadinho", lugar onde os demais pilotos dão entrevistas para os
jornalistas presentes. Eles não respeitaram o fato histórico que haviam acabado
de presenciar, o surgimento de um novo tetracampeão na história da F-1, algo
que não ocorre todo dia, e que merecia ser efusivamente comemorado, com todo o
direito, por Vettel, que prestou rara reverência ao bólido que pilota,
mostrando o respeito por sua máquina. Uma apresentação para respeito do público
que estava nas arquibancadas, e que não entrou na cabeça dura dos comissários,
para quem só o cumprimento às regras importa. A F-1 definitivamente virou uma
chatice extrema por conta de atos desta natureza, onde espontaneidade,
sinceridade, e camaradagem viraram assunto a serem condenados por regras cada
vez mais bestas e cretinas, visando o politicamente correto, e a imagem
corporativa, que não é o mar de rosas que gostam tanto de apregoar. Pelo menos
não tacaram uma multa em
Kimmi Raikkonem por ele ter dito palavrões pelo rádio em
conversa com seu engenheiro, mas do jeito que a categoria anda, não vai estar
muito longe o dia em que farão tal coisa...
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