quarta-feira, 27 de novembro de 2013

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - NOVEMBRO DE 2013



            E chegamos ao fim de novembro, e praticamente ao final do ano do automobilismo, com poucas provas ainda a serem disputadas. E aqui está a última edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA deste ano, com retorno apenas para fevereiro de 2014, trazendo minhas últimas avaliações da temporada das corridas. Uma boa leitura para todos...



EM ALTA:

Sebastian Vettel: O mais novo tetracampeão da F-1 fez uma segunda fase do campeonato praticamente arrasadora. Desde a volta da categoria das férias de agosto, no GP da Bélgica, só deu Vettel no degrau mais alto do pódio, conquistando até domingo passado, em Interlagos, nada menos do que 9 vitórias consecutivas, igualando o feito de Alberto Ascari, que venceu 9 provas consecutivas entre 1952 e 1953. De quebra, Sebastian igualou também o recorde de Michael Schumacher, de maior número de vitórias numa mesma temporada, 13, obtido em 2004 com a Ferrari. Como ninguém sabe como os carros de 2014 irão se comportar, nem quem vai se sair melhor, não há garantia de que a Red Bull ajude o novo tetracampeão a bater estes recordes no ano que vem, mas não importa: igualar tais feitos por ora já são feitos impressionantes para o jovem Vettel, que já atingiu 45 poles e 39 vitórias em sua curta carreira na categoria.

Marc Márquez: O novato sensação da MotoGP conquistou o título da categoria máxima do motociclismo logo em seu primeiro ano de competição, repetindo o feito de Kenny Roberts, em 1978. O espanhol, aos 20 anos, tornou-se o mais jovem campeão da categoria, e também o mais jovem a vencer uma corrida, já em sua segunda participação, em Austin, nos Estados Unidos. Agressivo ao extremo, Márquez andou colecionando alguns incidentes durante o campeonato, mas conseguiu evitar de se machucar e ainda conseguiu manter a cabeça fria nos momentos decisivos da competição, especialmente na etapa final, em Valência, escapando da pressão psicológica de Jorge Lorenzo, e pilotando o suficiente para conquistar o campeonato. E podem esperar novas vitórias de Márquez em 2014, mais experiente e talvez disciplinado, mas nem um pouco menos talentoso...

Espanha na MotoGP: Este ano não teve pra ninguém na categoria máxima do motocilismo: os pilotos espanhóis dominaram completamente o campeonato, vencendo praticamente todas as corridas do ano, com exceção da solitária vitória de Valentino Rossi em Assen, na Holanda. As 3 primeiras colocações da classificação ficaram para Marc Márquez, Jorge Lorenzo, e Daniel Pedrosa, todos espanhóis, o que levou a torcida do país ibérico à loucura com os resultados da competição nas duas rodas. Um domínio raro de se ver, e que muito provavelmente deve se manter em 2014...

Equipe Mercedes de F-1: Ainda não foi desta vez que a fábrica alemã disputou o título, mas já mostrou mais a que veio na F-1, desde que comprou o time de Ross Brawn ao fim de 2009. Possui a dupla mais forte do grid tecnicamente, e a mais parelha, que só terá rival em 2014 pelo binômio Kimi Raikkonem/Fernando Alonso, na Ferrari. E teve em vários momentos o carro mais rápido do grid, como comprovam as poles conquistadas no ano. Mas a incapacidade de lidar melhor com os pneus da Pirelli revelou-se um calcanhar de Aquiles insuperável na maior parte do campeonato. Mas o time de Sttutgart fecha o ano de cabeça erguida, com o vice-campeonato de construtores, uma vez que Sebastian Vettel e a Red Bull viraram praticamente uma categoria à parte acima de todos os demais. Mas ambos os pilotos precisam caprichar mais em alguns momentos, pois ficaram sem conseguir disputar o vice de pilotos com Fernando Alonso. Em compensação, deixaram a McLaren bem para trás, e pretendem manter assim no próximo ano.

Jimmie Johnson: O piloto da equipe Hendrick chegou ao seu 6° título na Sprint Cup, a principal categoria da Nascar, a Stock Car americana, e agora está atrás apenas de duas lendas da história da categoria, Dale Earnhardt e Richard Petty, que têm 7 títulos cada um. Jimmie venceu 6 corridas na temporada, e fechou o ano com 2419 pontos, deixando Matt Kenseth com o vice-campeonato, com 2400 pontos. Desde sua estréia na Nascar em 2003, Johnson disputou 397 corridas, venceu 64 provas e fez 40 poles. Os números podem não parecer proporcionalmente vistosos como os de Sebastian Vettel na F-1, mas são tremendamente respeitáveis, se levarmos em conta o ambiente extremamente competitivo da Nascar. E podem apostar que Jimmie vai querer se juntar Petty e Earnhardt já em 2014 no que tange ao número de títulos, a menos que os concorrentes dificultem a empreitada...



NA MESMA:

Felipe Massa: O piloto brasileiro deixa a Ferrari depois de mais de uma década sob contrato com a escuderia italiana, sendo 3 delas como piloto emprestado à Sauber, 1 como piloto de testes, e 8 anos como piloto titular. Vai encarar um grande desafio na Williams em 2014, que será comandar o renascimento da escuderia, uma das mais tradicionais da F-1, e que nos últimos anos tem tido um desempenho muito irregular. Mas o brasileiro encerra mais um ano à sombra de seu companheiro de equipe de Ferrari, e mesmo correndo mais "solto" desde que sua saída foi anunciada, não conseguiu converter resultados mais vultosos, e ainda teve algumas corridas, inclusive a de Interlagos, marcada por pequenos erros que comprometeram suas chances de conquistar melhores resultados. A troca de ares deve fazer bem a Felipe, ainda mais porque terá um papel que raras vezes teve chance de desempenhar na Ferrari: o de lider de equipe. Veremos se ele dará conta do recado...

Fernando Alonso: Em 4 temporadas competindo pela Ferrari, Fernando Alonso tem uma marca interessante: foi vice-campeão em 3 anos, perdendo apenas em 2011, quando Jenson Button foi o vice-campeão da temporada. O resultado mostra que, se Alonso é tido como o piloto mais completo da F-1, não adianta muito quando seu principal rival é quase ou tão bom quanto o espanhol, e ainda tem um carro melhor, o que torna praticamente impossível para o asturiano tirar a diferença no braço. Mas o espanhol ainda deu sorte nesta fase final do campeonato, quando a Ferrari perdeu rendimento para a Mercedes e até mesmo a Lotus em várias corridas. Agora é esperar por melhor sorte em 2014...

Equipe Lotus: O time de Enstone teve um final de campeonato frustrante: ficou sem Kimi Raikkonem, fez uma opção considerada polêmica ao contratar Kovalainem para o lugar vago do compatriota, e viu um estouro de motor alijar Romain Grossjean em Interlagos que deixou o time apenas em 4° no mundial de construtores. Isso sem falar que o negócio com grupo Quantum ainda não rendeu nem um centavo de verba, e o projeto do carro de 2014 pode sofrer por isso. De positivo, apenas o fato de que o carro mostrou-se competitivo nestas últimas corridas, com Grossjean a fazer grandes exibições. Resta saber se a escuderia do grupo Geni será capaz de repetir estas performances no próximo ano. E Pastor Maldonado pode ser seu novo piloto, trazendo o polpudo patrocínio da PDVSA, o que deve aliviar as finanças, se o venezuelano não continuar arrumando confusão na pista... Só que a situação da equipe anda tão complicada que nem mesmo dá para afirmar que Maldonado vá para lá, nem mesmo que Grossjean esteja firme no time, e até mesmo pode se questionar se ainda usarão motores da Renault em 2014. Incerteza total...

Equipes nanicas da F-1: Já com 4 anos de existência e competição na F-1, os times que estrearam na temporada de 2010 até hoje continuam sem saber o que é pontuar, e muito menos discutir posições até mesmo no pelotão intermediário da categoria. Apesar das esperanças de todo ano melhorarem sua performance, Caterham e Marussia continuam largando quase sempre nas duas últimas filas do grid, e neste ano, novamente protagonizaram seu duelo particular para ver quem seria a última colocada na competição, que acabou ficando justamente com a Caterham. Vejamos se no ano que vem, com a mudança radical de regulamento técnico e motores, eles conseguem finalmente se integrar na luta com os demais times por posições na pista.

Cosworth novamente fora da F-1 em 2014: Aquela que foi a fabricante do motor mais vitorioso durante boa parte da história da F-1 está novamente fora da categoria, tendo disputado seu último GP aqui no Brasil equipando apenas os carros da pequena equipe Marussia. Uma saída sem nenhum prestígio para a fábrica que teve o desprazer de fornecer seus motores apenas a times pequenos nos últimos anos, tendo como exceção 2010 e 2011 com a Williams, se bem que 2011 foi tão ruim que praticamente nem conta. Sem recursos para desenvolver um novo motor turbo, a Cosworth deixa a F-1 pela segunda vez em sua existência. Poderia até voltar, mas desde que perdeu seu vínculo com a Ford, que lhe garantia financiamento para projetar e construir seus propulsores para competição, a fábrica inglesa fundada por Mike Costin e Keith Ducworth não tem fôlego para novas investidas no meio automobilistico de alto nível como a F-1. Merecia ter mais dignidade em sua despedida, mas a categoria máxima do automobilismo costuma ser cruel com quem não vence...



EM BAIXA:

Valentino Rossi: O heptcampeão italiano esperava voltar a ser um dos protagonistas da disputa pelo título da MotoGP ao voltar à equipe Yamaha, depois de dois anos de fracos resultados com a Ducati. Mas o "Doutor" brilhou pouco durante o campeonato, transformando-se em um coadjuvante de luxo no campeonato, ficando à sombra do trio de espanhóis que de fato lutou pelo título, Jorge Lorenzo, Dani Pedrosa, e o campeão Marc Márquez. De positivo, só mesmo sua vitória em Assen, sendo o único piloto não-espanhol a vencer uma corrida na temporada 2013. Mas é pouco para as aspirações de Rossi, que já trocou de chefe de equipe para o próximo ano. visando recuperar a forma exibida até 2009. A conferir se o Doutor ainda não perdeu a forma...

Mark Webber: O australiano despediu-se da Red Bull e da F-1 com uma boa atuação em Interlagos, mas isso não apagou sua temporada final na categoria, onde só esteve mesmo em posição de vencer a prova da Malásia, até a malfadada ordem dos boxes para manter posições o fez ser pego de surpresa por Vettel, que mandou as ordens às favas e ultrapassou o companheiro de equipe com o motor em rotação inferior. Foi a gota d'água para se desiludir de vez com a categoria e procurar buscar novos ares em 2014, quando defenderá a Porshe no Mundial de Endurance. Com 9 vitórias na categoria, depois de 215 GPs, o australiano é mais um que não conseguiu se transformar em protagonista de fato, tendo seu melhor ano em 2010, quando em boa parte do campeonato era considerado o favorito ao título, até ser atropelado por Vettel, situação que só piorou nos anos seguintes, sequer conseguindo discutir a primazia do time com o jovem alemão. Para Vettel, e principalmente para Helmut Marko, o homem-forte da Red Bull, não vai deixar saudades...

Felipe Nars: O piloto brasileiro terminou o ano na GP2 sem conseguir nenhuma vitória, e sendo atropelado na reta final da luta pelo título, terminando o ano apenas em 4° lugar. Para quem começou o ano como um dos candidatos ao título, foi uma campanha decepcionante, mas o sonho de chegar à F-1 continua firme, e as negociações continuam, tendo chances de se tornar piloto de testes de alguma escuderia para 2014. Ao fechamento desta coluna, conversas de bastidores apontavam chances na Williams e quem sabe, Sauber ou Force India. Mas, como se sabe, negociações nestas horas são sempre complicadas. A favor do piloto brasileiro está o fato de ter alguns patrocínios fortes e interessantes para muita gente. Resta saber se isso será o suficiente, depois de um campeonato onde Nars mostrou ser apenas um piloto constante.

Pilotos de teste na F-1: A função de piloto-reserva na categoria máxima do automobilismo nunca esteve tão em baixa quanto neste ano, ainda mais depois da saíde Kimi Raikkonem da Lotus para passar por uma cirurgia para tratar as costas. Ao invés de utilizar seu reserva Davide Valsecchi, a Lotus contratou o finlandês Heikki Kovalainem para as duas provas finais do certame, apostando na experiência do piloto, que participou de alguns treinos livres pela Caterham durante o ano. Valsecchi ficou irritado com a escolha do time, cuja explicação de "não querer queimar" o piloto foi pífia. O resultado é que, embora Kovalainem tenha feito até treinos bem satisfatórios, em corrida o desempenho acabou não correspondendo às expectativas, não marcando um ponto sequer, e com isso não sendo de ajuda para o time inglês na luta no campeonato de construtores para superar a Ferrari. Se ri melhor quem ri por último, Valsecchi deve ter adorado o resultado das duas corridas. Em 2014, pelo menos os pilotos reservas devem voltar a ganhar chance de pilotar os carros, com o primeiro treino livre ganhando mais meia hora com direito a um jogo de pneus exclusivo para ser usado pelos pilotos de testes nestes 30 minutos adicionais.

Indy Racing League: O campeonato da IRL celebrou a vinda de Juan Pablo Montoya para seu campeonato em 2014, mas acabou sofrendo outra baixa considerável: Dario Franchiti, tetracampeão da categoria, anunciou sua aposentadoria, depois do violento acidente sofrido na segunda etapa de Houston. Aconselhado pelos médicos, que advertiram o escocês de que um novo acidente poderia ter consequências mais sérias, Dario resolveu pendurar o capacete, aos 40 anos, e mais de 15 anos competindo nos Estados Unidos, primeiro na Fórmula Indy, e depois na Indy Racing League. Franchiti certamente fará falta na competição, que perde um de seus nomes mais carismáticos e vencedores, em que pese as duas últimas temporadas terem sido meio magras em termos de resultados. Além de ganhar o título da IRL em 4 temporadas, sendo 3 delas pela Ganassi e uma pela Andretti, Dario também venceu 3 vezes a Indy500, a última delas no ano passado.


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