E
chegamos ao fim de novembro, e praticamente ao final do ano do automobilismo,
com poucas provas ainda a serem disputadas. E aqui está a última edição da
COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA deste ano, com retorno apenas para fevereiro de 2014,
trazendo minhas últimas avaliações da temporada das corridas. Uma boa leitura para
todos...
EM ALTA:
Sebastian
Vettel: O mais novo tetracampeão da F-1 fez uma segunda fase do campeonato
praticamente arrasadora. Desde a volta da categoria das férias de agosto, no GP
da Bélgica, só deu Vettel no degrau mais alto do pódio, conquistando até
domingo passado, em Interlagos, nada menos do que 9 vitórias consecutivas,
igualando o feito de Alberto Ascari, que venceu 9 provas consecutivas entre
1952 e 1953. De quebra, Sebastian igualou também o recorde de Michael
Schumacher, de maior número de vitórias numa mesma temporada, 13, obtido em
2004 com a Ferrari. Como ninguém sabe como os carros de 2014 irão se comportar,
nem quem vai se sair melhor, não há garantia de que a Red Bull ajude o novo
tetracampeão a bater estes recordes no ano que vem, mas não importa: igualar
tais feitos por ora já são feitos impressionantes para o jovem Vettel, que já
atingiu 45 poles e 39 vitórias em sua curta carreira na categoria.
Marc
Márquez: O novato sensação da MotoGP conquistou o título da categoria máxima do
motociclismo logo em seu primeiro ano de competição, repetindo o feito de Kenny
Roberts, em 1978. O espanhol, aos 20 anos, tornou-se o mais jovem campeão da
categoria, e também o mais jovem a vencer uma corrida, já em sua segunda
participação, em Austin, nos Estados Unidos. Agressivo ao extremo, Márquez
andou colecionando alguns incidentes durante o campeonato, mas conseguiu evitar
de se machucar e ainda conseguiu manter a cabeça fria nos momentos decisivos da
competição, especialmente na etapa final, em Valência, escapando da pressão
psicológica de Jorge Lorenzo, e pilotando o suficiente para conquistar o
campeonato. E podem esperar novas vitórias de Márquez em 2014, mais experiente
e talvez disciplinado, mas nem um pouco menos talentoso...
Espanha
na MotoGP: Este ano não teve pra ninguém na categoria máxima do motocilismo: os
pilotos espanhóis dominaram completamente o campeonato, vencendo praticamente
todas as corridas do ano, com exceção da solitária vitória de Valentino Rossi
em Assen, na Holanda. As 3 primeiras colocações da classificação ficaram para
Marc Márquez, Jorge Lorenzo, e Daniel Pedrosa, todos espanhóis, o que levou a
torcida do país ibérico à loucura com os resultados da competição nas duas
rodas. Um domínio raro de se ver, e que muito provavelmente deve se manter em
2014...
Equipe
Mercedes de F-1: Ainda não foi desta vez que a fábrica alemã disputou o título,
mas já mostrou mais a que veio na F-1, desde que comprou o time de Ross Brawn
ao fim de 2009. Possui a dupla mais forte do grid tecnicamente, e a mais
parelha, que só terá rival em 2014 pelo binômio Kimi Raikkonem/Fernando Alonso,
na Ferrari. E teve em vários momentos o carro mais rápido do grid, como
comprovam as poles conquistadas no ano. Mas a incapacidade de lidar melhor com
os pneus da Pirelli revelou-se um calcanhar de Aquiles insuperável na maior
parte do campeonato. Mas o time de Sttutgart fecha o ano de cabeça erguida, com
o vice-campeonato de construtores, uma vez que Sebastian Vettel e a Red Bull
viraram praticamente uma categoria à parte acima de todos os demais. Mas ambos
os pilotos precisam caprichar mais em alguns momentos, pois ficaram sem
conseguir disputar o vice de pilotos com Fernando Alonso. Em compensação,
deixaram a McLaren bem para trás, e pretendem manter assim no próximo ano.
Jimmie
Johnson: O piloto da equipe Hendrick chegou ao seu 6° título na Sprint Cup, a
principal categoria da Nascar, a Stock Car americana, e agora está atrás apenas
de duas lendas da história da categoria, Dale Earnhardt e Richard Petty, que
têm 7 títulos cada um. Jimmie venceu 6 corridas na temporada, e fechou o ano
com 2419 pontos, deixando Matt Kenseth com o vice-campeonato, com 2400 pontos.
Desde sua estréia na Nascar em 2003, Johnson disputou 397 corridas, venceu 64
provas e fez 40 poles. Os números podem não parecer proporcionalmente vistosos
como os de Sebastian Vettel na F-1, mas são tremendamente respeitáveis, se
levarmos em conta o ambiente extremamente competitivo da Nascar. E podem
apostar que Jimmie vai querer se juntar Petty e Earnhardt já em 2014 no que
tange ao número de títulos, a menos que os concorrentes dificultem a
empreitada...
NA MESMA:
Felipe
Massa: O piloto brasileiro deixa a Ferrari depois de mais de uma década sob
contrato com a escuderia italiana, sendo 3 delas como piloto emprestado à
Sauber, 1 como piloto de testes, e 8 anos como piloto titular. Vai encarar um
grande desafio na Williams em 2014, que será comandar o renascimento da
escuderia, uma das mais tradicionais da F-1, e que nos últimos anos tem tido um
desempenho muito irregular. Mas o brasileiro encerra mais um ano à sombra de
seu companheiro de equipe de Ferrari, e mesmo correndo mais "solto"
desde que sua saída foi anunciada, não conseguiu converter resultados mais
vultosos, e ainda teve algumas corridas, inclusive a de Interlagos, marcada por
pequenos erros que comprometeram suas chances de conquistar melhores
resultados. A troca de ares deve fazer bem a Felipe, ainda mais porque terá um
papel que raras vezes teve chance de desempenhar na Ferrari: o de lider de
equipe. Veremos se ele dará conta do recado...
Fernando
Alonso: Em 4 temporadas competindo pela Ferrari, Fernando Alonso tem uma marca
interessante: foi vice-campeão em 3 anos, perdendo apenas em 2011, quando
Jenson Button foi o vice-campeão da temporada. O resultado mostra que, se
Alonso é tido como o piloto mais completo da F-1, não adianta muito quando seu
principal rival é quase ou tão bom quanto o espanhol, e ainda tem um carro
melhor, o que torna praticamente impossível para o asturiano tirar a diferença
no braço. Mas o espanhol ainda deu sorte nesta fase final do campeonato, quando
a Ferrari perdeu rendimento para a Mercedes e até mesmo a Lotus em várias
corridas. Agora é esperar por melhor sorte em 2014...
Equipe
Lotus: O time de Enstone teve um final de campeonato frustrante: ficou sem Kimi
Raikkonem, fez uma opção considerada polêmica ao contratar Kovalainem para o
lugar vago do compatriota, e viu um estouro de motor alijar Romain Grossjean em
Interlagos que deixou o time apenas em 4° no mundial de construtores. Isso sem
falar que o negócio com grupo Quantum ainda não rendeu nem um centavo de verba,
e o projeto do carro de 2014 pode sofrer por isso. De positivo, apenas o fato
de que o carro mostrou-se competitivo nestas últimas corridas, com Grossjean a
fazer grandes exibições. Resta saber se a escuderia do grupo Geni será capaz de
repetir estas performances no próximo ano. E Pastor Maldonado pode ser seu novo
piloto, trazendo o polpudo patrocínio da PDVSA, o que deve aliviar as finanças,
se o venezuelano não continuar arrumando confusão na pista... Só que a situação
da equipe anda tão complicada que nem mesmo dá para afirmar que Maldonado vá
para lá, nem mesmo que Grossjean esteja firme no time, e até mesmo pode se
questionar se ainda usarão motores da Renault em 2014. Incerteza total...
Equipes
nanicas da F-1: Já com 4 anos de existência e competição na F-1, os times que
estrearam na temporada de 2010 até hoje continuam sem saber o que é pontuar, e
muito menos discutir posições até mesmo no pelotão intermediário da categoria.
Apesar das esperanças de todo ano melhorarem sua performance, Caterham e
Marussia continuam largando quase sempre nas duas últimas filas do grid, e
neste ano, novamente protagonizaram seu duelo particular para ver quem seria a
última colocada na competição, que acabou ficando justamente com a Caterham.
Vejamos se no ano que vem, com a mudança radical de regulamento técnico e
motores, eles conseguem finalmente se integrar na luta com os demais times por
posições na pista.
Cosworth
novamente fora da F-1 em 2014: Aquela que foi a fabricante do motor mais
vitorioso durante boa parte da história da F-1 está novamente fora da
categoria, tendo disputado seu último GP aqui no Brasil equipando apenas os
carros da pequena equipe Marussia. Uma saída sem nenhum prestígio para a
fábrica que teve o desprazer de fornecer seus motores apenas a times pequenos
nos últimos anos, tendo como exceção 2010 e 2011 com a Williams, se bem que
2011 foi tão ruim que praticamente nem conta. Sem recursos para desenvolver um
novo motor turbo, a Cosworth deixa a F-1 pela segunda vez em sua existência.
Poderia até voltar, mas desde que perdeu seu vínculo com a Ford, que lhe
garantia financiamento para projetar e construir seus propulsores para competição,
a fábrica inglesa fundada por Mike Costin e Keith Ducworth não tem fôlego para
novas investidas no meio automobilistico de alto nível como a F-1. Merecia ter
mais dignidade em sua despedida, mas a categoria máxima do automobilismo
costuma ser cruel com quem não vence...
EM BAIXA:
Valentino
Rossi: O heptcampeão italiano esperava voltar a ser um dos protagonistas da
disputa pelo título da MotoGP ao voltar à equipe Yamaha, depois de dois anos de
fracos resultados com a Ducati. Mas o "Doutor" brilhou pouco durante
o campeonato, transformando-se em um coadjuvante de luxo no campeonato, ficando
à sombra do trio de espanhóis que de fato lutou pelo título, Jorge Lorenzo,
Dani Pedrosa, e o campeão Marc Márquez. De positivo, só mesmo sua vitória em Assen,
sendo o único piloto não-espanhol a vencer uma corrida na temporada 2013. Mas é
pouco para as aspirações de Rossi, que já trocou de chefe de equipe para o
próximo ano. visando recuperar a forma exibida até 2009. A conferir se o
Doutor ainda não perdeu a forma...
Mark
Webber: O australiano despediu-se da Red Bull e da F-1 com uma boa atuação em
Interlagos, mas isso não apagou sua temporada final na categoria, onde só
esteve mesmo em posição de vencer a prova da Malásia, até a malfadada ordem dos
boxes para manter posições o fez ser pego de surpresa por Vettel, que mandou as
ordens às favas e ultrapassou o companheiro de equipe com o motor em rotação
inferior. Foi a gota d'água para se desiludir de vez com a categoria e procurar
buscar novos ares em 2014, quando defenderá a Porshe no Mundial de Endurance.
Com 9 vitórias na categoria, depois de 215 GPs, o australiano é mais um que não
conseguiu se transformar em protagonista de fato, tendo seu melhor ano em 2010,
quando em boa parte do campeonato era considerado o favorito ao título, até ser
atropelado por Vettel, situação que só piorou nos anos seguintes, sequer
conseguindo discutir a primazia do time com o jovem alemão. Para Vettel, e
principalmente para Helmut Marko, o homem-forte da Red Bull, não vai deixar
saudades...
Felipe
Nars: O piloto brasileiro terminou o ano na GP2 sem conseguir nenhuma vitória,
e sendo atropelado na reta final da luta pelo título, terminando o ano apenas
em 4° lugar. Para quem começou o ano como um dos candidatos ao título, foi uma
campanha decepcionante, mas o sonho de chegar à F-1 continua firme, e as
negociações continuam, tendo chances de se tornar piloto de testes de alguma
escuderia para 2014. Ao fechamento desta coluna, conversas de bastidores
apontavam chances na Williams e quem sabe, Sauber ou Force India. Mas, como se
sabe, negociações nestas horas são sempre complicadas. A favor do piloto
brasileiro está o fato de ter alguns patrocínios fortes e interessantes para
muita gente. Resta saber se isso será o suficiente, depois de um campeonato
onde Nars mostrou ser apenas um piloto constante.
Pilotos
de teste na F-1: A função de piloto-reserva na categoria máxima do
automobilismo nunca esteve tão em baixa quanto neste ano, ainda mais depois da
saíde Kimi Raikkonem da Lotus para passar por uma cirurgia para tratar as
costas. Ao invés de utilizar seu reserva Davide Valsecchi, a Lotus contratou o
finlandês Heikki Kovalainem para as duas provas finais do certame, apostando na
experiência do piloto, que participou de alguns treinos livres pela Caterham
durante o ano. Valsecchi ficou irritado com a escolha do time, cuja explicação
de "não querer queimar" o piloto foi pífia. O resultado é que, embora
Kovalainem tenha feito até treinos bem satisfatórios, em corrida o desempenho
acabou não correspondendo às expectativas, não marcando um ponto sequer, e com
isso não sendo de ajuda para o time inglês na luta no campeonato de
construtores para superar a Ferrari. Se ri melhor quem ri por último, Valsecchi
deve ter adorado o resultado das duas corridas. Em 2014, pelo menos os pilotos
reservas devem voltar a ganhar chance de pilotar os carros, com o primeiro
treino livre ganhando mais meia hora com direito a um jogo de pneus exclusivo
para ser usado pelos pilotos de testes nestes 30 minutos adicionais.
Indy
Racing League: O campeonato da IRL celebrou a vinda de Juan Pablo Montoya para
seu campeonato em 2014, mas acabou sofrendo outra baixa considerável: Dario
Franchiti, tetracampeão da categoria, anunciou sua aposentadoria, depois do
violento acidente sofrido na segunda etapa de Houston. Aconselhado pelos
médicos, que advertiram o escocês de que um novo acidente poderia ter
consequências mais sérias, Dario resolveu pendurar o capacete, aos 40 anos, e
mais de 15 anos competindo nos Estados Unidos, primeiro na Fórmula Indy, e
depois na Indy Racing League. Franchiti certamente fará falta na competição,
que perde um de seus nomes mais carismáticos e vencedores, em que pese as duas
últimas temporadas terem sido meio magras em termos de resultados. Além de
ganhar o título da IRL em 4 temporadas, sendo 3 delas pela Ganassi e uma pela
Andretti, Dario também venceu 3 vezes a Indy500, a última delas no ano passado.
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