No último fim de semana, tivemos a 79ª edição de uma das mais tradicionais e antigas provas do mundo da velocidade: as 24 Horas de Le Mans. Disputadas no tradicional circuito de cerca de 13,65 Km , próximo à cidade de Le Mans, a prova das 24 Horas deste ano teve mais disputa do que se esperava. Numa prova com ares dramáticos, a Audi averbou sua 10ª vitória na prova francesa, o que a coloca atrás apenas da Porshe como maior vencedora das 24 Horas, com nada menos do que 16 triunfos em Le Mans , sendo o último deles obtido em 1998, com um modelo 911 GT1 pilotado pelo trio Laurent Aiello, Allan McNish, e Stéphane Ortelli. A vitória da Audi não foi nada fácil, ainda mais se levarmos em conta que, dos 3 carros inscritos na corrida, dois deles sofreram fortes acidentes ainda no sábado. Allan McNish e Mike Rockenfeller sofreram fortes batidas ao volante do carro R18 TDI, mas apesar da violência dos acidentes, ambos saíram praticamente ilesos dos carros, sem maiores conseqüências.
E não foi desta vez que a Peugeot, tradicional rival da Audi na prova francesa nos últimos anos, conseguiu desbancar a favorita da última década. Mas chegaram perto: o trio Sébastien Bourdais, Simon Pagenaud, e Pedro Lamy, ao volante do Peugeot 908, terminou a corrida não apenas na mesma volta do trio vencedor, formado por Marcel Fässler, Andre Lotterer, e Benoit Treluyer, mas ficou atrás meros 13s854, o que para uma corrida de 24 horas, significa uma vantagem mínima. Completando o pódio, ficou o trio Nicolas Minassian, Franck Montagny e Stéphane Sarrazin, com outro Peugeot 908, mas com 2 voltas de desvantagem para os vencedores. Na 4ª posição, mais um carro da Peugeot, com Anthony Davidson, Marc Gene e Alexander Wurz, com 4 voltas de atraso. Não fosse a “intrusa” Audi, a Peugeot teria monopolizado o pódio de Le Mans.
O acidente de McNish, aliás, impediu que Tom Kristensen, seu parceiro de carro, tivesse a chance de vencer novamente em Le Mans , onde já faturou nada menos do que 8 vezes, sendo o último triunfo em 2008, pilotando um Audi também. Aliás, tirando a primeira vitória do piloto, em 1997, com um Porshe, todos os triunfos de Kristensen foram ao volante dos carros da Audi. Um belo feito na tradicional corrida das 24 Horas.
Méritos para a Audi em seu novo modelo R18 TDI, uma evolução do modelo campeão de 2010, o R15. Agora um protótipo dotado de cabine fechada, o carro é equipado com um motor turbo V-6 de 3,7 litros movido a diesel, montado longitudinalmente no centro do carro, que é equipado com um câmbio manual de 6 marchas seqüenciais. Pesando cerca de 900 Km , com um chassi monocoque e carroceria feitos de fibra de carbono, o modelo mostrou não apenas sua fiabilidade, mas também sua velocidade nas longas retas do circuito francês. Foi na 229ª volta que o R18 assinalou a melhor volta da corrida, com o tempo de 3min25s289. Não fosse um pequeno problema no tanque de combustível, que impediu que se utilizasse toda a capacidade do tanque de apenas 65 litros , o carro poderia ter vencido até com maior vantagem. O reduzido tanque de combustível é reflexo da economia do motor diesel desenvolvido pela Audi, que assombrou a concorrência em sua primeira participação, em 2006, vencendo a prova logo em sua estréia. Vale lembrar um detalhe interessante: o motor turbo V-6 utilizado este ano tinha uma potência estimada em 550 cv, um pouco menos do que o motor utilizado no ano passado, que desenvolvia aproximadamente 600 cv. Mas a nova carroceria, em estilo cupê, com muito trabalho desenvolvido na parte aerodinâmica, compensou com relativa folga a menor potência do novo propulsor. Some-se a isso a mudanças na parte mecânica do carro, desenvolvidas após muitos testes, e eis a receita da fábrica alemã para novamente brilhar nas 24 Horas de Le Mans.
Não é por acaso que a Audi refuta sempre que lhe é perguntada se tem planos de adentrar a F-1. A montadora das 4 argolas prefere centrar seus esforços em uma prova de grande prestígio, onde pode planejar melhor seu projeto técnico, do que se arriscar no campeonato da maior categoria automobilística do mundo, onde os riscos, e a necessidade de investimento, seriam muito maiores. Aliás, outro nome que tem reputação em Le Mans é a Peugeot, que diga-se de passagem, não guarda boas lembranças de quando participou da F-1. Entrou em 94 na categoria equipando os carros da McLaren, e apesar dos bons resultados iniciais, foram dispensados pelo time inglês, que preferiu mudar para os motores Mercedes, que usa até hoje. E lembrando que, no primeiro ano de associação com a Mercedes, os resultados não foram muito melhores do que aqueles obtidos junto com a Peugeot. A fábrica depois equipou apenas equipes médias, como Jordan e Prost, e sem obter sucesso compatível com o investimento, largou a categoria, à qual não tem planos de voltar a participar.
A Audi prefere fazer seu sucesso nas corridas que acha mais atrativas, e não se pode desprezar a fama que as 24 Horas de Le Mans, que ao lado das míticas 500 Milhas de Indianápolis, e do Grande Prêmio de Mônaco de F-1, compõe a trinca das provas mais importantes do automobilismo mundial. E as provas de endurance, como Le Mans, costumam ter sua peculiar emoção e disputa, que em alguns aspectos podem ser um pouco diferentes das corridas ditas “comuns”, mas para aqueles que amam a velocidade, é uma emoção única, e este ano, pode-se dizer que foram 24 horas de emoção total. O pessoal da Audi que o diga. E eles já estão pensando na corrida do ano que vem...
Quem esperava um Grande Prêmio do Canadá cheio de emoções teve um prato cheio domingo passado. A chuva, sempre ela, ajudou a tornar a prova canadense, que já é costumeiramente mais agitada que as demais corridas, num verdadeiro show de performances de vários pilotos. Esquecendo-se as frescuras da organização da corrida, que iniciou a prova com safety car, num exagero de prudência, a corrida só pegou fogo mesmo depois de finda a sua interrupção devido à chuva excessivamente forte, que alagou trechos do circuito Gilles Villeneuve. Na pista molhada, vários pilotos deram show, como Michael Schumacher, Kamui Kobayashi, e especialmente Jenson Button, que pareceu ter “incorporado” o espírito do velho Gilles e assombrou a todos com seu desempenho, tendo tido uma punição, 6 idas ao boxes, e ainda tido um pneu furado e andado em último lugar. Button escalou o pelotão com ferocidade jamais vista em seu estilo de pilotagem, e nas voltas finais, partiu para cima de Sebastian Vettel, conseguindo induzir o campeão mundial ao erro a meia volta do final da prova, coroando o seu 10° triunfo na F-1, e a mais espetacular vitória de sua carreira na categoria. Foi também a corrida mais espetacular da temporada até agora, e embora a vantagem de Vettel no campeonato ainda seja significativa, nada indica que atual temporada vá ser enfadonha. O certame só não fica mais disputado porque Lewis Hamilton e Fernando Alonso, dois possíveis rivais do alemão da Red Bull na luta pelo título, tiveram um dia ruim e abandonaram a prova canadense. Para os brasileiros, a corrida canadense poderia ter tido um saldo melhor: Felipe Massa se atrapalhou na hora de dobrar uma Hispania e rodou, acertando o muro e perdendo o bico do carro, que precisou trocar no Box. Recuperou o 6° lugar numa luta na linha de chegada com Kamui Kobayashi. O japonês da Sauber, aliás, além de dar mais um show na corrida, por pouco não originou um acidente ao seguir reto numa curva e voltar à pista imediatamente na frente de Rubens Barrichello, que para não colidir com Kamui precisou sair da pista perdendo várias posições. Acabou em 9°, marcando mais alguns pontos com uma Williams ainda problemática em performance. E a próxima corrida do campeonato é semana que vem em Valência, um circuito de rua que com as novas regras técnicas e pneus, tem tudo para ser outro GP com emoções da primeira à última volta, como se viu em Mônaco semanas atrás...
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