quarta-feira, 15 de junho de 2011

ARQUIVO PISTA & BOX – JUNHO DE 1994

            Dando sequência à publicação de minhas antigas colunas, esta agora é do mês de junho de 1994. O assunto enfocado, coincidentemente ao que tivemos esta semana na F-1, é o Grande Prêmio do Canadá daquele ano, onde a FIA, ainda aturdida com os acontecimentos de San Marino, baixou algumas novas regras técnicas para tentar diminuir a velocidade dos carros, e aumentar a segurança. Algumas novas limitações, como a inutilização da entrada de ar, deram bons resultados. Já as mudanças nos circuitos, tem certo ar questionável. E naquele ano, Andrea De Cesaris, que substituiu Karl Wedlinger, que se acidentara em Mônaco, tornou-se o terceiro piloto a atingir a marca de 200 GPs na F-1, juntando-se a Riccardo Patrese e Nélson Piquet. De Cesaris encerraria sua carreira na categoria naquele ano, para alívio de outros pilotos, pois o italiano acumulara a fama de “maior batedor” da história da F-1.
            Fiquem então com mais este texto daquela época, que sem dúvida alguma foi a mais conturbada da F-1...

BALANÇO DO CANADÁ

Adriano de Avance Moreno

            A Fórmula 1 segue em frente. No Canadá, finalmente a FIA pode ter dado o tiro certo na redução de velocidade dos carros da categoria, com a inutilização das tomadas de ar dos monopostos. Os tempos de volta aumentaram em quase 9s, o que é significativo. Significativo também foi a melhora da Ferrari, que proporcionou o primeiro desafio à supremacia de Michael Schumacher, ainda que apenas em treino, na classificação de sexta-feira, sinal de que a escuderia de Maranello segue em frente no desenvolvimento de seu carro, ainda um tanto problemático.
            Damon Hill, por sua vez, fez uma corrida convincente, terminando em 2° lugar, mas ainda longe de ameaçar o alemão da Benetton, que até o momento, é o único candidato ao título. Mais uma vez a habilidade e competência dos pilotos brasileiros se sobressaiu: Christian Fittipaldi fez uma corrida estratégica, largando lá atrás, e conseguiu chegar em 6°, mas seu esforço foi para o brejo ao se constatar, na vistoria técnica, que seu carro estava 2 Kg abaixo do peso mínimo. Mancada feia da equipe, que jogou a esforçada corrida do jovem Fittipaldi pelos ares.
            Rubens Barrichello, por sua vez, também acabou sendo azarado por sua própria equipe, depois de fazer uma excelente primeira metade da corrida, onde se manteve sempre entre os primeiros, conseguindo largar na 3ª fila pela 2ª vez consecutiva. Se de um lado isso mostrou que a Jordan está evoluindo, na corrida o câmbio, sempre ele, voltou a fazer das suas e apresentou defeitos que fizeram o piloto brasileiro perder o ritmo e terminar na 8ª posição em pista (acabou terminando em 7° com a desclassificação de Christian).
            Se o sobrinho de Émerson Fittipaldi encarou a mancada de sua equipe com certa resignação (poderia ter ocorrido com qualquer um), Rubinho deu sinais de já estar perdendo a paciência com a Jordan, reclamando uma melhoria do equipamento defeituoso, que é sempre o mesmo, e que aparentemente não vem sofrendo intervenções para sua evolução.
            Pouca gente notou, mas neste GP o italiano Andrea de Cesaris, agora defendendo a equipe Sauber-Mercedes, atingiu a marca de 200 GPs disputados na F-1. Com isso, ele atinge o 3° posto em provas disputadas na história da categoria. O primeiro piloto a quebrar a barreira dos 200 GPs foi outro italiano, Riccardo Patrese, que abandonou a F-1 ao fim de 1993. Depois dele, Nélson Piquet, que abandonou a F-1 ao fim de 1991, também passou das 200 corridas em participações. Dos pilotos em atividade, de Cesaris é o mais veterano de todos, o que também vale em relação ao número de acidentes, o que parece ser o único ponto culminante de sua longa carreira no automobilismo. Um exemplo foi sua temporada de 1981, na F-1, quando ele destruiu 16 chassis da McLaren (sua equipe naquele ano) em 15 corridas (algo como 1,1 carro destruído por prova).


Falando da F-Indy, ninguém mais duvida que o campeonato deste ano é da equipe Penske. A dúvida é sobre qual de seus pilotos vai ser o campeão. Al Unser Jr. E Émerson Fittipaldi estão se engalfinhando no topo da classificação, enquanto Paul Tracy começa a marcar pontos com regularidade, depois de bater nas 4 provas iniciais. A superioridade do time é tanta que, de 7 corridas disputadas, a Penske venceu 6, 2 delas com dobradinha (Detroit e Phoenix) e em 2 monopolizou o pódio (Milwaukee e Portland) com seus 3 pilotos. De fato, a concorrência não vai ter chance de conseguir muita coisa no campeonato deste ano. Até Nigel Mansell já sentiu o poderio da Penske, ao assumir que seu carro estava perfeito, mas que não tinha condições de acompanhar o ritmo de corrida dos monopostos de Roger Penske. Quem disse que na F-Indy os carros são todos iguais? Às vezes, surgem algumas diferenças, e podem ser bem grandes também, a exemplo do que acontece na F-1...

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