sexta-feira, 22 de março de 2024

SÃO PAULO EPRIX 2024

A F-E deu novamente um show na etapa de São Paulo, com vitória e pódios decididos apenas nas últimas curvas da prova, para deleite do público presente.

            A segunda edição do ePrix de São Paulo, realizada no último final de semana na capital paulista, mostrou que a F-E casou bem com a pista concebida junto ao Sambódromo do Anhembi. A exemplo da corrida do ano passado, que mostrou um festival de disputas, a prova deste ano novamente foi marcada pela competição acirrada entre a maioria dos pilotos, e para delírio do público, a vitória da prova foi decidida a duas curvas do final da última volta, com Sam Bird arrancando uma ultrapassagem espetacular sobre Mith Evans para conquistar sua primeira vitória em quase três anos, e a primeira da McLaren na categoria de carros elétricos.

            Se no ano passado a Jaguar foi a grande vencedora da corrida, com três carros no pódio, sendo dois de seu time oficial e um da cliente Envision, este ano foi a Nissan que teve motivos para comemorar. A marca nipônica obteve a vitória com a McLaren de Sam Bird, seu time cliente, e ainda fechou o pódio com uma ultrapassagem na reta de chegada com Oliver Rowland, piloto de seu time oficial, que já tinha ido ao pódio em Diriyah. Rowland se aproveitou do duelo entre Pascal Wherlein, da Porsche, e Jake Dennis, da Andretti, para vir por fora e superar os dois competidores na reta de chegada, arrebatando a 3ª colocação nos metros finais, para decepção da Porsche e Andretti, que perderam o pódio tão almejado. Foi o primeiro triunfo da marca japonesa na competição, após assumir a antiga equipe e.Dams, que era parceira da Renault, que retirou-se da F-E para focar exclusivamente na F-1, deixando a parceira nipônica no comando da operação.

Para o público presente, foi um delírio ver o duelo dos pilotos pela posição restante do pódio entre três pilotos, com Rowland tomando a colocação praticamente na linha de chegada. A torcida já tinha visto um duelo incrível entre Bird e Evans pela vitória nas voltas finais, e acabou brindado com outro duelo pelo pódio. Mas, no cômputo geral a prova brasileira foi de duelos a rodos, para satisfação dos torcedores que compareceram às arquibancadas da pista montada no sambódromo, mesmo com o calor escaldante do fim de semana, justificando o sacrifício diante de sua paixão pela velocidade, com os carros cruzando a reta do sambódromo a mais de 260 Km/h, mostrando que a categoria está cada vez mais rápida.

            Se na F-1 o fã da velocidade pode reclamar da falta de disputas, o ePrix de São Paulo mostrou uma realidade bem diferente na corrida da F-E, que registrou cerca de 212 ultrapassagens durante as 34 voltas da prova, onde boa parte dos competidores andou junta o tempo todo. Foram disputas a rodo, com vários pilotos em luta direta, mostrando novamente um show de competição que já tinha sido visto na etapa de 2023, mas que agora, com os times mais acostumados ao comportamento dos novos carros Gen3, puderam aprimorar e oferecer muito mais emoção aos fãs presentes no sambódromo. Talvez o único problema é que boa parte destas ultrapassagens ocorreram nos trechos de reta da Avenida Olavo Fontoura, na parte de trás do circuito, onde não há arquibancadas, de modo que o público presente não pode curtir como deveria este espetáculo da velocidade, ficando restritos ao trecho da reta do sambódromo. A organização do evento estuda como aumentar as opções de arquibancadas, a fim de que possam não apenas acomodar mais torcedores, ampliando o público presente, mas oferecer um melhor aproveitamento da prova em si, permitindo também que os fãs possam acompanhar os duelos que ocorrem nas retas da Olavo de Fontoura, onde ocorreram muitas disputas entre os pilotos.

Depois de 38 corridas, Sam Bird (acima) voltou ao degrau mais alto do pódio, para dar à McLaren e à Nissan suas primeiras vitórias na F-E, em uma corrida onde o piloto até liderou bom número de voltas (abaixo), mas só arrancou o triunfo nas últimas curvas da corrida, numa disputa com Mith Evans, da Jaguar.


            Depois das reclamações de falta de estrutura de apoio aos torcedores no ano passado, a organização da corrida reforçou este setor para a corrida deste ano, melhorando o número de opções e agilizando o fluxo de atendimento, de modo que o problema foi bem diminuído, proporcionando maior satisfação dos fãs que estiveram presentes à corrida. O público não cresceu praticamente em relação à primeira prova, mas é verdade que o forte calor que se abateu sobre a capital também não ajudou neste quesito, já que as arquibancadas praticamente não tem cobertura em sua maioria, o que era um grande desconforto para os fãs ali presentes. Mas a prova parece estar “pegando” entre os fãs da velocidade, e é possível que os carros monopostos elétricos retornem ainda este ano a São Paulo, já que a data para a corrida ser realizada no ano que vem esbarra nas limitações da data do carnaval, que será no início de março, o que inviabiliza qualquer outra atividade no sambódromo nos dois meses anteriores e no mês posterior. Está sendo considerada a possibilidade da etapa brasileira abrir a próxima temporada, ainda no mês de dezembro de 2024, o que seria bem interessante. As tratativas, porém, ainda carecem de entendimentos que a direção da F-E faz com Los Angeles para sediar uma prova da competição, muito provavelmente no mesmo período, engatando junto com a etapa da Cidade do México, programada para janeiro.

Pascal Wehrlein marcou uma pole apertadíssima para a Porsche, mas perdeu o pódio na reta de chegada, superado pela Nissan de Oliver Rowland.

            A corrida brasileira foi a melhor prova da temporada 2024 até aqui, e o traçado da pista é a principal razão para termos tido boas disputas. As etapas da Cidade do México e de Diriyah ainda foram realizadas em traçados concebidos na segunda geração de carros da competição, mas que não permitem aos novos carros de terceira geração mostrarem todo o seu potencial. A pista paulistana, por outro lado, já foi concebida para aproveitar o potencial dos novos carros da competição, e isso se mostrou patente na primeira edição da corrida em 2023. O traçado  proporciona aos pilotos atingirem altas velocidades com os novos bólidos, e os trechos de reta também oferecem bons pontos de ultrapassagens, incentivando as disputas de posição, com os carros andando em sua maioria em grupo, com vários pilotos brigando entre si por posição na pista, aumentando a emoção das disputas. Um pequeno erro de pilotagem pode ter consequências sérias em termos de posição na pista, como vimos com Nyck Cassidy, o líder do campeonato, que acabou tocando em um outro competidor, danificando o bico de seu Jaguar, que algum tempo depois quebrou de vez, enroscando-se debaixo do carro, e fazendo o neozelandês bater no muro, ocasionando seu abandono da prova. Houve vários toques entre os pilotos, com alguns resultados menos danosos, mas também complicando a situação dos pilotos, em disputa por posições na pista. E, como vimos, não houve calmaria durante a prova, com todo mundo brigando por posição. Claro que, com os toques, o safety car precisou ser acionado, o que ajudou na dinâmica da prova, oferecendo aos carros um pequeno arrefecimento frente ao calor intenso do dia da corrida, o que poderia ter afetado negativamente os carros diante da possibilidade de sofrerem um superaquecimento de seus sistemas, e proporcionou chance de recuperação de alguns pilotos, como foi o caso de Maxximilian Ghunther, que teve de largar lá de trás por punição de ter tido troca de câmbio de seu carro, e pôde brigar para chegar à zona de pontuação, terminando em 9º.

As características da pista paulistana também enfatizam a necessidade do piloto saber gerenciar o uso de sua energia, precisando dosar sua agressividade e fazer a estratégia de corrida com cuidado, a fim de não desgastar sua energia e equipamento sem necessidade, um desafio tremendo quando você está em um bolo de carros, precisando não apenas avançar, mas também se defender para não cair para trás. Assim, nada mais natural que a prova brasileira tenha “pegado fogo” na pista, ao contrário do panorama tedioso visto nas primeiras corridas. E a tendência é a disputa engrenar de vez, porque as próximas etapas são em pistas inéditas na competição, em Tóquio, e Misano, já prontas para aproveitar a capacidade dos carros Gen3. No que dependesse da qualidade da corrida, São Paulo deveria virar etapa permanente, pelas emoções apresentadas. E se os organizadores conseguirem proporcionar uma estrutura ainda melhor aos torcedores, ótimo, porque o que não tem faltado na pista foi disputa e emoção, exatamente o que o fã da velocidade mais deseja.

Sergio Sette Camara (acima) e Lucas Di Grassi (abaixo) bem que tentaram dar alguma alegria a seus torcedores, mas a baixa competitividade dos carros impediu qualquer bom resultado, além dos problemas que ambos tiveram na corrida.


            Os brasileiros na competição, mais uma vez, não puderam oferecer aos torcedores maiores esperanças. Sergio Sette Camara penou mais uma vez com o fraco trem de força da ERT, e por mais que se esforçasse, andou sempre na segunda metade do grid para trás, sem conseguir chegar perto da zona de pontos de forma efetiva, destino que também teve seu colega de time Dan Ticktum. Sergio ainda teve desaire pior de ter sido desclassificado, imaginem só, por uso de energia além do permitido, o que causou um tremendo desgaste do piloto com o time, que repassou informações erradas ao brasileiro, que tinha a informação de que seu consumo de energia não era problemático, para ficar sem carga na última volta, perdendo várias posições, sem que pudesse ter evitado isso diante da informação equivocada passada pela escuderia, o que já teria sido um castigo bem razoável, e depois levando uma desclassificação que certamente não ajudou em nada a melhorar o seu humor. Não por acaso, Sergio já começa a pensar em tentar arrumar um time mais competitivo, e por que não dizer, mais organizado, uma vez que a ERT (antiga NIO) não mostra sinais de melhora, indicando que a temporada não vai ser muito esperançosa.

            Lucas Di Grassi viveu situação similar ao do compatriota. Embora o trem de força da Mahindra tenha dado alguns sinais de melhora, tanto que Edoardo Mortara até conseguiu ir para os mata-matas da classificação, na corrida o equipamento indiano mostra que ainda está muito aquém dos rivais. Com tanto a Mahindra como a ABT a caírem pelas tabelas, apesar de alguns flertes com a zona de pontuação. Di Grassi terminou a corrida em 13º, sem chance de dar alguma satisfação aos torcedores presentes no sambódromo. Uma tônica do que deve ser a temporada, já que nas primeiras provas o desempenho do time do brasileiro tem sido sofrível, em boa parte decorrente do fraco trem de força da Mahindra. Nico Muller até conseguiu andar melhor que Di Grassi no início, tendo conseguido fazer uma classificação melhor, mas também não conseguiu manter a posição na corrida, inclusive sofrendo um abandono, engrossando mais um fim de semana infrutífero da ABT na temporada.

            A F-E segue agora para o outro lado do mundo, para a primeira estréia da temporada 2024, o ePrix de Tóquio, no Japão, marcado para o dia 30 de março, em um circuito montado nas ruas ao lado do Centro de Exposições Internacionais de Tóquio, em Odaiba, mais conhecido como Tokyo Big Sith.

 

 

Encruzilhada na F-E: o Moto Ataque não tem se mostrado mais tão efetivo para aumentar a emoção das corridas da categoria. O problema é que os pilotos tem perdido muitas posições quando precisam sair do traçado para passar no trecho de ativação do recurso, e não tem conseguido recuperar estas posições, mesmo com a potência extra disponível. Em São Paulo, apesar do bom trecho de reta logo após o local de ativação do recurso, mesmo assim os pilotos ficavam no prejuízo, sem conseguirem retomar as posições originais, e muito menos avançar para a frente como era feito antigamente. Por outro lado, os testes do novo “Attack Charge”, que seria um pit stop durante a prova, onde o carro é plugado numa tomada de carregamento rápido para incrementar sua potência e carga das baterias avança a passos muito lentos, com testes realizados até agora nas etapas iniciais do campeonato considerados ainda insuficientes para comprovar a viabilidade e eficiência da nova ferramenta, que deverá ser adotada a partir da etapa de Misano. Jake Dennis, o atual campeão mundial da categoria, defende que o recurso seja implantado o quanto antes, mas admite que os pilotos e times estão divididos em relação ao uso do novo sistema, com alguns deles, como o brasileiro Sergio Sette Camara, defendendo sua introdução apenas no próximo campeonato, a fim de que possam ser realizados mais testes da ferramenta, que já é prometida desde o ano passado pela direção da categoria, mas tem sido adiado devido aos problemas até agora no desenvolvimento da tecnologia, que reintroduziria os pit stops nas corridas, e poderia ajudar a ter corridas de maior duração na competição.

 

 

A Fórmula 1 está em ação novamente, e agora o palco é Melbourne, na Austrália, no traçado montado dentro do Albert Park, que desde 1996 é sede do GP australiano. Na pista, a expectativa de mais um passeio de Max Verstappen e da Red Bull, que iniciou a temporada muito forte. Mesmo a expectativa dos rivais de tentarem superar Sergio Perez não parece muito animadora, visto que o mexicano, apesar de algumas dificuldades, conseguiu fazer a dobradinha sem maiores dificuldades, ficando atrás apenas de Verstappen. Mas, a pista do Albert Park tem lá suas particularidades, e é nisso que os rivais tentam apostar em conseguir dar uma sacudida, ainda que baixa, no favoritismo da Red Bull. A Ferrari, consolidada neste início de temporada como segunda força do grid, confirmou que Carlos Sainz Jr. está de volta ao cockpit em Melbourne, recuperado da cirurgia de apendicite que precisou passar por ocasião do GP da Arábia Saudita, semana retrasada. Com isso, o time italiano deve vir forte para tentar se colocar próximo da Red Bull, e quem sabe, aprontar alguma surpresa. O time italiano tem previsto algumas evoluções para a prova de Suzuka, no Japão, próxima etapa da competição, com o intento de tentar melhorar e conseguir tirar a diferença que ainda a separa da Red Bull em ritmo de corrida. Enquanto isso, a Mercedes tenta acertar as nuances de seu novo carro, que até tem dado sinais encorajadores nos treinos livres, mas que desaparecem nas corridas, mostrando um déficit de performance que ainda é preciso compreender melhor para se resolver. A McLaren espera acertar sua posição de força também, enquanto a Aston Martin testará novamente sua posição na pista, onde Fernando Alonso já falou abertamente que o time precisa melhorar o carro se quiser de fato ter chances de competir mais à frente, vendo que os rivais progrediram, e bem mais que eles.

O Albert Park está pronto para sediar mais um Grande Prêmio da Austrália de F-1.

 

 

Evento especial da Indycar neste fim de semana. Pela primeira vez em mais de 15 anos, a competição irá realizar uma prova extra-campeonato, sem valer pontos. A última vez que isso ocorreu foi em 2008, com o GP de Surfer’s Paradise, prova que era válida pelo campeonato da F-Indy original, que acabou naquele ano, tendo como última corrida realizada o GP de Long Beach. Para evitar multas por rescisão contratual de não-realização da prova, a IRL concordou em disputar a prova, mas sem valer pontos para o seu campeonato, que àquela altura, já tinha se encerrado. Foi a última vez que uma categoria Indy visitou a Austrália, que nunca participou do campeonato da IRL – atual Indycar. A nova corrida, que terá lugar neste final de semana, é chamado de Desafio do US$ 1 Milhão, com o vencedor da corrida recebendo US$ 500 mil de premiação. O palco será o circuito privado do The Thermal Club, localizado em Palm Springs, próximo de Los Angeles e San Diego, na Califórnia. É um circuito misto privado com várias opções de traçados, e que já recebeu a Indycar no ano passado para testes da pré-temporada. A prova será às 13:30 Hrs. deste domingo, com transmissão ao vivo pela TV Cultura, ESPN2 e Star+.

A pista de Thermal Club sediará sua primeira corrida da Indycar, como prova extra-campeonato, neste final de semana.

Nenhum comentário: