quarta-feira, 13 de março de 2024

ESPECIAL – INDYCAR 2024

            E começaram para valer os principais campeonatos do mundo da velocidade. E desta vez, foi a Indycar, que realizou neste último domingo a sua primeira corrida do ano, que promete geralmente muitas emoções e disputas, como tem sido praxe na categoria de monopostos dos Estados Unidos. Portanto, hora de uma pequena matéria para situar todos a respeito de como será a temporada deste ano. Uma boa leitura para todos, e é hora de curtir o retorno da alta velocidade...

INDYCAR 2024

 

Categoria de monopostos norte-americana iniciou mais uma temporada prometendo muitas disputas e brigas na pista e na luta pelo título

 

Adriano de Avance Moreno

São Petesburgo abriu mais uma temporada da Indycar, e a corrida teve seus momentos agitados, apesar do domínio de Josef Newgarden, da pole à vitória na prova.

 

          A Indycar deu o pontapé inicial de sua temporada 2024 prometendo, como de costume, muitas disputas e emoções na pista. Além da tradicional rivalidade entre os maiores times da competição, Penske e Ganassi, temos tudo para ver ainda mais brigas na pista, com McLaren e Andretti querendo maior protagonismo nessa disputa, relegados que foram a condições secundárias no ano passado. E, ao contrário da F-1, não dá para saber quem vai dar as cartas na temporada. E mesmo os resultados mostrados na pré-temporada mais confundem do que esclarecem os torcedores.

          Na pista, o embate promete. Bicampeão da categoria, Josef Newgarden iniciou a temporada com o pé direito em São Petesburgo, onde praticamente dominou a corrida desde o início, com o piloto da Penske largando da pole-position, e liderando a prova quase de ponta a ponta, vencendo com raro domínio da prova, recebendo a bandeirada com quase 8s de vantagem para o segundo colocado. Scott McLaughlin fechou o pódio em 3º lugar, acossado por Will Power, que terminou em 4º, um resultado bem expressivo.

          Na briga por equipes, de fato a Penske mostrou sua força em São Petesburgo, mas ainda é cedo para dizer que o time do “Capitão” irá ser o franco favorito da temporada. Foi apenas a primeira corrida, em uma pista de rua, e precisamos conferir como será o desempenho dos pilotos e times nos demais tipos de circuito que fazem parte da temporada. A Ganassi, por exemplo, considerada sempre uma das favoritas na competição, não mostrou a força de costume na cidade do Estado da Flórida, mas minimizou parte dos prejuízos nesta primeira prova, com Álex Palou chegando em 6º, e Scott Dixon num morno 9º lugar. Conhecendo a capacidade da Ganassi, bem como o histórico dos dois pilotos, impossível afirmar que eles não virão para a briga mais à frente, prometendo engrossar a disputa pelo título da temporada.

          Josef Newgarden já bateu na trave algumas vezes em busca do tricampeonato, e começou 2024 embalado. O piloto teve uma temporada irregular em 2023, tendo como ponto alto as vitórias em pistas ovais, com destaque para seu triunfo nas 500 Milhas de Indianápolis, mas ele quer mais. O triunfo nas ruas de São Petesburgo cadenciam o bicampeão a ser um dos protagonistas da temporada. Mas ele não vem sozinho, e os maiores rivais podem estar dentro do mesmo time. Will Power, também bicampeão, teve um ano abaixo da média na temporada passada, não vencendo nenhuma corrida, depois de ter conquistado o segundo título em 2022. Problemas de saúde de sua esposa certamente afetaram sua concentração como piloto, e ele admitiu isso abertamente, o que ajudou a complicar seu desempenho. Com mais tranquilidade em casa, Power deve melhorar de produção, e ele já teve uma atuação destacada em São Petesburgo com o 4º lugar na bandeirada, um bom início de ano. Já Scott McLaughlin ainda procura se firmar como protagonista na competição, tendo ficado na maior parte do tempo à sombra de seus companheiros de time, mas já é hora dele tentar o título, e o 3º lugar na prova de estréia da temporada é também um bom começo para ele, que precisará agora manter a tocada para seguir firme na briga. Caso a Penske mantenha o bom ritmo nas demais provas, as possibilidades de seu trio de pilotos se digladiar na busca pelas vitórias não é algo incomum, lembrando que na Indycar os times não praticam jogo de equipe, uma vez que os pilotos possuem patrocinadores diferentes, e possuem liberdade para brigar entre eles, num espírito de competição muito mais claro e esportivo, ao contrário do que vemos na F-1.

O pódio da primeira corrida do ano (acima): vitória de Josef Newgarden (Penske), com Patrício O'Ward (McLaren) em 2º, e Scott McLaughlin (Penske) fechando em 3º. O piloto da McLaren bem que tentou vencer, mas Newgarden estava imparável (abaixo).


          Campeã em 2021 e 2023 com Álex Palou, a Ganassi tem sido tradicionalmente a grande rival da Penske na última década, e isso tem tudo para se repetir em 2024, ainda que a escuderia tenha sido discreta em São Petesburgo. Se Palou, a exemplo de Newgarden, também busca o tricampeonato, Scott Dixon vai além: ele quer o heptacampeonato, e a chance de igualar o número de títulos de outra lenda das categorias Indy, A. J. Foyt, que tem 7 títulos na história, número nunca igualado até hoje. Hexacampeão, com o último título conquistado em 2020, o neozelandês foi vice-campeão no ano passado, em um ano dominado pelo companheiro de equipe espanhol, mas que ninguém duvide que ele estará na briga por vitórias e pelo título. Resta saber como será a disputa com Palou neste quesito. O espanhol, aliás, deve sossegar fora da pista, depois de arrumar confusões contratuais nos dois últimos anos por assinar contratos e mudar de idéia depois, tendo se desgastado principalmente com a McLaren, que tinha contratado seus serviços, apenas para se ver de mãos abanando depois. Se dentro da pista Álex colheu admiração, fora dela, porém, pegou fama de piloto que não mantém sua palavra. Sua justificativa para não ir mais à McLaren foi “não ter mais perspectivas de ir para a F-1” como pretendia. Pode ter tido seus motivos, mas a maneira como o assunto foi tratado certamente não causou boa impressão profissional do piloto, que espera agora manter sua concentração na pista, e brigar por mais um título com a Chip Ganassi. O time do velho Chip certamente tem dois talentos únicos na casa, Palou e Dixon, que não podem ser menosprezados. Resta saber se a escuderia manterá um bom nível de competitividade, já que terá cinco carros na competição. Marcus Armstrong, Kyffin Simpson, e Linus Lundqvist, contudo, ainda precisam mostrar a que vieram no time, diante das conquistas já demonstradas por Álex Palou e Scott Dixon.

          Correndo logo atrás destas duas forças da categoria está a McLaren. O time de Woking teve uma temporada bem satisfatória em 2023, mas não venceu nenhuma corrida, e da mesma maneira, também não disputou o título. Para 2024, a ordem é brigar lá na frente, mas reconhece que vai ser complicado. Em São Petesburgo, Patrício O’Ward arrancou um heroico 2º lugar, mas avisou que a Penske estava muito forte, e que fosse uma pista menos travada, eles certamente teriam monopolizado o pódio. Alexander Rossi foi o 8º, e o time correu com Callum Illot no terceiro carro, devido a David Malukas estar machucado devido a um acidente. Ele foi o 13º colocado. O resultado geral não foi exatamente satisfatório, apesar do pódio de O’Ward, que de contrato renovado com a escuderia por várias temporadas, promete que as coisas poderão ser diferentes dependendo do circuito. Não deixa de ser verdade, mas quem quer lutar pelo título precisa se impor desde o início. Com poucos anos no certame desde seu retorno a uma categoria Indy, a McLaren já é um dos principais times da competição, mas ainda não conseguiu dar o passo necessário para tentar destronar Penske e Ganassi das posições cimeiras do campeonato de forma mais incisiva, se quiser ser de fato campeã na competição. Será que vai conseguir isso este ano? A confirmar. A escuderia manteve o esquema de três carros fixos para toda a temporada, e parece ter reforçado sua preparação para voltar a vencer e de fato brigar pelo título.

Colton Herta (Andretti, acima) quer voltar a vencer. Já Álex Palou (Ganassi, abaixo), vai tentar o tricampeonato.


          Na briga direta com a McLaren vamos encontrar a Andretti. Michael Andretti segue planejando para tentar conseguir ingressar na F-1, apesar da negativa da FOM/Liberty Media às suas pretensões, mas a escuderia precisa encerrar um jejum incômodo na Indycar, que é ter ficado à sombra de Penske e Ganassi, que desde 2013 ganharam todos os campeonatos da categoria. O último título conquistado fora desse duo foi justamente com a Andretti em 2012, com Ryan Hunter-Reay, e desde então, só chegou perto em 2018 com Alexander Rossi, mas acabou derrotada. Para 2024, a metodologia aplicada foi de “menos é mais”: o time reduziu o esquema de 4 para 3 carros, procurando manter mais o foco na preparação dos carros e melhorar a competitividade. Colton Herta, a principal estrela do time, diz que vai tentar ser menos explosivo e mais prudente na pista, uma vez que passou a temporada de 2023 sem vencer, mas acabou perdendo vários bons resultados potenciais por não ter sido mais contido em sua pilotagem, tendo se envolvido em problemas que poderiam ter sido evitados. Incomodou o fato de Kyle Kirkwood, recém-chegado ao time, ter sido o único a vencer no ano passado, colocando em xeque a posição de Herta como principal piloto da escuderia. Romain Grosjean acabou dispensado, e para seu lugar, veio Marcus Ericsson, que sentindo-se desvalorizado na Ganassi, resolveu ir reforçar as fileiras da rival Andretti, fechando o seu esquema de três carros fixos para a temporada 2024. A primeira corrida, contudo, mostrou que a tarefa da Andretti vai ser complicada. Colton Herta até que teve um bom início de corrida, andando forte, mas foi sendo superado pelos adversários, e fechou a primeira corrida em 5º lugar, sem ter conseguido oferecer maior resistência aos rivais. Kirkwood terminou em um modesto 12º lugar, e Ericsson amargou o primeiro abandono do ano logo na primeira corrida. Não foi exatamente um começo muito positivo, mas também não foi o fim do mundo, e eles esperam conseguir melhorar nas próximas corridas.

          O resto do grid pode ter lá seus momentos de brilhantismo na competição, dependendo da corrida. Quem brilhou em São Petesburgo foi Felix Rosenqvist, agora na Meyer Shank, que fez treinos impressionantes, chegando a largar na 1ª fila. O sueco, ex-McLaren, até que fez uma prova combativa, mesmo terminando em 7º lugar, um resultado positivo para o time, que marcou passo em 2023, ficando sempre na segunda metade do grid para trás, o que acabou acontecendo com Tom Blonqvist, que foi apenas 17º colocado, mostrando que a escuderia, que agora tem Hélio Castro Neves como sócio minoritário, ainda vai ter de ralar para mostrar desempenhos mais constantes. O ponto alto da escuderia foi a impressionante vitória de Hélio Castro Neves em 2021 na Indy500, mas depois disso a escuderia veio decaindo, sem conseguir apresentar nada de monta. Mas quem sabe apresenta uma reação nesta temporada? Romain Grosjean, agora na Juncos Hollinger, até que surpreendeu na classificação, e no início da corrida, mas o franco-suíço acabou se envolvendo em confusão por toque em um adversário, e acabou abandonando a prova. Rinnus Veekay segue sendo a esperança da Carpenter por bons resultados nas pistas, enquanto a Foyt vive de mais baixos que altos, e a Dale Coyne sempre luta para manter sua regularidade na competição.

          Apesar do estrelato em anos recentes ter ficado mais concentrado nos times principais, como Penske, Ganassi, Andretti e McLaren, o grau de competitividade da Indycar sempre oferece a chance de alguns resultados inesperados, o que ainda dá muito mais graça à competição, já que todos usam equipamentos bem similares, e deve permitir que alguns pilotos ofereçam seu melhor em algumas provas da temporada, apresentando um espetáculo de competição muito mais emocionante do que o que temos visto na F-1, por exemplo, que tem vivido de ciclos de domínios hegemônicos por parte de um ou outro time.

          Apesar do entusiasmo, a Indycar tem lá seus problemas para resolver. Talvez o maior deles seja a ameaça velada da Honda deixar a competição após o fim do atual contrato de fornecimento de motores, ao fim de 2026, alegando que os lucros não estão compensando os gastos realizados recentemente. Isso deixaria a categoria novamente como monomarca, o que já quase é, uma vez que todos os carros são fornecidos pela Dallara, e a única variável são os motores, que são fornecidos ou pela Chevrolet ou pela Honda. A marca japonesa já chegou a insinuar oferecer seu projeto à Ilmor, que já produz os motores da Chevrolet, para continuar fornecendo motores para os demais times. De frisar que, nos últimos tempos, tentativas de atrair novos fornecedores de motor para a Indycar não foram bem-sucedidas, com potenciais candidatos não demonstrando interesse em entrar na categoria. Um cenário bem distinto do vivido pela F-Indy original nos anos 1990, quando tínhamos Mercedes, Ford, Toyota, Honda, e até Porsche e Judd fornecendo propulsores para os times.

          A introdução das novas unidades híbridas de motores, que deveria ter acontecido já neste início de temporada, acabou adiado para depois das 500 Milhas de Indianápolis, alegando maior necessidade de testes para ajuste do novo equipamento. Isso já vem sendo quase uma novela, desde que as novas unidades foram anunciadas em 2019, com previsão inicial de sua introdução em 2021. A pandemia da Covid-19, contudo, atrapalhou todos os planos, não apenas pela necessidade de contenção de custos, mas também pelos problemas criados na logística de fornecimento de peças necessárias aos novos propulsores. Adiada para 2023, as novas unidades foram novamente adiadas para 2024, diante dos parcos testes realizados no desenvolvimento do equipamento. Agora, novo adiamento, e que ninguém se surpreenda se ainda acabar adiado para 2025. São adiamentos que não ajudam na imagem da categoria, que se mostra bons pegas dentro das pistas, precisa ser mais competente fora delas.

          Até mesmo a forma como Roger Penske vem gerindo a competição tem atraído críticas, a respeito de seu empenho em revitalizar a categoria. Tendo adquirido a propriedade tanto do Indianapolis Motor Speedway quanto do campeonato da Indycar, Roger Penske assumiu a dianteira ao fim de 2019 com o intuito de recuperar a imagem e importância da categoria de monopostos, cuja antecessora, a F-Indy, chegou a experimentar um momento único de fama e divulgação nos anos 1990, antes que as ambições de Tony George criassem um racha com a antiga CART, e começasse uma cizânia que prejudicou as categorias Indy, que até hoje não recuperou sua popularidade e a importância que já teve um dia. A última sugestão teria sido de criar uma espécie de fundo para garantir a presença dos carros de competição em todas as etapas da competição, no que foi duramente criticada por Michael Andretti, que diz que Penske precisa ser mais assertivo na condução do campeonato. Para o ex-piloto, Penske insiste em ser o dono único da categoria, mas não estaria investindo o suficiente para impulsionar a popularidade do certame, que tem ficado abaixo da Nascar, e claro, da F-1, em termos de potencial de marketing. Andretti também cobrou por maior empenho na atração de novos fabricantes de motores, promessa até hoje não realizada por Penske.

          Andretti menciona que a Indycar é a melhor categoria “que ninguém conhece”, indicando que o certame não tem uma divulgação adequada, e isso prejudica a vinda de potenciais parceiros que poderiam ajudar o certame a se diversificar, como no caso de novas fornecedoras de motores, só para dar o exemplo. É verdade que os números de audiência e divulgação da Indycar melhoraram recentemente, mas segundo eles, há espaço para mais avanços, e a postura talvez prudente demais começa a se mostrar um freio nas chances de melhorar a categoria. Uma discussão que certamente ainda renderá muito assunto pela frente.

          De qualquer forma, a prova de São Petesburgo iniciou a temporada com o pé direito: o público foi de cerca de 200 mil pessoas em todo o fim de semana, bem acima dos números exibidos no ano passado, uma quantidade bem expressiva, já que apenas a Indy500 costumava apresentar cifras de público acima disso. Mas a direção da categoria ainda mostra certa dificuldade em conseguir novas corridas mesmo nos Estados Unidos, já que as provas com rodadas duplas evidenciam a falta de opções para mais provas, tanto em pistas de rua como ovais e mistos, tendo sido difícil combinar todas as necessidades para se ampliar o calendário como todos gostariam. Pistas mistas tradicionais, como Sonoma e Watkins Glen estão fora, e ovais como Pocono e Michigan também seguem no ocaso. E circuitos de rua são ainda mais complicados de se arrumar, diante das burocracias adicionais que envolvem os poderes públicos locais para a realização de corridas nas ruas das cidades. E para complicar, há relutância da categoria em expandir-se além dos Estados Unidos.

          Por isso mesmo, em termos de calendário, ainda não foi dessa vez que a Indycar sairá da América do Norte. Tratativas para vir à América do Sul, tencionando realizar provas na Argentina e no Brasil malograram, e até mesmo o México, um mercado bem mais atrativo e próximo, diante do sucesso do mexicano Patricio O’Ward na competição, não frutificaram, de modo que a temporada segue nos mesmos moldes já conhecidos.

          Outra crítica dos pilotos, de terminar a temporada em setembro, também não foi atendida. A categoria ainda prefere não bater de frente com a NFL, o campeonato de futebol dos Estados Unidos, que costuma monopolizar as atenções esportivas, e portanto, faz com que a competição da Indycar se encerre em meados de setembro, criando um buraco de praticamente seis meses entre o término da competição e a próxima temporada, tempo que pilotos e times consideram demasiado grande. Há opinião de que esse comportamento prejudica as atividades dos times, que ficam sem competir por praticamente meio ano, e que a temporada poderia se estender até outubro, ou se poderia começar a competição mais cedo, em fevereiro, ou mesmo em janeiro, em locais onde as temperaturas sejam mais agradáveis. Mas as conversas parecem empacadas neste sentido. Sem mencionar que a categoria resiste á idéia de realizar corridas fora dos Estados Unidos, como a antiga F-Indy já fez. O Canadá segue sendo a única exceção, com a prova de Toronto, mas mesmo assim, não tem sido feitas novas prospecções de potenciais novas corridas em território canadense, que nos tempos da antiga CART, já teve provas disputadas em Vancouver e Montreal. Mesmo assim, há algumas mudanças no calendário deste ano para satisfazer aos fãs mais ávidos.

Duas pistas ovais retornam ao calendário: Nashville (acima) encerrará a temporada; e Milwaukee, o oval mais antigo dos Estados Unidos, sediará uma rodada dupla em seu retorno à categoria.


          Uma novidade na temporada 2024 será a realização da corrida All-Stars, que será uma prova extra-campeonato, sem valer pontos, com o grande atrativo de premiar o seu vencedor com cerca de US$ 1 milhão. A prova está marcada para o dia 24 deste mês, e será realizada no circuito particular de Thermal Club, um resort privado na Califórnia, onde a Indycar já realizou alguns testes coletivos, e que sediará a primeira corrida extra-campeonato em mais de uma década e meia. A última corrida sem valer pontos para a temporada foi o GP de Surfer’s Paradise de 2008, no ano em que a F-Indy original acabou, e parte de seus ativos acabou incorporada à então Indy Racing League (IRL). Oficialmente, a prova na cidade da Gold Coast australiana foi realizada para cumprir o contrato pendente de realização da corrida para aquele ano, mas sem contar pontos para a competição, que já havia sido oficialmente encerrada no calendário original da IRL. Foi também a despedida de Surfer’s Paradise, presente na F-Indy original desde a temporada de 1991, da competição das categorias Indy, que nunca mais voltariam a correr na Austrália.

          Assim, a temporada regular da Indycar 2024 contará com 17 corridas, sendo que haverá duas rodadas duplas durante o ano, ambas em pistas ovais. Em julho, Iowa sediará a primeira rodada dupla. Já a segunda ocorrerá na mudança de agosto para setembro, no tradicional circuito de Milawukee, em West Allis, no Wisconsin, que volta à competição após vários anos de ausência, e logo de cara sediando duas corridas. Em compensação, a pista do Texas está fora do calendário deste ano. A pista oval de Forth Worth não conseguiu acertar uma data para sediar a prova, e os maus resultados das corridas no circuito nos últimos anos motivaram sua substituição. A corrida na pista texana infelizmente decaiu de qualidade após a direção do circuito usar um composto chamado PJ5 para revestir parte do traçado, que acabou inviabilizado para os monopostos, diante do piso ter se tornado extremamente escorregadio, limitando o traçado nos trechos onde foi aplicado. O composto não afeta carros como os da Nascar, que continuaram correndo sem maiores problemas, mas no caso nos monopostos da Indycar, aquela parte da pista virou uma armadilha para os carros, que acabavam indo parar no muro quando passavam naquele trecho da pista. Nem mesmo raspar o asfalto eliminou os efeitos nefastos do PJ5 para os carros monopostos, o que impactou negativamente nas emoções das corridas da Indycar, que ficaram muito menos disputadas e emocionantes.

          Ainda assim, a temporada 2024 ganhou a adição, ainda que inesperada, de mais um circuito oval na competição. Se foi comemorado o retorno de Milwaukee, eis que a Indycar precisou apelar a outro circuito oval para encerrar a temporada, prevista para ocorrer em Nashville. A cidade, que nos últimos anos passou a integrar o calendário, fazia a corrida em um circuito de rua no centro da cidade, que não poderia ser utilizado nos próximos anos em virtude de reformas que serão feitas em um estádio próximo ao local da pista, de modo que, inicialmente, projetou-se um novo traçado nas ruas do centro, que também não se mostraram viáveis para receber a competição. A solução foi apelar para o circuito oval que já existe no município, o Nashville Superspeedway, que terá a honra de encerrar a temporada. O oval de Nashville já fez parte do calendário da competição ainda nos tempos da IRL, de modo que foi a solução mais óbvia para o problema. Assim, pela primeira vez em muitos anos, a temporada da Indycar terá seu encerramento em pistas ovais, com as três últimas corridas da competição acontecendo neste tipo de circuito.

Iowa (acima) é outro circuito oval que terá rodada dupla em 2024. Já a pista privada do Thermal Club, na Califórnia (abaixo), sediará uma corrida extra-campeonato, com prêmio de US$ 1 milhão ao vencedor.


          Portanto, é hora de acompanhar uma temporada que promete pelo menos boas emoções de disputa e brigas no grid. A Indycar pode não ser a melhor categoria de competições do mundo do esporte a motor, mas vai seguindo em frente, e quebrando o galho de muitos amantes da velocidade, ávidos por disputas e emoções nas pistas. O início foi bom. Que se mantenha assim por toda a temporada de 2024. E que vença o melhor...

 

EQUIPES E PILOTOS

 

EQUIPE

MOTOR

PILOTOS (Nº)

AJ Foyt Racing

Chevrolet

Santino Ferrucci (14)

Sting Ray Robb (41)

Andretti Global

Honda

Coulton Herta (26)

Kyle Kirkwood (27)

Marcus Ericsson (28)

Marco Andretti (98) **

Arrow McLaren

Chevrolet

Patricio O’Ward (5)

David Malukas (6)

Alexander Rossi (7)

Chip Ganassi Racing

Honda

Scott Dixon (9)

Álex Palou (10)

Marcus Armstrong (11)

Kyffin Simpson (4)

Linus Lundqvist (8)

Dale Coyne Racing

Honda

Jack Harvey (18) *

Nolan Siegel (18) *

Colin Braun (51) *

Ed Carpenter Racing

Chevrolet

Rinus Veekay (21)

Ed Carpenter (20) *

Christian Rasmussen (20) *

Juncos Hollinger Racing

Chevrolet

Romain Grosjean (77)

Agustin Canapino (78)

Meyer Shank Racing

Honda

Felix Rosenqvist (60)

Tom Blonqvist (66)

Hélio Castro Neves (6) **

Rahal Letterman Lanigan Racing

Honda

Graham Rahal (15)

Pietro Fittipaldi (30)

Christian Lundgaard (45)

Takuma Sato (75) **

Team Penske

Chevrolet

Josef Newgarden (2)

Scott MacLaughlin (3)

Will Power (12)

Dreyer & Reinbold / Cusik Motorsports **

Chevrolet

Ryan-Hunter Reay (23) **

Conor Daly (24) **

Abel Motorsports **

Chevrolet

R. C. Enerson (50) **

 

(*) = Pilotos que disputarão provas específicas, revezando com outros no mesmo carro

(**) = Pilotos e equipes que disputarão apenas as 500 Milhas de Indianápolis

 

CALENDÁRIO 2024

 

DATA

PROVA

CIRCUITO – TIPO DE PISTA

10.03

GP de São Petesburgo

São Petesburgo – Urbano

24.03

GP All-Star

The Thermal Club - Misto

21.04

GP de Long Beach

Long Beach – Urbano

28.04

GP do Alabama

Barber Motorsport Park - Misto

11.05

GP de Indianápolis

Indianapolis Motor Speedway – Misto

26.05

500 Milhas de Indianápolis

Indianapolis Motor Speedway – Oval

02.06

GP de Detroit

Detroit – Urbano

09.06

GP de Elkhart Lake

Elkhart Lake – Misto

23.06

GP de Laguna Seca

Laguna Seca Raceway – Misto

07.07

GP de Mid-Ohio

Mid-Ohio Sports Car Course – Misto

13.07

GP de Iowa I

Iowa Speedway - Oval

14.07

GP de Iowa II

Iowa Speedway - Oval

21.07

GP de Toronto

Toronto Exhibition Place – Urbano

17.08

GP de Gateway

Gateway International Raceway - Oval

25.08

GP de Portland

Portland International Raceway – Misto

31.08

GP de Milawukee I

Milwaukee Mile - Oval

01.09

GP de Milawkee II

Milwaukee Mile - Oval

15.09

GP de Nashville

Nashville Superspeedway - Oval

A Indy500 continua sendo a grande estrela da competição na temporada.

 

O BRASIL NA INDYCAR 2024

 

          A Indycar continuará tendo participação dos pilotos brasileiros na temporada 2024. Pietro Fittipaldi finalmente vai se dedicar a um campeonato inteiro, e assinou para pilotar em tempo integral para defender a Rahal/Letterman/Lanigan na competição norte-americana. Pietro já teve passagem breve pela categoria, mas participando apenas de corridas específicas, além das 500 Milhas de Indianápolis, e não conseguiu resultados significativos. Defendendo agora um time por todo o ano, o neto de Émerson Fittipaldi tem como meta buscar resultados mais condizentes. O piloto ressalva, porém, que ainda precisa se aclimatar mais ao carro, e que a meta é evoluir ao longo do ano, e ficar mais parelho com os colegas de time, Graham Rahall e Christian Lundgaard, que chegou até a vencer uma prova em 2023. Um dos desafios de Pietro será conhecer a maioria das pistas, as quais ele não conhece, um problema diante dos treinos livres reduzidos da categoria. Tirando Pietro, nosso único outro representante na competição será Hélio Castro Neves, que aposentou-se como piloto em tempo integral da categoria, e irá participar apenas das 500 Milhas de Indianápolis, em um carro extra da equipe Meyer Shank, da qual passou a ser sócio minoritário no ano passado, começando a se preparar para pendurar o capacete. Tony Kanaan, que já fez essa opção, chegou a ser cogitado pela McLaren, onde assumiu funções de diretor, para disputar a prova de São Petesburgo, diante da ausência de David Malukas motivada por estar se recuperando de um acidente, mas no fim, a escuderia preferiu escolher Callun Illot.

          E Pietro mostrou-se certo ao manter os pés no chão. Na etapa de início do campeonato, em São Petesburgo, na Flórida, o brasileiro teve dificuldades para acertar o carro à pista, que não conhecia, mas não foi exatamente uma deficiência crucial de Pietro exatamente: a equipe Rahal/Letterman/Lanigan não conseguiu fazer um bom acerto de seus carros, com exceção de Christian Lundgaard, de modo que Pietro e Graham Rahal largaram lá das últimas posições, tentando fazer corridas pacientes para avançar. E Pietro acabou sendo o melhor piloto classificado do time, terminando a prova em 15º, tendo sido o piloto que mais posições galgou na corrida, sendo reconhecido por isso. Rahal e Lundgaard, com percalços, acabaram ficando aquém do que se esperava, mas nem por isso Fittipaldi deixou de reconhecer que ainda tem muito a melhorar, especialmente nas pistas que não conhece, além de precisar se aclimatar mais com o carro da categoria, já que pouco pode testar na pré-temporada, quase tão ínfima em dias de testes quanto a rival F-1.

          No que tange à transmissão para nosso país da temporada, a TV Cultura seguirá exibindo todas as corridas ao vivo na TV aberta, contando com a narração de Geferson Kern, e Bia Figueiredo nos comentários. Na TV por assinatura, os fãs também poderão acompanhar as provas pelos canais da ESPN, sendo que o serviço de straming Star+ também irá exibir a temporada, de modo que os fãs da velocidade terão boas opções para acompanhar a categoria norte-americana.

Pietro Fittipaldi vai correr toda a temporada, mas admite que seu foco é evoluir ao longo da temporada. Em São Petesburgo, apesar dos problemas, ele concluiu a corrida sem percalços, e ainda foi o melhor piloto da equipe na bandeirada.


 
Hélio Castro Neves disputará apenas as 500 Milhas de Indianápolis este ano, buscando uma inédita 5ª vitória na mais famosa corrida dos Estados Unidos.

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