quarta-feira, 15 de março de 2023

FLYING LAPS – FEVEREIRO DE 2023

              Pois bem, mal começamos o ano de 2023, e já chegamos ao mês de março, com o início das atividades de alguns dos mais importantes campeonatos do mundo da velocidade, como a Fórmula 1 e a Indycar, além do Mundial de Endurance, e da MotoGP, que esperamos que nos tragam muitas emoções. Então, com algum atraso, é hora de fazer mais uma edição da sessão Flying Laps, relatando alguns dos acontecimentos ocorridos no mundo do esporte a motor neste último mês de fevereiro, com destaque para a Formula-E, e também um pouco da Stock Car Brasil, que se prepara para um campeonato dos mais corridos e interessantes, que deve agitar a expectativa dos fãs e torcedores pelo sucesso dos seus pilotos favoritos nas competições. Uma boa leitura a todos, e nos encontramos novamente por aqui no próximo mês em mais uma edição da Flying Laps...

A Formula-E estreou sua primeira prova na Índia, na cidade de Hyderabad, e a prova marcou a primeira vitória da DS Penske, após a reformulação do time para esta temporada, passando a ser a nova equipe oficial da DS Citroen na categoria, após a saída da Techeetah da competição. O triunfo coube ao francês Jean-Éric Vergne, que conseguiu a vitória apesar da pressão intensa de Nick Cassidy, da Envision, que ficou colado na traseira do bicampeão na parte final da corrida. Vergne, contudo, conseguiu se defender bem, evitando a ultrapassagem do piloto da Envision. Vencedora da rodada dupla de Diryah, a Porsche teve um desempenho forte, com Antônio Felix da Costa fechando o pódio em 3º lugar, logo à frente de Pascal Wherlein, que ampliou ainda mais sua vantagem na classificação do campeonato, depois que Jake Dennis acabou abandonando após ser abalroado por René Rast, da McLaren, provocando o abandono dos dois competidores. A Jaguar, que vinha com boas chances de fazer bonito na prova, viu Sam Bird errar a freada de uma curva e atingir seu próprio companheiro de time, Mith Evans, provocando o abandono de ambos, e o fim de prova para o time inglês na prova. A prova marcou uma recuperação de Sérgio Sette Câmara, que conseguiu um excelente 5º lugar com sua NIO, depois dos problemas enfrentados nas etapas anteriores. Outro que também comemorou foi Oliver Rowland, da Mahindra, com o 6º lugar, marcando seus primeiros pontos do ano, depois de ficar completamente zerado nas primeiras etapas da competição.

 

A Porsche voltou a vencer na temporada 2023 da Formula-E. O novo triunfo veio na nova corrida da competição, na Cidade do Cabo, e pelas mãos de Antônio Felix da Costa, que fez uma grande apresentação, recuperando-se na temporada. O português largou em 11º, e veio galgando posições na pista, superando os adversários, até travar o duelo derradeiro pela vitória da prova com seu ex-colega de time na Techeetah, o francês Jean-Éric Vergne. Com uma ultrapassagem arrojada, Antônio tomou a liderança do piloto da Penske na penúltima volta, e teve de se defender de um revide do francês na volta final, garantindo seu primeiro triunfo em sua nova escuderia, enquanto Vergne teve de se contentar com o 2º lugar. O resultado ajuda a embolar a competição, já que seu companheiro na Porsche, Pascal Wherlein, abandonou a corrida, após abalroar a Envision de Sébastien Buemi no início da prova, danificando seu carro. O piloto suíço conseguiu retornar à corrida, tendo de recuperar várias posições, para terminar em 5º lugar. Nick Cassidy, seu companheiro de time, levou a 3ª colocação, fechando o pódio. René Rast, da McLaren, também fez uma boa corrida, terminando em 4º. A corrida de estréia da África do Sul na competição dos carros monopostos elétricos foi cheia de abandonos, com apenas 13 carros recebendo a bandeirada. De novo, a Maserati foi o time que sofreu mais na corrida, vendo seus dois pilotos novamente abandonarem a disputa. Apesar do traçado até veloz do circuito, os pilotos reclamaram da pista estreita, o que dificultou alguns duelos, exigindo maiores riscos e ousadia nas tentativas de ultrapassagem, como Da Costa exibiu em sua escalada rumo à liderança da prova, superando alguns adversários no limite da pista, por pouco não indo parar nos muros, mas sendo bem-sucedido nas disputas, que coroaram sua vitória.

 

A corrida da Cidade do Cabo começou com cinco carros a menos. Depois de sofrer um forte acidente nos treinos com Lucas Di Grassi, a Mahindra verificou que um problema potencial na suspensão traseira do carro poderia comprometer a segurança de seus pilotos na corrida, e por isso, decidiu não participar da prova. A decisão acabou atingindo também o time da ABT, cliente da Mahindra, que além de utilizar o trem de força da marca indiana, também usa o mesmo sistema de suspensão traseira, e portanto, poderia correr o mesmo risco de segurança do time de fábrica, resultando em um acidente. Como a pista possuía bons trechos de reta, os carros atingiam alta velocidade, de modo que um problema potencial de segurança na suspensão dos carros poderia resultar em um acidente de gravidade, pelo que se resolveu não correr o risco, e preservar a integridade dos pilotos. Quem também ficou de fora da corrida foi Sam Bird, da Jaguar, uma vez que o inglês bateu forte nos treinos, e a equipe não conseguiu recuperar os danos de seu carro. Com isso, apenas 17 carros largaram.

 

A Mahindra ficou fora de uma prova pela primeira vez desde o início da Formula-E, e a decisão de não participar da corrida na Cidade do Cabo também afetou a estatística do brasileiro Lucas Di Grassi, que até então era o único piloto a ter participado de todas as corridas da categoria desde que o certame foi criado, em 2014. O time indiano iria fazer uma investigação acurada, e se necessário, redesenhar sua suspensão traseira, que é ligada ao trem de força, para evitar a possibilidade de novos problemas. A ausência na etapa da África do Sul é mais um revés para a equipe indiana, que parece ter assumido o posto de pior time do grid, se formos considerar a performance apresentada na temporada pelo seu trem de força, que equipando também a equipe ABT, vem colecionando resultados muito aquém do esperado até aqui também com seu time cliente. Lucas Di Grassi já tinha afirmado que o resultado obtido na estréia da temporada, na Cidade do México, não era indicativo da real condição da equipe, onde o brasileiro largou na pole-position e terminou em 3º lugar, no pódio. E apesar de um bom resultado de Oliver Rowland na etapa de Hyderabad, até aqui a Mahindra demonstrou estar mais atrasada do que se poderia imaginar, o que vai exigir muito trabalho da escuderia para evoluir não apenas o seu carro, mas também o seu trem de força, e não ficar na lanterna da competição, com os adversários evoluindo, ao contrário dela. A escuderia espera estar recuperada para o ePrix de São Paulo, no que tange ao problema que surgiu na suspensão traseira do carro, resta esperar se vai conseguir melhorar seu trem de força...

 

O resultado da etapa da Cidade do Cabo ajudou a equilibrar um pouco a competição do campeonato. O abandono de Pascal Wherlein, que ficou sem pontuar pela primeira vez na temporada, permitiu que a concorrência se aproximasse, mas não muito. O piloto da Porsche ainda lidera o campeonato com razoável vantagem, com 80 pontos, com Jake Dennis ainda confortável na vice-liderança, com 62 pontos. O inglês da Andretti, infelizmente, também não deu muita sorte nas duas últimas corridas, ficando zerado na pontuação, e perdendo a chance de encostar em Wherlein na disputa pela liderança da classificação. E a sorte de Dennis é que ele e Pascal haviam aberto tanta vantagem que ainda estão disparados na frente. É a turma de trás que ficou mais equilibrada. Com os dois pódios nas duas últimas etapas, o bicampeão Jean-Éric Vergne subiu para a 3ª colocação, com 50 pontos. O triunfo na África do Sul catapultou Antônio Felix da Costa à 4ª posição, com 46 pontos. Nick Cassidy também subiu bem, ocupando a 5ª posição, com 43 pontos. O mau momento da Mahindra derrubou Lucas Di Grassi na classificação, com o brasileiro ocupando no momento apenas a 10ª posição, com os 18 pontos marcados unicamente na primeira corrida, na Cidade do México. Já Sérgio Sette Câmara é o 15º na classificação, com 10 pontos. Já no campeonato de equipes, a Porsche continua disparada na liderança, com 126 pontos, com três vitórias em cinco provas disputadas até aqui, e com sua dupla de pilotos no TOP-4 do campeonato. Mesmo sem vencer, mas graças à constância de resultados, a Envision ocupa o 2º lugar, com 84 pontos. Já a Andretti, que venceu a primeira prova, mas teve azares nas últimas provas, caiu para a 3ª posição, com 80 pontos. A estreante McLaren ocupa a 4ª colocação, com 66 pontos, e a DS Penske, 61. Dos times da atual temporada, apenas a ABT está zerada até aqui, sem ter conseguido marcar nenhum ponto na competição. A Maserati, outra estreante, ocupa a penúltima posição, com apenas 3 pontos conquistados até aqui.

 

A Stock Car deve realizar uma corrida em Belo Horizonte, no próximo ano. A idéia da categoria é realizar uma prova nas cercanias do estádio do Mineirão, na capital de Minas Gerais. O plano divulgado é que seja montado um traçado passando no entorno do estádio Magalhães Pinto, que é um dos grandes cartões postais de Belo Horizonte, considerado também patrimônio da humanidade. De acordo com as informações divulgadas, a estrutura do estádio já foi vistoriada, e analisada as necessidades de obras de infraestrutura no local para viabilizar a realização da competição, que teria tido boa aceitação do poder público, e já teria dado aval para a realização do evento a partir de 2024, com uma expectativa de público entre 70 e 100 mil pessoas que poderiam comparecer ao local, em arquibancadas que seriam montadas do lado de fora do estádio. A Vicar, empresa que organiza a competição da Stock Car, confirmou que está negociando com interessados na promoção da corrida para o próximo ano, mas que ainda não há nada assinado neste sentido. Seria um evento muito interessante para a Stock Car, e para o público mineiro, que anda carente de opções automobilísticas em tempos recentes. A Stock, que inovou recentemente em uma corrida disputada nas pistas do Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, está se mostrando bem criativa na elaboração de novas provas para seu campeonato, e a corrida ao lado do Mineirão certamente tem tudo para atrair a atenção do público. Resta esperar que seja bem conduzida, e que o circuito montado consiga oferecer condições para uma corrida que ofereça boas disputas e muita emoção. Coincidentemente, a região do Mineirão em Belo Horizonte já recebeu diversas categorias do automobilismo brasileiro décadas atrás, ainda em meados dos anos 1970. A última vez que a Stock Car esteve no Estado de Minas Gerais foi em 2017, quando disputou uma etapa do campeonato no autódromo de Curvelo, onde não mais retornou desde então, deixando os fãs mineiros da velocidade sem uma corrida local para acompanharem. Se tudo der certo, parece que Minas Gerais voltará a fazer parte do circuito nacional da velocidade no próximo ano. Agora é torcer para que as negociações deem certo e sejam efetivadas as condições para a realização da corrida.

 

A Stock Car inicia em abril a sua temporada 2023, e o calendário deste ano apresentará um novo formato de competição, onde cada fim de semana de disputa passará a contar com rodadas triplas, e não mais duplas, como vinha sendo feito na maioria das corridas até o ano passado. Desse modo, estão programadas 12 etapas, que resultarão em 36 corridas no ano. Cada fim de semana terá uma prova ao sábado, e duas aos domingos, aumentando o tempo de competição nos finais de semana. Além do aumento de corridas, a competição também passará a ter um teto de gastos para a temporada, de cerca de R$ 750 mil para cada time. O campeonato está previsto para começar no dia 02 de abril, em Goiânia. Interlagos, será o palco da etapa de encerramento da temporada, em 17 de dezembro. Com o esquema de rodadas triplas, cada fim de semana ficará esquematizado da seguinte forma: a sexta-feira contará com um treino “shakedown” de 10 minutos, mais 25 minutos para uma sessão exclusiva para os pilotos novatos, e outros 25 minutos para o treino geral, com todos os pilotos. No sábado, teremos mais 25 minutos no último treino antes da classificação. Na corrida 1, com duração prevista para 25 minutos, o grid será definido pela segunda volta mais rápida de cada piloto no treino classificatório. O melhor tempo de cada piloto irá determinar a ordem de largada da corrida 2, já no domingo, realizada com duração de 20 minutos, enquanto a terceira e última prova do fim de semana terá o grid invertido entre os oito primeiros da segunda disputa e terá 25 minutos de duração. Até o presente momento, contudo, três datas do calendário da Stock ainda estão com locais indefinidos.

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