quarta-feira, 29 de março de 2023

COTAÇAO AUTOMOBILÍSTICA - MARÇO DE 2023

                    


E já estamos chegando ao fim do mês de março, onde vários campeonatos do mundo da velocidade iniciaram suas disputas, como a Fórmula 1, MotoGP, Indycar, entre outros certames Hora então de voltar com a Cotação Automobilística, com uma pequena avaliação de alguns dos vários acontecimentos e personagens do mundo da alta velocidade que pudemos vivenciar neste mês, com alguns comentários, no velho esquema de sempre: Em Alta (menções no quadro verde); Na Mesma (quadro azul); e Em Baixa (quadro laranja). Portanto, aproveitem o texto e tenham todos uma boa leitura, e até a próxima edição da Cotação Automobilística no final do mês que vem...

 

EM ALTA:

 

Equipe Red Bull: Duas provas disputadas, duas dobradinhas com vitória na temporada 2023 da F-1. No segundo ano do novo regulamento técnico da categoria máxima do automobilismo, o time dos energéticos já veio com tudo, e pior, sem oposição por parte dos rivais, que se embanaram por si sós. O grupo técnico coordenado por Adrian Newey melhorou o já excelente RB18, e trazendo o novo RB19 que de cara já se mostrou o carro a ser batido na temporada. A confiabilidade deu um pequeno susto na segunda corrida, tirando Max Verstappen da luta pela pole na prova, mas o time venceu assim mesmo, com Sergio Pérez, e Verstappen recuperando-se para terminar em 2º sem grandes dificuldades, mesmo vindo lá de trás. A constância de performance é tamanha que já se teme que a Red Bull possa vencer todas as corridas do ano, já que os rivais não parecem em condições de enfrentar o ritmo dos carros da escuderia, se não acontecer nada de anormal, e mesmo assim, precisaria ser algo bem anormal para tirar o favoritismo deles. Uma hegemonia similar aos bons tempos da equipe Mercedes na década passada, com o agravante de que a disputa entre seus pilotos é desequilibrada, uma vez que Pérez é menos capaz do que Verstappen, e se o time não puxar bola para o holandês como fez no ano passado, quando o desenvolvimento do carro acabou prejudicando o desempenho do mexicano. Se o carro se mantiver “neutro” para ambos os pilotos, mesmo assim a expectativa de que Sergio ajude a deixar o campeonato mais embalado é pequena, restando apenas esperar quando Max irá comemorar o seu tricampeonato mundial.

 

Max Verstappen: O piloto holandês vem firme para lutar pelo tricampeonato, e mostrou que só pode perder para ele mesmo, se nada de anormal acontecer. Max mostrou domínio total no Bahrein, e só não repetiu a vitória em Jeddah porque teve de largar em 15º após quebra da transmissão na classificação. Mesmo assim, com o carro de que dispõe, não teve maiores problemas até chegar à 2ª colocação na prova. Uma luta pela vitória contra Pérez, contudo, não se materializou, o que deixou o holandês bastante contrariado, revelando certa falta de esportividade diante da situação, sabendo que tem o melhor carro, e que o parceiro de time, em sua opinião, parece não ter direito de vencer também. Max é mais piloto, e não pode reclamar da situação, ainda muito privilegiada, de si próprio e de seu time na competição. Ele é mais piloto que Pérez, e sabe disso, mas parece ter uma necessidade de esmagar completamente o colega de time, como se sua posição de Nº 1 no time pudesse correr algum risco. Ele deveria mostrar maior maturidade e bom senso. Não é se acomodar, nem assumir ser derrotista, apenas aceitar que nem sempre tudo acontecerá como deseja, e o importante é batalhar e conseguir o melhor possível, mesmo diante dos percalços que possam surgir. Na pista, o holandês tem tudo para ser novamente imbatível este ano, e com poucas perspectivas de oposição por parte dos rivais, ele poderia se permitir ser menos sisudo, como se pudesse perder o título facilmente este ano, mesmo sabendo que não terá adversários reais na disputa.

 

Equipe Porsche na F-E: O time alemão entrou na era dos novos carros Gen3 com grande categoria, vencendo 3 das 6 provas disputadas até aqui na temporada, com duas vitórias para Pascar Wherlein e uma com Antonio Felix da Costa, sucesso que pode ser até ampliado se considerar que a Andretti, vencedora da primeira prova do ano, corre com trem de força da Porsche, traduzindo-se então em 4 triunfos do equipamento alemão. Wherlein lidera com folga a competição, e poderia estar ainda mais à frente, se não tivesse cometido erro bobo na Cidade do Cabo, quando abalroou Sébastien Buemi e acabou abandonando a corrida e ampliar ainda mais sua vantagem. Enquanto isso, os rivais de maior potencial, como a Jaguar, Envision, e Penske, trocam altos e baixos em termos de resultados, sem conseguir ainda a constância necessária para tentar entrar firme na briga pelo título, e a Andretti, com Jake Dennis, sofre com alguns azares circunstanciais que começam a ficar crônicos. Com a desistência da Porsche de entrar na F-1, imagina-se que a montadora alemã deva firmar ainda mais sua presença na F-E, e o atual momento de sucesso na competição deve servir de motivação para manter seus trabalhos e lutar a fundo pelo título da categoria pela primeira vez, este ano, e continuar assim pelas próximas temporadas. Já tivemos Audi, Renault, Citroen, e Mercedes vencendo a competição nas oito primeiras temporadas. Agora parece ser a vez da Porsche, e pelo menos este ano, vem mostrando as garras no certame, disposta a ganhar o campeonato, e com muitos méritos. Só não pode comemorar antecipadamente, já que ainda temos dois terços do campeonato pela frente, e tudo ainda pode acontecer, pois como vimos na etapa de São Paulo, com triunfo da Jaguar, ainda temos muito chão pela frente.

 

Equipe Aston Martin: O time de Lawrence Stroll, desde que assumiu o nome da lendária marca de carros inglesa, nunca escondeu que seu projeto era de longo prazo, e visava lutar por vitórias e chegar a disputar o título na F-1. Nas duas primeiras temporadas, contudo, deu a impressão de dar passos atrapalhados, com performances inconstantes, e perdendo na pista para rivais menos capacitados teoricamente. Mas, era uma questão de acertar o rumo, e pelo menos, mostrar uma evolução gradual, mas firme, algo que foi complicado de exibir nestes últimos dois anos da escuderia. Este ano, contudo, parece que conseguiu fazer as coisas se encaixarem, e o time virou a sensação não apenas da pré-temporada, como do início do campeonato, mostrando um desempenho expressivo, e candidatando-se a ser a 2ª força da temporada, perdendo unicamente para a favoritíssima Red Bull. E Fernando Alonso, depois dos azares dos últimos projetos em que apostou, na McLaren, e na Alpine, parece ter dado um tiro certeiro, conseguindo novamente um carro competitivo, onde está mostrando novamente todo o talento que o fez bicampeão do mundo, e ser reconhecidamente um dos melhores pilotos do grid. Em duas corridas, foram dois pódios com o espanhol, em 3º lugar, a melhor posição possível, perdendo apenas para a dupla da Red Bull. O time tem em Alonso um líder forte, e ainda sedento para mostrar do que é capaz, se tiver um carro decente nas mãos. E o carro tem mostrado ser mesmo competitivo, a ponto de até Lance Stroll ter feito excelentes performances, só tendo o azar de ter uma quebra em seu carro na segunda corrida, impedindo que a escuderia se isolasse na vice-liderança do mundial de construtores, ficando empatada em pontos com a Mercedes. Se a Aston Martin conseguir efetuar um desenvolvimento competente de seu modelo AMR23, tem tudo para continuar acumulando pódios, e quem sabe chegar à primeira vitória, no momento em que a Red Bull sofrer algum problema inesperado.

 

Início de Francesco Bagnaia na MotoGP 2023: O campeão vigente da classe rainha do motociclismo largou com o pé direito na luta para tentar o bicampeonato. O piloto da Ducati venceu as disputas do fim de semana inicial da temporada, realizada em Portimão, Portugal, carimbando o degrau mais alto do pódio tanto da prova Sprint como da corrida de domingo, averbando todos os 37 pontos possíveis da etapa, e já largando boa vantagem sobre o segundo colocado na tabela. “Pecco” fez provas cerebrais, evitando entrar em disputas posição de forma precipitada logo na largada, e aguardando a hora certa de atacar, ciente do equipamento de que dispõe no momento, e depois, andando apenas o necessário para vencer, sem forçar a moto desnecessariamente, abrindo vantagem paulatinamente, e concentrando-se em manter a prova sob controle. Uma grande diferença de comportamento do mesmo piloto no ano passado, quando caiu logo na primeira corrida, e teve uma primeira metade de temporada cheia de altos e baixos, até se estabilizar, e ir de fato em busca do título. Para desespero dos rivais, Bagnaia já declarou que a nova Desmosédici é muito mais dócil a seu estilo de pilotagem que a anterior, e o piloto não pareceu ter nenhuma dificuldade no final de semana. Faltou fazer a pole, é verdade, mas largar em primeiro não garante vitória nem ponto na MotoGP, e ele mostrou que não precisava disso. E a sorte ainda acompanha o novo campeão: Enea Bastianini, seu companheiro de time na Ducati, e que poderia engrossar a disputa no campeonato, sofreu um acidente na prova Sprint, fraturou o ombro, e já desfalcou a prova de domingo, além das próximas etapas, dando chance a “Pecco” de disparar na classificação, e dificultar uma reação do colega em eventual briga pelo título da temporada. Se mantiver essa postura, vai ser mesmo difícil impedir que o italiano e a Ducati faturem mais um título este ano. A concorrência que abra o olho...

 

NA MESMA:

 

Equipe Mercedes: Não há hegemonia que dure para sempre, é verdade, e mesmo os times mais competentes, em algum momento, erram o passo, e decaem. Depois de oito anos quase imbatíveis na F-1, o time alemão sentiu isso na temporada passada, quando seu aparentemente revolucionário modelo W13 mostrou-se uma aposta equivocada, perdendo terreno para as rivais Red Bull e Mercedes. Com todo o trabalho para terminar 2022 de forma ao menos digna, a Mercedes até conseguiu notáveis progressos, com o ponto alto sendo sua única vitória no ano, obtida em dobradinha aqui no Brasil, conseguindo em determinado momento, até ameaçar a vice-liderança da Ferrari, mas mais pelos desmandos do time italiano do que por evolução mais condizente de seu carro. Iniciando os trabalhos do novo modelo W14, era de se esperar que o time entendesse onde tinha errado em 2022, e corrigir sua linha de pensamento na nova temporada. Mas o que se viu foi o time alemão persistir no erro cometido em 2022, e se ver novamente longe da principal rival, a Red Bull, e ainda por cima podendo ser atropelada pela Ferrari, e até pela surpreendente Aston Martin. E dessa vez, parece que bateu o alarme de urgência, a ponto da escuderia já anunciar que iria revisar completamente seu carro, trocando seus conceitos atuais por um mais “convencional”, não insistindo em perder tempo tentando provar que o conceito adotado no último ano precisava apenas ter seu potencial explorado. Nas duas corridas iniciais, o desempenho ficou longe do esperado, e a situação só não foi pior porque a Ferrari também cantou mais alto, e se viu também prometendo demais e entregando de menos. Mas talvez o fato de ver um time cliente, a Aston Martin, sair na frente, parece ter mexido com o orgulho do time de fábrica, que vai tentar de tudo para recuperar o ritmo perdido, e não ficar mais um ano sem lutar por vitórias e pelo título. Até aqui, o maior trunfo do time é ter a dupla de pilotos mais forte e equilibrada do grid, com George Russell e Lewis Hamilton mostrando desempenhos bem parelhos, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas. E ambos já mostraram que, se tiverem um carro competitivo, vão para a luta. Resta saber quando isso irá ocorrer como eles esperam fazer de fato.

 

Equipe Ferrari: A temporada do ano passado foi desastrosa para o time de Maranello, que de grande favorito na competição, acabou superado até com facilidade pela Red Bull, diante dos desmandos do time italiano, e dos erros de seus pilotos e da falta de confiabilidade do carro, que resultaram na queda e demissão de Mattia Binotto. Este ano, com a chefia de Frederic Vasseur, e com um foco em reforçar os pontos fracos demonstrados em 2022, esperava-se ver a Ferrari reassumir o papel de grande desafiante do favorita Red Bull, mas pelo que vimos até agora, em apenas duas corridas, a Ferrari parece ter ido na direção errada. Não apenas o carro pareceu não ter recuperado a performance que impressionou a todos no início da temporada passada, como já trouxe problemas de confiabilidade, e já estaria perdendo o duelo até mesmo para a Mercedes, apesar dos enguiços enfrentados pela escuderia germânica. Charles LeClerc já tomou punição por troca de componente eletrônico na segunda corrida, lembrando que um dos pontos em que a Ferrari se concentrou foi em melhorar a confiabilidade, e já tomando um revés assim logo de cara não é muito entusiasmante. A dupla ferrarista ainda perdeu o duelo contra a Mercedes na Arábia Saudita, e isso com o time alemão ainda capengando em relação a seu desempenho, também aquém do que os próprios alemães esperavam. Ainda é cedo para jogar a toalha, se lembrarmos que a Red Bull iniciou 2022 atrás da Ferrari, e terminou deitando e rolando em cima dos ferraristas, mas se levarmos em conta a eficiência de desenvolvimento técnico do equipamento, o retrospecto da Ferrari mais preocupa do que dá esperanças na disputa de 2023.

 

Marc Márquez novamente fora na MotoGP: A “Formiga Atômica” está de volta com força total na classe rainha do motociclismo. Depois de uma quarta cirurgia, e de dar tempo ao tempo para efetuar uma recuperação com calma e de forma prudente, Marc Márquez mostrou estar recuperado para competir com toda a garra e determinação que o fizeram ser seis vezes campeão da MotoGP. O problema é que atualmente a Honda não é uma moto tão competitiva quanto antes, de modo que isso pode fazer com que o hexacampeão continue arriscando demais para obter bons resultados, uma atitude temerária, em se tratando do risco de novas quedas que o piloto possa sofrer. E não deu outra: depois de surpreender conquistando a pole-position para o GP de Portugal, na estréia da temporada de 2023, Márquez conseguiu um pódio com o 3º lugar na corrida Sprint, mas na prova de domingo, em mais um sinal de afobação e impaciência, tocou com a moto de Jorge Martin, da Pramac, em disputa de posição, e acabou perdendo o controle, indo atingir Miguel Oliveira, com ambos indo parar fora da pista, e com o português precisando ser retirado de maca da pista. Felizmente, um susto para o português, e ainda pior para Márquez, que fraturou a mão direita, mais exatamente o primeiro metacarpo, e com isso, acabou vetado de participar da próxima corrida, já no próximo final de semana, na Argentina. O piloto da Honda passou por uma cirurgia para tratar o problema, e sua ausência da etapa portenha servirá para que ele possa se recuperar adequadamente. Ele deverá estar de volta no GP das Américas, dia 16 de abril, mas mesmo assim, é a 4ª temporada consecutiva em que a “Formiga Atômica” fica sem conseguir participar integralmente do campeonato da classe rainha do motociclismo, e depois de todos os percalços pelos quais passou desde 2020, Marc deveria ir com menos sede ao pote, e ser menos ansioso em algumas disputas de posição. O modo como acabou atingindo Oliveira por pouco não resultou em um acidente bem mais sério, e não convém brincar com a sorte tanto assim.

 

Embate Hamilton/Russell na Mercedes: Não há time no grid da F-1 que tenha dupla mais forte e equilibrada que a da Mercedes, pelo que se pode notar na temporada passada da competição. Russell conseguiu se sobressair ao heptacampeão, comprovando apenas o grande talento que é, e que é visto como o futuro da equipe alemã. Mas, apesar da legião de detratores contra si, ainda é prematuro chamar Hamilton de piloto em decadência, e neste início de campeonato, vemos se repetir o mesmo panorama de 2022, com ambos os pilotos exibindo um desempenho bem parelho. Hamilton foi melhor no Bahrein, e Russell chegou melhor na Arábia Saudita. No ano passado, Lewis teve algumas corridas com desempenho bem aquém do esperado, enquanto Russell confirmou o que esperavam dele, e com experiência recente em carros ruins tendo defendido a Williams, conseguiu se entender até melhor com o problemático modelo W13, tendo sido inclusive o único a vencer pelo time na temporada passada. Um duelo que tem tudo para se repetir este ano, e que deve ajudar a Mercedes na obtenção dos melhores resultados possível, apesar de outro carro menos competitivo do que eles esperavam. No duelo até aqui renhido entre Mercedes, Aston Martin e Ferrari pela posição de segunda força do grid, esse equilíbrio da dupla do time alemão certamente fará diferença no duelo. Será interessante ver como eles duelarão quando tiverem um carro novamente capaz de lutar pelo título. Enquanto isso, como já seria de se esperar, Hamilton recebe enxurradas de críticas de “haters” pela internet, retratando-o como “farsa”, “piloto fracassado”, entre outros adjetivos menos elogiosos, num mar de críticas que só serve para desabonar também George Russell, que vem cumprindo bem o seu papel, mas dá a impressão de ser um piloto zé-ninguém, pelo nível dos comentários direcionados a seu parceiro de time. Veremos como será a temporada de ambos, em mais um ano que precisará ser “remendado” pelo time germânico.

 

Equipe Andretti na Indycar: O nome Andretti tem estado em evidência ultimamente, pelo projeto de ingressar na F-1, o que causou um desagrado entre a turma da panelinha montada na categoria máxima do automobilismo, esquecendo-se que sua equipe na Indycar é uma das principais forças da categoria. Só que, neste início de temporada, Michael viu seu time ir de favorito a desastre na prova de abertura, em São Petesburgo. Romain Grosjean tinha boas chances de vitória, mas uma dividida com Scott MacLaughlin após o último pit stop jogou ambos nos pneus, causando o abandono do piloto da Andretti. Colton Herta, sempre andando forte em pistas de rua, também acabou se dando mal em outra dividida de curva, desta vez com outro piloto da Penske, Will Power. Devlin DeFrancesco, que no ano passado causou confusões em algumas corridas, desta vez foi de embrulho em um rolo de carros batidos logo na primeira volta, dando adeus à corrida ali mesmo. Sobrou apenas Kyle Kirkwood, que terminou em um modesto 15º lugar, quando também tinha chances de fazer melhor na corrida. Já vai mais de uma década desde o último título conquistado pela escuderia, em 2012, com Ryan Hunter-Reay, e desde então, a Andretti, apesar de se manter como uma das forças da Indycar, tem ficado à sombra de Ganassi e Penske, que tem monopolizado os títulos da competição desde então. Com a entrada da McLaren na categoria, tendo mostrado força e até chegado a disputar o título, a Andretti corre o risco de ficar para trás na briga das gigantes da Indy. Mas o time, quando mostra força, precisa ter cuidado com os azares, e evitar se meter em problemas. O duro é que falar é fácil, mas fazer é que é complicado. Difícil tentar ficar longe dos problemas, quando estes acabam vindo até o time, quando não são os pilotos que exageram e se lascam sozinhos. Michael Andretti precisa de uma reza brava para resolver esse panorama que já vem se arrastando nos últimos anos. Haja descarrego...

 

EM BAIXA:

 

Equipe McLaren: Desde que encerrou sua operação com a Honda, a equipe de Woking teve de fazer uma autoavaliação de si mesma, procurando encontrar as falhas de seu trabalho, e lutando e trabalhando duro para voltar à posição de protagonista que já teve em diversos momentos da história da F-1. E eles até que estavam cumprindo bem esse trabalho, com uma evolução gradual, mas firme, melhorando ano após ano, e até firmando sua liderança como “melhor do resto” no grid da categoria, perdendo apenas para o trio de ferro Mercedes, Red Bull e Ferrari. As coisas desandaram um pouco no ano passado, quando na exploração das novas regras técnicas, o que deveria ser uma excelente oportunidade para eliminar de vez o déficit de performance para o trio de equipes citadas acima, a escuderia deu para trás criando um carro menos competitivo do que o anterior, e ainda por cima vendo um de seus pilotos, Daniel Ricciardo, perdido no ano. A equipe se envolveu em uma disputa com Oscar Piastri, viabilizando sua contratação para substituição de Ricciardo por um piloto de maior potencial, e teria condições de criar um bólido mais eficiente, no ano em que completa 60 anos de sua fundação pelas mãos de Bruce McLaren. Mas o novo MCL60 conseguiu ser um outro passo atrás, e desta vez, bem atrás, do carro de 2022, que já era menos competitivo do que o de 2021. Tanto que o time, até agora, está zerado na temporada, tendo terminado nas últimas colocações nas duas provas disputadas até aqui. Justificativa das novas regras de assoalho à parte, a verdade é que a escuderia falhou em interpretar o regulamento técnico, não apenas uma vez, mas duas vezes, voltando a exibir uma performance deficiente lembrando os tempos de sua mais recente parceria com a Honda. Os pilotos até conseguiram mostrar algum desempenho nos treinos de classificação, mas na corrida a situação desandou, tanto com Lando Norris quanto com Oscar Piastri arrastando-se em disputas com carros no fundo do grid. E agora o time resolveu promover mudanças no time, visando melhorar a sinergia e eficiência, o que sugere que os envolvidos na concepção dos últimos carros já estão tendo de procurar novos empregos, além de outros profissionais. Parece que não vai ser dessa vez ainda que o time de Woking vai recuperar a posição que já desfrutou um dia na F-1.

 

Entrada da Porsche na F-1: A tão propalada reentrada da marca alemã na categoria máxima do automobilismo em 2026 foi para o vinagre, com o anúncio da montadora de que não mais levará seu plano adiante, depois da recusa da parceira com a Red Bull, que deu para trás, e de percalços para estabelecer contato com outros times no grid. E como a Porsche não quer se dar ao luxo de entrar como time próprio partindo do zero, e vendo as picuinhas que a categoria tem feito a novas escuderias, como no caso dos planos da Andretti, que mesmo tendo todos os requisitos para tanto, estão querendo cobrar um preço extorsivo para aceita-la no grid, optaram por não mais retornar. Com isso, a tão propalada ampliação de fábricas no grid da F-1 fica restrita à entrada da Audi, que conseguir firmar acordo para assumir o time da Sauber, atual Alfa Romeo), e ao retorno da Ford em parceria com a Red Bull, lembrando que a Honda segue na incerteza. Com participação na Formula-E, onde está liderando a competição este ano, e com vistas a um retorno no WEC, parece que a F-1 vai continuar fora dos planos de disputa da marca alemã, comprovando que a categoria máxima do automobilismo está com frescuras demais para atratividade de menos. E a culpa é da própria F-1 e da FIA, que ao invés de deixarem de frescuras, parecem complicar ainda mais a situação.

 

Equipe Alpha Tauri: O time “B” dos energéticos já mostrou que vai ter outro ano difícil na F-1. Além do novo carro não ter nascido bom, a escuderia ainda enfrenta dúvidas a respeito de seu futuro na competição, devido à nova direção do império Red Bull, após a morte de seu fundador, estar repensando seus investimentos no mundo dos esportes, e possivelmente concluindo que a Alpha Tauri estaria custando muito para pouco retorno, e que o time poderia até ser vendido, se não melhorar seus resultados. Perspectivas de mudança da estrutura do time para a Inglaterra, para ficar anexada à fábrica da matriz Red Bull estão circulando, como forma de cortar custos e promover maior eficácia dos times técnicos. Enquanto isso, na pista, outra dúvida, que seria a performance de Nyck De Vries, que de contratação badalada no ano passado, após ter tido uma excelente performance com a Williams no GP da Itália, está decepcionando até agora, tendo sido superado por Yuki Tsunoda nas duas corridas disputadas até agora, e todo mundo sabe que o japonês não é exatamente um fenômeno como piloto, mas tem dado um baile no campeão da F-E por enquanto. O time não conseguiu pontuar até aqui na temporada, em uma disputa inglória com a McLaren pela lanterna no campeonato de construtores. Para um time que ocasionalmente chegou até a alcançar o pódio e vencer corrida, o panorama atual não é nada animador, e as fofocas extra-pista certamente não ajudam em nada a dissipar o clima de tensão vivido. Será que eles conseguirão dar a volta por cima?

 

Confusões dos comissários da FIA na F-1: Definitivamente, a FIA parece não conseguir se acertar na hora de cumprir com suas próprias regras. No GP da Arábia Saudita, os comissários de prova acabaram aplicando uma punição a Fernando Alonso por alinhar o carro ligeiramente errado na posição de largada, e assim, aplicar-lhe uma punição de 5s, que seria paga na parada de box. Isso foi feito, mas como um mecânico encostou o macaco no carro, sem contudo levantá-lo, ou fazer qualquer outro movimento, eles aplicaram outra multa ao piloto, comunicando-o somente após a bandeirada de chegada, e depois da cerimônia do pódio, onde o espanhol já tinha participado por terminar a corrida em 3º lugar. A punição o fez cair para o 4º lugar, mas o time apelou, alegando que a regra de cumprimento de punições no box se refere a ninguém “trabalhar” no carro, não sobre “encostar” no veículo, o que foi o ocorrido. Isso fez com que a FIA tivesse de devolver a posição a Alonso, horas depois. Mas a lambança maior foi constatar que mais alguns pilotos além de Alonso não estacionaram o carro corretamente em suas posições de largada, mas só o espanhol da Aston Martin acabou punido, com os demais pilotos não sofrendo nenhum castigo. Além desse ridículo vai-não-vai, ficou ainda pior a demora em comunicar o piloto do fato, ainda com a prova em andamento, o que lhe daria tempo de abrir vantagem necessária para tornar a nova punição inócua. Mas a FIA já tinha se enrolado sozinha na ocasião do abandono de Lance Stroll, cujo carro quebrou, mas o piloto conseguiu colocar em posição de ser recolhido rapidamente pelos fiscais, já fora do traçado, enquanto a direção de prova acionava um Safety Car desnecessário, alegando não saber onde estava o carro do canadense, mesmo com todas as câmeras disponíveis no circuito. Uma simples bandeira amarela no setor já teria resolvido a situação, mas a FIA optou pelo exagero, sendo que o safety car ajudou a tornar a corrida ainda mais tediosa do que já era, já que sua entrada “matou” as opções de estratégias diferenciadas dos times e pilotos, neutralizando parte das disputas potenciais que poderiam acontecer. Foi mais um caso onde a FIA apareceu mais do que deveria, e novamente pelos motivos errados. E a entidade parece teimar em não apresentar regras claras e objetivas, e efetuar as atitudes corretas de acordo com os acontecimentos da corrida. Até onde isso vai, ninguém sabe. Só que vai comprometendo novamente a imagem e credibilidade da F-1, que parece não se entender com seus próprios regulamentos.

 

Equipe Yamaha na MotoGP: O panorama da equipe dos três diapasões na etapa inicial do campeonato 2023 da MotoGP foi muito desanimador. Em nenhum momento a dupla da escuderia nipônica conseguiu andar perto das primeiras colocações. Na corrida Sprint, a melhor posição final foi de Fabio Quartararo, em 10º lugar, com o francês terminando a prova do domingo em 8º lugar, um pouco melhor, mas nada que credencie o time a se animar. Por mais que se justifique as características da pista de Portimão, nada garante que o desempenho da equipe vá melhorar nas demais provas, pelo menos não na necessidade para disputar as primeiras colocações, e mais importante, o título. A equipe teve uma pré-temporada complicada, mas diferente da rival Honda, que parecia mais perdida ainda, pareceu ter encontrado algum alento, e uma direção para trabalhar, dando esperança de brigar um pouco mais à frente, e quem sabe, surpreender. Mas, em Portugal, o que se viu foi o inverso: Marc Márquez até surpreendeu, conseguindo um pódio na Sprint, e andando perto dos ponteiros na corrida de domingo, enquanto Quartararo suou para chegar em 10º no sábado, e em 8º no domingo. E os resultados com Franco Morbidelli foram ainda piores, com o ítalo-brasileiro finalizando o sábado em 14º e repetindo o resultado no domingo, o que deixou seus pilotos em 10º (Quartararo) e 17º (Morbidelli) na classificação do campeonato. O ano promete ser complicado, se mantiver essa toada.

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