sexta-feira, 11 de novembro de 2022

DUCATI, ENFIM, ENCERRA SEU JEJUM

Enfim, a conquista de um novo título, 15 anos depois do único triunfo desde sua entrada na MotoGP: A Ducati foi campeã de 2022 com Francesco Bagnaia.

            E a Ducati pode comemorar, enfim! É campeã de pilotos na MotoGP 2022, com Francesco Bagnaia, repetindo o feito ocorrido apenas uma vez, em 2007, com Casey Stoner. A marca italiana já havia sido campeã de construtores no ano passado, e repetiu o feito este ano, mas a conquista do título de pilotos estava engasgada há um bom tempo em Borgo Panigale.

            Com uma vantagem de 23 pontos para Fabio Quartararo, Bagnaia podia correr pensando em administrar a vantagem e não correr riscos desnecessários, enquanto ao rival só interessava a vitória, e um improvável 15º lugar do italiano, ou um abandono, para conseguir inverter as expectativas e chegar ao bicampeonato. Sem nada a perder, o piloto da Yamaha de fato foi para o ataque, e embora tenha andando próximo da ponta durante toda a corrida em Valência, prova que encerrou a temporada, não conseguiu lutar pela vitória, tendo de amargar um 4º resultado na bandeirada, que por si só, já dava o título ao piloto da Ducati, que fez uma corrida bem conservadora, terminando em um modesto 9º lugar.

            E olhe que Quartararo ainda deu um pouco de sorte. À sua frente, houve duas quedas de pilotos que estavam com melhor desempenho do que ele. Marc Márquez, mais uma vez levando a Honda aos extremos, exagerou na dose e foi ao chão, felizmente sem maiores problemas, encerrando uma temporada onde esperava marcar o seu retorno definitivo à disputa, mas ficou truncado pela necessidade de uma nova cirurgia no braço afetado pelo acidente de 2020 para resolver, aparentemente, em definitivo o seu problema. Quem também se despediu de 2022, e da Ducati, deixando a desejar, foi Jack Miller, que até poderia ter lutado pela vitória, e estava com um pódio garantido, quando também caiu. Será que Quartararo teria a sorte de ver os rivais à frente na corrida caírem todos? Não, não foi o que aconteceu.

            Álex Rins fez uma largada fulminante, e assumiu a ponta da corrida já no apagar das luzes do grid para não mais perde-la até a bandeirada de chegada, dando à Suzuki sua última vitória na classe rainha do motociclismo, já que a marca nipônica despediu-se da categoria. Rins nunca conseguiu abrir vantagem de seus perseguidores, estando sempre na alça de mira dos rivais desde a primeira volta, mas não cometeu erros e comandou com autoridade o ritmo, sem dar brechas para ser atacado, mantendo sempre uma vantagem mínima. Jorge Martin, que largara na pole-position, não fez valer a posição de honra, e acabou em 2º lugar. E quem surpreendeu com um ritmo bem forte foi Brad Binder, que deu impressão até de que poderia lutar pela vitória no Circuido Ricardo Tormo, mas acabou fechando o pódio em 3º. Quartararo, apesar de todo o esforço, cruzou a linha de chegada em 4º, menos de 2s para o piloto da Suzuki, mas sem condições de ameaçar os três primeiros colocados.

            E Bagnaia? Bem, podendo correr com o regulamento debaixo do braço, o italiano da Ducati até tentou marcar Quartararo no início, com ambos trocando de posição na pista, até que se tocaram, com a moto do italiano perdendo uma aleta lateral no toque. A partir daí, “Peco” tirou um pouco o pé, procurando evitar maiores riscos, e seu ritmo também decaiu, provavelmente por causa da falta da aleta. Com isso, outros pilotos que vinham forte atrás começaram a pressionar o italiano, que até resistiu por um bom tempo, mas foi caindo algumas posições, acabando por terminar a corrida em 9º lugar, defendendo-se de Franco Morbidelli, que fechou a prova em 10º, lutando para pelo menos terminar o ano com melhor astral, depois de uma temporada completamente abaixo das expectativas, onde acabou até sendo criticado pelo chefe da Yamaha por não conseguir trazer resultados para o time, fora as alfinetadas de Quartararo, que reclamou ter tido que lutar sozinho contra os rivais na pista, sem ajuda alguma, crítica mais do que direcionada ao companheiro de equipe.

Mesmo podendo adotar uma postura mais cautelosa, Bagnaia iniciou a corrida em Valência disputando posição com Fabio Quartararo (acima), e os dois quase se estranharam, quando então o piloto da Ducati se concentrou em terminar a corrida, algo que Marc Márquez (abaixo) não conseguiu, encerrando a temporada com mais uma queda, tentando andar acima do limite com a Honda.


            Mas, verdade seja dita: a Yamaha não soube evoluir este ano, e ainda por cima, ficou por demais dependente dos resultados do seu novo campeão mundial, que foi o único a conseguir extrair desempenho da M1, mostrando que seu equipamento tem um comportamento muito particular, não se adaptando a qualquer piloto, o que é um tremendo ponto fraco, pelo fato de que os outros pilotos competindo com as motos da marca não conseguirem apresentar resultados esperados. Tanto o comportamento desagradou, que a RNF, time satélite da marca dos três diapasões, resolveu bater o martelo, inconformada com o rendimento do equipamento, e também com a falta de consideração por parte da marca, e no próximo ano, irá competir com motos da Aprilia, fazendo com que a Yamaha seja marca de um time só no grid. A marca dos três diapasões vai precisar mudar sua mentalidade, se quiser voltar a ter sucesso na categoria, a não ser que insista em manter sua teimosia no desenvolvimento de seu equipamento.

            Uma política que já mostrou seus efeitos nefastos na arquirrival Honda, que tanto foi desenvolvendo uma moto na qual só Marc Márquez era capaz de domar e extrair um alto rendimento, que deixou seus outros pilotos extremamente desprezados e inconformados por não serem ouvidos pela fábrica quando ao comportamento arredio do equipamento, que não lhes permitia uma performance melhor. Com a Honda fazendo-se de surda, já que Márquez ia colecionando títulos, o mundo caiu quando o hexacampeão ficou fora de combate já no início de 2020, e a equipe multivencedora passou de protagonista na luta pelo título a time intermediário, ficando completamente sem vencer em 2020, e no ano passado obtendo 3 vitórias nas poucas provas em que Márquez esteve à vontade na pilotagem, mas sem conseguir se destacar no campeonato, e muito menos lutar pelo título. Este ano, em virtude novamente de ficar sem o hexacampeão por boa parte da temporada, novamente a marca japonesa ficou sem vencer, e com seus pilotos terminando a temporada fora do TOP-10, Marc Márquez incluso.

            Por mais que haja quem defenda que os times aprimorem seus equipamentos ao estilo de pilotagem de seu melhor piloto, como forma de maximizar resultados, essa é uma estratégia de faca de dois gumes, pois quando seu principal piloto fica fora de combate, os resultados igualmente desaparecem por completo quase, já que os demais pilotos não conseguem “domar” o equipamento adequadamente. Nesse ponto, a Ducati tem muito mais méritos por possuir um equipamento mais “neutro”, não ficando na dependência de apenas um de seus pilotos. Prova disso é que a marca italiana conquistou vitórias não apenas com seu time oficial, mas também com um de seus times satélites, a Gresini, onde Enea Bastianini conquistou as primeiras vitórias na temporada para a Ducati, mostrando um equipamento que, mesmo sendo do ano passado, o modelo GP-21, revelou-se competitivo, até para conquistar pole-positions, como seus pilotos da Pramac, outro time satélite, fizeram durante o ano, além do próprio Bastianini, na Gresini. Que outra marca conquistou tal feito? Foram 12 vitórias em 20 provas, mais da metade das corridas do ano. Uma lição a ser aprendida pelos rivais, especialmente pela Honda, que há quase uma década tem dependido somente de Marc Márquez, e se vê agora praticamente uma figurante quando não conseguiu contar com o hexacampeão.

Com uma largada fulminante, Álex Rins pulou para a ponta e não a perdeu mais, dando à Suzuki a vitória na sua despedida da MotoGP (acima). Já Aleix Spargaró (abaixo) ainda tentava terminar o ano no TOP-3, mas a Aprilia quebrou na prova de Valência, deixando seus dois pilotos na mão.


            Se a Yamaha parece reconhecer seus defeitos, como afirmou Lin Jarvis, ao confessar que a YZR-M1 não é mais a moto “dócil” pela qual sempre foi reconhecida, ainda ficamos na dúvida se a Honda acertará seu rumo. Jarvis admitiu que a mudança recente de motor da Yamaha obrigou o time a modificar o desenho do chassi do equipamento, e quando se revelou a falta de potência do propulsor, não foi possível reverter ao desenho antigo. O título de Quartararo em 2021 teria indicado que o problema não era grave, mas a percepção superestimou a evolução dos rivais. Agora, a marca dos três diapasões foca em evoluir o motor, que se tornou o principal ponto fraco da moto, e a partir daí tentar evoluir o restante do equipamento, já tendo iniciado os trabalhos no teste coletivo em Valência dessa semana, de modo a fazer a Yamaha voltar a ser uma moto com a qual qualquer piloto possa se identificar. Pelo lado da Honda, Marc Márquez afirma que o equipamento precisa evoluir, se eles quiserem voltar a disputar títulos, algo que não é possível com a versão atual da RC213V, onde mesmo pilotando no limite extremo, pode-se até disputar pódios, e talvez uma eventual vitória, mas com riscos demasiado elevados. E não por acaso a “Formiga Atômica” caiu na corrida de Valência, tentando pressionar os rivais à sua frente.

            Para a Ducati, portanto, a temporada 2022 é de total consagração, pela conquista do segundo título de pilotos para a marca, que completou este ano duas décadas de participação na classe rainha do motociclismo, tendo feito sua estréia na competição em 2003. Naquele mesmo ano, a marca sediada em Bolonha alcançou sua primeira vitória, com o italiano Loris Capirossi, no GP da Catalunha, competindo com a Desmosédici GP-03. Depois de passar 2004 sem vencer, a marca colecionou mais algumas vitórias em 2005 e 2006, mas foi em 2007, com o australiano Casey Stoner, que a Ducati experimentou o sabor da conquista, com Stoner sendo campeão com 10 vitórias no ano, deixando a concorrência comendo poeira, finalizando a temporada com 125 pontos de vantagem para Dani Pedrosa, o vice-campeão, que por sua vez ficou apenas 1 ponto à frente de Valentino Rossi. Stoner ainda brigaria pelo título em 2008, mas foi amplamente superado por Rossi, com a Ducati caindo de rendimento nos anos seguintes, apesar de ainda vencer algumas corridas.

            Em 2011, a marca tentou se reconstruir, contratando inclusive Valentino Rossi para comandar o time na pista, mas a GP-11, e sua sucessora GP-12 não eram projetos competitivos, de modo que a passagem do “Doutor” pelo time não trouxe vitórias e muito menos títulos. Foi a deixa para fazer outra renovação no time, num lento processo que demoraria até 2017 para dar frutos, quando Andrea Dovizioso disputou o título até a prova final, em Valência, contra Marc Márquez, surpreendendo a todos. Mas, no final, ficaram com o vice-campeonato de pilotos. Dovizioso ainda bateria novamente na trave em 2018 e 2019, conquistando o vice-campeonato, mas com a Ducati exibindo uma fadiga de material tanto com seus pilotos quanto nos boxes, perdendo o rumo em algumas oportunidades, situação que se acentuou na temporada de 2020. Era preciso fazer algo. E fizeram.

            Saíram Andrea Dovizioso e Danilo Petrucci, entraram Francesco Bagnaia e Jack Miller. O início da nova dupla, contudo, demorou a render frutos, de modo que Fabio Quartararo, da Yamaha, deslanchou na primeira metade da temporada, aproveitando enquanto os rivais potenciais batiam cabeça. A Desmosédici GP-21 já exibia suas qualidades como melhor moto do grid, mas seu potencial só passou a ser devidamente aproveitado na segunda metade do campeonato, e ainda assim, por Bagnaia, que ensaiou uma forte recuperação, indo à caça de Quartararo na luta pelo título. Mas o francês havia acumulado uma vantagem enorme, e pode ir administrando os resultados, conquistando o título. Sobrou à Ducati o consolo do título de construtores, feito que já haviam conquistado em 2007 e 2020. Mas o recado estava dado: a Ducati seria o time a ser batido em 2022, se os rivais não reagissem.

Dentre os mais de 90 mil torcedores presentes no Circuito Ricardo Tormo, os fãs da Ducati estiveram presentes em peso para ver a sua marca ser novamente campeã na MotoGP 2022.

            Eles até tentaram, mas a Ducati fez um trabalho excelente com a evolução de seu equipamento, e a nova GP-22, embora meio complicada de se entender no início, mostrou a que veio quando a escuderia encontrou seus ajustes ideais, ao mesmo tempo que Bagnaia evoluiu enormemente sua performance, passando a perseguir implacavelmente Quartararo, numa repetição do panorama do ano passado. Mas, dessa vez, ainda com mais determinação, enquanto o atual campeão se debatia com uma Yamaha mais débil do que a de 2021, onde qualquer erro poderia ser crucial para a perda do título, frente à performance dos rivais italianos. E guiando no fio da navalha, os erros de Quartararo foram decisivos para perder o duelo, e mesmo assim, conseguiu levar a disputa até o final.

            Agora, Bagnaia é o homem a ser batido na temporada de 2023. Uma temporada onde a Yamaha precisa corrigir seu equipamento, e a Honda, se quiser voltar a ser protagonista, precisa ter um equipamento competitivo que não a deixe à mercê unicamente do desempenho de Marc Márquez. E que a Aprilia continue a crescer como mostrou este ano. E que possamos ver uma temporada ainda mais disputada e emocionante do que a de 2022. A Ducati espera a todos para defender seus títulos...

 

 

Hoje começam os treinos oficiais para o Grande Prêmio do Brasil de F-1, e teremos também a classificação para a Corrida Sprint, que será realizada amanhã, sábado, e definirá o grid de largada para a corrida no domingo, assim como foi feito no ano passado. Hoje teremos o primeiro treino livre a partir das 12:30 Hrs., com o treino de classificação tradicional, dividido em Q1, Q2, e Q3, a partir das 16:00 Hrs. Amanhã, teremos o segundo treino livre, também às 12:30 Hrs., e a Corrida Sprint marcada para as 16:30 Hrs. Domingo a corrida tem a largada para as 15:00 Hrs. Estreando em 2021, as corridas Sprint dividiram opiniões, sendo realizadas em três provas, número que foi mantido nesta temporada, mas com outras etapas, sendo a do Brasil a única corrida que manteve o evento em relação a 2021. Para 2023, o número será aumentado para seis etapas, que ainda não foram anunciadas. Mesmo assim, com o aumento do número de provas, elas não são unanimidade, e um dos críticos é o atual bicampeão Max Verstappen, para quem as provas curtas no sábado não agregam algo mais à competição. Para ele, nestas corridas, muitos tentam apenas chegar até o fim, evitando correr maiores riscos que possam danificar o carro, o que pode comprometer a corrida que realmente é importante, a do domingo. Não deixa de ter sua razão, ainda mais por conta da estúpida limitação de componentes que a FIA estabelece para alguns equipamentos, como câmbio e unidade de potência, que já são ridicularmente baixas para uma temporada do tamanho que se apresenta, o que justifica os times e seus pilotos tentarem poupar seus equipamentos tanto quanto possível, com raras exceções.

 

 

Lewis Hamilton recebeu, na última segunda-feira, em solenidade no Congresso Nacional, em Brasília, o título de “cidadão honorário do Brasil”, homenagem que deixou o piloto extremamente comovido, agradecendo todo o carinho recebido dos torcedores brasileiros, lembrando inclusive que seu grande ídolo, Ayrton Senna, era brasileiro, e que seu primeiro título foi conquistado aqui em Interlagos, naquela decisão dramática de 2008 em disputa com Felipe Massa, na última vez em que um piloto brasileiro chegou a disputar o título na categoria máxima do automobilismo até a última corrida. O piloto inglês ainda busca sua primeira vitória em 2022, mas com um carro menos competitivo que Ferrari, e principalmente Red Bull, vê as chances de vitória bem restritas neste encerramento de temporada.

Nenhum comentário: