quarta-feira, 9 de junho de 2021

HAVOC SERIES – HOMENAGEM A ANDRÉ RIBEIRO


            Com um pouco de atraso, faço da postagem de hoje, na série de vídeos do blog, uma singela homenagem a um dos pilotos de nosso pais que competiu no automobilismo na década de 1990, em uma carreira que foi mais curta do que deveria, e que infelizmente nos deixou no último dia 22 de maio, aos 55 anos de idade, vítima de um câncer no intestino. Falo de André Ribeiro, um nome que a atual geração de fãs do automobilismo pouco deve conhecer, e que certamente pode até questionar sua importância para o automobilismo nacional, dado o tempo curto de sua carreira profissional como piloto.

            Nascido em São Paulo, em 18 de janeiro de 1966, André Ribeiro da Cunha Pereira começou tarde no automobilismo. Foi aos 19 anos que ele participou de suas primeiras competições de esporte a motor, no caso, o kart, a base de todo profissional do meio, em 1986. E André mostrou talento logo de cara, sendo vice-campeão por três anos seguidos no Campeonato Paulista e no Campeonato Nacional, e vencendo a prova Duas Horas de Interlagos, em 1986 e 1987. Em 1989, ele disputou o campeonato nacional da F-Ford, e em 1990, partiu para a Europa, onde competiu nas categorias Formula Opel (1990), e Formula 3 inglesa (1991 a 1993), palco obrigatório para quem visava chegar à F-1. Em 1993, teve seu melhor ano na F-3 inglesa, terminando o ano em 5º lugar. Com as chances de ascender à F-1 muito restritas, ele mudou o foco de sua carreira para o ano seguinte, indo disputar a Indy Lights nos Estados Unidos, onde as chances de competir eram mais amplas.

            A mudança fez bem para André. Em sua temporada de estréia na categoria de acesso à então F-Indy, o brasileiro foi vice-campeão da categoria, defendendo a Tasman, obtendo 4 vitórias na competição. Com um bom leque de patrocínios, conseguiu ascender para a então F-Indy já em 1995, com a própria Tasman, que fazia sua estréia na categoria principal de monopostos dos Estados Unidos. Competindo com um chassi Reynard e motor Honda, o piloto brasileiro conseguiu sua primeira vitória na prova de New England, tornando-se o primeiro piloto brasileiro depois de Émerson Fittipaldi a vencer uma corrida na F-Indy. Foi o único pódio de André na temporada, é verdade, o que lhe valeu a 17ª colocação final no ano, com 38 pontos. Mas foi destaque por ter dado à Honda sua primeira vitória na categoria. A marca japonesa havia feito sua estréia no ano anterior, equipando os carros da equipe Rahal, mas a parceria não foi renovada para 1995 devido aos maus resultados conquistados em 1994, pelo que a marca japonesa acabou indo equipar a Tasman, que tinha em André seu único piloto na competição. Depois das conquistas alcançadas com Nélson Piquet e Ayrton Senna na F-1, André se tornava mais um brasileiro a oferecer à Honda um momento de destaque, agora na F-Indy.


            A temporada de 1996 seria de melhores resultados para a Tasman, agora competindo com dois carros, com André Ribeiro tendo como companheiro de equipe o mexicano Adrian Fernandez. A escuderia conquistou três vitórias no ano, sendo uma com o piloto mexicano, na etapa de Toronto. E André teve a honra de vencer duas provas, sendo que a primeira delas no ano foi justamente aqui no Brasil, que fazia sua estréia no calendário da F-Indy, com a prova Rio 400, uma corrida da categoria no autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, em um novo traçado oval construído especialmente para receber a categoria de monopostos norte-americana. Depois de uma corrida disputada com rivais de peso como Al Unser Jr., Alessandro Zanardi, e Greg Moore, o brasileiro conseguiu triunfar para receber a bandeirada em primeiro lugar, e levar a torcida presente no autódromo à mais completa euforia. Afinal, era a primeira vitória de um brasileiro em casa, em uma competição internacional, depois do triunfo de Ayrton Senna no GP do Brasil de F-1 de 1993, em Interlagos, São Paulo. Foi o momento mais icônico e mágica da carreira de André, que nem conseguiu dormir direito nos dias seguintes, tamanho o número de compromissos decorrentes do seu triunfo na pista carioca.

            A segunda vitória no ano não foi menos dramática. As 500 Milhas de Michigan, disputadas em uma das pistas mais velozes dos Estados Unidos, começou com um clima tenso, com Émerson Fittipaldi sofrendo um forte acidente logo na primeira volta, indo parar no muro, e tendo de ser levado para o hospital, com suspeita de fratura na coluna. O acidente acabaria por encerrar a carreira profissional de piloto de Émerson Fittipaldi, que felizmente não sofreu maiores sequelas, mas com a corrida retomada, o suspense por informações a respeito da condição do bicampeão de F-1 e campeão da F-Indy tomava conta da torcida brasileira. E com outra corrida firme e segura, André conquistou seu segundo triunfo na temporada, ajudando a aliviar o momento de ansiedade vivido por todos devido ao infortúnio de Émerson. André terminaria a temporada em 11º lugar, com 76 pontos, e a expectativa de melhorar ainda mais no ano seguinte.


            A temporada de 1997, contudo, foi de decepções. A Tasman mudou para o chassi Lola, que se revelou pouco competitivo, frente aos Reynard, de modo que a escuderia precisou trocar de equipamento a meio da temporada, o que ajudou a melhorar os resultados, mas não conseguiu compensar o tempo perdido com o equipamento anterior. André terminou o ano apenas em 14º lugar, com meros 45 pontos, e um único pódio, com um 3º lugar em Toronto, que seria seu último pódio na categoria. Para o ano seguinte, em 1998, ele acabou contratado pela Penske, mas a maior equipe da categoria atravessava um momento delicado, com um carro pouco competitivo, e o brasileiro acabou tendo seus resultados comprometidos por um carro em que ele nunca conseguiu se entender, finalizando o ano em 22º lugar, com apenas 13 pontos conquistados. Al Unser Jr., seu companheiro de equipe na Penske, foi apenas o 11º colocado, com 72 pontos, mostrando como o time de Roger Penske foi mal naquela temporada.


            Mas a grande surpresa veio após o fim do campeonato, quando André Ribeiro anunciou que estava pendurando o capacete, para embarcar em um grande projeto empresarial com apoio de Roger Penske, numa sociedade em uma rede de concessionárias de carros. Com apenas 31 anos, era consenso que André ainda tinha um bom tempo de vida útil como piloto pela frente, e muitos torcedores ansiavam por melhores dias em 1999, o que não aconteceria, com todos sendo pegos de surpresa por sua retirada das pistas. Ficávamos sem um piloto de comportamento exemplar, sempre sorridente e de pensamento positivo, que tinha um comportamento altamente profissional e dedicado à sua profissão como poucos, e que mostrara ter talento para ser um grande campeão. Infelizmente, esse dia nunca chegou. André não se distanciou tanto do automobilismo: em 2002, ele se aliou ao colega e também ex-piloto Pedro Paulo Diniz para promover as categorias Fórmula Renault e Copa Renault Clio no Brasil, além de ter sido empresário da piloto Bia Figueiredo, anos depois.

            Na última década, André ficou focado em sua carreira de empresário, mantendo-se discreto. Seu otimismo e sorriso inesquecível ficou marcado na memória dos torcedores, e segundo se comenta, ele havia optado por não contar a respeito de sua doença para a família, a fim de não lhes causar preocupação. Infelizmente, o câncer o levou, deixando esposa e três filhas, que certamente sentirão muita falta de sua pessoa. Para os amantes do automobilismo, e antigos colegas de pista, a notícia de sua morte causou impacto e comoção, mesmo já tendo se passado mais de duas décadas de sua retirada das pistas. Para mim, mesmo depois de tanto tempo, a notícia foi de um impacto forte, como se André tivesse deixado de competir há muito pouco tempo. Que descanse em paz.

 

            E nada melhor para lembrar André Ribeiro do que revisitar suas vitórias na antiga F-Indy. E começamos justamente por aquela que foi seu triunfo mais icônico: a vitória na etapa brasileira da temporada de 1996, e com a corrida na íntegra, com narração de Téo José, comentários de Dedê Gomez, e reportagem de Luiz Carlos Azenha, da transmissão da TVS/SBT, que exibiu a corrida ao vivo para o Brasil. O vídeo foi postado no You Tube pelo usuário Indy4ever, no endereço abaixo:


https://www.youtube.com/watch?v=r0aW4YQseSU

 

            O próximo vídeo é da primeira vitória de André, obtida nas 200 Milhas de New England, em 1995, e a prova está na íntegra, também com a transmissão da TVS/SBT, postada no You Tube pelo usuário Raider Lopes Martins, no link abaixo:

 

https://www.youtube.com/watch?v=Viv1EpEL_70

 

            E, para completar, a terceira e última vitória de André na F-Indy, nas 500 Milhas de Michigan de 1996, também na íntegra, com a transmissão da TVS/SBT, feita na época, postada no You Tube pelo usuário Blog da Indy TV no link abaixo:

 

https://www.youtube.com/watch?v=Bs7DH0p61Ss

 

            A seguir, um pequeno trecho de uma palestra onde André Ribeiro participou. Postagem do You Tube feita pelo usuário 5.1 Filmes:

 

https://www.youtube.com/watch?v=LhcMnhPMV5U

 

            E aqui temos outro vídeo, com a participação de André no programa Programa Rodrigo Barros & Você, postada no You Tube pelo usuário rodrigobarrosevoce:

 

https://www.youtube.com/watch?v=PBPnlDB84vY&t=1074s

 

            E, com isso, termino esta postagem. Espero que tenham podido aproveitar bem, e àqueles que viram André correr, que possam ter curtido rever suas vitórias na F-Indy, e para aqueles que não o viram correr, que possam ter apreciado os vídeos das provas em que ele venceu. Até a próxima postagem do Havoc Series aqui no blog.

PS: Por problemas com a ferramenta de incorporação do You Tube, postei apenas os links, pois os vídeos não encaixaram como deveriam na página.

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