quarta-feira, 11 de novembro de 2020

ARQUIVO PISTA & BOX – MARÇO DE 1999 – 26.03.1999

            E aqui estou novamente com um de meus antigos textos, no caso, a coluna publicada no dia 26 de março de 1999. O assunto principal era o início do campeonato da F-Indy original, chamada à época de F-CART, e aqui no Brasil, de F-Mundial. A primeira corrida, no circuito de Homestead, em Miami, deu a sensação de que Greg Moore e a equipe Forsythe poderiam ser uma força na temporada daquele ano. Mas, mesmo considerando a competitividade da categoria, que costumava ser muito maior do que a da F-1, o resultado visto na primeira prova infelizmente foi fogo de palha, com o time de John Forsythe ficando longe da esperada disputa pelo título, que acabou acontecendo entre Juan Pablo Montoya, da equipe Ganassi, e Dario Franchiti, da Green. Depois de vencer em Homestead, Greg Moore subiria ao pódio em apenas mais duas provas naquele ano, ficando bem abaixo do que todos esperavam. O piloto canadense terminaria o ano apenas em 10º no campeonato em que não viu a bandeirada final, tendo falecido vítima de um pavoroso acidente na etapa final, em Fontana, um fim trágico para a mais nova promessa canadense no automobilismo, que tinha tudo para despontar na equipe Penske no ano seguinte, com o contrato já firmado à altura da última prova.

            Os pilotos brasileiros foram ligeiramente melhor do que no ano anterior, mas novamente ficaram longe da disputa pelo título, com Gil de Ferran e Christian Fittipaldi terminando apenas em 8º e 7º lugares, respectivamente, na classificação. E a Ganassi continuaria seu reinado, iniciado em 1996 com o título de Jimmy Vasser e o bicampeonato de Alessandro Zanardi, com seu novo piloto Juan Pablo Montoya sendo campeão em sua primeira temporada na categoria, que vivia um excelente momento. Curtam o texto, e boa leitura a todos. Em breve, trago mais antigas colunas por aqui...

FORSYTHE NA FRENTE

            A equipe Forsythe mostrou a sua força domingo passado na abertura do campeonato da F-CART, em Homestead, na Flórida. Greg Moore venceu a corrida, depois de largar na pole-position e ainda liderar o maior número de voltas. O piloto canadense saiu com tudo na frente, marcando todos os pontos possíveis. Para completar, Patrick Carpentier, o outro piloto do time Forsythe, ficou em 7º lugar, depois de uma corrida combativa onde chegou a andar em último lugar. Em determinado momento da prova, Moore e Carpentier duelaram pela liderança da corrida com boa margem de vantagem para os demais competidores.

            Sem dúvida, isso dá uma condição de favorito a Moore para a disputa do título, mas é preciso ver se o jovem canadense de 24 anos não vai desandar no meio do campeonato. Ano passado, Moore também surgiu de início como fortíssimo candidato ao título, especialmente depois de sua arrojada vitória no Brasil, onde deu um baile de ultrapassagem sobre Alessandro Zanardi. Só que, logo depois, o canadense cometeu uma série de barbeiragens na pista nas etapas seqüentes, perdendo diversas oportunidades de pontuar e ficando de fora da luta pelo título.

            No que tange a Patrick Carpentier, fica a dúvida se o piloto, também canadense, terá a cabeça fria para aproveitar o excelente equipamento que a equipe lhe dá. Ano passado Carpentier também aprontou muito nas pistas, tendo um desempenho até inferior ao de seu ano de estréia, na Bettenhausen, uma equipe sem muitos recursos. Se tanto Moore quanto Carpentier colocarem a cabeça no lugar, a equipe Forsythe será forte candidata ao título da categoria este ano.

            Enquanto isso, a Ganassi, tricampeã nos últimos 3 anos, teve uma performance satisfatória em Miami. Jimmy Vasser ficou em 4º, com o estreante Juan Pablo Montoya a fazer boa performance durante a corrida, terminando em 10º lugar. Mas não se pode considerar a Ganassi fora do páreo, pois em 98 o time também começou o campeonato um pouco devagar, mas depois deslanchou com Zanardi.

            A Newmann-Hass teve um bom desempenho em Miami com Michael Andretti chegando em 2º lugar. Na primeira corrida com os pneus da Firestone, que a equipe ainda não conhece bem, foi um bom resultado, e levando-se em conta que o chassi Swift rende mais nos circuitos mistos, as perspectivas de lutar pelo título são muito boas.

            Outro time com bom desempenho em Homestead foi a Green. Dario Franchiti terminou em 3º lugar, mas pressionou os líderes durante boa parte da corrida e sempre andou muito forte. Levando-se em conta que Franchiti costuma andar melhor nos circuitos mistos, podem esperar boas performances do escocês para este campeonato.

            No que tange aos pilotos brasileiros, tivemos uma estréia com alguns problemas. Raul Boesel nem teve tempo de mostrar nada, pois ficou logo na 1ª volta em decorrência do acidente causado por Naoki Hattori, o mesmo valendo para Luiz Garcia Jr. Já Tony Kanaan não esteve com seu carro em condições de correr pra valer, ficando pelo meio do caminho com uma pane em seu motor Honda. Maurício Gugelmim fez uma prova razoável, mostrando que a PacWest ainda não reencontrou-se de todo, enquanto Christian Fittipaldi correu apenas para chegar ao final.

            Só Gil de Ferran, Hélio Castro Neves, e Cristiano da Matta tiveram chance de brilhar em Miami. Gil largou em último e fez uma corrida combativa, chegando a liderar a prova depois de ultrapassar todo mundo. Acabou em 6º e mostrou a velha garra de sempre. Tinha chances de ganhar se não tivesse largado tão lá atrás. Hélio Castro Neves foi um fenômeno na corrida, andando no mesmo ritmo dos líderes e levando novamente o chassi Lola a liderar uma prova na F-CART. A excelente corrida de Helinho terminou por problemas elétricos em seu carro. Cristiano também foi fabuloso em Miami: utilizando o motor Toyota, tecnicamente mais fraco que os Mercedes, Honda e Ford, obteve a 6ª posição no grid e andou sempre entre os 10 primeiros, superando amplamente seu companheiro de equipe, o veterano Scott Pruett, que acabou a prova no muro. Com isso, Cristiano já conseguiu mudar o seu status na equipe Arciero-Wells, que era inicialmente de segundo piloto.

            Problemas à parte, o início do campeonato mostra que nossos pilotos têm condições de brilhar bastante. Resta torcer para que os problemas não voltem a frustrar nossas expectativas. E, no que tange ao restante do pelotão, a briga e as disputas estão mais do que garantidas, e a emoção também!

 

 

O “perigo japonês” voltou a atacar com tudo na F-CART em Homestead. Os dois novos pilotos japoneses na categoria botaram pra quebrar, literalmente. No treino livre de sexta-feira, Shigeaki Hattori destruiu seu carro ao bater no muro na curva 4. A pancada foi violenta, acusando uma desaceleração de aproximadamente 150 Gs. O piloto da Bettenhausen não participou da corrida por causa disso, ficando em observação. Já no domingo, Naoki Hattori bateu forte logo na primeira volta, prensando Al Unser Jr. contra o muro e provocando o abandono de mais alguns pilotos. O balanço do acidente: Al Unser Jr. quebrou a perna direita, enquanto o japonês quebrou a perna esquerda. Operado em Indianápolis, Al Jr. deve ficar dois meses fora de combate. Naoki quebrou a perna em dois lugares e deve ficar de molho um bom tempo. Praticamente ambos os pilotos japoneses não terão como participar da próxima etapa, que por coincidência, é justamente no Japão, o que já representa um alívio para os demais pilotos na categoria...

 

 

Neste fim de semana a F-Indy (IRL) disputa sua segunda etapa, no circuito oval de Phoenix, no Arizona. Eddie Cheever, vencedor da primeira etapa, em janeiro, no oval da Disney, lidera o campeonato. A Bandeirantes mostra a corrida ao vivo no domingo.

 

 

Quanto à TVS/SBT, a transmissão que fez da prova de abertura da F-CART em VT até que foi razoável. Mas duvido que a audiência tenha sido lá essas coisas, ainda mais porque no mesmo horário estava sendo mostrada a Festa do Oscar, e com um filme brasileiro na disputa por pelo menos duas estatuetas, nem se fala... E pode até piorar, caso a Globo decida mostrar, nos flashes esportivos do Fantástico, quem venceu a corrida nas próximas oportunidades, o que poderia esvaziar ainda mais a audiência...

 

 

Ano passado, houve quem amaldiçoasse Frank Williams por não ter contratado Rubens Barrichello para correr por sua equipe este ano, pois anseava-se pela volta de um piloto brasileiro a um time de ponta na F-1. Depois do que aconteceu na Austrália, veja o que ocorreu nos testes desta semana: enquanto a Stewart, mesmo com alguns problemas de confiabilidade, quebrou o recorde da pista de Barcelona para carros modelo 99, a Williams precisou recolher-se à fábrica para redesenhar o FW21, pois o desempenho do carro em Melbourne, apesar do pódio de Ralf Schumacher, foi sofrível. E a Stewart está confiante em ter seus problemas de durabilidade resolvidos até o GP do Brasil, enquanto a Williams virou uma dúvida para o restante do campeonato. A vingança da torcida está sendo boa...

 

Nenhum comentário: