quarta-feira, 1 de julho de 2020

FLYING LAPS – JUNHO DE 2020


            E o primeiro semestre de 2020 já foi embora. Estamos no mês de julho, e podemos dizer que esta primeira metade do ano não deixará saudades para ninguém, em virtude da pandemia do coronavírus que virou o mundo de cabeça para baixo, e sem perspectiva de quando a situação voltará ao normal, algo que pode demorar muito tempo ainda. O mundo do automobilismo também foi duramente afetado, e só agora neste mês que F-1 e MotoGp, entre outros certames, tentarão voltar, enquanto alguns campeonatos, como a Nascar e a Indycar, já voltaram às disputas. E, por isso mesmo, vamos a mais uma sessão Flying Laps, listando alguns acontecimentos ocorridos neste mês de junho, com alguns comentários rápidos sobre os eventos. Apesar de já termos corridas no próximo final de semana, a situação ainda está muito complicada para todo mundo, e esperemos que tudo possa se normalizar o quanto antes. Uma boa leitura a todos, e até a próxima sessão Flying Laps do mês que bem...

O ex-piloto de F-1 e F-Indy Alessandro Zanardi sofreu um forte acidente no dia 19 de junho, enquanto participava de uma competição ciclística na Itália. O atleta teria perdido o controle de sua bicicleta adaptada para pedalar com as mãos, e atingido um veículo pesado, na cidade de Pienza. De acordo com o treinador da Seleção Italiana de Paraciclismo, que acompanhava Zanardi, o atleta acabou perdendo o controle em um trecho de descida de uma competição de revezamento chamada Objetivo Tricolor. Alessandro teria capotado com sua bicicleta, vindo a atingir um caminhão, sofrendo ferimentos graves que exigiram sua remoção para um hospital, onde precisou passar por cirurgia de emergência, diante do quadro grave resultante do acidente. O Hospital da Universidade de Siena, para onde ele foi levado, precisou realizar mais de uma cirurgia, e de acordo com os médicos, além do severo trauma neurológico, um dos olhos de Zanardi também teria sido ferido, com risco de perda da visão. O ex-piloto segue internado na UTI da instituição, em condição razoavelmente estável do ponto de vista cardiorrespiratório, mas grave do ponto de vista neurológico, com os médicos preferindo não fazer especulações a respeito da recuperação de Alessandro, com seu quadro clínico sendo analisado todos os dias. A última cirurgia foi realizada no dia 29 de junho, e o atleta segue em coma, tendo recebido a atenção de muitos profissionais da imprensa e ex-colegas de profissão no automobilismo, que expressaram votos de recuperação ao ex-piloto.


Alessandro Zanardi estreou na F-1 em 1991, disputando suas primeiras corridas com a equipe de Eddie Jordan, no final do campeonato, após terminar como vice-campeão da F-3000 Internacional, perdendo o título para Christian Fittipaldi naquele ano. O italiano ainda disputaria algumas provas pela Minardi em 1992, e defenderia a Lotus em 1993 e 1994. Sem perspectivas na categoria, migrou para a antiga F-Indy, tendo estreado em 1996, defendendo a Chip Ganassi, que seria campeã naquele ano com o companheiro de Zanardi, Jimmy Vasser, com o italiano sendo a sensação da temporada, terminando em 3º na classificação, vencendo suas primeiras corridas na categoria. Zanardi seria bicampeão em 1997 e 1998 na então F-CART, o que lhe valeu um retorno à F-1 em 1999, pela Williams, o que acabou sendo um grande fracasso, tendo passado toda a temporada sem conseguir marcar um único ponto. O piloto retornou à F-CART em 2001, agora na equipe de Morris Nunn, fazendo uma temporada mediana, quando sofreu um violentíssimo acidente na pista de Lausitz, na Alemanha, ao ser atingido pelo carro de Alex Tagliani. O choque partiu o carro de Alessandro, que perdeu as duas pernas na colisão, fazendo-o perder muito sangue. Levado às pressas para o hospital, o piloto foi salvo, mas sua vida nunca mais seria a mesma. Zanardi ainda continuou competindo no automobilismo, agora com carros de turismo, adaptados à sua condição, até que enveredou pelo caminho dos esportes paraolímpicos, passando a competir no paraciclismo, competição ciclística para deficientes físicos. E Alessandro mostrou sua capacidade neste novo esporte, tendo vencido a Maratona Paraolímpica de Roma, em 2010, além de ter conquistado duas medalhas de ouro e uma de prata nos Jogos Paraolímpicos de Londres, em 2012. Repetiu a dose nos Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, onde faturou mais duas medalhas de ouro e uma de prata. Mostrando um vigor impressionante e grande determinação, Alessandro Zanardi deu uma lição de vida a todos depois do violento acidente que destruiu suas pernas, conquistando admiração e respeito de todos. Lamentável saber que voltou a sofrer um forte acidente na segunda paixão esportiva de sua vida, o paraciclismo, depois do que lhe aconteceu no automobilismo. Neste momento, sua recuperação do acidente sofrido é completamente incerta, e os médicos preferem não fazer previsões a respeito de sua condição. Fica a torcida de que ele mais uma vez consiga nos surpreender e ao menor recuperar a consciência, e ter o mínimo de sequelas possível.


Na Formula-E, com a saída de Pascal Wehrlein para competir provavelmente no Mundial de Endurance, a equipe Mahindra anunciou que seu substituto no time, ao menos para a rodada de seis provas que a categoria de carros elétricos disputará em Berlim, será Alex Lynn. O piloto britânico fez sua estreia na F-E com a equipe Virgin na temporada 2016-17, na estreia do ePrix de Nova York, conquistando uma pole position já de cara, mas amargando o abandono nas duas corridas por problemas mecânicos. Lynn continuou com a equipe Virgin na temporada 2017-18, mas terminou apenas em 16º na classificação, tendo ido então para a Jaguar na temporada 2018-19, mais uma vez com resultados bem pífios, terminando em 18º na classificação, o que motivou sua dispensa do time, sendo substituído por James Calado, tendo ficado sem vaga na categoria, até agora. O outro piloto do time indiano continua sendo o belga Jerôme D’Ambrosio, que atualmente é o 18º colocado no campeonato, com apenas 3 pontos. A troca parece desvantajosa para a Mahindra, uma vez que Pascal Wehrlein ocupava a 14ª posição, com 14 pontos. O time não tem tido um bom desempenho nesta atual temporada, como nos anos anteriores, onde chegou a ter alguns resultados mais expressivos, até com algumas vitórias.


A Formula-E, aliás, divulgou o seu calendário da temporada 2020/2021, com cerca de 14 corridas, e apesar do nome, todas as datas são no ano de 2021. Se não houverem imprevistos com relação à atual pandemia da Covid-19, a próxima temporada começará em janeiro de 2021, aqui na América do Sul, com o ePrix de Santiago, marcado para o dia 16. A Cidade do México será a próxima parada, com sua prova no dia 13 de fevereiro. Da América para o Oriente Médio, a F-E fará sua rodada dupla em Diriyah, subúrbio de Riad, capital da Arábia Saudita, nos dias 26 e 27 de fevereiro. Sanya, na China, será a próxima corrida, no dia 13 de março. Roma será a próxima parada, no dia 10 de abril, seguindo então para Paris, no dia 24 de abril. Mônaco estará de volta ao calendário da competição nesta temporada, com uma prova marcada para o dia 8 de maio. De lá, a F-E volta à Ásia, com a etapa de Seul, na Coréia do Sul, no dia 23 de maio. Há uma data reservada no dia 5 de junho, mas a etapa não foi anunciada, estando em aberto. Berlim, na Alemanha, é a próxima parada, no dia 19 de junho. Nova Iorque, nos Estados Unidos, é o palco de uma corrida no dia 10 de julho. Londres encerrará a temporada com uma rodada dupla nos dias 24 e 25 de julho. Ficam as apostas de onde será realizada a etapa ainda em aberto no calendário. O Brasil, apesar do sucesso de ter tido dois pilotos campeões no certame, continua de fora da competição, e para muitos, ainda vai demorar muito para termos uma etapa da F-E por aqui, embora não faltem idéias interessantes. Na minha opinião, a categoria deveria formalizar logo as temporadas serem realizadas dentro de um mesmo ano, já que nos últimos tempos, estava fazendo apenas uma ou duas provas no final de cada ano, havendo um certo desequilíbrio de corridas entre cada ano da competição, que já foi mais equilibrado nas primeiras temporadas. Vamos esperar que a situação do mundo esteja normalizada até lá, a fim que a competição possa ser realizada sem maiores sobressaltos, algo que, neste momento, é impossível de se saber.


Outra possível mudança, ainda para o atual campeonato, nas provas que serão realizadas no aeroporto de Tempelhof, em Berlim, é no quadro de pilotos da equipe Nio, que atualmente conta com o inglês Oliver Turvey e o chinês Ma Qing Hua. Como a performance de Hua não está agradando, o time já fala em substitui-lo por outro nome. E na parada entram três possíveis nomes: Daniel Abt, que foi demitido da equipe Audi, Tom Dillmann, e até mesmo Nelsinho Piquet. Foi com a Nio que Piquet foi campeão da categoria em sua primeira temporada, quando o time se chamava China Racing, aliás. Infelizmente, depois da primeira temporada, a performance do time despencou, nunca mais demonstrando o mesmo nível daquele primeiro ano, onde até conseguiu vencer corridas com o piloto brasileiro. E continua assim na atual temporada da categoria de carros monopostos totalmente elétricos: sua dupla de pilotos não marcou pontos até aqui, e a Nio é o último time na classificação de equipes, perdendo até mesmo da Dragon, que já marcou seus pontos. Nelsinho saiu meio desacreditado da categoria, onde estava competindo pela última vez com a Jaguar, e perdendo feio o duelo com Mith Evans. Um retorno agora, mesmo que somente para disputar a megarodada de Berlim, não ofereceria muitas possibilidades, nem mesmo de resultados medianos, uma vez que o time continua muito a dever na performance de seu equipamento.


Quando se esperava para ver o que daria a convivência dos irmãos Márquez na equipe oficial da Honda na MotoGP, eis que a equipe japonesa anunciou que sua dupla, para a temporada de 2021, será com Marc Márquez e Pol Espargaró, que nesta temporada, defende o time de fábrica da KTM. Márquez teve seu contrato renovado com a Honda para várias temporadas, o que em tese deveria servir para que seu irmão, que fará sua estréia neste ano, permanecesse no time por mais tempo. Com apenas uma temporada então no time oficial da Honda, Alex Márquez acaba descartado pela escuderia antes mesmo de mostrar suas capacidades no time, dando uma notícia pra lá de desconfortável ao jovem piloto, cujo destino muito provavelmente deverá ser o time satélite da Honda, a LCR. Para alguns, contudo, seria também a oportunidade de Alex correr com menores pressões, já que a comparação com seu irmão mais velho, o já multicampeão Marc, poderia ser prejudicial a ele, apesar da temporada de estréia ser justamente ao lado do irmão no time da Honda. Com a saída de Espargaró, a KTN resolveu promover o português Miguel Oliveira, atualmente no time satélite da marca austríaca, a Tech3. Assim, Oliveira terá como parceiro Brad Binder. Para o lugar de Miguel na Tech3, o time contará com o italiano Danilo Petrucci, atualmente na Ducati, mas já descartado pelo time italiano para a temporada de 2021. Enquanto isso, todo mundo ainda espera pela decisão de Valentino Rossi sobre sua permanência ou não na MotoGP para 2021. Ao italiano foi oferecida a vaga na SRT, equipe satélite da Yamaha, com apoio total da fábrica, caso o “Doutor” siga nas pistas. Rossi ainda não decidiu que decisão tomará, uma vez que a pandemia da Covid-19 atrapalhou completamente seus planos de avaliar seu desempenho nesta temporada, em sua primeira metade, para ver o que iria fazer no próximo ano. Será 2020 a última apresentação de Valentino nas duas rodas, muitos se perguntam? A resposta deve vir em breve...


E o mundo do esporte a motor nacional voltou a acelerar nos dias 27 e 28 de junho, com a Copa Truck, que disputou duas provas no autódromo de Cascavel, no Paraná. Com todos seguindo protocolos sanitários de segurança, e sem a presença de público, a categoria de competição de caminhões acelerou fundo na pista paranaense, com Wellington Cirino vencendo a primeira corrida da competição, que largou na pole, e venceu a prova de ponta a ponta, sem maiores problemas. A segunda corrida teve vitória de Beto Monteiro, que teve uma bela disputa com Roberval Andrade. Wellington Cirino acabou terminando esta segunda corrida em 4º lugar, mesma posição de Beto Monteiro na primeira corrida. A Stock Car tinha programada sua estréia no mesmo circuito do Paraná, mas a solicitação por parte do Ministério Público estadual de medidas de lockdown (isolamento) para todo o estado para atividades não-essenciais prejudicou a realização da prova, marcada para o dia 5 de julho. O Estado do Paraná, assim como os demais, enfrenta um aumento nos números de casos da Covid-19, assim como mortes causadas pelo vírus, e o governador Ratinho Jr. baixou um decreto confirmando o pedido.

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