sexta-feira, 24 de julho de 2020

DIXON VS PENSKE



Scott Dixon começou a temporada 2020 com tudo, vencendo três corridas consecutivas, enquanto os rivais se debatiam com problemas na pista.
            O campeonato da Indycar já tem seis provas disputadas, sendo que as últimas três já permitiram a presença de algum público, algo que muitos veem com preocupação, quando vemos que os Estados Unidos assistem a um aumento preocupante dos casos de Covid-19 em vários lugares do país, bem como a escalada do número de mortos pela doença. Mesmo assim, os planos de realizar as 500 Milhas de Indianápolis em agosto seguem firmes. Ao menos, reduziram a expectativa de público para a corrida, que de início era de 50% da capacidade das arquibancadas do Indianapolis Motor Speedway, para 25%, algo mais razoável, embora muitos ainda achem um percentual absurdo. Só o tempo dirá quem está menos errado nesta idéia.
            Enquanto isso, após estas seis provas, já podemos ver uma expectativa de como o campeonato está se desenrolando, e podemos ver mais uma vez o duelo entre dois grandes times da categoria, a Ganassi e a Penske, lutando pela disputa do título da competição. Correção, uma luta da Penske, sim, mas contra Scott Dixon, para ser mais exato. O piloto neozelandês, pentacampeão da categoria, venceu a corrida inaugural da temporada, no Texas, e vem mantendo a liderança com razoável folga na pontuação, para preocupação de seus rivais mais diretos, que neste momento, se resumem a Simon Pagenaud e Josef Newgarden, pilotos de Roger Penske.
            E podemos dizer que tem sido uma performance da inteligência e da estratégia, uma vez que a Chip Ganassi não tem demonstrado tanta força quanto a Penske como time. Dixon é que vem fazendo a diferença, e isso pode ser notado na imensa diferença de resultados obtidos por seus companheiros de equipe. O neozelandês, contra as expectativas, venceu nada menos do que as três primeiras corridas da temporada, no Texas, no misto de Indianápolis, e a primeira prova em Road America. A segunda prova em Elkhart Lake foi seu “pior” momento no ano até agora, ao terminar em 12º lugar, mas vendo seu parceiro de time, Félix Rosenqvist, averbar a vitória, mantendo a Ganassi até então invicta na temporada. Só que ninguém podia se iludir: Rosenqvist teve um brilho momentâneo em Road America, tendo terminado as demais corridas na segunda metade do pelotão para trás, sem assustar ninguém, e com a cabeça já na alça de mira de Chip Ganassi, que já estaria sondando novos candidatos a assumir o carro do sueco para a próxima temporada, diante dos resultados muito abaixo dos obtidos por Dixon.
            E não se pode dar certa razão ao velho Chip. Afinal, Dixon, mesmo quando o carro não parece estar em condições de vencer, dá um jeito de obter bons resultados, apostando numa boa estratégia de corrida, e com uma pilotagem precisa e consistente, procurando sempre conservar seu carro, sendo também muito veloz. Na rodada dupla de Iowa, Scott conseguiu um 2º e um 5º lugares, ajudando a manter uma dianteira expressiva na pontuação, e minimizando prejuízo com o resultado obtido pelos rivais mais perigosos, no caso, os pilotos da equipe Penske. O time do “capitão”, aliás, teve seus altos e baixos nas primeiras provas, com seus pilotos tendo alguns azares e problemas de estratégia e performances, parecendo estarem perdidos em alguns momentos, sem conseguirem converter as poles que conquistavam em vitórias. Mas o potencial de vencer estava lá, e eles acertaram os detalhes que precisavam, vencendo as duas provas realizadas no oval de Iowa, com Simon Pagenaud e Josef Newgarden dividindo as conquistas, e tentando iniciar uma caçada ao líder neozelandês. Pagenaud assumiu a vice-liderança, com 195 pontos, contra os 244 de Dixon. Newgarden vem logo atrás, em terceiro, com 191 pontos. Scott tem 49 pontos de vantagem para Pagenaud. Parece muito, mas se lembrarmos que uma vitória vale 50 pontos, isso não significa muito. Só que, como Dixon até aqui só teve uma corrida mais ou menos, e manteve-se bem mais constante, torna-se imperativo diminuir essa desvantagem de pontos o mais rápido possível.
 
Félix Rosenqvist garantiu a quarta vitória consecutiva da Ganassi no início da temporada, mas o sueco não conseguiu ganhar créditos com Chip Ganassi até o momento.
          
O estrago para Dixon só não é pior porque Will Power vem tendo uma performance bem mais complicada que seus companheiros de equipe. O australiano ainda não venceu na temporada, tendo como melhor resultado dois segundos lugares, acumulando até aqui uma desvantagem de 102 pontos para o neozelandês. Um resultado melhor de Power nas próximas corridas frente a Dixon, dependendo das circunstâncias, não deverá representar ameaça para o líder da competição. Outro rival que poderia complicar é Alexander Rossi, mas o americano e a equipe Andretti não conseguiram se achar ainda na atual temporada, para frustração de Rossi, que só teve uma corrida mais satisfatória até aqui no ano, com um 3º lugar, e ocupando a 10ª posição na tabela, o que o coloca praticamente de fora da briga pelo título, com apenas 118 pontos, se não conseguir aprontar nenhuma reviravolta muito em breve. Alexander reclama que o ritmo intenso de corridas até aqui, com várias provas disputadas em poucos finais de semana, como as rodadas duplas de Road America e Iowa, não tem permitido a seu time solucionar os problemas mecânicos surgidos no carro, e que isso o tem prejudicado na luta por melhores resultados.
            De fato, é um ritmo intenso de corridas, mas todos estão no mesmo barco. Alguns times tem conseguido reagir melhor, enquanto outros não tem conseguido apresentar a mesma performance. Mas é também um ponto negativo para Rossi, que não tem conseguido driblar as adversidades enfrentadas por seu time como deveria, se almeja disputar as glórias com seus rivais. É verdade que não se consegue fazer milagres quando o carro está muito ruim, mas Rossi, pelo que mostrou nos últimos anos, quando entrou na luta pelo título contra Dixon e Newgarden, poderia mostrar um pouco mais de resultado, mesmo neste momento mais complicado, mesmo considerando os azares que o piloto tem enfrentado nesta temporada.
            Com a Andretti aquém do que tem mostrado nos últimos anos, a surpresa do momento é a performance da Schmidt-Petterson, agora carregando o nome da McLaren na categoria. Patricio O’Ward tem surpreendido nas corridas, demonstrando uma grande performance e velocidade, tendo até já marcado uma pole-position para o time. O mexicano é o 4º colocado no campeonato, com 162 pontos, e só não está mais adiante porque algumas estratégias adotadas nas corridas não renderam os resultados esperados, mas o piloto mostra ser muito veloz e arrojado, deixando seu companheiro Oliver Askew comendo poeira, em que pese o americano ter andado forte também em vários momentos, mas sem ter conseguido terminar as provas mais à frente. Ambos os pilotos já conseguiram subir ao pódio, e tão logo consigam ter maior constância em seus resultados, podem engrossar a luta pelas primeiras colocações. Muito provavelmente sem conseguir ameaçar a liderança de Dixon, mas o suficiente para atrapalhar os planos dos rivais do piloto da Ganassi, que teriam mais pilotos com quem se preocupar nas disputas pelas primeiras colocações nas corridas.
Simon Pagenaud (acima) não tem sido muito brilhante nas classificações, mas conseguiu uma vitória e vem na vice-liderança da competição, tendo o colega e bicampeão Josef Newgarden (abaixo) bem na sua cola, depois do triunfo na segunda prova de Iowa.
            Outros dois nomes que também poderão engrossar a lista de disputa pelos primeiros lugares é Graham Rahal e Colton Herta. Rahal vem tendo uma temporada de altos e baixos, enquanto Herta, nova sensação da categoria, despencou um pouco após o final de semana complicado em Iowa, onde inclusive protagonizou um forte acidente ao atingir a traseira de um competidor ao acelerar antes da hora no fim de uma bandeira amarela, que comprometeu suas chances de uma boa performance naquele final de semana. O rapaz continua mostrando grande velocidade, mas passada a fase de se destacar, agora ele precisa não apenas se mostrar veloz, mas constante, e saber analisar as possibilidades de corrida conforme a prova avança. É um grande talento que tem tudo para crescer, se desenvolver melhor estes atributos, além de evitar cometer alguns erros. Se chegarem mais à frente, certamente irão se digladiar com vários outros pilotos que tentam alcançar a liderança de Scott Dixon, que pode se beneficiar imensamente desta luta para tentar escapar ainda mais na dianteira da competição.
            No aspecto técnico, o novo aeroscreen já ganhou mais adeptos depois do acidente de Herta em Iowa, bem como do de Will Power, que perdeu uma de suas rodas dianteiras e viu o componente voar por cima do carro após perder o controle do mesmo ao atingir o muro do circuito oval. O único problema é que a peça aumentou sobremaneira a temperatura dentro do cockpit, com alguns pilotos tendo problemas sérios diante deste calor gerado pela peça, uma vez que os pilotos, que até então corriam com o vendo no capacete, agora não terem esta opção de resfriamento. Aliás, quem pode observar, viu que os pilotos agora passaram a usar capacetes com duto de refrigeração, como ocorre com os pilotos de carros de cockpit fechado, visando refrescar a cabeça. Em Iowa, a categoria já tentou implantar uma solução para melhorar a ventilação interna do cockpit dos carros, algo que terá de ser revisado por todos, de modo a tornar o habitáculo menos quente, sem comprometer a segurança oferecida pela nova peça, implantada neste ano nos carros da Indycar.
Will Power (acima) vem tendo altos e baixos, ficando atrás de seus companheiros na Penske. Já Tony Kanaan (abaixo) continua sofrendo com a pouca competitividade da Foyt.
            Ainda é cedo para adiantar que Dixon já está com uma das mãos no título. Ainda temos mais da metade da temporada pela frente, e a variedade dos circuitos pode alterar a relação de forças entre as escuderias, apesar de já termos tido corridas em traçados mistos, um oval curto, e um oval longo. Mas o ritmo mais acelerado de corridas em finais de semana consecutivos pode influenciar também no desgaste de pilotos e profissionais, com reflexos no desempenho dos competidores na pista. E, claro, alguns pilotos que até aqui não conseguiram obter os resultados esperados podem vir a se acertar e começar a lutar mais à frente, acirrando as disputas. Não bastará apenas ter um bom carro e ser veloz, mas também saber aproveitar as oportunidades, ver as condições de corrida, e acertar sobretudo nas estratégias, fazendo as escolhas mais inteligentes que forem possíveis. Só que Scott Dixon parece possuir o pacote mais completo de todas estas condições no momento, até mesmo em relação a seus rivais mais próximos, o que vai tornar a disputa bem difícil para eles. Mas, na Indycar nada está garantido até que cheguemos ao final, e a possibilidade de surpresas não pode ser ignorada. Podemos ter muita briga nas provas que teremos pela frente, ajudando a compor um campeonato que pode ser dos mais empolgantes, e que vale a pena ser acompanhado de perto.
            Para os brasileiros, a temporada de despedida de Tony Kanaan da categoria infelizmente não deve render momentos de destaque. A Foyt continua devendo em performance, e mesmo nos circuitos ovais, onde isso parece se refletir menos, o brasileiro tem dado duro para conseguir terminar no meio do pelotão. Como o time está concentrando esforços para a Indy500, talvez tenhamos a oportunidade de ver Tony mostrar algo mais relevante em sua despedida da icônica prova do circuito oval da capital do Estado de Indiana. Matheus Leist, que perdeu sua vaga na escuderia, certamente não saiu perdendo tanto assim, visto que suas possibilidades, caso continuasse no time, continuariam pra lá de limitadas e frustrantes para um jovem talento com maiores aspirações. Já para os torcedores, além da opção de acompanhar as corridas pelo site de streaming pago DAZN, que tem transmitido inclusive os treinos das corridas, e contando com comentários de gente como Roberto Moreno, e até mesmo Hélio Castro Neves e Matheus Leist, tivemos a grata surpresa de vermos o Bandsports continuar a transmitir as corridas, contando com a narração de Celso Miranda, que já tem muita experiência em transmitir as provas da categoria, e contando com comentários de Ricardo Molina e do ex-piloto Paulo Carcasci, que tem oferecido uma transmissão bem aceitável, se formos considerar o que o canal fazia recentemente.
            Sigamos com a competição, enfim...


A MotoGp segue em Jerez de La Fronteira, para a disputa do GP da Andaluzia, segunda prova do campeonato da categoria, iniciado domingo passado, no mesmo circuito. E, por incrível que pareça, Marc Márquez estará na pista. A “Formiga Atômica” havia se acidentado no domingo passado, ao cair da moto, e sofrer uma fratura no braço direito, o que o obrigou a passar por uma cirurgia para reparar o problema, causando preocupação de sua ausência não apenas na corrida deste domingo, o que muitos davam como certa, mas até mesmo pondo em dúvida se o piloto da Honda iria estar presente na etapa seguinte, na República Tcheca. Mas, eis que nesta quinta-feira, Márquez chegou ao circuito andaluz, e se submeteu aos testes médicos visando participar da prova de domingo. E ele conseguiu a aprovação para voltar à pista. De acordo com a equipe Honda, Marc deverá participar do terceiro treino livre, neste sábado, e dependendo das possibilidades, participará do treino de classificação, e da corrida. Márquez não será o único piloto lesionado a voltar à pista no domingo. Alex Rins, da Suzuki, e Cal Cruthlow, da LCR, haviam se machucado nos treinos da semana passada, e não participaram da corrida de estréia da temporada. Rins teve um ombro deslocado e fraturado, enquanto Cruthlow havia tido uma fratura no pulso direito. Os dois pilotos também foram avaliados pelo corpo médico da categoria, e liberados para correr neste final de semana. Fica a dúvida de como irão render na pista, de acordo com suas condições, mesmo tendo sido considerados aptos a participar da corrida. Apresentando a lesão mais grave dos três, a própria Honda ficou surpresa quando Márquez manifestou seu desejo de competir neste final de semana, aceitando a responsabilidade e os riscos de sua decisão, no que o time decidiu respeitar a vontade de sua grande estrela. O canal pago Fox Sports mostrará a corrida ao vivo no domingo, a partir das 9 da manhã, horário de Brasília, com narração de Téo José, e comentários de Edgar Mello Filho e do ex-piloto Alexandre Barros, e a prova tem tudo para mostrar boas brigas na pista, a exemplo do que vimos domingo passado.


E a Stock Car Brasil finalmente entra na pista neste final de semana, no autódromo de Goiânia. A estréia havia sido marcada para o primeiro final de semana de julho em Cascavel, no Paraná, mas diante do aumento expressivo do número de casos do coronavírus no Estado, o governo decretou medidas mais rigorosas de isolamento, que acabaram por não permitir a realização da prova, e a consequente largada do principal campeonato de automobilismo do país, cuja disputa havia sido adiada em março, diante da pandemia da Covid-19. Mas agora os carros entrarão na pista da capital do Estado de Goiás, adotando rígidos protocolos de segurança sanitária e isolamento social, esperando poder dar andamento à sua competição. Não haverá público nas arquibancadas, e todos os times estarão trabalhando com número reduzido de profissionais. Para o fim de semana, a Stock Car definiu algumas mudanças na forma como serão realizados seus trabalhos. Ainda teremos duas corridas que serão disputadas no domingo, mas agora, ambas terão duração de 30 minutos mais uma volta. Não haverá atividades de pista nesta sexta-feira, enquanto no sábado, teremos dois treinos livres de uma hora e dez minutos cada um, e depois teremos a sessão de classificação, que será reduzida a 30 minutos. A primeira corrida terá largada às 11:30 Hrs., eo a segunda prova começará às 12:20 Hrs. O canal pago SporTV transmitirá as duas corridas ao vivo. Outra novidade para os torcedores é a presença de mais uma marca de carro no grid, no caso, a Toyota, que terá alguns pilotos alinhando com seu modelo Corolla, ao lado dos Chevrolet Cruze dos demais competidores. Os motores continuam sendo os V-8 6.8, movidos a etanol.

Nenhum comentário: